Desembargador afastado: quem é o suspeito de chefiar facção que formou aliança com PCC

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Ednaldo Freire Ferreira, o Dadá, de 43 anos, foragido desde o dia 1º, após ser beneficiado com a prisão domiciliar por uma decisão do desembargador Luiz Fernando Lima, do Tribunal de Justiça da Bahia, é suspeito de ser um dos fundadores da facção Bonde do Maluco. Na Bahia, o grupo criminoso costurou uma aliança com a facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) para enfrentar seu maior rival, a organização carioca Comando Vermelho (CV). O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afastou o desembargador de suas funções e sua conduta é investigada.

A disputa entre as facções, entre elas a liderada por Dadá, é apontada como uma das principais causas da onda de violência que se instalou na Bahia nos últimos meses. Entre julho e setembro deste ano, 195 pessoas foram mortas por intervenção policial no Estado, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado.

O número representa um aumento de quase 80% dessas ocorrências, na comparação com o mesmo período de 2022. A polícia afirma que os confrontos foram intensificados pelas ações criminosas das facções.

O Bonde do Maluco teria surgido em 2015, no Pavilhão V do Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador, como uma ramificação da facção Caveira. Nascido em Irecê, no interior do Estado, Dadá ascendeu na facção após a morte do assaltante de bancos José Francisco Lumes, o Zé de Lessa, em 2019, durante confronto com policiais militares do Mato Grosso do Sul.

Em 2008, Dadá foi preso após ser condenado a 15 anos de prisão pela participação na organização criminosa, responsável por associação com o tráfico de drogas, homicídio e torturas.

De acordo com a Polícia Civil baiana, com apoio do PCC, o Bonde do Maluco tornou-se a principal organização criminosa do Estado, dominando o tráfico de drogas e estando à frente de assaltos ousados em Salvador, na região metropolitana e em cidades de maior porte, como Feira de Santana.

Em março deste ano, Dadá foi um dos alvos da Operação Tarja Preta para desarticular a organização responsável por crimes como homicídios, tráfico de drogas, tráfico de armas e lavagem de dinheiro, em Salvador. Na ocasião, ele conseguiu escapar do cerco dos policiais que cumpriam mandados de busca e de prisão. Ele estava foragido.

Dadá foi preso na madrugada do dia 5 de setembro, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), na rodovia BR-232, em Sertânia, em Pernambuco. Ele dirigia um automóvel de luxo. Na abordagem, os policiais constataram que Ednaldo portava uma carteira de habilitação com o nome de outra pessoa.

"Quando a equipe descobriu o nome verdadeiro do homem, constatou que se tratava de um foragido da Justiça. De acordo com informações de outras forças policiais, ele é suspeito de chefiar a organização criminosa Bonde do Maluco", disse a PRF na ocasião.

A facção apoiada pelo PCC está no epicentro da violência que vem abalando as estruturas do Estado. Entre os dias 28 de julho e 4 de agosto, uma série de operações policiais na periferia de Salvador e em cidades da região metropolitana deixaram um saldo de mais de 30 mortos. Conforme a polícia, nos confrontos com policiais militares, nos últimos 60 dias, foram mortos mais de 20 integrantes da facção.

Em 2022, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a Bahia teve 6.659 mortes violentas, superando o Rio de Janeiro como o Estado mais letal do país. A inteligência da Secretaria de Segurança Pública da Bahia informou que monitora a ação de facções criminosas no Estado e que realiza um trabalho intenso de combate ao crime organizado que atua também em outros Estados brasileiros.

Afastamento cautelar do desembargador

Na terça-feira, 17, o plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu por unanimidade pelo afastamento cautelar do desembargador Lima, do TJ da Bahia, de suas funções. Sua conduta é investigada pela corregedoria do CNJ por ter concedido prisão domiciliar a Dadá.

O corregedor nacional, ministro Luis Felipe Salomão, destacou que os elementos do processo revelam que a decisão teve o intuito de beneficiar injustificadamente o acusado, "com graves danos à segurança pública", maculando de forma grave a imagem do Poder Judiciário.

O despacho de Lima foi fundamentado no fato de Dadá ser pai de menor com "transtorno do espectro de autismo nível 3, completamente dependente da figura paterna". O desembargador Julio Travessa, do TJ, chegou a derrubar a decisão do magistrado, a pedido do Ministério Público estadual, mas Dadá já havia sido liberado e não foi mais encontrado.

