Costa oceânica do Amapá: avanço do mar desloca comunidades e desafia cientistas e autoridades

Geral
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
De um lado, o Oceano Atlântico. De outro, o maior rio de água doce do mundo. No meio, ilhas que bailam. Na foz do rio Amazonas, no extremo norte do Brasil, um fenômeno considerado natural até alguns anos atrás passou a desafiar diariamente a comunidade científica, autoridades e moradores do Arquipélago do Bailique. O duelo entre o rio e o mar, antes sazonal, tem se agravado com o aquecimento global. O mar avança e derruba o que encontra pela frente. A água, antes doce, agora é salobra por períodos cada vez mais longos, impactando a vida de 13 mil habitantes das oito ilhas.

"É preciso lembrar que nós estamos na foz do maior rio do mundo, com uma dinâmica intensa de frente com o oceano. São dois titãs, e quem estiver nesse espaço aqui estará sujeito a essa dinâmica extrema", resume a geóloga Valdenira Ferreira dos Santos, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA). Ela diz que há dois fenômenos atingindo o arquipélago, a erosão (erroneamente chamada de terras caídas) e a intrusão salina, e não há como saber precisamente as relações entre ambos.

Sem dados históricos confiáveis de monitoramento do avanço do mar, Valdenira criou o Observatório Popular do Mar, uma iniciativa com participação comunitária para reunir informações a fim de entender o que está acontecendo e compreender como o que ocorre no Bailique se relaciona com as mudanças climáticas. "Hoje, podemos dizer que (essa relação) é uma possibilidade, mas se você me perguntar qual a evidência científica efetivamente concreta de medições, isso não existe. O que existe são observações", afirma a geóloga.

Essas observações são dos próprios moradores das ilhas, que têm reportado que a água do rio está ficando salgada cada vez mais para dentro do continente e cada vez mais cedo. O período de estiagem no chamado inverno amazônico vai, historicamente, de setembro a novembro. "Em algum momento (desse período), a água sempre ficava salobra. Esse processo sempre aconteceu, mas as informações que obtivemos em entrevistas sistematizadas com as comunidades indicam que esse processo parece estar avançando para dentro do continente", diz a pesquisadora do IEPA.

Bruce Andrade, 43, é dono de um comércio na Vila Progresso, principal comunidade do Bailique, e sabe exatamente do que a pesquisadora está falando. Construída em abril de 2019, a Casa Andrade viu a erosão engolir 50 metros de margem e chegar rapidamente à sua porta. Em breve, o comércio terá de mudar para uma nova instalação construída atrás da atual. "Duraria mais 15 anos aqui só dando reparo, mas eu vou gastar mais 200 mil reais para poder construir lá atrás. E não tem ajuda de ninguém", reclama o comerciante.

Ele nasceu e cresceu na ilha, migrou para Macapá e retornou em 2018. "Me criei aqui sem problema nenhum com água, e quando voltei eu nem sabia que a água estava salobra."

Evolução histórica

As imagens de satélite da região do Bailique comprovam que, ao longo de 33 anos, a dinâmica hidrológica na costa do Amapá se alterou significativamente. Entre 1990 e 2023, como mostra o vídeo abaixo produzido pelo IEPA, houve um assoreamento na foz do rio Araguari, que passou a desaguar no rio Amazonas por meio de dois canais que surgem exatamente em frente ao Bailique.

Para o engenheiro Alan Cavalcanti da Cunha, professor da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) e pós-doutor em fluxos hidrológicos entre ecossistemas aquáticos tropicais pela Universidade de Miami, esse é apenas um dos fatores que podem estar alterando a dinâmica natural da região. "Essa água está direcionada para dentro do Bailique, e se soma à dinâmica natural do escoamento do rio Amazonas. São mais 3 mil metros cúbicos de água por segundo em direção ao Bailique, erodindo áreas onde a corrente passa mais rápido", explica Cunha.

Bióloga com doutorado em Ecologia, Janaína Callado diz que é muito complexo afirmar que é uma coisa ou outra sem dados históricos. "Precisamos de pesquisa para entender o que está gerando isso, de respostas baseadas em evidências. E nós não temos dados de 15 ou 10 anos seguidos, nem mesmo de cinco anos", afirma. Para a professora da Universidade Estadual do Amapá (UEAP), qualquer política territorial para o distrito do Bailique terá de se basear em evidências científicas que orientem onde, como e o que construir. "Ou sempre estaremos construindo escola onde não é para construir, construindo casa onde o rio vai derrubar, como tem acontecido", alerta Janaína.

Ex-governador do Amapá por dois mandatos (1995-1998 e 1999-2002), o ex-senador João Capiberibe (PSB-AP) acredita que o impacto das águas do Araguari diretamente na região do arquipélago está diluindo as ilhas. "Se você me perguntar qual é a base científica que existe, eu não tenho. O que eu tenho bastante é experiência de vida e se você vê a corrente de água que passa entre as ilhas, você tem que deduzir que as ilhas vão desaparecer, é quase impossível manter", afirma.

Questionado sobre como o poder público pode atuar para controlar esse processo, Capiberibe é categórico: a única maneira é modificar o modelo atual de consumo e produção. "Não tem outro. Na Amazônia, nós temos que parar a destruição."

