40 anos de carreira de Grace Gianoukas

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"Eu falo pra caramba", ri Grace Gianoukas ao fim da entrevista de pouco mais de uma hora e meia. Deste período, ela dedicou pelo menos 40 minutos à narração de sua história de vida com a intensidade e rapidez características da entrega de uma boa piada. Foi essa capacidade que fez de Gianoukas um dos principais expoentes do humor brasileiro desde que dominou o underground paulista na década de 1980, até a consagração popular com o Terça Insana, em 2001.

"Havia uma galera que usava uma camiseta em que estava escrito 'vá ao teatro, mas não me chame'. Nas minhas peças as pessoas iam", se orgulha a atriz, que prepara uma série de comemorações para celebrar os 40 anos de carreira contados desde que subiu no palco pela primeira vez, tendo incentivadores como o escritor e dramaturgo Caio Fernando Abreu, responsável por sua saída de Porto Alegre.

"Eu tinha menos de 20 anos, não sei o que ele viu em mim, mas ele dizia que Porto Alegre era muito pequena para mim, e me trouxe para cá, e daqui nunca mais saí", relembra Gianoukas, que, trabalhando como garçonete, encontrou na noite o reduto de que precisava para crescer.

"Sempre fui underground. Eu trabalhava num pub administrado por um francês e um belga, e eles me deram todo o espaço, mas eu não fazia nada de teatro e comecei a ficar louca, até que teve um dia numa festa de Halloween que fui trabalhar vestida de morta, passei a noite inteira performando e foi um sucesso. Nos outros dias, eu trabalhava, largava a bandeja, fazia uma performance e voltava a trabalhar."

Passou então a se formar um público para a atriz. "As pessoas iam aos bares para beber, comer, transar, tudo, menos ver alguma coisa de teatro. Eu tinha de ser impactante, rápida, inesquecível e tchau. Aí, fui desenvolvendo um estilo de esquetes e coisas visualmente impactantes. Sempre fui mais rock-and-roll do que teatro."

Com a adesão de Angela Dip, Giovanna Gold e Marcelo Mansfield, a formação original da Cia Harpias e Ogros, as apresentações ocorriam em casas noturnas e chegaram a lotar a plateia do Centro Cultural São Paulo. O grupo encabeçou então a revolução alternativa surgida após o Prêmio Crème de Lá Crème, idealizado para levar às apresentações figuras do quilate de Rita Lee, Maguila e Washington Olivetto.

"Nós criamos o prêmio para as pessoas irem nos ver, e muitas iam. Aí fomos pirando. Pessoas que tinham transado muito naquele ano no circuito levavam o prêmio Membro Atuante, Angela, eu e Marcelo sempre ganhávamos os prêmios de melhores atores. Foram sete anos seguidos. Teve um ano em que o troféu era feito de gelo, quando a pessoa descia do palco ele já tinha derretido. Porque a fama é efêmera", se diverte.

"Pegamos uma época em que aconteceu a abertura. Os lugares eram incríveis porque as pessoas trocavam figurinha. Você via de tudo no Madame Satã. Tinha a socialite, o punk, o gay, e tinha treta porque, de repente, o punk decidia brigar com o gay, mas era tudo olho no olho, não essa covardia de ter um garoto gay caminhando na Paulista e vir um sarado quebrar uma lâmpada na cabeça dele."

Da experiência nasceram personagens que, mais tarde, comporiam a programação do Terça Insana, e os quais Gianoukas disseca a partir de 25 de setembro, quando sobe ao palco do Clube Barbixas de Comédia para estrear o espetáculo no qual conta as histórias de suas criações mais icônicas, entre elas a clássica Cinderella, ex-participante de um quadro do Programa Silvio Santos que acaba como traficante e dependente química.

"Eu fiz essa personagem para falar de drogas, e também da minha experiência com substâncias. Aí nasceu o Não Quero Droga Nenhuma - A Comédia, baseada num slogan do governo Sarney. E a campanha dava uma fissura na pessoa no meio da madrugada, não servia para ajudar ninguém. A história é radical. Eu bato e faço cosquinha."

Foram cinco anos de temporada, que contou com jovens cumprindo medidas socioeducativas e também com o Departamento de Narcóticos de São Paulo. A resistência que a artista sentiu quando estreou o espetáculo ainda na década de 1990, acredita, se assemelha muito com os tempos de hoje.

"Eu abria um espetáculo de 2018 com um texto de 2014 em que falava sobre uma tendência que estava bombando no mundo inteirinho: o fundamentalismo. E olha o que aconteceu. Para questões políticas se instalarem, temos de ter ambientes propícios de comportamento social, e é a ele que eu vou me apegar." Assim é em O L Perdido, espetáculo em cartaz no Teatro Folha.

Dividindo a cena com Agnes Zuliani, Gianoukas dá vida a uma mulher que, negacionista, é contra os índios e a favor do desmatamento. "Aí se revela a polarização em que estamos instalados. A minha personagem incorpora falas sem o mínimo embasamento. Lugar de fala, pautas identitárias, tudo isso é completamente mal colocado na boca da personagem, como é nas redes sociais."