Em outra categoria

A atriz espanhola Karla Sofía Gascón, protagonista de Emilia Pérez, se manifestou nesta terça-feira, 4, em seu Instagram e respondeu às piadas feitas às suas custas durante a cerimônia do Oscar. No evento, o comediante Conan O'Brien brincou com as polêmicas envolvendo falas antigas e preconceituosas da artista.

"Anora usa a 'palavra com F' [um palavrão em inglês] 479 vezes. São três a mais que o recorde atingido pelo agente de Karla Sofía Gascón", falou o apresentador. No começo de fevereiro deste ano, publicações preconceituosas da atriz ressurgiram na internet e danificaram a reputação do longa francês. Indicado em 13 categorias, o musical saiu com somente duas estatuetas - Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Canção Original.

"Obrigado aos membros da Academia pela nomeação como melhor atriz principal, pelo convite para a gala; gostei muito, muito divertido e divertido, especialmente seu anfitrião fabuloso Jimmy Kimmel, ele é fantástico. A cada dia, ele se parece mais com o grande Conan O'Brien", brincou a atriz.

A piada de Karla se refere a outra brincadeira de O'Brien. Durante o seu monólogo, ele provocou novamente a atriz espanhola. "Karla, se você for reclamar do Oscar, lembre-se: meu nome é Jimmy Kimmel", disse o comediante, citando o antigo apresentador do Oscar.

Karla Sofía Gascón chegou a ser indicada ao prêmio de Melhor Atriz, tornando-se a primeira mulher trans a alcançar tal feito. Ela, no entanto, perdeu para Mikey Madison, protagonista de Anora.

Emilia Pérez foi derrotado por Ainda Estou Aqui na categoria de Melhor Filme Internacional e por Anora em Melhor Filme.

A atriz mexicana Salma Hayek comemorou, nesta terça-feira, 4, a premiação de Ainda Estou Aqui no Oscar no último domingo, 2. O filme de Walter Salles foi o grande vencedor na categoria de Melhor Filme Internacional.

"Eu te amo, Brasil", escreveu Salma em uma publicação do Instagram que trazia o cartaz do longa. Ela também parabenizou Walter, Fernanda Torres e a equipe do filme "por fazerem história e levarem a primeira estatueta dourada ao Brasil". "Bravo, muito merecido", disse, em português.

Ainda Estou Aqui disputou a categoria com Emília Pérez, longa tido, inicialmente, como o favorito ao prêmio. A trama é ambientada no México e recebeu críticas de mexicanos por, supostamente, estereotipar o país.

Zoe Saldaña, que atua no filme, chegou a responder às críticas após receber o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. "Fizemos um filme sobre quatro mulheres, e essas mulheres poderiam ser russas, dominicanas, negras, israelenses, de Gaza", disse.

Salma Hayek também chegou a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 2003 por seu papel como Frida Kahlo em Frida. À época, a vencedora foi Nicole Kidman.

Confira a publicação aqui

A derrota do Oscar de Melhor Atriz e Melhor Filme por Fernanda Torres e Ainda Estou Aqui para a americana Mikey Madison e Anora, filme independente dirigido pelo norte-americano Sean Baker, ainda tem abalado os ânimos dos brasileiros e é tema central do carnaval de rua em 2025. Ainda Estou Aqui ganhou na categoria "Filme Internacional".

Nesta terça, 4, os foliões adaptaram a marchinha Aurora, escrita por Mário Lago e Roberto Roberti em 1941, para calibrar o clima de rivalidade. (Veja o vídeo abaixo)

"Se você fosse sincera, ô ô ô ô, Anora. Devolvia o nosso Oscar, ô ô ô ô, agora", canta um grupo de pessoas em um bloco de rua não identificado. O vídeo viralizou nas redes sociais.

Na adaptação, é pedido que Anora entregue os prêmios aos brasileiros. Boa parte do público ficou revoltada com a escolha da Academia pelo filme independente e pela jovem atriz Mikey Madison, de 25 anos.

A torcida do Brasil era para que, principalmente, Fernanda Torres levasse o título de "Melhor Atriz" na maior premiação do cinema. A própria atriz se pronunciou dizendo que o resultado foi justo e pedindo para que fãs não enviem mensagens de ódio a Mikey Madsona.