*Esta reportagem foi apoiada pelo Edital Conexão Oceano de Comunicação Ambiental, promovido pela Fundação Grupo Boticário.

Em outra categoria

Um novo documentário produzido pelo diretor Martin Scorsese apresentará uma conversa inédita com o falecido papa Francisco sobre o esforço apoiado pelo pontífice para oferecer educação por meio do cinema, anunciaram os produtores do filme nesta quarta-feira, 30.

Chamado Aldeas - A New Story, o documentário está "enraizado na crença do papa na sagrada natureza da criatividade", disse um comunicado dos cineastas. Não foi anunciada uma data de lançamento.

Segundo eles, a conversa inédita com Scorsese foi a "última entrevista aprofundada do papa para o cinema".

Antes de morrer, Francisco chamou o documentário de "um projeto extremamente poético e muito construtivo porque vai às raízes do que é a vida humana, a sociabilidade humana, os conflitos humanos... a essência da jornada de uma vida", disseram os cineastas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Morreu nesta quarta-feira, 30, o jornalista Luiz Antonio Mello, aos 70 anos. A informação foi publicada pelo jornal A Tribuna, do Rio de Janeiro, em que ele atuava como editor desde 2021. Mello teve uma parada cardíaca enquanto fazia um exame de ressonância, e se recuperava de uma pancreatite no Hospital Icaraí.

Nome importante para o rock nacional, Luiz Antonio Mello (conhecido como LAM) passou por veículos como Rádio Tupi, Rádio Jornal do Brasil e Última Hora. No entanto, foi na Rádio Fluminense FM que ele esteve à frente do programa Maldita, criado em 1981 e responsável por dar visibilidade a grandes nomes da música, como Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Legião Urbana. A história foi contada no longa-metragem Aumenta que é Rock'n Roll, estrelado por Johnny Massaro e dirigido por Tomás Portella.

Após a passagem pela Fluminense FM, que deixou em 1985 para participar da implantação da Globo FM, trabalhou como consultor de marketing para uma gravadora, foi diretor de TV e produtor musical. Colaborou com vários veículos, entre eles o Estadão, e é autor dos livros Nichteroy, Essa Doida Balzaka (1988), A Onda Maldita (1992), Torpedos de Itaipu (1995), Manual de Sobrevivência na Selva do Jornalismo (1996), Jornalismo na Prática (2006) e 5 e 15, Romance Atonal Beta (2006).

A prefeitura de Niterói declarou três dias de luto em homenagem ao jornalista.

"Luiz Antônio Melo era um niteroiense apaixonado por nossa cidade e que tinha uma mente, uma capacidade inventiva e criativa extraordinária. Participou diretamente de um dos momentos mais marcantes da música brasileira e do rock nacional através da rádio fluminense na década de 80. Lembro que ele ficou muito grato e feliz quando apoiamos a realização do filme Aumenta que isso aí é Rock and Roll, baseado no livro de sua autoria. Recentemente, conduzia com maestria as edições do jornal A Tribuna. Niterói, o rock e o jornalismo estão de luto com a sua partida. Mas ele deixou um legado, suas ideias", afirmou o prefeito Rodrigo Neves.

Renata Saldanha, campeã do Big Brother Brasil 25, respondeu a algumas perguntas enviadas por fãs no Instagram na madrugada desta quarta-feira, 30. Ela aproveitou o momento para tranquilizar os admiradores do casal "Reike", formado por ela e Maike na reta final do reality.

"Gente, essa pergunta é campeã! Só para avisar, nós estamos bem, está tudo bem entre nós, para quem tinha dúvidas", começou a bailarina. "É como lidamos com outros relacionamentos na vida. A gente está se conhecendo, estamos nesse momento de entender um pouco tudo isso, que é novidade para ele - e muito para mim também. Então é isso, estamos nos conhecendo", concluiu a campeã.

Maike e Renata se reencontraram em público durante o Prêmio gshow, na última quarta-feira, 23, quando receberam o troféu da categoria "Melhor Conexão" e deram um beijo no palco. Antes da cena, estiveram juntos nos bastidores.

Apesar do clima de intimidade, Renata disse que ainda era cedo para definir qualquer rótulo. "A gente não teve a oportunidade de conversar aqui fora ainda, a gente mal se encontrou. No dia que a gente resolveu ficar, acho que ele ficou uns cinco dias na casa e depois saiu. Então, é muito breve para eu dizer algo", falou ao gshow.

Maike foi eliminado no 15º Paredão do BBB. Poucos dias antes, havia sido advertido pela produção e por Tadeu Schmidt por causa de atitudes abusivas com Renata, como mordida e puxão de cabelo. Nas imagens, a bailarina aparentava desconforto e pedia para que ele parasse. A sequência de ações gerou revolta entre os internautas e pedidos de expulsão nas redes. Do lado de fora da casa, o ex-brother assistiu às cenas e pediu desculpas, dizendo estar envergonhado.

Após cumprir a agenda atribulada no Rio de Janeiro desde o fim do reality, no último dia 22, Renata voltou para Fortaleza nesta quarta junto de Eva, sua dupla no início da competição. Ela foi recebida por uma multidão no aeroporto, e comemorou o retorno para casa.