Professor da Unesp, acusado de assédio sexual por alunas, é demitido da universidade

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O professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Marcelo Magalhães Bulhões, que foi investigado em 2022 por supostamente assediar sexualmente um grupo de alunas, foi demitido da instituição. O desligamento foi publicado no Diário Oficial do Estado nesta quinta-feira, 18.

De acordo com o comunicado, assinado pela Reitoria da Unesp, o docente, que era vinculado à Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design (FAAC), descumpriu duas das obrigações que competem aos servidores e que estão presentes no Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado (Lei Estadual 10.261/1968):

- Estar em dia com as leis, regulamentos, regimentos, instruções e ordens de serviço que digam respeito às suas funções (inciso XIII)

- Proceder na vida pública e privada na forma que dignifique a função pública (inciso XIV)

"Ficando aplicada (...) ao servidor Marcelo Magalhães Bulhões, Professor Assistente Doutor, efetivo, lotado no Departamento de Ciências Humanas da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação do Câmpus de Bauru, a pena de demissão, por descumprimento dos incisos XIII e XIV do artigo 241 da Lei Estadual 10.261-1968", afirma trecho do Diário Oficial que informa a demissão de Bulhões.

A reportagem entrou em contato com o docente, com seus advogados, mas não teve retorno até a publicação da matéria. O texto será atualizado conforme as respostas forem enviadas.

Em nota, a Unesp confirmou a demissão do professor pelo descumprimento dos já citados incisos do Estatuto do Servidor, e afirmou também que Bulhões teve direito à ampla defesa durante o processo. "A decisão foi baseada na recomendação fornecida pela comissão processante no final do Processo Administrativo Disciplinar, no qual o docente teve amplo direito à defesa. O processo seguiu todos os trâmites legais previstos nas normas da universidade".

Vítima celebra demissão: 'Considero uma vitória'

"Eu não tive nunca coragem de falar nada, mas ainda bem que tiveram pessoas que falaram e hoje ele foi punido. Considero uma vitória", disse ao Estadão uma ex-aluna de Marcelo, supostamente vítima dos assédios do professor.

"Oito anos depois e eu ainda me lembro daquele dia. E o que me deu coragem para contar (hoje), foi que uma amiga minha me chamou após ver a notícia da demissão dele e falar que ela também lembra do que aconteceu", afirmou ela, que optou por manter o anonimato.

"Era 2016, primeiro mês de aula no curso de Jornalismo. Ele ministrava a disciplina de Literatura para minha turma. Eu cheguei atrasada, todos já estavam sentados e ele em pé. Eu encontrei uma carteira na frente, sentei e abaixei a cabeça. Ele foi até a minha mesa, se apoiou e se inclinou. Falou que era a atriz preferida dele e que ela era linda". Ela continua: "Me passou o nome e falou para eu pesquisar. No intervalo de aula, meus amigos perguntaram se eu estava bem, porque aquilo tinha sido muito estranho".

A ex-aluna diz que não se deve ignorar ou não dar importância para tais gestos, e afirma que as vítimas não são culpadas neste tipo de episódio. "Não podemos minimizar as situações e ficarmos quietas. Pode ser de um assédio na fala a um assédio físico. Assédio é assédio e nós não temos culpa", afirmou.

Professor já tinha sido investigado por caso em 2017

Marcelo Magalhães Bulhões, livre docente de Literatura, foi alvo de uma investigação interna aberta pela própria Unesp, em julho de 2022, depois que alunas da instituição o acusaram de assédio sexual. Segundo as vítimas, o professor teria enviado mensagens de cunho sexual e libidinoso para as universitárias, dizendo que gostaria de ter relações sexuais com elas.

Em protesto, as estudantes afixaram um cartaz, no câmpus de Bauru, interior de São Paulo, com prints de uma suposta conversa do professor com uma aluna em um aplicativo de mensagens, e e-mails enviados por Marcelo, que revelariam o assédio. A Unesp decidiu afastar o profissional por 180 dias de forma preliminar enquanto as investigações estivessem em curso. Na época, a instituição disse que não tolerava "toda e qualquer prática de assédio".

A sindicância de 2022 não foi a primeira aberta contra o professor que, segundo as acusações, realizava investidas contra as alunas desde 2014. Em 2017, a FAAP já tinha aberto um processo para apurar se uma acusação de assédio sexual contra Marcelo era verdadeira. Em 2018, de acordo com a universidade, as investigações não encontraram provas contra o docente e o processo foi arquivado.

Em 2022, Bulhões negou as acusações ao Estadão. Na oportunidade, o professor disse que estava "chocado" com o teor acusatório das manifestações e afirmou que era "vítima de calúnia". Na ocasião, ele lembrou ainda da sindicância aberta em 2018, e afirmou que, durante o episódio em que estava sendo investigado, recebeu "depoimentos de incondicional apoio e elogio" de antigas orientandas.

"Entendo que legítimas e importantes demandas da atualidade - luta contra o racismo, movimento feminista - têm produzido uma mobilização de empatia diante de causas importantes. Nesse caso, todavia, estou sendo vítima de calúnia, cuja propagação em tempos digitais é implacável", afirmou o professor, em e-mail, enviado à reportagem.

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A influenciadora Maya Massafera rebateu neste domingo, 23, críticas feitas por alguns de seus seguidores sobre a magreza do seu corpo. Após postar uma foto vestindo um biquíni, diversos fãs da youtuber questionaram o estado de saúde de Maya. A resposta da apresentadora, no entanto, gerou polêmica.

