PEC das Drogas abre brecha para tratamento compulsório, diz especialista

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O relatório da proposta de emenda à Constituição (PEC) que coloca na Carta Magna a criminalização do porte de drogas contém um dispositivo que abre brecha para o tratamento compulsório contra dependência química, para o advogado Felipe Gonçalves, sócio do escritório Madruga BTW e especialista em Direito Penal.

O trecho foi o único acrescido pelo relator da proposta, senador Efraim Filho (União Brasil-PB), em seu parecer. A emenda incluída na PEC estabelece que "a lei considerará crime a posse e o porte, independentemente da quantidade, de entorpecentes e drogas afins sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, observada a distinção entre o traficante e o usuário por todas as circunstâncias fáticas do caso concreto, aplicáveis ao usuário penas alternativas à prisão e tratamento contra dependência".

Para Gonçalves, a primeira parte desse trecho, que diz ser crime a posse e o porte, independentemente na quantidade, já está contemplada pela Lei das Drogas. A segunda, quanto à aplicação de penas alternativas à prisão e tratamento contra dependência, não.

"O que mais me chama a atenção da emenda é a dubiedade da segunda parte, o tratamento sobre a dependência. Não está claro se essa cláusula significa que o legislador deve prever uma pena de tratamento compulsório. A abertura do texto da emenda permite uma interpretação alargada que coloca o tratamento para dependência", afirmou Gonçalves ao Broadcast Político.

A proposta inclui na Constituição a previsão de que o tratamento contra dependência seja aplicável aos usuários de drogas. Caberia a uma lei regulamentar como isso aconteceria.

"Sim, abre uma brecha. A emenda Está redigida de uma forma genérica. Abre brecha para uma posterior tentativa de impor pena de tratamento compulsório, permite a interpretação de que há autorização constitucional para isso", completou.

Para o advogado, esse trecho é a principal inovação na PEC. "A primeira parte da emenda, em alguma medida, segue a mesma linha da lei de drogas, é uma emenda que nesse ponto entre usuário e traficante não traz nenhum elemento diferente do que já temos hoje", disse.

A PEC foi aprovada nesta quarta-feira, 13, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A votação foi simbólica, mas 23 senadores concordaram com o texto e apenas quatro se manifestaram publicamente contra a proposta.

O Broadcast Político questionou o senador Efraim Filho, relator da PEC, sobre essa possível brecha que a PEC teria. Até o momento, não houve resposta.

Influência no julgamento no STF

Se a PEC for efetivamente aprovada pelo Congresso antes de o Supremo retomar o julgamento sobre a constitucionalidade do porte de drogas, essa emenda constitucional seria incluída no julgamento. Pelo fato de cada ministro ter apresentado linhas argumentativas distintas, o resultado é imprevisível, para o advogado.

Segundo ele, os ministros "deverão alterar a fundamentação" de seus votos, "porque vão ter que argumentar pela inconstitucionalidade da emenda, e isso não foi discutido ainda porque é só uma PEC".

"É possível que o STF entenda que perdeu o objeto, porque há uma cláusula constitucional que determina essa obrigatoriedade, é possível que os votos sejam modificados para incluir uma nova fundamentação para dizer que essa emenda constitucional seria inconstitucional", completou.

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A ministra da Cultura, Margareth Menezes, e a cantora Daniela Mercury pediram respeito às religiões de matriz africana na noite da quarta-feira, 1º de janeiro, em show no evento Pôr do Som, em Salvador, criado por Daniela e que completa 25 anos.

Os comentários das duas no palco vieram dias depois de Claudia Leitte mais uma vez tirar a palavra "Iemanjá" da música Caranguejo (Cata Caranguejo), composta por Alan Moraes, Durval Luz e Luciano Pinto, e substituir por "Yeshua", que para algumas religiões cristãs é o nome de Jesus.

"É importante a gente buscar na história desse povo afro-brasileiro, dessa cultura, tantas perseguições, desde o tempo da escravidão. Está na hora da gente pensar melhor e se comportar melhor em relação aos direitos dos povos afro-brasileiros", disse Margareth. "A gente tem que saber como começa essa história. É muito digno que a gente respeite as religiões de matriz africana", complementou a ministra.

Daniela também ressaltou a importância do tema. "O axé é a força que emana de tudo que é vivo. Que a gente aprenda a se amar, porque se o candomblé sofre preconceito é porque o preto sempre sofreu preconceito, isso é uma consequência do racismo. Que a gente afirme toda a importância das religiões de matriz africana", afirmou. "Eu não seria quem sou, sem os terreiros de candomblé, sem o povo que mantém sua cultura através da sua religião. Então, eu bato cabeça", acrescentou.

Entenda o caso

Há cerca de duas semanas, durante seu primeiro ensaio de Carnaval em Salvador, Claudia Leitte fez a troca na letra da música. Logo, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) começou a investigar se a cantora praticou racismo religioso.

A artista então se manifestou, alegando que de seu "lugar de privilégios, racismo é uma pauta para ser discutida com muita seriedade, não de forma tão superficial".

Claudia já havia sido criticada pela troca há alguns anos e repetiu a mudança em apresentação no último domingo, 29, no pré-réveillon de Recife.

Yuri Lima se declarou para Iza em uma postagem nas redes sociais, nesta quinta-feira, 2. Ele confirmou que ambos estão novamente em um relacionamento. O casal havia se separado em julho, após o jogador ter traído a cantora enquanto ela estava grávida da filha, Nala. "Você é a mulher da minha vida toda!", começou.

Na foto, Yuri fala sobre o significado de família: "Agradeço por ter a minha e poder cuidar dela. Não posso deixar de te agradecer Isabela, por ter me perdoado quando errei com você, em um momento que tudo deveria ser maravilhoso e perfeito, principalmente eu."

E continuou: "Hoje entendo mais do que nunca como Deus olha cada detalhe de nossas vidas. Que tudo tem um propósito. Depois de cada choro, de me arrepender tanto achando que tudo estava perdido, me empenhei muito para reconstruir os meus sonhos, e são tantos com vocês duas. Posso dizer que graças a tudo que aconteceu, os últimos 4 meses foram e estão sendo os melhores ao seu lado e com a nossa princesa."

Por fim, ele explicou o motivo de ter realizado a postagem: "E eu quis comemorar assim, publicamente a vocês duas que mudaram a minha vida pra melhor e continuam mudando. Que sejam dois anos, e mais dois anos, e mais e mais até a marca de 200 anos. Eu te amo muito."

Neil Young se recusou a tocar no Festival de Glastonbury deste ano, alegando "controle corporativo" da emissora BBC, parceira do evento que acontece em junho na Inglaterra.

"O Chrome Hearts [seu grupo de apoio] e eu estávamos ansiosos para tocar no Glastonbury, um dos meus festivais ao ar livre favoritos de todos os tempos. Disseram-nos que a BBC agora era parceira e queria que fizéssemos muitas coisas de uma forma que não nos interessava", escreveu o músico de 79 anos em uma publicação no seu site.

"Parece que o Glastonbury agora está sob controle corporativo e não é mais como eu me lembrava. Obrigado por vir nos ver da última vez! Não tocaremos em Glastonbury nesta turnê porque é um desestímulo corporativo, não mais o que costumava ser. Espero vê-los em um dos outros locais da turnê", complementou o astro de hits como Heart of Gold.

A BBC é a parceira oficial de transmissão desde 1997 e expandiu seu escopo nos anos seguintes.

Young tocou no Glastonbury uma vez, em 2009.