Comerciantes de Higienópolis e Santa Cecília relatam prejuízo com apagão em SP: 'Dia perdido'

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O apagão que acometeu os bairros de Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque, no centro de São Paulo, impactou negativamente o comércio, restaurantes e estabelecimentos da região, nesta segunda-feira, 18. Gerentes, vendedores farmacêuticos e outros profissionais ouvidos pelo Estadão relataram, com lanternas do celular em mãos, que viveram um "dia perdido".

Sem energia elétrica desde a manhã, não tinham como registrar pedidos, efetuar pagamentos, registrar as vendas no sistema ou atender pacientes, como aconteceu em um consultório odontológico na Rua das Palmeiras, onde a reportagem esteve na tarde desta segunda.

Também relataram medo da ação de criminosos, que poderia se aproveitar do escuro das lojas e do não funcionamento de câmeras de monitoramento para efetuar assaltos. Por volta das 18h, a luz voltou em pontos da Santa Cecília e da Consolação, mas a Vila Buarque, por exemplo, continuava às escuras.

Em nota, a Enel informou que uma escavação realizada pela Sabesp na região central de São Paulo atingiu acidentalmente cabos da rede subterrânea da distribuidora, causando interrupção no fornecimento de energia em parte dos bairros de Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque.

"A interrupção ocorreu hoje por volta das 10h30. De imediato, a companhia deslocou equipes de técnicos e eletricistas ao local para identificar a causa e realizar o reparo da rede. Em paralelo, a Enel disponibilizou geradores para atender um hospital e outros clientes prioritários. Em função das características envolvendo a rede subterrânea que atende aquela região, as equipes da distribuidora atuaram em parceria com a Sabesp durante toda a tarde e seguem trabalhando para normalizar o serviço. A companhia realizou manobras para isolar o trecho afetado e está realizando as ações necessária para restabelecer a energia para todos", informou a Enel.

Também em nota, a Sabesp disse que investiga a situação. "Avaliação preliminar constatou que as obras de manutenção e ligação nos ramais de esgoto não danificaram a rede elétrica subterrânea. A escavação foi feita manualmente, a partir das 11h, sem deslocamento da fiação."

No caso de estabelecimentos alimentícios, a preocupação se agravou com a necessidade de manter os alimentos refrigerados, e até saber se os aparelhos não queimaram com a queda brusca de energia.

"Estamos esperando a luz voltar para saber se o nosso freezer está funcionando", disse Val Godoy, gerente de um restaurante da Rua das Palmeiras. "Tivemos um prejuízo de, no mínimo R$ 5 mil, fora os alimentos que vamos ter que jogar no lixo", disse a empresária.

Pouco acima do restaurante administrado por Val, um açougue também vive a tensão de saber como proceder com a refrigeração das carnes. "Estamos estocando na câmara (de refrigeração) que está gelada porque tá abastecida com a energia da madrugada. Mas, suporta até às 20h", disse o açougueiro Elielson Souza.

Ele comentou também que não conseguiu vender nesta segunda desde o momento do apagão. "Não tinha como usar a balança, não tinha como pesar e nem pagar porque estamos sem maquininha e sistema."

A farmacêutica Ana Fonseca diz que precisou transferir os medicamentos que precisam ser armazenados em freezer para outra drogaria. Com o apagão, ela também comentou que tinha dificuldades de fazer o balanço dos remédios no estoque, que ficam no fundo da farmácia e ficou tomado pela escuridão. "Não deu para fazer muita coisa. Foi um dia perdido. Não dava nem para dar injeção em paciente ou enviar algum medicamento para aqueles que encomendam", lamentou. "Estamos à deriva".

O dentista Marcos Paulo Correa disse que o prejuízo não foi apenas financeiro, "mas moral também". "Tem pacientes que iriam fazer um implante dentário hoje, mas tivemos que remarcar. E é difícil reagendar porque porque a data tem que casar com o especialista que faz esse tipo de cirurgia. E não é todo dia que ele pode", conta Correa.

"O paciente espera tanto por esse dia, e não poder fazer acontecer gera uma frustração muito grande", acrescentou o dentista.

Prejuízos e medo de assaltos

Comércios da Rua das Palmeiras já tinham fechado as portas antes das 17h. Quem permanecia aberto, não arriscou se entender por muito além desse horário.

Até quem não teve a loja ou o comércio afetado pela queda de energia, também optou por encerrar o expediente mais cedo, com medo de ser um alvo fácil de criminosos. "Meu irmão, que tem um comércio do outro lado da rua, fechou mais cedo porque estava sem luz", disse a vendedora Sônia Mendes, dona de uma loja de roupas.

Anderson Boeira, dono de uma sorveteria na Vila Buarque, chegou a perder mais de 50 potes de sorvetes de 400 ml por causa do apagão desta segunda. O prejuízo só com esses produtos gira em torno de R$ 1.900.

