Empresa suspeita de fraude com laranjas atrasa salários e governo assume dívida

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Uma das empresas ligadas ao grupo suspeito de operar com laranjas e de simular transações entre si para ganhar licitações em Brasília e no presídio federal de Mossoró (RN) tem atrasado salários de funcionários terceirizados que atuam na administração pública federal. Em alguns casos, o governo interveio e fez pagamentos diretamente aos trabalhadores para que eles não fossem prejudicados por problemas da empresa, que será alvo de processos administrativos em virtude dos atrasos.

Entre os ministérios que usam terceirizados da empresa estão o da Educação, Defesa e da Justiça. Os sindicatos que representam os trabalhadores da Defender estimam em cerca de 4 mil o total de empregados prejudicados com atrasos de salários ou do tíquete alimentação. O advogado que representa a Defender não se manifestou. A firma está em nome de um morador da periferia de Brasília que não soube dar informações acerca da companhia.

A Defender Conservação e Limpeza LTDA fechou contratos que somam R$ 338 milhões com o governo federal para ofertar mão de obra para serviços como de brigadista e auxiliar administrativo. A cifra diz respeito só a contratações feitas a partir de 2021, quando foi consolidada a colocação de um laranja no comando da R7 Facilities, a principal do grupo. A atuação conjunta de 11 empresas que simulam negócios, disputam licitações como se fossem concorrentes e são ligadas às mesmas pessoas foi revelada pelo Estadão.

No Ministério de Minas e Energia há 50 funcionários da Defender em atividades administrativas. Todos tiveram o último salário em atraso por até seis dias. E 36 deles só receberam depois que a pasta fez os pagamentos diretamente a eles.

"Pelos atrasos cometidos, o ministério está procedendo a aplicação dos Índices de Medição de Resultado (IMR) e as consequentes multas pelas infrações cometidas", informou, em nota, a pasta do ministro Alexandre Silveira.

O Itamaraty mantém dois contratos de serviços de mão de obra com a Defender: um de apoio administrativo, atualmente com 287 funcionários, e outro de brigada de incêndio particular, 21 colaboradores.

"Neste mês de março, a empresa realizou os pagamentos de salário àqueles funcionários com cinco dias de atraso no caso do contrato de apoio administrativo e seis dias de mora aos brigadistas. Foi a primeira vez que houve atraso de salários dessa empresa a seus funcionários alocados no MRE [Ministério das Relações Exteriores], em ambos os contratos", explico a Pasta.

Em função dos atrasos, o Ministério de Mauro Vieira informou ter instaurado processos administrativos sancionadores em desfavor da empresa.

A Defender também mantém um contrato com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ofertar corpo técnico em secretariado. Os salários atrasaram e a própria agência fez pagamentos diretos aos funcionários. A empresa deveria ter feito os pagamentos no dia 5. Três dias depois, a Anvisa identificou os atrasos e adotou medidas para resolver o problema.

"No dia 13 de março foi enviada a ordem bancária para o pagamento de todos aqueles que trabalham na Anvisa e ainda para aqueles que tenham trabalhado temporariamente, como cobertura de férias e de atestados, em fevereiro/2024. Nesta terça, 19, a Anvisa realizou nova ordem bancária para 78 funcionários. Este grupo ainda não havia recebido o pagamento direto feito pela agência em razão de erro nos dados bancários repassados pela empresa", informou a agência.

Em nota, a Anvisa acrescentou que "não houve bloqueio de nenhum pagamento devido à empresa que justificasse o atraso do pagamento" dos salários e que acompanha informações dos órgãos de controle. "Serão verificadas eventuais situações de descumprimento contratual, e providenciado o devido encaminhamento", destacou.

A reportagem pediu uma manifestação sobre o caso ao advogado do grupo de empresas, Alair Ferraz. Ele não respondeu. Como mostrou o Estadão, a firma, no papel, está em nome de Luiz Carlos da Silva Batista, de 28 anos, morador da periferia de Brasília que não soube dar informações sobre a operação da empresa.

"Meio complicado isso, né?! É porque a Defender ela é minha, né, só que eu só... no caso, tipo... Cara, na verdade, eu não posso nem falar isso com vocês. Essa que é a verdade. O negócio é muito sério", disse à reportagem, quando perguntado sobre como teria comprado a empresa.

Entenda a atuação interligada entre as empresas

Uma série de reportagens do Estadão mostrou que o grupo de empresas do qual Defender e R7 soma R$ 1,5 bilhão em contratos com governo federal, Câmara, Senado e Supremo Tribunal Federal, firmados a partir de fevereiro de 2021. Entre eles está o contrato da R7 para obras de manutenção no presídio federal de Mossoró (RN), de onde fugiram dois presos ligados ao Comando Vermelho no dia 14 de fevereiro. Eles ainda não foram recapturados.

Uma das linhas de investigação é a de que uma obra interna teria facilitado a fuga. O contrato foi assinado em abril de 2022, no Ministério da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL), e prorrogado um ano depois, em abril de 2023, na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A atuação da empresa e do grupo levou o governo a abrir frentes diferentes de investigação. A Controladoria-Geral da União (CGU) abriu uma apuração. Procurado, o órgão informou que não impôs qualquer sanção que resulte na restrição da empresa de realizar o pagamento de seus funcionários. O Ministério da Justiça também pediu para que a Polícia Federal e a Receita Federal entrem no caso.

