Em Porto Alegre, moradores correm para sair de casa por risco em dique: 'Tentando carona'

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Um dique no bairro Sarandi, na zona norte de Porto Alegre, começou a transbordar na manhã de sábado, 4. O vazamento da estrutura, responsável por represar o Rio Gravataí, fez as autoridades recomendarem a evacuação da região e os moradores correrem para deixar o local. A capital gaúcha enfrenta problemas de abastecimento de energia elétrica e de água, tem acessos bloqueados e as operações do Aeroporto Salgado Filho foram suspensas.

Logo no início da manhã, o prefeito Sebastião Melo (MDB) pediu à população para deixar o local o mais rápido possível. O alerta é destinado, em especial, a moradores das proximidades da Federação das Indústrias e Comércio do Rio Grande do Sul (Fiergs), e vilas Asa Branca, Minuano, Elizabeth, Nova Brasília e Santo Agostinho.

"Hoje pela manhã começou o vazamento por cima do dique. Por isso, eu quero convidá-los a aceitar, a sair de suas residências e vir para os abrigos da prefeitura, porque bens materiais, a gente pode perder, a vida não volta mais'', apelou Melo nas redes sociais.

O prefeito pediu também aos moradores das áreas vizinhas à Arena do Grêmio, na zona norte da capital, que deixem suas residências devido à inundação do Lago Guaíba, que superou o nível de 5 metros (a cota de inundação é de 3 metros).

Moradora da Vila Agostinho, Marlene Vargas, de 57 anos, já estava em frente a sua casa no fim da manhã, à espera do marido, para levar os móveis e outros pertences para casa de familiares. A água, que transbordava do dique, já chegava às canelas da porto-alegrense.

"A Defesa Civil nos orientou a evacuar de imediato. Estou esperando meu esposo para pegar as coisas, os cachorros, e procurar um lugar seguro. Infelizmente temos de sair. Logo vão desligar a luz, cortar a água, e vai ficar impossível ficar em casa com tudo alagado'', disse ela, que vive com a mãe idosa.

Não muito longe da residência de Marlene, estava o comerciante, Felipe da Silva, de 26 anos. O jovem observava os trabalhos da equipe da prefeitura para conter o rápido vazamento d'água do dique, que já começava a alagar ruas do entorno. Felipe vive com os pais na Vila Agostinho.

"Levantamos tudo o que dava em casa: móveis, utensílios domésticos, etc (para evitar que molhem quando a água invadir os imóveis). Estamos tentando uma carona para levar a gente com outras coisas, pertences pessoais, roupas, para um bairro mais alto, como o Rubem Berta, mais seguro e distante daqui", conta.

"A água está subindo cada vez mais e o dique não vai segurar'', afirmou Silva, que diz nunca ter visto uma tragédia desse tipo na cidade. Os dados corroboram a impressão do comerciante: a cheia em Porto Alegre superou a inundação histórica de 1941 e o Rio Grande do Sul enfrenta seu pior desastre climático. Até a tarde deste sábado, há confirmação de 57 mortos e 67 desaparecidos em todo o Estado.

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Nana Caymmi foi casada com Gilberto Gil por dois anos, entre 1967 e 1969. Uma das mais importantes cantoras brasileiras, ela morreu nesta quinta-feira, 1º, aos 84 anos, em decorrência de problemas cardíacos.

O relacionamento com o cantor começou após o retorno de Nana da Venezuela, onde morou com o médico Gilberto José, com quem foi casada e teve duas filhas, Stella e Denise. Separada, ela retornou ao Brasil e começou o namoro com Gil.

Naquele período, Nana enfrentava o preconceito do pai, Dorival Caymmi, por ter se separado e tentava emplacar algum sucesso na música brasileira. Ela chegou a vencer o Festival Internacional da Canção (TV Globo), interpretando a canção Saveiros, composta pelo irmão, Dori, mas foi vaiada ao ser anunciada a vencedora da competição.

Gil e Nana se separaram quando o cantor foi passar um período em exílio em Londres, por conta da ditadura militar. Os dois escreveram juntos a canção Bom Dia, que Nana apresentou no III Festival de Música Popular Brasileira, na TV Record, em 1967.

O corpo da cantora Nana Caymmi será velado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro nesta sexta-feira, 2, a partir das 8h30. O enterro ocorrerá às 14h, no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo.

Uma das principais cantoras do Brasil, Nana morreu na noite desta quinta-feira, 1º, aos 84 anos, depois de ficar nove meses internada na Casa de Saúde São José, no Rio, para tratar uma arritmia cardíaca. De acordo com nota divulgada pelo hospital, a causa da morte de Nana foi a disfunção de múltiplos órgãos.

Ao Estadão, o irmão de Nana, o músico e compositor Danilo Caymmi, afirmou que, além da implantação de um marcapasso para corrigir a arritmia cardíaca, Nana apresentava desconforto respiratório e passava por hemodiálise diariamente. Nana também sofria de um quadro de osteomielite, uma infecção nos ossos, que lhe causava muitas dores. Segundo ele, Nana esteve lúcida por todo o tempo, mas, no dia 30 de abril, entrou em choque séptico.

Filha do compositor Dorival Caymmi, Nana começou a carreira no início dos anos 1960, ao lado do pai. Após se afastar da vida artística para se casar - ela teve três filhos, Stella, Denise e João Gilberto -, Nana retomou a carreira ainda na década de 1960, incentivada pelo irmão Dori Caymmi.

Nos anos 1970 e 1980, gravou os principais compositores da música brasileira, como Milton Nascimento, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Sueli Costa, Ivan Lins, João Donato e Dona Ivone Lara.

Em 1998, conheceu a consagração popular ao ter o bolero Resposta ao Tempo, de Aldir Blanc e Cristóvão Bastos, incluído como tema de abertura da minissérie Hilda Furacão, da TV Globo.

Nana gravou discos regularmente até 2020, quando lançou seu último trabalho, o álbum Nana, Tom, Vinicius, só com canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

A cantora Nana Caymmi, que morreu na noite desta quinta-feira, 1º, aos 84 anos, fez aniversário no último dia 29 de abril. Internada desde julho de 2024, Nana recebeu uma mensagem da também cantora Maria Bethânia, de quem era amiga.

Bethânia escreveu: "Nana, quero que receba um abraço muito demorado, cheio de tanto carinho e admiração que tenho por você. Querida, precisamos de você e da sua voz. Queremos você perto e cheia de suas alegrias, dons e águas do mar na sua voz mais linda que há. Amor para você, hoje, seu aniversário, e sempre. Rezo à Nossa Senhora para você vencer esse tempo tão duro e difícil. Peço por sua voz e por sua saúde. Te amo. Sua irmã, Maria Bethânia".

Nana e Bethânia tinham uma longa relação de amizade e gravaram juntas no álbum Brasileirinho, de Bethânia, lançado em 2003. Bethânia afirmou mais de uma vez que Nana era a maior cantora do Brasil.

De acordo com informações divulgadas pela Casa de Saúde São José, onde Nana estava internada há nove meses para tratar de problemas cardíacos, a cantora morreu às 19h10 desta quinta-feira, em decorrência da disfunção de múltiplos órgãos.