Como o Piauí montou um esquema inédito para recuperar celulares roubados? Entenda

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A Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Piauí implementou um novo esquema de investigação que permitiu recuperar cerca de 4 mil celulares nos últimos nove meses. O projeto é aplicado desde 2023 e desde então, segundo a SSP, o Estado diminuiu em 40% o número de roubos e furtos de celulares na capital, Teresina, e 37% nos municípios do interior.

As ações de recuperação foram intensificadas em 2024, registrando uma redução de 50% no número de roubos diários de celulares em Teresina.

O projeto, tido como pioneiro no País, funciona a partir de três pontos principais:

- O primeiro passo da estratégia está no rastreamento dos aparelhos a partir de informações obtidas com a colaboração de operadoras de telefonia móvel. Ordens judiciais obrigam as empresas a fornecerem informações sobre abertura de novas linhas em aparelhos irregulares, e é a partir daí que as investigações começam. A busca e rastreio do aparelho com base nessas informações são chamadas pela segurança do Piauí de blitzens.

- Na sequência, intimações em massa são disparadas para os aparelhos. Por meio de mensagens, quem está com o celular é orientado a comparecer a uma unidade policial e fazer a entrega do aparelho. Se a orientação for seguida, a pessoa não é responsabilizada pelo roubo ou furto registrado, já que não é possível atribuir nenhum tipo de prova sobre a ocorrência. Caso contrário, o monitoramento do celular segue e policiais podem ir pessoalmente fazer a apreensão;

- A Operação Interditados também integra o esquema, fechando os três pilares do projeto. Nessa etapa, agentes realizam a interdição de estabelecimentos, físicos ou virtuais, que fazem compra ou revenda de celulares roubados.

Todos os dados de investigações são centralizados em um aplicativo desenvolvido pela Inteligência da SSP e permite que agentes da Superintendência de Operações Integradas (SOI) consultem em um só lugar as informações relacionadas a ocorrências do tipo, desde registros de busca até dados sobre a recuperação.

Outro sistema que integra o trabalho, o Lupa Bot, é utilizado em todo o Estado e permite que policiais façam consultas para verificar se aparelhos possuem restrição de roubo ou furto, bastando uma foto do IMEI para isso.

O Superintendente de Operações Integradas da SSP, delegado Mateus Zanatta, destacou em nota divulgada pela Secretaria a efetividade da estratégia. "Representantes da Polícia Civil e Polícia Militar de vários Estados do País têm nos procurado com o objetivo de implantar modelos semelhantes ao que é desenvolvido pelo Piauí, no que diz respeito ao roubo, furto e comercialização de aparelhos celulares com restrição", afirmou.

Foi em colaboração com a Polícia Civil de outros Estados que a investigação piauiense recuperou aparelhos que foram comercializados no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Roraima, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pará.

Neste ano, já foram realizadas 1.195 intimações, 14 lojas foram interditadas e 17 pessoas foram presas. Nesse intervalo, 442 celulares foram entregues aos donos. De acordo com dados da SSP, durante o carnaval, foi contabilizada uma queda de 59,20% no número de roubos e uma redução de 38,24% de furtos de celulares na capital.

Brasil teve quase um milhão de aparelhos roubados ou furtados em 2022

Levantamento apresentado no ano passado no Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) apontou que quase um milhão de celulares foram roubados ou furtados no Brasil no ano passado, alta de 16,6% ante 2021. Do total, mais de 1/3 dos roubos e furtos ocorreram em São Paulo, mas os maiores crescimentos em termos proporcionais foram registrados na Bahia e no Rio de Janeiro.

Segundo o anuário, 999.223 pessoas registraram furto ou roubo de celulares em 2022, o que equivale a quase um caso por minuto. Mais populoso do País, o Estado de São Paulo teve média de quase 950 registros por dia - ao todo, 346.518 paulistas tiveram seus aparelhos levados em 2022, segundo os dados oficiais.

Quando se considera a proporção de habitantes, os maiores crescimentos desses tipos de crimes foram registrados na Bahia (acréscimo de 70,5%) e Rio (58,6% a mais do que em 2021).

