Sesc assume o histórico prédio do Teatro Brasileiro de Comédia

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Um dos principais espaços cênicos nacionais, o Teatro Brasileiro de Comédia vai se transformar em uma nova unidade do Sesc. Na quarta-feira, 21, será oficializada a cessão de uso de imóvel do histórico edifício do TBC, situado no bairro do Bexiga, à administração do Sesc São Paulo.

A solenidade ocorrerá na sede da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do estado de São Paulo, onde o presidente do Sesc, o empresário Abram Szajman, firmará o acordo com o presidente da Fundação Nacional das Artes Tamoio Athayde Marcondes (Funarte), que é a gestora do TBC desde 2008.

Inicialmente, o contrato de cessão especial do imóvel prevê a ocupação por 35 anos, renováveis por igual período. O Sesc se compromete a entregar um projeto arquitetônico em dois anos e a concluir as obras para dar início à operação do espaço em mais seis anos.

Será um feliz destino ao TBC, fundado em 1948 por Franco Zampari, um engenheiro das Indústrias Matarazzo que teve o apoio financeiro da burguesia paulistana. Foi o primeiro palco paulistano genuinamente destinado a oferecer espaço para uma dramaturgia nacional de alto nível cultural e artístico.

O TBC representava ainda uma resposta de São Paulo às companhias cariocas, que marcaram o surgimento, na década anterior, do moderno teatro brasileiro - o grupo Os Comediantes encenou, por exemplo, Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues. Nas palavras de Zampari, o espaço nasceu em um momento em que muitos brasileiros sustentavam que só era possível existir teatro na França, Estados Unidos, Inglaterra e Itália, do ponto de vista do nível artístico, do repertório e da representação.

Para os estudiosos, o TBC não apresenta nenhum interesse histórico do ponto de vista arquitetônico, mas pela notável qualidade dos profissionais que ali trabalharam. Entre as diversas influências, o rigor técnico na interpretação, produção, cenografia e iluminação foi uma das mais destacadas.

Também a coleção de interpretações notáveis figura na memória dos que acompanharam o tempo áureo do teatro, especialmente entre 1948 e 1964. Nomes como Cacilda Becker, Sérgio Cardoso, Walmor Chagas, Tônia Carrero, Paulo Autran, Eugênio Kusnet, Cleyde Yáconis, além dos diretores Ziembinski, Adolfo Celi, Luciano Salce e Ruggero Jaccobi, criaram espetáculos que enriqueceram a história. Em 2008, depois de muita instabilidade, o teatro foi fechado.

"A ideia é estabelecer no local uma unidade do Sesc com ampla oferta de serviços e programas oferecidos pela instituição em todo o Estado", afirma Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo.

Em 2016, aconteceram os primeiros contatos entre o então ministro da Cultura Marcelo Calero e Santos de Miranda, que chegou a visitar, na ocasião, o edifício do TBC, tombado desde os anos 1980. Em 2019, o então secretário especial de Cultura do governo federal, Henrique Medeiros Pires, retomou as tratativas para que o Sesc enfim assumisse a gestão do espaço.

Em outra categoria

Anora foi o grande vencedor do prêmio de Melhor Filme do Oscar 2025. Ainda Estou Aqui, longa brasileiro que concorria na categoria, não foi escolhido pelos votantes.

O longa custou US$ 6 milhões para ser produzido - um dos menores orçamentos da história da premiação - e, nas últimas estimativas, faturou cerca de US$ 38 milhões de bilheteria ao redor do mundo.

Indicações de 'Anora' ao Oscar 2025

Anora foi indicado em seis categorias no Oscar 2025: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Roteiro Original e Melhor Edição.

Outros prêmios

Em maio de 2024, Anora venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes e se colocou como um sério concorrente ao Oscar. Ao longo da temporada, no entanto, viu os filmes rivais ganharem mais destaque e, apesar de ser bastante elogiado pela crítica, passou a ser tratado como um azarão.

A maré mudou nas últimas semanas. Surpreendentemente, o longa venceu o prêmio de Melhor Filme no Critics Choice Awards. Confirmando o bom momento, também foi vitorioso no Directors Guild Awards, no Producers Guild Awards e no Writers Guild of America Awards, três dos principais prêmios dos sindicatos de Hollywood.

Sobre o que é

Em Nova York, a jovem stripper Anora (Mikey Madison) conhece o filho de um oligarca russo e engata um improvável romance. Após um casamento impulsivo em Las Vegas, a família de Ivan Zakharov (Mark Eydelshteyn) planeja retornar para os Estados Unidos com um único objetivo - anular a união entre o casal. Descrito como um "conto de fadas às avessas", o longa subverte a história da Cinderela para falar sobre as falhas do Sonho Americano.