"Nosso comércio é pequeno, não tem condições de comprar um gerador. Se eu tentar transferir para uma câmara fria, corro o risco de perder a qualidade do produto nesse transporte" diz o empresário.

Ele estima que a perda dos sorvetes e um dia inteiro sem vendas geraram ao seu comércio um prejuízo de R$ 5 mil a R$ 7 mil. A perda não foi maior, diz ele, porque outros freezers da loja conseguiram manter os sorvetes condicionados e na temperatura padrão da sua produção.

Ele ainda lamentou pelo incidente acontecer em um dia que prometia ser de altas vendas. "Era um dia importante por causa da onda de calor. Eu deixei de atender em torno de 200 a 300 clientes, que é a média em dias com esses picos de altas temperaturas."

Pamela Puertas, proprietária de uma padaria de produção artesanal, localizada na Vila Buarque, reclama que o apagão lhe tirou um dia de útil na semana. "A gente não abre às segundas porque fazemos a produção para o dia seguinte. Como não conseguimos preparar nada hoje, teremos que fechar a padaria amanhã (terça-feira, 19) para preparar os produtos e só abrir na quarta", disse. "Bagunçou toda nossa semana."

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O aguardado show de Lady Gaga na praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, teve início na noite deste sábado, 3. É possível assistir ao vivo pela Globo, na TV aberta, pelo canal pago Multishow e pelo streaming Globoplay. Previsto para começar às 21h45, o show contou com um atraso e a cantora apareceu em um vídeo no palco somente por volta de 22h10.

Todo mundo no Rio. Mesmo. Quando ainda faltavam 12 horas para o início do show de Lady Gaga na praia de Copacabana, as filas para ter acesso à Avenida Atlântica já davam voltas nos quarteirões internos do bairro. Por razões de segurança, era preciso passar por um dos 18 pontos de bloqueio para alcançar a orla, instalados desde cedo em ruas transversais aparelhados com detectores de metais e câmeras de reconhecimento facial.

Em experiências anteriores, como o show de Madonna, no ano passado, e o réveillon, as aglomerações só se formaram faltando poucas horas para o início do espetáculo. Mas com Gaga foi bem diferente. Já na manhã de sábado havia fila ocupando dois quarteirões. A temperatura em torno dos 25ºC ajudou. O céu estava claro, o sol brilhando, mas não havia muito calor.

Uma faixa da avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais vias do bairro, estava ocupada por fãs na altura do palco. O professor de educação física Humberto Machado, de 38 anos, que veio para o show com um grupo de amigos da Paraíba e do Rio Grande do Norte, contou que ficou na fila para acesso à orla por cerca de meia hora.

"A gente achou que seria rápido para entrar porque ainda era muito cedo", contou o professor. "Mas a fila era impressionante."

O professor e seus amigos levavam água e sanduíches em recipientes de plástico para aguentar por toda a tarde e noite. Recipientes de vidro, líquidos inflamáveis e objetos perfurocortantes estavam proibidos e estavam sendo confiscados nas barreiras.

O bairro, rapidamente apelidado de "Gagacabana", era uma grande festa desde cedo, sem registro de incidentes. Fãs totalmente montados, os "little monsters" (monstrinhos), não paravam de chegar a pé, de ônibus e, principalmente, de metrô, exibindo leques, chapéus e todo tipo de indumentária remetendo à artista, a "mother monster" (mãe monstra).

Em frente ao Copacabana Palace, onde a diva está hospedada, o movimento foi ininterrupto a madrugada inteira, sobretudo depois do ensaio aberto na noite de sábado, em que Gaga cantou mais de dez músicas para deleite de todos que estavam na orla, entre elas grandes sucessos como Abracadabra, Bad romance e Shallow, a mais baixada por fãs no Brasil nas plataformas de streaming.

Antes mesmo do fim da manhã longos trechos da praia já estavam ocupados por fãs marcando lugar na areia para assistir ao show da diva e vendedores ambulantes. E não só. As árvores do canteiro central da Atlântica e mesmo da calçada próxima aos prédios estavam sendo disputadas desde cedo pelos que queriam garantir um lugar 'vip' para assistir ao show.

A tatuadora Aisha Dutra, de 22 anos, e a estudante Lilian Magalhães, de 26 anos, estavam aboletadas em uma árvore desde cedo. Elas são do bairro de Santa Cruz, na zona oeste, mas alugaram um apartamento por temporada em Copacabana, especialmente para estarem perto do show. O plano da dupla era chegar à praia às 5h da manhã deste sábado. Mas como elas só foram dormir de madrugada, depois do fim do ensaio, acabaram chegando à orla às 8h.

"Ontem, durante o ensaio, a gente subiu numa árvore e viu que era a melhor opção, porque tinha gente dormindo na grade desde ontem e não tinha mais lugar perto do palco", explicou a tatuadora, devidamente instalada na árvore.