O Ministério da Defesa informou ter contratos para uma mão de obra de 26 profissionais da Defender, entre auxiliares administrativos e brigadistas, e que não registrou atrasos de salários. As demais pastas não se manifestaram até a publicação deste texto.

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O cantor Roberto Carlos foi o convidado pela TV Globo para abrir o Show 60 anos, que comemorou o aniversário da emissora na noite de segunda-feira, 28, em uma arena de shows na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Roberto cantou Emoções e Eu Quero Apenas, ao vivo, com sua inconfundível afinação.

O que pouca gente percebeu é que, após a transmissão do evento, a Globo passou uma chamada no estilo 'o que vem por aí' e, entre as atrações anunciadas, estava 'Roberto Carlos em Gramado'.

O Estadão questionou a assessoria do cantor se o anúncio indica a renovação de contrato de Roberto com a Globo - o vínculo venceu em 31 de março deste ano. De acordo com a assessoria de Roberto, a renovação está em "95% acertada, faltando apenas alguns detalhes" para o martelo final. A reportagem também perguntou à TV Globo sobre o assunto, mas não obteve resposta.

Sobre o especial de fim de ano ser gravado em Gramado, cidade da serra gaúcha, a equipe do cantor afirma que as conversas são muito preliminares ainda. "Foi apenas uma ideia que alguém deu", diz a assessoria. A decisão se dará mais para frente, no segundo semestre, quando o cantor e a emissora vão discutir o formato e o local de gravação do especial.

No Show 60 anos, Roberto se sentiu à vontade. Além de ser muito aplaudido, foi paparicado pelos artistas nos bastidores. Recebeu e tirou fotos com vários deles, como Cauã Reymond, Fafá de Belém e Fábio Jr. O cantor deixou o local por volta de duas horas da manhã, quase uma hora após o final do show.

Roberto Carlos fez seu primeiro especial na TV Globo em 1974 e, nesses mais de 50 anos, só deixou de apresentá-lo por duas ocasiões, quando sua mulher, Maria Rita, morreu, e durante a pandemia. Aos 84 anos, Roberto segue em plena atividade. Em maio, fará uma longa turnê pelo México. Na volta, se apresenta em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, entre outras cidades.

Cauã Reymond publicou nas redes sociais uma foto ao lado de Fábio Porchat e Tatá Werneck durante o show comemorativo dos 60 anos da TV Globo.

"Que noite incrível e especial pra @tvglobo, pra mim e pro Brasil! Um show de emoção, humor, esporte, afeto. Feliz demais pelos 60 anos dessa emissora que está no imaginário e na história de todo mundo", escreveu o ator na legenda. Confira aqui.

O registro foi publicado horas depois de uma esquete protagonizada por Tatá, Porchat e Paulo Vieira no palco do evento.

Durante a apresentação, os humoristas fizeram piadas sobre as polêmicas dos bastidores do remake de Vale Tudo.

No número cômico, Tatá menciona rapidamente os "bastidores de Vale Tudo", e Paulo emenda: "Não fala tocando, não fala tocando. Abaixa o braço, tá com um cecê de seis braços". Fábio rebate: "Pelo amor de Deus, é a minha masculinidade". Tatá completa: "Que masculinidade, Fábio?".

Nas redes sociais, internautas rapidamente interpretaram a brincadeira como uma referência aos rumores de tensão entre Cauã Reymond e Bella Campos durante as gravações da novela.

Segundo relatos, Bella teria reclamado do comportamento do ator nos bastidores. A Globo não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas o tema ganhou destaque nos comentários online após a exibição do especial.

Bruno Gagliasso comentou publicamente pela primeira vez sobre a invasão de sua casa, registrada no início de abril.

Em conversa com a imprensa durante o evento de 60 anos da TV Globo, o ator afirmou, segundo a colunista Fábia Oliveira: "Rapaz, invadiram, mas deu tudo certo".

O caso ganhou repercussão nas redes sociais após o relato de Giovanna Ewbank. A apresentadora, que estava em casa com os filhos, contou que uma desconhecida entrou na residência da família, sentou-se no sofá da sala e chegou a pedir um abraço.

Segundo Giovanna, a mulher conseguiu acessar o imóvel depois que uma funcionária a confundiu com uma conhecida da família.

Próximos projetos

Além de comentar o ocorrido, Bruno Gagliasso falou sobre seus 20 anos de carreira e destacou o personagem Edu, da série Dupla Identidade, como um dos papéis mais marcantes de sua trajetória.

"Fiz personagens que guardo pro resto da minha vida, que me fizeram crescer como ser humano. Ficar 20 anos fazendo personagens que dialogam com a sociedade só me enriquece como ser humano e como ator", afirmou.

Sobre os próximos passos na carreira, o ator brincou: "Quem sabe fazer o remake de A Viagem, aproveitar que estou com esse cabelo e fazer o Alexandre (Guilherme Fontes)".