Ódio, câmeras, ação: cineasta afegão vai a Ruanda para entender violência

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Atiq Rahimi é um escritor e também um cineasta afegão de filmes como Terra e Cinzas e A Pedra da Paciência. Assina o longa Nossa Senhora do Nilo, em cartaz nos cinemas brasileiros. O genocídio de Ruanda já foi tema de filmes fortes. Terry George conquistou o público e a crítica com Hotel Ruanda, lançado em 2004. Rahimi dá agora sua contribuição, o seu olhar.

"Havia lido o livro de Scholastique Mukasonga quando saiu na França, e foi premiado, em 2012 (no Brasil, foi lançado pela Nós). Fiquei impactado. Mas nunca pensei que poderia um dia adaptá-lo", explica. E acrescenta: "O genocídio de Ruanda ocorreu entre 1990 e 94. Naquele momento, havia a guerra civil na antiga Iugoslávia e uma outra em curso no Afeganistão, onde nasci".

E o cineasta acrescenta: "No meu imaginário, essas três guerras não eram somente manifestações de horror, com destruição e morte, mas também se ligavam umas às outras porque as questões culturais e religiosas eram essenciais em todas".

Motivada por disputas étnicas entre hutus e tutsis, a guerra civil de Ruanda resultou em um genocídio que levou à morte cerca de 800 mil integrantes do segundo grupo. Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a região foi entregue aos belgas, que ampliaram o abismo entre as etnias dominantes em Ruanda ao delegar privilégios aos tutsis, que seriam, pelo darwinismo social em voga, naqueles tempos, "naturalmente superiores".

Quando o produtor Rani Massalha lhe propôs o filme, Rahimi (cuja obra literária tem sido publicada no Brasil pela editora Estação Liberdade) imediatamente disse sim, mas internamente ele tinha suas dúvidas.

"Não queria fazer mais um filme sobre a violência da guerra, mas pensei em usar o livro de Scholastique para entender as origens daquele conflito. Como a diferença e o ódio ao outro podem alimentar e intensificar o horror. Para chegar às origens, eu sentia que precisava conhecer mais o país, sua cultura, sua gente. Foi o que fiz", concluiu.

Entorno social

Quer dizer que Rahimi filmou in loco? "Oh, sim, não conseguiria fazer o filme com o grau de honestidade e sinceridade que queria sem me impregnar da verdade local. Aquelas montanhas dizem muito sobre o próprio temperamento das pessoas. Fui documentarista, antes de me tornar diretor de ficção. Valorizo muito a paisagem, o entorno social. Nossa Senhora do Nilo nasceu com essa preocupação. Com meu fotógrafo, Thiérry Arbogast, quis criar imagens bonitas, de sonho, mas de tal forma que esse sonho, de repente, começa a virar pesadelo."

O filme traz como cenário principal o colégio interno católico que lhe dá nome. Situado no alto de uma colina, ele permite que meninas da elite de Ruanda vivam isoladas, desconhecendo a violenta crise que se desenvolve no país.

Havia um motivo mais pessoal para que Rahimi investigasse as raízes do ódio. "Meu irmão foi morto na Guerra do Afeganistão, e isso teve um efeito devastador para mim. Creio que todas as histórias de opressão e luta que tenho contado visam preencher esse vazio, essa dor. Eu amava meu irmão."

Garotas

O filme traz um conhecido ator francês - Pascal Gregory - numa participação importante. Como foi feita a seleção do elenco? "Foi feita localmente, e não foi fácil. Precisava de garotas de uma certa idade, entre 16 e 20 anos, que falassem francês e pudessem ser preparadas para atuar na língua. A herança colonial deixou cicatrizes profundas. Os belgas incentivaram as disputas étnicas e fizeram com que o francês terminasse rejeitado em Ruanda em favor do inglês."

E Rahimi prossegue: "Minha filha ajudou muito no processo. Ela tinha a idade certa e se aproximou das garotas, sendo, ao mesmo tempo, preparadora e amiga". No começo, as garotas vestem branco. "O tema do filme é a corrupção da inocência", resume o diretor, premiado no Festival de Berlim de 2020 com o Urso de Cristal da mostra Generation 14plus.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O festival Turá anunciou nesta segunda-feira, 5, as atrações de sua quarta edição, que acontece nos dias 28 e 29 de junho, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. Seu Jorge, Raça Negra e Só Pra Contrariar são alguns nomes da programação, exclusiva de artistas nacionais, cuja proposta é a diversidade de gêneros e ritmos musicais.

