Destruição da arte e perseguição aos criadores são temas da peça 'Um Picasso'

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Em 1983, o diretor Eduardo Tolentino de Araújo levou a peça Viúva, Porém Honesta, com os atores do Grupo Tapa, ao Festival de Teatro do Porto. Antes de pisar em terras portuguesas, ele enfrentou uma longa conexão na Espanha e aproveitou as horas disponíveis até o novo embarque para circular por Madri.

Durante essa tarde, Tolentino viu pela primeira vez Guernica, obra-prima de Pablo Picasso, que retrata o bombardeiro à cidade homônima durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), na época exposta em um anexo do Museu do Prado. "Na frente do quadro, duas mulheres, vestidas de preto, choravam compulsivamente, imagino que tenham perdido parentes no conflito", relembra. "O impacto dessa cena jamais saiu da minha cabeça."

A mesma Guernica, quase quatro década depois, pode ser considerada uma terceira personagem de Um Picasso, texto escrito pelo americano Jeffrey Hatcher, que ganha a primeira montagem brasileira através do Grupo Tapa. Sob a direção de Tolentino, Sergio Mastropasqua e Clara Carvalho interpretam respectivamente o pintor espanhol Pablo Picasso e a agente nazista Fraulein Fischer em um embate sobre o valor da arte. O espetáculo estreia no dia 19, de forma presencial, no Teatro Aliança Francesa. Apenas 52 das 226 poltronas serão disponibilizadas, e o público, de máscara, claro, se sentará a partir da terceira fileira.

Um Picasso foi adiado às vésperas da abertura das cortinas, prevista para 7 de abril de 2020, por causa da pandemia do coronavírus. Mais de um ano e quatro meses depois, a montagem ampliou significados. "A peça mexe com tudo o que vivemos durante uma guerra, no nosso caso também nessa pandemia, e retomar sessões presenciais carrega um significado político, oferecemos um antivírus contra a barbárie", afirma o diretor, que encenou o mesmo texto em 2016 com a Companhia de Teatro de Braga, em Portugal, tendo no elenco os atores Rui Madeira e Ana Bustorff.

A história remete à perseguição aos criadores e como, em regimes ditatoriais, a destruição da arte pode ser uma meta política disfarçada de salvaguarda moral. Em 1941, durante a ocupação nazista em Paris, Picasso é interrogado por uma agente da Gestapo. A missão da mulher é conseguir a autenticação do próprio pintor em, pelo menos, um de três de seus trabalhos confiscados. A desculpa inicial de montar uma exposição logo se perde diante da real intenção: queimar obras que pertencem a um conceito de "arte degenerada". Com o avanço do interrogatório, Fischer intima Picasso a assinar um documento em que renegue a autoria de Guernica. E, neste momento, o artista deixa o cinismo e usa a sensibilidade a seu favor para escapar da destruição.

Clara Carvalho sublinha que Picasso, apesar de nunca ter se engajado em guerras, lutou contra os opressores. "Guernica mostra como a arte é uma forma de combate, mesmo que não tenha nascido de uma atitude política explícita", explica. Para Mastropasqua, a comunicação com os dias atuais é reforçada pela amplitude social da dramaturgia. "Se lá, na 2ª Guerra, eles viveram o auge do fascismo do século 20, hoje temos a pandemia e o fascismo digital, que persegue manifestações artísticas apoiado no ódio e na falta de informação", define o ator.

Em uma das falas, Fischer questiona de que vale a beleza das sonatas de Schubert perto das bombas que caem e matam vidas. Tolentino declara que a desvalorização da arte é um processo iniciado há muitos anos que atinge níveis amplificados no Brasil que elegeu o presidente Jair Bolsonaro. "De um lado, temos os ditos conservadores que só enxergam valor na arte sacra e, de outro, uma parte da intelectualidade que confunde arte apenas com entretenimento e não entende que a cultura é o que nos constitui como povo", analisa. "É o sintoma de uma série de radicalismos que tomou conta da sociedade, em que tudo que é metafórico passa despercebido."

Confiante na cegueira daqueles que não têm capacidade para decifrar metáforas, Picasso criou Guernica em 1937 e, em mais uma das falas da peça de Jeffrey Hatcher, o artista transformado em personagem define sua obra: "Tenho mais orgulho de Guernica do que de qualquer outra coisa que fiz na vida (...). Quando as pessoas estiverem diante da sua grandeza, elas vão lembrar por que é que foi pintada". Passados quase quarenta anos, Tolentino, que ainda guarda vivo o impacto da primeira vez diante da tela, entendeu bem estas palavras.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Maria Verônica, que ficou conhecida como a 'Grávida de Taubaté' por simular uma gravidez de quadrigêmeos em programas de TV em 2012, deu uma longa entrevista a Celso Portiolli no Domingo Legal, do SBT, exibida neste domingo, 23.