Por outro lado, o Fórum aponta que seis Estados tiveram queda de casos de roubo ou furto de celulares. A maior queda foi em Mato Grosso (redução de 41%). Outros cinco Estados também apontaram melhora nos números: Roraima (redução de 14,5%), Paraíba (-4,5%), Acre (-3,8%), Pará (-3,5%) e Rio Grande do Norte (-3,3%). (COLABORARAM ITALO LO RE E MARCIO DOLZAN)

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O aguardado show de Lady Gaga na praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, teve início na noite deste sábado, 3. É possível assistir ao vivo pela Globo, na TV aberta, pelo canal pago Multishow e pelo streaming Globoplay. Previsto para começar às 21h45, o show contou com um atraso e a cantora apareceu em um vídeo no palco somente por volta de 22h10.

Todo mundo no Rio. Mesmo. Quando ainda faltavam 12 horas para o início do show de Lady Gaga na praia de Copacabana, as filas para ter acesso à Avenida Atlântica já davam voltas nos quarteirões internos do bairro. Por razões de segurança, era preciso passar por um dos 18 pontos de bloqueio para alcançar a orla, instalados desde cedo em ruas transversais aparelhados com detectores de metais e câmeras de reconhecimento facial.

Em experiências anteriores, como o show de Madonna, no ano passado, e o réveillon, as aglomerações só se formaram faltando poucas horas para o início do espetáculo. Mas com Gaga foi bem diferente. Já na manhã de sábado havia fila ocupando dois quarteirões. A temperatura em torno dos 25ºC ajudou. O céu estava claro, o sol brilhando, mas não havia muito calor.

Uma faixa da avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais vias do bairro, estava ocupada por fãs na altura do palco. O professor de educação física Humberto Machado, de 38 anos, que veio para o show com um grupo de amigos da Paraíba e do Rio Grande do Norte, contou que ficou na fila para acesso à orla por cerca de meia hora.

"A gente achou que seria rápido para entrar porque ainda era muito cedo", contou o professor. "Mas a fila era impressionante."

O professor e seus amigos levavam água e sanduíches em recipientes de plástico para aguentar por toda a tarde e noite. Recipientes de vidro, líquidos inflamáveis e objetos perfurocortantes estavam proibidos e estavam sendo confiscados nas barreiras.

O bairro, rapidamente apelidado de "Gagacabana", era uma grande festa desde cedo, sem registro de incidentes. Fãs totalmente montados, os "little monsters" (monstrinhos), não paravam de chegar a pé, de ônibus e, principalmente, de metrô, exibindo leques, chapéus e todo tipo de indumentária remetendo à artista, a "mother monster" (mãe monstra).

Em frente ao Copacabana Palace, onde a diva está hospedada, o movimento foi ininterrupto a madrugada inteira, sobretudo depois do ensaio aberto na noite de sábado, em que Gaga cantou mais de dez músicas para deleite de todos que estavam na orla, entre elas grandes sucessos como Abracadabra, Bad romance e Shallow, a mais baixada por fãs no Brasil nas plataformas de streaming.

Antes mesmo do fim da manhã longos trechos da praia já estavam ocupados por fãs marcando lugar na areia para assistir ao show da diva e vendedores ambulantes. E não só. As árvores do canteiro central da Atlântica e mesmo da calçada próxima aos prédios estavam sendo disputadas desde cedo pelos que queriam garantir um lugar 'vip' para assistir ao show.

A tatuadora Aisha Dutra, de 22 anos, e a estudante Lilian Magalhães, de 26 anos, estavam aboletadas em uma árvore desde cedo. Elas são do bairro de Santa Cruz, na zona oeste, mas alugaram um apartamento por temporada em Copacabana, especialmente para estarem perto do show. O plano da dupla era chegar à praia às 5h da manhã deste sábado. Mas como elas só foram dormir de madrugada, depois do fim do ensaio, acabaram chegando à orla às 8h.

"Ontem, durante o ensaio, a gente subiu numa árvore e viu que era a melhor opção, porque tinha gente dormindo na grade desde ontem e não tinha mais lugar perto do palco", explicou a tatuadora, devidamente instalada na árvore.

Na tarde de sexta-feira, 2, a Prefeitura informou que dados consolidados pela Rodoviária Novo Rio e pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) indicavam a chegada de mais 500 mil visitantes na cidade entre os dias 1º e 3 de maio, superando as expectativas iniciais de 240 mil pessoas. Desse total, 25% seriam turistas estrangeiros.