No sábado, 28, line-up conta com Só Pra Contrariar, Seu Jorge, Lenine e Spok Frevo Orquestra, Pretinho da Serrinha convida Criolo e Leci Brandão, Bonde do Tigrão, Forró das Minas, e os DJs Luísa Viscardi e Trepanado.

Já no domingo, 29, o evento terá Gloria Groove, Raça Negra, Saulo convida Luiz Caldas, Samuel Rosa, Gabriel O Pensador, Samba de Dandara, e os DJs Millos Kaiser e Linda Green.

Os ingressos para o Turá já estão a venda no site da Tickets For Fun ou na bilheteria física oficial (sem taxa), no Teatro Renault. A entrada para apenas um dos dias do festival custa entre R$ 228 (meia) e R$ 456. O passaporte (combo de entradas para os dois dias), R$ 330 (meia) e R$ 660. Clientes Banco do Brasil Ourocard Visa têm desconto de 15% na compra e possibilidade de parcelamento em até 10 vezes sem juros.

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A A24 e a Apple lançaram, nesta segunda-feira, 5, o primeiro trailer de Highest 2 Lowest, novo filme de Spike Lee estrelado por Denzel Washington. No longa, o vencedor do Oscar vive um magnata da indústria musical, conhecido por ter "os melhores ouvidos do negócio", que é envolvido em uma trama com reféns e se vê dividido em um dilema de vida ou morte.

Inspirado em Céu e Inferno, filme de 1963 dirigido por Akira Kurosawa, Highest 2 Lowest é o quinto trabalho de Lee estrelado por Washington. Os dois trabalharam juntos em Mais e Melhores Blues (1990), Malcolm X (1992), Jogada Decisiva (1998) e O Plano Perfeito (2006).

O elenco de Highest 2 Lowest conta ainda com Jeffrey Wright (Ficção Americana), Ilfenesh Hadera (Godfather of Harlem), Aubrey Joseph (Manto e Adaga) e o cantor A$AP Rocky.

O longa será lançado nos cinemas norte-americanos em 22 de agosto e estreia no Apple TV+ em 5 de setembro.

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Desde o lançamento da primeira prévia de Superman, fãs do personagem têm se mostrado extremamente ansiosos para ver mais de Krypto, o Supercão, mascote histórico do Homem de Aço. Diretor do longa, James Gunn revelou em postagem nas redes sociais que o agitado cãozinho foi criado usando seu próprio cachorro, um vira-lata chamado Ozu, como modelo.

Em um vídeo que mostra Ozu latindo para uma televisão que exibia o teaser mais recente do filme, Gunn disse que "Krypto foi modelado tridimensionalmente a partir do corpo de Ozu". "Fizemos a captura em 3D de Ozu e o transformamos em Krypto, deixamos ele branco, [e agora] toda vez que ele se vê na tela, ele tenta se assassinar", contou o cineasta.

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Em uma postagem de outubro de 2024, Gunn já havia contado um pouco sobre a relação entre Krypto e Ozu, que ele adotou no começo do processo de escrita do roteiro de Superman. Segundo ele, o cachorro, que foi encontrado em meio a dezenas de outros cachorros abandonados, nunca havia interagido com humanos e teve adaptação difícil à nova casa. "Ele imediatamente entrou e destruiu nossa casa, nossos sapatos, nossos móveis - ele até comeu meu laptop. Demorou muito para ele nos deixar tocá-lo. Lembro de pensar 'Deus, quão difícil seria a vida se Ozu tivesse superpoderes?' - e assim, Krypto entrou no roteiro e mudou o curso da história como Ozu estava mudando minha vida", escreveu ele.

Escrito e dirigido por Gunn, Superman estreia nos cinemas brasileiros em 11 de julho. O elenco conta com David Corenswet (Twisters) como Clark Kent/Superman, Rachel Brosnahan (Marvelous Mrs. Maisel) como Lois Lane, Nicholas Hoult (Jurado Nº 2) como Lex Luthor, Skyler Gisondo (The Righteous Gemstones) como Jimmy Olsen e Milly Alcock (A Casa do Dragão) como a Supergirl. Nathan Fillion (Recruta), Anthony Carrigan (Barry), Isabela Merced (The Last of Us) e Edi Gathegi (For All Mankind) completam o elenco como Lanterna Verde, Metamorfo, Mulher-Gavião e Sr. Incrível, respectivamente.