Na tarde de sexta-feira, 2, a Prefeitura informou que dados consolidados pela Rodoviária Novo Rio e pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) indicavam a chegada de mais 500 mil visitantes na cidade entre os dias 1º e 3 de maio, superando as expectativas iniciais de 240 mil pessoas. Desse total, 25% seriam turistas estrangeiros.

Há ainda turistas chegando com carros particulares, ônibus fretados e voos pousando no Aeroporto Santos Dumont. A média de ocupação da rede hoteleira é de 86% em toda a cidade, mas em Copacabana chega a 95%.

A Polícia Militar (PM) reforçou o esquema de segurança.

"A novidade para este show são os capacetes brancos, grupos de policiais especializados em patrulhamento de multidão", explicou a tenente-coronel Cláudia Moraes, porta-voz da PM. "Eles vão circular entre as pessoas, sobretudo nos pontos de maior concentração, para evitar furtos de oportunidade de passar uma sensação maior de segurança."

A prefeitura espera a presença de mais de 1,6 milhão de pessoas na praia de Copacabana, onde está montado o palco e as 16 torres com telões de nove metros de altura por cinco metros de largura, permitindo que todos acompanhem o show mesmo à distância. Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e a Riotur, o evento deve injetar mais de R$ 600 milhões na economia da cidade.

"A cidade está muito cheia mesmo, tem muito turista", assegurou o motorista de uber Gustavo Monteiro, de 33 anos. "É bom para todo mundo. Por mim, tinha um show desse por mês."

Faltando cerca de duas horas para o início do show de Lady Gaga na praia de Copacabana, os pontos de revista montados nas vias transversais de acesso à Avenida Atlântica apresentavam filas de até uma hora de duração.

As maiores eram vistas no acesso da rua Duvivier, o mais próximo ao palco. A fila tinha uma extensão de mais de dois quarteirões. Nos pontos de entrada um pouco mais distantes, como o da Hilário de Gouveia, ainda era possível entrar na orla com apenas 20 minutos de espera.

O enfermeiro Vítor Souza, de 32 anos, que veio de Campos, no interior do Estado, especialmente para o show, contou que ficou por mais de 40 minutos numa fila e acabou desistindo.

Ele conseguiu chegar na praia por meio de uma outra entrada, bem mais distante do palco. "Foi bem mais complicado do que achei que ia ser", contou. "Mas finalmente eu consegui passar."

As filas nos 18 pontos de acesso montados nas ruas transversais à avenida Atlântica começaram a ser formar por volta das 9h da manhã deste sábado, 3. Policiais militares munidos de detectores de metal revistavam as pessoas uma a uma antes de darem acesso à orla. Vidros, explosivos e armas encontrados eram confiscados. Os pontos de acesso também contavam com câmeras de reconhecimento facial.

O perfil oficial do Metrô do Rio de Janeiro fez uma postagem anunciando que o "tempo de viagem está maior" "devido ao grande fluxo do desembarque de clientes na estação Cardeal Arcoverde/Copacabana para o show da Lady Gaga". A empresa recomenda o desembarque pela Siqueira Campos/Copacabana.

O maior show da vida de Lady Gaga

O show desta noite na praia de Copacabana promete ser o maior da carreira de Lady Gaga. A expectativa da Prefeitura é de que pelo menos 1,6 milhão de pessoas estarão reunidas na orla. Até hoje, a apresentação de Gaga com o maior público tinha sido em abril passado, no Festival Coachella, nos EUA, onde reuniu por volta de 100 mil pessoas.

O palco da apresentação desta noite tem nada menos que 1.260 m2, bem maior do que o montado para Madonna no ano passado, que tinha 821 m2. A megaestrutura tem 2,20 m de altura desde a base na areia. Um telão de LED de última geração ficará no fundo do palco.

Gaga vai apresentar um show em cinco atos, com direito a diversas trocas de roupa e um cenário que lembra o de uma peça de teatro - a cantora chama de "ópera gótica". A previsão é de que o espetáculo tenha 2h30 de duração, ao longo das quais Gaga vai contar a história de seu próprio "caos pessoal" ao lutar com sua própria persona, derrotar fantasmas e conseguir renascer.

Pabllo Vittar faz abertura

Uma surpresa para os fãs de Lady Gaga que aguardam o início do show da diva pop. A artista Pablo Vittar, que se apresentou com Madonna no ano passado, está abrindo o show desta noite como DJ.

"É muito louco, parece que estou tendo um deja-vu", afirmou Pablo em uma entrevista concedida à rede de TV CNN antes de subir ao palco, adiantando que pretendia tocar "muito tribal house, muito tech, muito remix e algumas músicas minhas". "Ano passado, com Madonna comemorando 40 anos de carreira, e agora nesse show histórico com a Gaga. Estou muito feliz."