Ela chegou a chorar e afirmou que, à época, fazia parte de uma "seita" que lhe fez um "ritual", e que sua intenção inicial não era chamar atenção da imprensa. Ainda destacou que seu marido à época não tinha conhecimento do fato.

"Fiquei 13 anos em silêncio, poderia continuar o resto da minha vida. Estou aqui porque queria dizer para as pessoas que, tudo que ouviram a mídia falar, existia um pouquinho mais. Eu posso ter tido um problema psicológico. Mas o demônio ali, também existiu", justificou, sobre o porquê de concordar em falar na entrevista.

Marido 'não sabia de nada', diz 'Grávida de Taubaté

Defendeu o seu marido na época, Kléber: "Ele acreditava. Penso que foi a única pessoa que eu traí, foi ele, porque não consegui dizer a ele que aquilo não era real. Todas as pessoas me perguntam: ele sabia? Não, ele não sabia de nada."

Maria Verônica também relatou que se consultou com uma psicóloga que teria lhe dito que provavelmente teve uma "gravidez psicológica", com sua barriga crescendo um pouco e tendo "todos" os sintomas de uma grávida. Ela relata que chegou a fazer um teste de farmácia, que teria dado positivo, mas não chegou a fazer um ultrassom.

Sobre o crescimento repentino no tamanho de sua barriga, garantiu: "Ninguém estranhou porque eu não vivia no meio de todo mundo". "Ao contrário do que as pessoas falam, que [a barriga falsa]era de silicone, não. Eram panos lá dentro".

Portiolli chegou a perguntar "qual o propósito" de mostrar às pessoas de que estaria grávida, sendo que não estava. "Eu sempre me perguntei a mesma coisa", desconversou Verônica.

"Não foi pensado para gerar uma comoção nacional. Quando fui para lá e participava dos rituais, a gente sempre sabia e eu era orientada que levava comigo quatro demônios", explicou, a respeito do porquê de terem sido quadrigêmeos em sua história.

'Sou eternamente grata a Chris Flores'

Maria Verônica também comentou sobre a apresentadora Chris Flores, à época do caso funcionária da Record TV, que alega ter sido a responsável por 'desmascará-la'.

"A Chris Flores, no dia que a gente foi lá, sugeriu um ultrassom. Na verdade ela nem sugeriu, perguntou se, de repente, eu toparia. Eu fui no dia - ela vai lembrar disso - eu não estava sozinha. Ela falou: 'Você topa?'. Eu falei 'não', quem estava comigo também disse não. Ela fez 'assim' [gesticula] com a mão, tipo, 'Não tenho nada a ver com isso'."

Ela, porém, diz que quem detectou a falsa gravidez em um primeiro momento foi um repórter da Record, Michael Keller. "Ele me acompanhou por duas ou três semanas. Talvez tenha levado para ela as informações que ele viu. Eu sou eternamente grata a ela por isso. Espero me encontrar com ela muito em breve para dizer [isso] a ela".

O domingo, 23, foi de fortes emoções no BBB 25. Guilherme, atual Anjo da casa, participou do tradicional Almoço do Anjo e recebeu mensagens carinhosas da família. Ao lado de sua sogra, Delma, e do ginasta Diego Hypolito, o brother assistiu aos vídeos enviados pelos parentes.

A mãe de Guilherme foi a primeira a deixar seu recado. "Mainha tá muito feliz com tudo que tá acontecendo na sua vida. Você merece! Você é uma pessoa guerreira, um filho amigo. Beijo, mainha te ama", declarou, arrancando lágrimas do brother.

A esposa, Letícia, também emocionou o fisioterapeuta. "Amor, estou morrendo de saudade de você.Você é uma pessoa maravilhosa, incrível, que alegra todo mundo ao seu redor. Eu te amo muito", disse ela.

Emocionado, Guilherme recebeu o apoio dos colegas de almoço. "Viu como minha esposa é bonita?", brincou com Diego Hypolito, enquanto Delma se derretia pela filha: "Que coisa mais linda de mãe!".

O 31º Screen Actors Guild Awards, mais conhecido como SAG Awards, que celebra os destaques da atuação no cinema e na televisão, será transmitido ao vivo na noite deste domingo, 23, com exclusividade na Netflix.

A cerimônia acontece no Shrine Auditorium, em Los Angeles. A transmissão, em inglês, começa às 20h, com o tapete vermelho. A cerimônia será às 22h.

A atriz Kristen Bell comandará a apresentação, enquanto Jane Fonda será homenageada durante o evento.

Na quarta, 8, o SAG Awards divulgou os indicados para a edição de 2025 por meio do site oficial do sindicato, o SAG-AFTRA, responsável pela premiação.

