Fim de semana em SP: livro 'Um defeito de cor' inspira exposição no Sesc Pinheiros

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Depois de inspirar o desfile da escola de samba Portela no Rio de Janeiro, o clássico da literatura antirracista Um defeito de cor reafirma seu poder de cutucar diferentes linguagens artísticas a refletir sobre a presença negra na formação da sociedade brasileira.

Desde o dia 25, o Sesc Pinheiros, na zona oeste, abriga diversas obras que formam uma costura imaginativa baseada na obra da autora mineira Ana Maria Gonçalves.

São 372 peças entre arte têxtil, fotografias, instalações, cartazes, quadros e esculturas de artistas do Brasil, outros países das Américas e da África. A exposição apresenta 10 núcleos que espelham nos 10 capítulos do livro, mas não há cronologia definida. Muito menos explicações herméticas.

O objetivo é retratar diferentes momentos históricos e recortes sociais captados pela arte contemporânea e que mergulham em temas como revoltas negras, empreendedorismo, protagonismo feminino, ancestralidade e a África Contemporânea. A mostra vasculha os caminhos da população afro-brasileira desde os tempos de escravidão, reinterpretando as origens e as identidades africanas, conceitos-chave do romance resgatados do apagamento histórico.

A curadoria é da própria autora, ao lado de Marcelo Campos e Amanda Bonan, do Museu de Arte do Rio, onde a mostra foi concebida e exibida pela primeira vez. A parceria institucional e a realização são do Sesc.

"Retornar ao 'Um defeito de cor' como participante da equipe de curadoria é um conjunto de experiências antagônicas e complementares. Como tudo que trata da experiência dos povos tocados e transformados pela escravidão", afirma Ana Maria.

Outros destaques são as obras de Rosana Paulino, Silvana Mendes, Yêdamaria, Nádia Taquary, Maria Auxiliadora, Yedda Affini, Djanira, Aline Motta e Lídia Lisboa, que representam diferentes gerações de artistas que dialogam com a obra da autora.

Estudo sobre a formação da identidade nacional

Após exibição no Museu de Arte do Rio, no Rio de Janeiro, e no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, em Salvador, a mostra traz novidades à capital paulistana. Entre elas os figurinos e croquis das fantasias da Portela que desfilaram na Marquês de Sapucaí neste ano. O artista e carnavalesco Antônio Gonzaga se inspirou no livro de Ana Maria. A potência do desfile impulsionou a procura em livrarias físicas e digitais e elevou o livro à categoria de mais vendidos do Brasil.

Embora tenha sido escrito como romance, o livro se baseia em fatos históricos e ilustra a trajetória da ex-escrava Luísa Mahin, figura importante na Revolta dos Malês, na Bahia, tida como mãe do abolicionista Luiz Gama.

Na obra, Luísa, também conhecida como Kehinde, volta ao Brasil, cega, para procurar o filho desaparecido. A narrativa é centrada e contada por Kehinde, mas são muitos os personagens que dão vida à história: 416, até o início do nono capítulo, muitos deles inspirados em pessoas reais. É um livro que fortalece a revisão historiográfica de vários momentos históricos da vida do Brasil, especialmente em relação às mulheres negras.

Michael França, professor e coordenador do Núcleo de Estudos Raciais do Insper, afirma que o livro vai muito além do retrato sobre a identidade negra. "O livro trata da escravidão, período que deixou um profundo legado na estrutura social brasileira. (O livro) Não é só sobre a identidade dos negros, mas uma estrutura social que afeta o desenvolvimento de um grupo em detrimento de outros", afirma o autor do estudo Os números da discriminação racial ao lado do pesquisador Alysson Portella.

França defende o aprofundamento da discussão sobre a desigualdade racial para além dos processos discriminatórios diretos e indiretos. Em sua visão, a estrutura social molda escolhas individuais e coletivas que podem perpetuar as desigualdades.

"Aspectos culturais afetam a identidade, como, a idade de ter filhos e investimento em educação, por exemplo. Esses aspectos afetam as escolhas e a reprodução das desigualdades ao longo do tempo".

* Este conteúdo foi produzido em parceria com o Núcleo de Estudos Raciais do Insper

Serviço

- Exposição: Um Defeito de Cor

- Visitação: de 25 de abril a 1º de dezembro de 2024

- Horários: terça a sábado, das 10h30 às 21h; domingos e feriados, das 10h30 às 18h

- Local: Espaço Expositivo (2º andar) |

- Ingressos: Grátis | Livre

- Local: Sesc Pinheiros - Rua Paes Leme, 195

- Curadoria: Amanda Bonan, Ana Maria Gonçalves e Marcelo Campo

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O festival Turá anunciou nesta segunda-feira, 5, as atrações de sua quarta edição, que acontece nos dias 28 e 29 de junho, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. Seu Jorge, Raça Negra e Só Pra Contrariar são alguns nomes da programação, exclusiva de artistas nacionais, cuja proposta é a diversidade de gêneros e ritmos musicais.

