Início do reforço tem hesitação sobre Coronavac

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No primeiro dia de aplicação da 3ª dose da vacina contra a covid-19 em idosos na cidade de São Paulo, houve hesitação por parte dos mais velhos em receber a Coronavac como reforço em unidades básicas de saúde (UBSs) visitadas pelo Estadão ontem. O dia representou ainda um encontro de gerações, com o início da aplicação em adolescentes de 12 a 14 anos.

A hesitação dos idosos era justificada pelo receio de que a Coronavac pudesse não oferecer proteção tão ampla quanto outras vacinas. O Ministério da Saúde pediu que o reforço nos idosos fosse feito com a vacina da Pfizer e, na falta dela, com AstraZeneca ou Janssen. Médicos dizem que o reforço com a Coronavac é seguro, mas criticam a decisão da gestão João Doria (PSDB) diante das evidências científicas de que a eficácia da vacina do Instituto Butantan é menor nessa faixa etária.

Nos postos de saúde, as doses da Pfizer disponíveis foram destinadas a adolescentes. Essa vacina é a única aprovada pela Anvisa para menores de 18 anos.

Carlos Avino, de 73 anos, saiu cedo de casa com o pai, Pasqual Alvino, de 98. O compromisso que fez eles chegarem às 6h30 na UBS Alto de Pinheiros, zona oeste, era esperado: seu Pasqual tomaria a 3ª injeção. Quando ficaram sabendo que seria com a Coronavac, voltaram.

"A gente vê especialistas dizendo que é melhor dar Pfizer, AstraZeneca ou Janssen, mas querem dar a Coronavac. E aqui tem vacina da Pfizer, mas só para adolescentes. Não está certo", reclamou Carlos. Ele ficou pouco mais de duas horas em frente ao posto tentando convencer a equipe a aplicar outra vacina em seu pai e até abriu reclamação na ouvidoria do SUS, mas não adiantou.

O ministério havia pedido aos Estados que começassem o reforço dia 15. São Paulo decidiu começar antes e é o único Estado que usará qualquer uma das quatro vacinas na 3ª dose.

Na UBS Santa Cecília, Lisane Sahd levou a mãe Eli, de 90 anos, mas também recuou. "A orientação que temos de especialistas e ministério é de que a 3ª dose não seja com Coronavac", diz ela.

O governo defende a Coronavac para esse público. "Não podemos deixar nenhuma vacina (de) fora. Precisamos que todas estejam e sejam incluídas no nosso Programa Nacional de Imunização", disse o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn na quarta-feira passada.

Coordenador do Comitê Científico do governo estadual, João Gabbardo citou, na semana passada, a nota técnica 27/2021, do ministério, que apontou "amplificação da resposta imune" após 3ª dose da Coronavac, para defender a vacina no reforço. Isso permitiria, segundo ele, antecipar a 2ª dose da Pfizer em faixas mais jovens e incluir o grupo de trabalhadores da área da saúde no calendário da 3ª dose.

"O objetivo da dose de reforço é aumentar os anticorpos e a proteção contra a variante Delta (mais transmissível), a grande preocupação agora. E já sabemos, até por estudos no Brasil, que a Coronavac dá uma resposta menor nos idosos do que nos mais jovens", afirma Raquel Stucchi, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia.

A Prefeitura informou que os idosos que recusarem a Coronavac como reforço não serão penalizados. Na cidade, quem recusa um imunizante vai para o fim da fila de vacinação.

A 3ª dose está disponível para idosos com 90 anos ou mais que tomaram a 2ª dose há pelo menos seis meses. Hoje, feriado, os pontos de vacinação não irão funcionar na cidade. A imunização será retomada amanhã.

Dose no braço. Apesar da recusa de alguns, outros saíram dos postos com a 3ª dose no braço. Regina Mattos, de 91 anos, foi uma delas. Em isolamento desde o início da pandemia, ela aproveitou a fila da vacina na UBS Santa Cecília para conversar com outras pessoas. "Meu filho não deixa eu sair de casa, fica sempre de olho. E agora vou continuar me cuidando", diz.

Eugênia Rinski, de 90 anos, se arrumou toda para receber a 3ª dose na UBS Boracea, na Barra Funda. Colocou brinco, tiara, maquiagem e estava muito feliz com a oportunidade. "Foi ótimo, não tinha fila nenhuma. Agora vou para o supermercado", brinca. Ela não foi a única da família a receber a proteção: seu neto estava no posto de saúde esperando a 2ª dose, e o bisneto de 13 anos, a primeira.

A vacinação de adolescentes de 12 a 14 anos sem comorbidades ou deficiências começou ontem. Na UBS Boracea, eles eram a maioria da fila. Caetano Coutinho, de 13 anos, aproveitou para receber a 1ª dose. "Estou muito feliz. Acho que a vacina veio no tempo certo", diz.

O pai, Anselmo Coutinho, acompanhava o filho e estava aliviado. "A gente já estava protegido, mas se preocupava com ele." (Colaborou João Ker)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A Netflix norte-americana anunciou que Ainda Estou Aqui, filme de Walter Salles que trouxe o primeiro Oscar da história do Brasil, vai estar disponível para streaming na plataforma nos Estados Unidos a partir de 17 de maio.

Estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello, Ainda Estou Aqui conta a história de Eunice Paiva, que precisou reconstruir a sua vida e sustentar os filhos após seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, ser sequestrado e morto pela ditadura militar brasileira. O filme é inspirado no livro homônimo do escritor Marcelo Rubens Paiva.

A produção fez história ao receber três indicações ao Oscar 2025, em melhor filme internacional, melhor atriz e melhor filme, e conquistou a estatueta na categoria internacional.

No X, antigo Twitter, fãs comemoraram o anúncio do filme no catálogo americano da Netflix. "Simplesmente Oscar Winner", escreveu um. "Melhor filme do mundo", completou outra pessoa.

Ainda Estou Aqui está disponível para streaming no Brasil pelo Globoplay.

A morte da atriz mirim Millena Brandão aos 11 anos nesta sexta-feira, 2, comoveu colegas e fãs. A menina, que estava internada desde o último dia 29, teve morte encefálica e sofreu diversas paradas cardiorrespiratórias nos últimos dias. Nas redes sociais, astros, amigos e admiradores prestam homenagem.

Várias mensagens foram deixadas nas fotos do perfil de Millena no Instagram e em outras publicações.

O ator Matheus Santos, conhecido como MC M10, escreveu: "Meus sentimentos à família. Muito triste. Pude conhecê-la no set de Sintonia, uma menina maravilhosa e encantadora."

Já Silvia Abravanel declarou: "Meus sentimentos à família. Que Deus a receba com muito amor, luz e paz num abraço eterno", enquanto a cantora Simony demonstrou tristeza: "Poxa", escreveu, ao lado de um emoji triste.

Millena precisou ser internada inicialmente devido a uma forte dor de cabeça, e foi transferida da Unidade de Pronto Atendimento Maria Antonieta (UPA).

"Desde a sua chegada, a paciente recebeu cuidados intensivos e todo o empenho da equipe médica e assistencial, que não mediu esforços para preservar sua vida", afirma a nota assinada por Thiago Rizzo, gerente médico.

Segundo o SBT, ela chegou a ser diagnosticada com dengue em uma unidade, mas, após uma piora no quadro, ela foi transferida para o Hospital Geral do Grajaú, onde médicos realizaram outros exames e identificaram a presença de um tumor no cérebro de cinco centímetros. Ela estava entubada, sedada e sem respostas neurológicas.

As atrizes Sophia Valverde e Giulia Garcia, de As Aventuras de Poliana e Chiquititas, também se manifestaram. "Muito triste. Que Deus esteja consolando a família nesse momento tão difícil", escreveu Sophia. "Que Deus conforte o coração dessa família", desejou Giulia.

Millena atuou em A Infância de Romeu e Julieta, no SBT, e em Sintonia, da Netflix. Além de atriz, também era modelo e influenciadora digital, e havia feito diversos trabalhos publicitários com marcas infantis.

Morreu nesta sexta-feira, 2, em São Paulo, a atriz mirim Millena Brandão, do canal SBT, aos 11 anos. A artista teve morte encefálica, de acordo com o hospital onde ela estava internada.

Também conhecida como morte cerebral, a morte encefálica é a perda completa e irreversível das funções cerebrais. Como o cérebro controla outros órgãos, quando é constatada sua morte, outras funções vitais também serão perdidas e o óbito da pessoa é declarado.

Millena havia sofrido diversas paradas cardiorrespiratórias nos últimos dias, recebido diagnóstico de tumor cerebral e estava internada no Hospital Geral de Grajaú, na capital, desde o dia 29.

O que configura morte encefálica?

Para funcionarem, os neurônios precisam de oxigênio e glicose, que chegam ao cérebro pela circulação sanguínea. Quando algum problema impede o fluxo sanguíneo, essas células podem morrer e as funções cerebrais são prejudicadas. Se a perda das funções é completa e irreversível, é declarada a morte cerebral.

Apesar de alguns órgãos poderem continuar funcionando, o cérebro já não consegue controlá-los. Assim, embora ainda haja batimentos cardíacos, por exemplo, eles tendem a parar. A respiração também não acontecerá sem a ajuda de aparelhos.

O que pode causar a morte encefálica?

Qualquer problema que cesse a função cerebral antes de encerrar o funcionamento de outras partes do organismo causa a morte encefálica. Entre as causas mais comuns estão:

- Parada cardiorrespiratória;

- Acidente vascular cerebral (AVC);

- Doença infecciosa que afete o sistema nervoso central;

- Tumor cerebral;

- Traumas.

Quando a morte encefálica é declarada?

No Brasil, a resolução nº 2.173/17 do Conselho Federal de Medicina (CFM) estabelece critérios rigorosos para a declaração de morte encefálica. De acordo com especialistas, o protocolo brasileiro é um dos mais criteriosos do mundo.

O CFM determina a realização de uma série de exames para comprovar a perda do reflexo tronco encefálico, aquele responsável por controlar funções autônomas do organismo, como a respiração.

Essa análise deve ser feita por dois médicos que examinam o paciente em horários diferentes, e os resultados precisam ainda ser complementados por um exame - um eletroencefalograma ou uma tomografia, por exemplo.

Morte encefálica e doação de órgãos

A "Lei dos Transplantes" (Lei nº 9.434/1997) estabelece que a doação de órgãos após a morte só pode ser realizada quando constatada a morte encefálica.

Quando isso acontece, as funções vitais do paciente são mantidas de maneira artificial até que a remoção dos órgãos seja feita.