Há ainda turistas chegando com carros particulares, ônibus fretados e voos pousando no Aeroporto Santos Dumont. A média de ocupação da rede hoteleira é de 86% em toda a cidade, mas em Copacabana chega a 95%.

A Polícia Militar (PM) reforçou o esquema de segurança.

"A novidade para este show são os capacetes brancos, grupos de policiais especializados em patrulhamento de multidão", explicou a tenente-coronel Cláudia Moraes, porta-voz da PM. "Eles vão circular entre as pessoas, sobretudo nos pontos de maior concentração, para evitar furtos de oportunidade de passar uma sensação maior de segurança."

A prefeitura espera a presença de mais de 1,6 milhão de pessoas na praia de Copacabana, onde está montado o palco e as 16 torres com telões de nove metros de altura por cinco metros de largura, permitindo que todos acompanhem o show mesmo à distância. Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e a Riotur, o evento deve injetar mais de R$ 600 milhões na economia da cidade.

"A cidade está muito cheia mesmo, tem muito turista", assegurou o motorista de uber Gustavo Monteiro, de 33 anos. "É bom para todo mundo. Por mim, tinha um show desse por mês."

Faltando cerca de duas horas para o início do show de Lady Gaga na praia de Copacabana, os pontos de revista montados nas vias transversais de acesso à Avenida Atlântica apresentavam filas de até uma hora de duração.

As maiores eram vistas no acesso da rua Duvivier, o mais próximo ao palco. A fila tinha uma extensão de mais de dois quarteirões. Nos pontos de entrada um pouco mais distantes, como o da Hilário de Gouveia, ainda era possível entrar na orla com apenas 20 minutos de espera.

O enfermeiro Vítor Souza, de 32 anos, que veio de Campos, no interior do Estado, especialmente para o show, contou que ficou por mais de 40 minutos numa fila e acabou desistindo.

Ele conseguiu chegar na praia por meio de uma outra entrada, bem mais distante do palco. "Foi bem mais complicado do que achei que ia ser", contou. "Mas finalmente eu consegui passar."

As filas nos 18 pontos de acesso montados nas ruas transversais à avenida Atlântica começaram a ser formar por volta das 9h da manhã deste sábado, 3. Policiais militares munidos de detectores de metal revistavam as pessoas uma a uma antes de darem acesso à orla. Vidros, explosivos e armas encontrados eram confiscados. Os pontos de acesso também contavam com câmeras de reconhecimento facial.

O perfil oficial do Metrô do Rio de Janeiro fez uma postagem anunciando que o "tempo de viagem está maior" "devido ao grande fluxo do desembarque de clientes na estação Cardeal Arcoverde/Copacabana para o show da Lady Gaga". A empresa recomenda o desembarque pela Siqueira Campos/Copacabana.

O maior show da vida de Lady Gaga

O show desta noite na praia de Copacabana promete ser o maior da carreira de Lady Gaga. A expectativa da Prefeitura é de que pelo menos 1,6 milhão de pessoas estarão reunidas na orla. Até hoje, a apresentação de Gaga com o maior público tinha sido em abril passado, no Festival Coachella, nos EUA, onde reuniu por volta de 100 mil pessoas.

O palco da apresentação desta noite tem nada menos que 1.260 m2, bem maior do que o montado para Madonna no ano passado, que tinha 821 m2. A megaestrutura tem 2,20 m de altura desde a base na areia. Um telão de LED de última geração ficará no fundo do palco.

Gaga vai apresentar um show em cinco atos, com direito a diversas trocas de roupa e um cenário que lembra o de uma peça de teatro - a cantora chama de "ópera gótica". A previsão é de que o espetáculo tenha 2h30 de duração, ao longo das quais Gaga vai contar a história de seu próprio "caos pessoal" ao lutar com sua própria persona, derrotar fantasmas e conseguir renascer.

Pabllo Vittar faz abertura

Uma surpresa para os fãs de Lady Gaga que aguardam o início do show da diva pop. A artista Pablo Vittar, que se apresentou com Madonna no ano passado, está abrindo o show desta noite como DJ.

"É muito louco, parece que estou tendo um deja-vu", afirmou Pablo em uma entrevista concedida à rede de TV CNN antes de subir ao palco, adiantando que pretendia tocar "muito tribal house, muito tech, muito remix e algumas músicas minhas". "Ano passado, com Madonna comemorando 40 anos de carreira, e agora nesse show histórico com a Gaga. Estou muito feliz."