No sábado, 28, line-up conta com Só Pra Contrariar, Seu Jorge, Lenine e Spok Frevo Orquestra, Pretinho da Serrinha convida Criolo e Leci Brandão, Bonde do Tigrão, Forró das Minas, e os DJs Luísa Viscardi e Trepanado.

Já no domingo, 29, o evento terá Gloria Groove, Raça Negra, Saulo convida Luiz Caldas, Samuel Rosa, Gabriel O Pensador, Samba de Dandara, e os DJs Millos Kaiser e Linda Green.

Os ingressos para o Turá já estão a venda no site da Tickets For Fun ou na bilheteria física oficial (sem taxa), no Teatro Renault. A entrada para apenas um dos dias do festival custa entre R$ 228 (meia) e R$ 456. O passaporte (combo de entradas para os dois dias), R$ 330 (meia) e R$ 660. Clientes Banco do Brasil Ourocard Visa têm desconto de 15% na compra e possibilidade de parcelamento em até 10 vezes sem juros.

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A A24 e a Apple lançaram, nesta segunda-feira, 5, o primeiro trailer de Highest 2 Lowest, novo filme de Spike Lee estrelado por Denzel Washington. No longa, o vencedor do Oscar vive um magnata da indústria musical, conhecido por ter "os melhores ouvidos do negócio", que é envolvido em uma trama com reféns e se vê dividido em um dilema de vida ou morte.

Inspirado em Céu e Inferno, filme de 1963 dirigido por Akira Kurosawa, Highest 2 Lowest é o quinto trabalho de Lee estrelado por Washington. Os dois trabalharam juntos em Mais e Melhores Blues (1990), Malcolm X (1992), Jogada Decisiva (1998) e O Plano Perfeito (2006).

O elenco de Highest 2 Lowest conta ainda com Jeffrey Wright (Ficção Americana), Ilfenesh Hadera (Godfather of Harlem), Aubrey Joseph (Manto e Adaga) e o cantor A$AP Rocky.

O longa será lançado nos cinemas norte-americanos em 22 de agosto e estreia no Apple TV+ em 5 de setembro.

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Desde o lançamento da primeira prévia de Superman, fãs do personagem têm se mostrado extremamente ansiosos para ver mais de Krypto, o Supercão, mascote histórico do Homem de Aço. Diretor do longa, James Gunn revelou em postagem nas redes sociais que o agitado cãozinho foi criado usando seu próprio cachorro, um vira-lata chamado Ozu, como modelo.

Em um vídeo que mostra Ozu latindo para uma televisão que exibia o teaser mais recente do filme, Gunn disse que "Krypto foi modelado tridimensionalmente a partir do corpo de Ozu". "Fizemos a captura em 3D de Ozu e o transformamos em Krypto, deixamos ele branco, [e agora] toda vez que ele se vê na tela, ele tenta se assassinar", contou o cineasta.

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Em uma postagem de outubro de 2024, Gunn já havia contado um pouco sobre a relação entre Krypto e Ozu, que ele adotou no começo do processo de escrita do roteiro de Superman. Segundo ele, o cachorro, que foi encontrado em meio a dezenas de outros cachorros abandonados, nunca havia interagido com humanos e teve adaptação difícil à nova casa. "Ele imediatamente entrou e destruiu nossa casa, nossos sapatos, nossos móveis - ele até comeu meu laptop. Demorou muito para ele nos deixar tocá-lo. Lembro de pensar 'Deus, quão difícil seria a vida se Ozu tivesse superpoderes?' - e assim, Krypto entrou no roteiro e mudou o curso da história como Ozu estava mudando minha vida", escreveu ele.

Escrito e dirigido por Gunn, Superman estreia nos cinemas brasileiros em 11 de julho. O elenco conta com David Corenswet (Twisters) como Clark Kent/Superman, Rachel Brosnahan (Marvelous Mrs. Maisel) como Lois Lane, Nicholas Hoult (Jurado Nº 2) como Lex Luthor, Skyler Gisondo (The Righteous Gemstones) como Jimmy Olsen e Milly Alcock (A Casa do Dragão) como a Supergirl. Nathan Fillion (Recruta), Anthony Carrigan (Barry), Isabela Merced (The Last of Us) e Edi Gathegi (For All Mankind) completam o elenco como Lanterna Verde, Metamorfo, Mulher-Gavião e Sr. Incrível, respectivamente.