Em meio à lista, os filmes Wicked e Um Completo Desconhecido lideram as indicações na categoria de cinema, enquanto as séries O Urso e Xógum: A Gloriosa Saga do Japão se destacam no universo televisivo.

Vale ressaltar que Fernanda Torres, que venceu o Globo de Ouro de melhor atriz dramática por Ainda Estou Aqui, não foi indicada.

Confira abaixo a lista completa de indicados:

Melhor elenco em filme

Um Completo Desconhecido

Anora

Conclave

Emilia Pérez

Wicked

Melhor ator em filme

Adrien Brody (László Tóth) - O Brutalista

Timothée Chalamet (Bob Dylan) - Um Completo Desconhecido

Daniel Craig (William Lee) - Queer

Colman Domingo (Divine G) - Sing Sing

Ralph Fiennes (Lawrence) - Conclave

Melhor atriz em filme

Pamela Anderson (Shelly) - The Last Showgirl

Cynthia Erivo (Elphaba) - Wicked

Karla Sofía Gascón (Emilia/Manitas) - Emilia Pérez

Mikey Madison (Ani) - Anora

Melhor ator coadjuvante em filme

Jonathan Bailey (Fiyero) - Wicked

Yura Borisov (Igor) - Anora

Kieran Culkin (Benji Kaplan) - A Verdadeira Dor

Edward Norton (Pete Seeger) - Um Completo Desconhecido

Jeremy Strong (Roy Cohn) - O Aprendiz

Melhor atriz coadjuvante em filme

Monica Barbaro (Joan Baez) - Um Completo Desconhecido

Jamie Lee Curtis (Annette) - The Last Showgirl

Danielle Deadwyler (Berniece) - The Piano Lesson

Ariana Grande (Galinda/Glinda) - Wicked

Melhor elenco em série de drama

Bridgerton

O Dia do Chacal

A Diplomata

Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

Slow Horses

Melhor ator em série de drama

Tadanobu Asano (Kashigi Yabushige) - Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

Jeff Bridges (Dan Chase) - The Old Man

Gary Oldman (Jackson Lamb) - Slow Horses

Eddie Redmayne (The Jackal) - O Dia do Chacal

Hiroyuki Sanada (Yoshii Toranaga) - Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

Melhor atriz em série de drama

Kathy Bates (Madeline Matlock) - Matlock

Nicola Coughlan (Penelope Featherington) - Bridgerton

Allison Janney (Vice President Grace Penn) - A Diplomata

Keri Russell (Kate Wyler) - A Diplomata

Anna Sawai (Toda Mariko) - Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

Zoe Saldaña (Rita) - Emilia Pérez

Melhor elenco em série de comédia

Abbott Elementary

O Urso

Hacks

Only Murders In The Building

Shrinking

Melhor ator em série de comédia

Adam Brody (Noah Roklov) - Ninguém Quer

Ted Danson (Charles Nieuwendyk) - Um Espião Infiltrado

Harrison Ford (Paul) - Shrinking

Martin Short (Oliver Putnam) - Only Murders In The Building

Jeremy Allen White (Carmen "Carmy" Berzatto) - O Urso

Demi Moore (Elisabeth) - A Substância

Melhor atriz em série de comédia

Kristen Bell (Joanne) - Ninguém Quer

Quinta Brunson (Janine Teagues) - Abbott Elementary

Liza Colón-zayas (Tina) - O Urso

Ayo Edebiri (Sydney Adamu) - O Urso

Jean Smart (Deborah Vance) - Hacks

Melhor ator em um filme para televisão ou minissérie

Javier Bardem (Jose Menendez) - Monstros: A História de Lyle e Erik Menendez

Colin Farrell (Oz Cobb) - Pinguim

Richard Gadd (Donny) - Bebê Rena

Kevin Kline (Stephen Brigstocke) - Disclaimer

Andrew Scott (Tom Ripley) - Ripley

Melhor atriz em um filme para televisão ou minissérie

Kathy Bates (Edith Wilson) - The Great Lillian Hall

Cate Blanchett (Catherine Ravenscroft) - Disclaimer

Jodie Foster (Det. Elizabeth Danvers) - True Detective: Night Country

Lily Gladstone (Cam Bentland) - Under The Bridge

Jessica Gunning (Martha) - Bebê Rena

Cristin Milioti (Sofia Falcone) - Pinguim

Melhor conjunto de dublês em um filme

Deadpool & Wolverine

Duna: Parte Dois

O Dublê

Gladiador II

Wicked

Melhor conjunto de dublês em uma série de televisão

The Boys

Fallout

A Casa do Dragão

Pinguim

Xógum: A Gloriosa Saga do Japão