Disputa pelo Cristo vira caso de polícia

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Uma disputa entre a Arquidiocese do Rio e o Ministério do Meio Ambiente foi parar na delegacia. Na segunda-feira, 13, a arquidiocese registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do Rio. Acusava o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) de intolerância religiosa. Segundo a queixa, o órgão federal teria, ilegalmente, impedido a passagem de religiosos rumo ao Santuário Cristo Redentor.

O santuário é composto pela estátua do Cristo Redentor - principal símbolo do Rio - e o seu entorno. O conjunto inclui o mirante e a capela de Nossa Senhora Aparecida, onde são celebrados batizados, casamento, missas e vigílias. Toda essa parte construída no topo do morro do Corcovado é mantida e administrada pela Arquidiocese do Rio, tendo como autoridade máxima o padre Omar Raposo, reitor do santuário.

Mas o morro e todo o santuário ficam no Parque Nacional da Tijuca, que é uma área de floresta administrada pelo ICMBio, órgão do Ministério do Meio Ambiente. O instituto tem o poder de controlar o fluxo de visitantes no lugar.

Os turistas têm duas formas de chegar ao monumento. Uma é pelo Trem do Corcovado; outra, por vans credenciadas pelo ICMBio. O transporte de trem custa de R$ 27 (para idosos a partir de 60 anos residentes no Brasil) a R$ 88 (bilhete comum para sábado, domingo ou feriado). A tarifa da van é de R$ 28,20 a R$ 91,40, conforme o ponto de embarque, o dia da semana e outros fatores.

Segundo a arquidiocese, nesse valor estão embutidas duas taxas, de transporte e de visitação, cobradas pelo órgão ambiental federal. Por lei, a administração de qualquer parque nacional pode cobrar taxas de seus visitantes. Nesse caso, o ICMBio só cobra de quem vai ao Cristo - a visita a qualquer outro ponto do Parque Nacional da Tijuca é gratuita.

Apesar de cobrar as taxas, segundo a arquidiocese o ICMBio não repassa nenhum valor à Igreja Católica, que diz arcar com as despesas de conservação do monumento. Além dos turistas, circulam pelas vias de acesso ao Cristo Redentor os religiosos responsáveis pelo santuário e seus eventuais convidados. Quando se promove um casamento, por exemplo, uma lista com nomes de todos os convidados é enviada previamente pelo santuário ao ICMBio, solicitando para eles a autorização de acesso.

No último sábado, porém, uma comitiva composta pelo padre Omar e pessoas que iriam participar de um batizado agendado para as 7h30 foi barrada por funcionários do ICMBio, que alegou não haver autorização para que seguissem adiante. O santuário divulgou nota, dizendo que, só nos primeiros 11 dias de setembro, religiosos ou funcionários haviam sido barrados três vezes.

Incidentes

Um incidente ocorreu em 2 de setembro. Funcionários de uma empresa que cuida da iluminação do monumento foram barrados. Iam iluminar o monumento de verde, em uma campanha pela doação de órgãos. Foram igualmente barrados veículos e funcionários da Secretaria de Saúde. No dia seguinte, convidados da arquidiocese foram também impedidos de chegar ao monumento, para uma celebração litúrgica e um café da manhã.

Em agosto houve outro problema. No dia 22, a fiscalização do Parque Nacional da Tijuca falhou ao não identificar turistas franceses que se esconderam na mata após o encerramento da visitação. Na manhã do dia 23, o monumento foi invadido por esses turistas, que arrombaram os cadeados da porta de acesso ao interior do monumento e subiram até a cabeça e os braços do Cristo, pondo em risco a própria vida.

A nota do santuário diz que "nos últimos meses, a postura dos seguranças do Parque Nacional da Tijuca tem sido hostil em relação ao padre Omar e aos funcionários". "O ICMBio tem a postura de relativizar a autoridade da Igreja, que cuida, com todo o zelo, do monumento ao Cristo Redentor."

Após o incidente de sábado, o ICMBio também divulgou uma nota. "Por questões de segurança dos frequentadores e conservação ambiental, todos os veículos que acessam as áreas restritas precisam se identificar. Eventualmente essa checagem pode levar um pouco mais de tempo, devido à quantidade de frequentadores." No domingo, o padre Omar foi ao Vaticano debater essa situação. Na segunda, a arquidiocese registrou o BO contra o ICMBio.

Procurados na terça-feira, nem ICMBio nem ministério quiseram se manifestar. O Estadão apurou que o ICMBio está proibido de falar a respeito - qualquer manifestação cabe ao ministério.

Lojas

Outra questão que opõe os dois lados são seis lojas situadas no entorno do Cristo. Nos anos 1930, a União cedeu à Igreja o domínio sobre a área onde estão os espaços de comércio. Desde a década de 1990, porém, as taxas pagas pelos lojistas ficam com a União. Em julho de 2019, entretanto, o ICMBio enviou comunicado aos lojistas. Deu prazo de 90 dias para que desocupassem os espaços.