Elenco

Em Anora, Mikey Madison interpreta Ani, uma jovem stripper que se deslumbra com a vida de luxos que o dinheiro pode proporcionar. O papel rendeu a atriz uma indicação ao prêmio de Melhor Atriz. Já Mark Eydelshteyn é Ivan Zakharov, filho de um oligarca russo que contrata os serviços de Ani por tempo indeterminado.

Yura Borisov interpreta Igor, um capanga russo da família Zakharov. O papel rendeu ao ator uma indicação ao prêmio de Melhor Ator Coadjuvante. Completam o elenco Karren Karagulian e Vache Tovmasyan, que interpretam outros dois capangas da família Zakharov, e Aleksei Serebryakov e Darya Ekamasova, que vivem o pai e a mãe de Ivan, respectivamente.

Entrevistas

Em entrevista ao Estadão, Sean Baker e Mikey Madison discorreram sobre o que torna Anora um longa tão único. Em especial, falaram sobre a temática de trabalhadores sexuais - uma constante no trabalho de Baker - e sobre como o filme busca quebrar as expectativas do público.

"Sempre pensei em Anora como algo fora do 'mainstream' e um pouco divisivo por causa de seus temas, mas ele parece estar agradando às pessoas de maneira universal. E isso é maravilhoso", afirmou Sean Baker.

Críticas

O filme foi bastante elogiado pela crítica internacional. No site Rotten Tomatoes, que agrega análises de profissionais da indústria, o longa conta com 93% de aprovação. No New York Times, a obra de Sean Baker foi descrita como o "nascimento de uma estrela".

"Esse papel exige que ela [Mikey Madison] vá ao extremo, com elementos de pastelão, romance, comédia e tragédia, além de dançar com pouquíssima roupa e dar uns socos poderosos", escreveu a crítica Alissa Wilkinson. "E a cada momento Madison fica mais fascinante."

"Anora é uma fábula moderna e obscena, povoada por strippers e capangas. Como a maioria dos filmes de Baker, fala sobre os limites do sonho americano, sobre as muitas paredes invisíveis que se interpõem no caminho das fantasias de igualdade e oportunidade, sobre como se erguer pelas próprias pernas", finalizou.

Polêmicas

A principal polêmica de Anora decorreu da falta de um coordenador de intimidade no set de filmagem de Sean Baker. O cargo, que vem ganhando cada vez mais importância em Hollywood, é responsável por supervisionar cenas íntimas que envolvam sexo simulado e nudez.

Em uma era pós-Me Too, o trabalho do supervisor garante que todos os envolvidos se sintam seguros e possam se manifestar caso algo os deixe desconfortável. Em Anora, cenas de sexo e nudez compõem uma boa parte do filme. Baker e a equipe, no entanto, optaram por não utilizar um coordenador de intimidade durante as gravações do longa.

"Foi uma escolha que fiz. A produção me ofereceu, se eu quisesse, um coordenador de intimidade", afirmou Mikey Madison no quadro Actors on Actors, da Variety. A atriz explicou que a decisão foi tomada por ela e por Mark Eydelshteyn e que, apesar da polêmica, a experiência foi extremamente positiva para ela.

Onde assistir

Em cartaz, Anora estreou nos cinemas brasileiros em 23 de janeiro. Não há previsão, no momento, para exibição em plataformas de streaming.

Os indicados ao Oscar de Melhor Filme em 2025

Anora

O Brutalista

Um Completo Desconhecido

Conclave

Duna: Parte 2

Emilia Pérez

Ainda Estou Aqui

Nickel Boys

A Substância

Wicked

'O Brutalista' vence Oscar de melhor trilha sonora. O filme disputou categoria com Conclave, O Robô Selvagem, Wicked e Emilia Pérez. O longa venceu prêmio de melhor fotografia também.

Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional na noite deste domingo, 3. É o primeiro longa brasileiro a conquistar o feito. O diretor Walter Salles dedicou prêmio a Eunice Paiva. Ele também dedicou estatueta a Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. "É uma coisa extraordinária", disse sobre vitória.

A produção superou os concorrentes Emília Pérez (França), A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha), A Garota da Agulha (Dinamarca) e Flow (Letônia). O francês, que venceu o Prêmio do Júri em Cannes 2024 e foi indicado a 13 categorias do Oscar, incluindo a de melhor filme, foi considerado como o favorito nos primeiros momentos da disputa, mas acabou se envolvendo em diversas polêmicas.