E se aprofunda: "Ninguém consegue mais instalar um ambiente de reflexão sem sofrer uma interferência ridícula da mídia e dessa coisa de venda. A história do desmoronamento da nossa civilização, que é uma questão social, está inserida na minha obra. Ela existe para questionar e derrubar isso", finaliza.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O cantor Roberto Carlos foi o convidado pela TV Globo para abrir o Show 60 anos, que comemorou o aniversário da emissora na noite de segunda-feira, 28, em uma arena de shows na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Roberto cantou Emoções e Eu Quero Apenas, ao vivo, com sua inconfundível afinação.

O que pouca gente percebeu é que, após a transmissão do evento, a Globo passou uma chamada no estilo 'o que vem por aí' e, entre as atrações anunciadas, estava 'Roberto Carlos em Gramado'.

O Estadão questionou a assessoria do cantor se o anúncio indica a renovação de contrato de Roberto com a Globo - o vínculo venceu em 31 de março deste ano. De acordo com a assessoria de Roberto, a renovação está em "95% acertada, faltando apenas alguns detalhes" para o martelo final. A reportagem também perguntou à TV Globo sobre o assunto, mas não obteve resposta.

Sobre o especial de fim de ano ser gravado em Gramado, cidade da serra gaúcha, a equipe do cantor afirma que as conversas são muito preliminares ainda. "Foi apenas uma ideia que alguém deu", diz a assessoria. A decisão se dará mais para frente, no segundo semestre, quando o cantor e a emissora vão discutir o formato e o local de gravação do especial.

No Show 60 anos, Roberto se sentiu à vontade. Além de ser muito aplaudido, foi paparicado pelos artistas nos bastidores. Recebeu e tirou fotos com vários deles, como Cauã Reymond, Fafá de Belém e Fábio Jr. O cantor deixou o local por volta de duas horas da manhã, quase uma hora após o final do show.

Roberto Carlos fez seu primeiro especial na TV Globo em 1974 e, nesses mais de 50 anos, só deixou de apresentá-lo por duas ocasiões, quando sua mulher, Maria Rita, morreu, e durante a pandemia. Aos 84 anos, Roberto segue em plena atividade. Em maio, fará uma longa turnê pelo México. Na volta, se apresenta em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, entre outras cidades.

Cauã Reymond publicou nas redes sociais uma foto ao lado de Fábio Porchat e Tatá Werneck durante o show comemorativo dos 60 anos da TV Globo.

"Que noite incrível e especial pra @tvglobo, pra mim e pro Brasil! Um show de emoção, humor, esporte, afeto. Feliz demais pelos 60 anos dessa emissora que está no imaginário e na história de todo mundo", escreveu o ator na legenda. Confira aqui.

O registro foi publicado horas depois de uma esquete protagonizada por Tatá, Porchat e Paulo Vieira no palco do evento.

Durante a apresentação, os humoristas fizeram piadas sobre as polêmicas dos bastidores do remake de Vale Tudo.

No número cômico, Tatá menciona rapidamente os "bastidores de Vale Tudo", e Paulo emenda: "Não fala tocando, não fala tocando. Abaixa o braço, tá com um cecê de seis braços". Fábio rebate: "Pelo amor de Deus, é a minha masculinidade". Tatá completa: "Que masculinidade, Fábio?".

Nas redes sociais, internautas rapidamente interpretaram a brincadeira como uma referência aos rumores de tensão entre Cauã Reymond e Bella Campos durante as gravações da novela.

Segundo relatos, Bella teria reclamado do comportamento do ator nos bastidores. A Globo não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas o tema ganhou destaque nos comentários online após a exibição do especial.

Bruno Gagliasso comentou publicamente pela primeira vez sobre a invasão de sua casa, registrada no início de abril.

Em conversa com a imprensa durante o evento de 60 anos da TV Globo, o ator afirmou, segundo a colunista Fábia Oliveira: "Rapaz, invadiram, mas deu tudo certo".

O caso ganhou repercussão nas redes sociais após o relato de Giovanna Ewbank. A apresentadora, que estava em casa com os filhos, contou que uma desconhecida entrou na residência da família, sentou-se no sofá da sala e chegou a pedir um abraço.

Segundo Giovanna, a mulher conseguiu acessar o imóvel depois que uma funcionária a confundiu com uma conhecida da família.

Próximos projetos

Além de comentar o ocorrido, Bruno Gagliasso falou sobre seus 20 anos de carreira e destacou o personagem Edu, da série Dupla Identidade, como um dos papéis mais marcantes de sua trajetória.

"Fiz personagens que guardo pro resto da minha vida, que me fizeram crescer como ser humano. Ficar 20 anos fazendo personagens que dialogam com a sociedade só me enriquece como ser humano e como ator", afirmou.

Sobre os próximos passos na carreira, o ator brincou: "Quem sabe fazer o remake de A Viagem, aproveitar que estou com esse cabelo e fazer o Alexandre (Guilherme Fontes)".