Desde aquela época, vem sendo travada uma disputa judicial entre os lojistas e o ICMBio, mas os lojistas saíram. Atualmente todas as lojas estão vazias.

Resultado: para beber água ou fazer um lanche durante um passeio, os visitantes do Cristo precisam levar a própria água e comida. O banheiro mais próximo, que ficava em um restaurante, também está fechado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O cantor Roberto Carlos foi o convidado pela TV Globo para abrir o Show 60 anos, que comemorou o aniversário da emissora na noite de segunda-feira, 28, em uma arena de shows na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Roberto cantou Emoções e Eu Quero Apenas, ao vivo, com sua inconfundível afinação.

O que pouca gente percebeu é que, após a transmissão do evento, a Globo passou uma chamada no estilo 'o que vem por aí' e, entre as atrações anunciadas, estava 'Roberto Carlos em Gramado'.

O Estadão questionou a assessoria do cantor se o anúncio indica a renovação de contrato de Roberto com a Globo - o vínculo venceu em 31 de março deste ano. De acordo com a assessoria de Roberto, a renovação está em "95% acertada, faltando apenas alguns detalhes" para o martelo final. A reportagem também perguntou à TV Globo sobre o assunto, mas não obteve resposta.

Sobre o especial de fim de ano ser gravado em Gramado, cidade da serra gaúcha, a equipe do cantor afirma que as conversas são muito preliminares ainda. "Foi apenas uma ideia que alguém deu", diz a assessoria. A decisão se dará mais para frente, no segundo semestre, quando o cantor e a emissora vão discutir o formato e o local de gravação do especial.

No Show 60 anos, Roberto se sentiu à vontade. Além de ser muito aplaudido, foi paparicado pelos artistas nos bastidores. Recebeu e tirou fotos com vários deles, como Cauã Reymond, Fafá de Belém e Fábio Jr. O cantor deixou o local por volta de duas horas da manhã, quase uma hora após o final do show.

Roberto Carlos fez seu primeiro especial na TV Globo em 1974 e, nesses mais de 50 anos, só deixou de apresentá-lo por duas ocasiões, quando sua mulher, Maria Rita, morreu, e durante a pandemia. Aos 84 anos, Roberto segue em plena atividade. Em maio, fará uma longa turnê pelo México. Na volta, se apresenta em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, entre outras cidades.

Cauã Reymond publicou nas redes sociais uma foto ao lado de Fábio Porchat e Tatá Werneck durante o show comemorativo dos 60 anos da TV Globo.

"Que noite incrível e especial pra @tvglobo, pra mim e pro Brasil! Um show de emoção, humor, esporte, afeto. Feliz demais pelos 60 anos dessa emissora que está no imaginário e na história de todo mundo", escreveu o ator na legenda. Confira aqui.

O registro foi publicado horas depois de uma esquete protagonizada por Tatá, Porchat e Paulo Vieira no palco do evento.

Durante a apresentação, os humoristas fizeram piadas sobre as polêmicas dos bastidores do remake de Vale Tudo.

No número cômico, Tatá menciona rapidamente os "bastidores de Vale Tudo", e Paulo emenda: "Não fala tocando, não fala tocando. Abaixa o braço, tá com um cecê de seis braços". Fábio rebate: "Pelo amor de Deus, é a minha masculinidade". Tatá completa: "Que masculinidade, Fábio?".

Nas redes sociais, internautas rapidamente interpretaram a brincadeira como uma referência aos rumores de tensão entre Cauã Reymond e Bella Campos durante as gravações da novela.

Segundo relatos, Bella teria reclamado do comportamento do ator nos bastidores. A Globo não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas o tema ganhou destaque nos comentários online após a exibição do especial.

Bruno Gagliasso comentou publicamente pela primeira vez sobre a invasão de sua casa, registrada no início de abril.

Em conversa com a imprensa durante o evento de 60 anos da TV Globo, o ator afirmou, segundo a colunista Fábia Oliveira: "Rapaz, invadiram, mas deu tudo certo".

O caso ganhou repercussão nas redes sociais após o relato de Giovanna Ewbank. A apresentadora, que estava em casa com os filhos, contou que uma desconhecida entrou na residência da família, sentou-se no sofá da sala e chegou a pedir um abraço.

Segundo Giovanna, a mulher conseguiu acessar o imóvel depois que uma funcionária a confundiu com uma conhecida da família.

Próximos projetos

Além de comentar o ocorrido, Bruno Gagliasso falou sobre seus 20 anos de carreira e destacou o personagem Edu, da série Dupla Identidade, como um dos papéis mais marcantes de sua trajetória.

"Fiz personagens que guardo pro resto da minha vida, que me fizeram crescer como ser humano. Ficar 20 anos fazendo personagens que dialogam com a sociedade só me enriquece como ser humano e como ator", afirmou.

Sobre os próximos passos na carreira, o ator brincou: "Quem sabe fazer o remake de A Viagem, aproveitar que estou com esse cabelo e fazer o Alexandre (Guilherme Fontes)".