Em seu perfil no Instagram, Maya afirmou que "gente rica é apaixonada pela magreza". "No mundo da moda, a gente gosta de mulher muito magra. É gosto. Tem gente que gosta de mulher mais sarada, de mulher gorda. Eu acho mais bonito mulher magra", afirmou em uma série de vídeos publicados nos Stories.

"Minha avó é mais simples e ela fala: 'May, engorda um pouco, parece que está passando fome'. Então, gente mais simples gosta de gente mais cheinha", continuou.

"Gente rica ou francesa, ou que entende muito de moda, é apaixonada por magreza. Eu não estou nada magra pra eles ou pra brasileiros da elite. Agora, gente mais simples vai me achar magra".

A declaração viralizou nas redes sociais e foi bastante criticada. Para muitos internautas, a fala foi considerada elitista.

"Os desfiles de moda, a elite, gostam de uma pessoa magra. Então, não tem por que a gente atacar o outro: você aprendeu a gostar de gente mais gorda por causa da sua condição financeira. E quem é magro, vice-versa", falou a apresentadora, ressaltando que tal gosto é algo "cultural".

Hariany Almeida usou as redes sociais na noite deste domingo, 23, para anunciar o fim do seu relacionamento com Matheus Vargas, filho do cantor Leonardo. A ex-BBB, que participou da edição de 2019 do reality, foi direta ao comunicar a separação. "Eu e o Matheus não namoramos mais! Estou mal, espero que entendam e não me questionem", escreveu.

O casal estava junto há um ano e cinco meses e tornou o relacionamento público durante o festival The Town, em São Paulo, em 2023. Na época, Hariany revelou que conheceu Matheus ao participar do clipe da música Raparigueiro, do sertanejo. Até o momento da publicação desta matéria, o cantor não se pronunciou sobre o término.

Na manhã desta segunda-feira, 24, a influenciadora ainda compartilhou uma reflexão enigmática em seus stories do Instagram. No trecho do texto repostado, ela destacou: "Aprendi a confiar naquela voz sutil que não grita, mas avisa. Às vezes é só um peso no peito, uma sensação de que algo não encaixa, mesmo quando tudo parece perfeito."

O diretor Ali Abbasi, responsável pelo filme O Aprendiz, cinebiografia do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, comentou as acusações de assédio que vieram à tona na última sexta-feira, 21. Por meio de uma publicação no X (antigo Twitter), o cineasta confirmou o episódio e expressou arrependimento.

"Eu entendo completamente que a minha ação fez alguém se sentir desconfortável, independente da minha intenção, e por isso estou sinceramente arrependido", escreveu.

Segundo o site Deadline, Abbasi teria "apalpado agressivamente" um ator de alto escalão durante uma festa do Globo de Ouro. A publicação ainda afirma que a agência CAA, que representa o artista, exigiu que o diretor se desculpasse.

Abbasi detalhou sua versão dos fatos, afirmando que acreditava ter uma relação amigável com o ator e que seu gesto não teve conotação sexual.

"Quando o vi na festa do Globo de Ouro, eu fiquei animado em me reconectar. Fiz um gesto excessivamente familiar - um tapa na bunda - com a intenção de soar divertido e não sexual em qualquer nível. Eu percebi rapidamente que julguei mal a situação. Eu pedi desculpas a ele na hora, e no dia seguinte fiz questão de garantir que minhas desculpas fossem transmitidas por meus representantes", declarou.

O diretor também desmentiu informações de que teria rompido com seus agentes por conta do caso. "A sugestão de que fui dispensado pela minha representação devido a essa interação é falsa. Minha decisão de encerrar essa parceria foi uma escolha de carreira a longo prazo, que não foi influenciada por motivações de curto prazo."

Leia a declaração completa:

"Quero abordar os recentes artigos sobre mim de maneira direta e aberta.

Entendo perfeitamente que minha ação deixou alguém desconfortável, independentemente da minha intenção, e por isso estou sinceramente arrependido.

Passei tempo com a pessoa em questão em várias ocasiões e tinha motivos para acreditar que tínhamos uma relação amigável. Quando o vi na festa do Globo de Ouro, fiquei animado para me reconectar. Fiz um gesto excessivamente familiar - um tapa no traseiro - que pretendia ser brincalhão e de forma alguma sexual. Rapidamente percebi que julguei mal a situação.

Pedi desculpas a ele imediatamente e, no dia seguinte, fiz questão de que meu pedido de desculpas fosse reiterado pelos meus representantes.

A sugestão de que fui dispensado pelos meus agentes devido a essa interação é falsa. Minha decisão de encerrar essa parceria foi uma escolha de carreira a longo prazo, que não foi influenciada por motivações de curto prazo.

Acredito em assumir a responsabilidade por minhas ações; cometi um erro, me desculpei e aprendi uma lição valiosa. Sou grato pelo incrível trabalho do nosso elenco, equipe e apoiadores de O Aprendiz, e espero que o foco permaneça em suas conquistas."

Com direção de Ali Abbasi e roteiro do estreante Gabe Sherman, O Aprendiz traz Sebastian Stan no papel de Donald Trump. O elenco conta ainda com Maria Bakalova como Ivana Trump, Jeremy Strong como Roy Cohn e Martin Donovan como Fred Trump Sr. O filme, disponível para aluguel digital, concorre a duas categorias no Oscar, incluindo melhor ator para Stan.