Suspeitos de lavagem para o PCC são presos na Baixada Santista

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Três suspeitos de integrarem uma das principais células financeiras do Primeiro Comando da Capital (PCC) na Baixada Santista foram presos em flagrante nesta semana pela Polícia Civil. De acordo com a investigação, o grupo comandava esquema de fraudes para lavar dinheiro do tráfico de drogas, utilizando imóveis e contas em bancos digitais. A quadrilha também faturava aplicando diferentes golpes pela internet, forma de arrecadação que cresce entre membros da facção.

Os suspeitos foram monitorados por aproximadamente quatro meses, período em que se reuniram várias vezes com membros conhecidos da organização criminosa, relatou delegado Leonardo Rivau, titular da 2ª Delegacia de Entorpecentes da Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic) de Santos.

Os encontros aconteciam em casas de veraneio alugadas por curta temporada. Pelo menos uma vez por mês, o grupo esteve com o criminoso chamado Irmão Teves, apontado como membro da "sintonia das gravatas", espécie de braço jurídico do PCC. "É o setor que alicia advogados para levar recados dentro de presídios", explica Rivau.

Conhecido como Favela, o líder do grupo preso na terça-feira, 14, cresceu dentro da facção e, de acordo com o delegado, hoje faz parte da "sintonia financeira". Os outros dois, conhecidos como Lúcifer e GB, eram responsáveis por operacionalizar a lavagem de dinheiro.

As prisões foram efetuadas em três endereços de Praia Grande, no litoral paulista, onde residem os suspeitos e suas famílias. Segundo Rivau, há indícios de participação de parentes no esquema de lavagem de dinheiro.

Nas casas, os suspeitos operavam "minicentrais" e conseguiram faturar mais de R$ 5 milhões com golpes, que eram realizados com permissão do PCC, disse o delegado.

"Quando cumprimos o mandado, em duas casas havia computadores funcionando. Vimos que eles tinham programas usados pra aplicar golpe, nos registros de conversas tinha pessoas exigindo dinheiro de volta. Mas em um endereço o suspeito conseguiu destruir um notebook, que ele arremessou pela janela", contou o delegado.

Os equipamentos eletrônicos ainda serão periciados. Só então será possível determinar o montante movimentado pela quadrilha e se os suspeitos utilizavam outros métodos para lavagem de dinheiro, como criptomoedas.

Como mostrou o Estadão, a maior facção do país tem diversificado as formas de lavar dinheiro para driblar a fiscalização da polícia. Segundo o Ministério Público Estadual, o PCC lucra cerca de R$ 5 bilhões por ano, principalmente com o tráfico internacional de drogas.

Os policiais também prenderam outros dois suspeitos que tentaram fugir de Praia Grande ao saberem da operação. Eles estariam envolvidos somente no esquema de golpes, sem ligação com a facção criminosa.

Ao término da operação, foram apreendidos três carros, R$ 20 mil em espécie, 24 cartões bancários, máquinas de contar dinheiro e falsificar cartões, além de maquininhas de pagamento modificadas para golpes.

Os dispositivos, segundo a Polícia Civil, eram adulterados para cobrar um valor diferente do mostrado pelo visor. As vítimas, assim, seriam induzidas a transferir altos montantes aos golpistas sem saber.

A delegacia responsável pela investigação deve pedir o bloqueio de contas e imóveis ligados ao grupo. Os três suspeitos detidos em casa tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva pela Justiça, segundo Rivau. Eles foram indiciados por lavagem de dinheiro e por integrar organização criminosa, e já tinham passagem por estelionato.

Em outra categoria

Anora foi o grande vencedor do prêmio de Melhor Filme do Oscar 2025. Ainda Estou Aqui, longa brasileiro que concorria na categoria, não foi escolhido pelos votantes.

O longa custou US$ 6 milhões para ser produzido - um dos menores orçamentos da história da premiação - e, nas últimas estimativas, faturou cerca de US$ 38 milhões de bilheteria ao redor do mundo.

Indicações de 'Anora' ao Oscar 2025

Anora foi indicado em seis categorias no Oscar 2025: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Roteiro Original e Melhor Edição.

Outros prêmios

Em maio de 2024, Anora venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes e se colocou como um sério concorrente ao Oscar. Ao longo da temporada, no entanto, viu os filmes rivais ganharem mais destaque e, apesar de ser bastante elogiado pela crítica, passou a ser tratado como um azarão.

A maré mudou nas últimas semanas. Surpreendentemente, o longa venceu o prêmio de Melhor Filme no Critics Choice Awards. Confirmando o bom momento, também foi vitorioso no Directors Guild Awards, no Producers Guild Awards e no Writers Guild of America Awards, três dos principais prêmios dos sindicatos de Hollywood.

Sobre o que é

Em Nova York, a jovem stripper Anora (Mikey Madison) conhece o filho de um oligarca russo e engata um improvável romance. Após um casamento impulsivo em Las Vegas, a família de Ivan Zakharov (Mark Eydelshteyn) planeja retornar para os Estados Unidos com um único objetivo - anular a união entre o casal. Descrito como um "conto de fadas às avessas", o longa subverte a história da Cinderela para falar sobre as falhas do Sonho Americano.

Elenco

Em Anora, Mikey Madison interpreta Ani, uma jovem stripper que se deslumbra com a vida de luxos que o dinheiro pode proporcionar. O papel rendeu a atriz uma indicação ao prêmio de Melhor Atriz. Já Mark Eydelshteyn é Ivan Zakharov, filho de um oligarca russo que contrata os serviços de Ani por tempo indeterminado.

Yura Borisov interpreta Igor, um capanga russo da família Zakharov. O papel rendeu ao ator uma indicação ao prêmio de Melhor Ator Coadjuvante. Completam o elenco Karren Karagulian e Vache Tovmasyan, que interpretam outros dois capangas da família Zakharov, e Aleksei Serebryakov e Darya Ekamasova, que vivem o pai e a mãe de Ivan, respectivamente.

Entrevistas

Em entrevista ao Estadão, Sean Baker e Mikey Madison discorreram sobre o que torna Anora um longa tão único. Em especial, falaram sobre a temática de trabalhadores sexuais - uma constante no trabalho de Baker - e sobre como o filme busca quebrar as expectativas do público.

"Sempre pensei em Anora como algo fora do 'mainstream' e um pouco divisivo por causa de seus temas, mas ele parece estar agradando às pessoas de maneira universal. E isso é maravilhoso", afirmou Sean Baker.

Críticas

O filme foi bastante elogiado pela crítica internacional. No site Rotten Tomatoes, que agrega análises de profissionais da indústria, o longa conta com 93% de aprovação. No New York Times, a obra de Sean Baker foi descrita como o "nascimento de uma estrela".

"Esse papel exige que ela [Mikey Madison] vá ao extremo, com elementos de pastelão, romance, comédia e tragédia, além de dançar com pouquíssima roupa e dar uns socos poderosos", escreveu a crítica Alissa Wilkinson. "E a cada momento Madison fica mais fascinante."

"Anora é uma fábula moderna e obscena, povoada por strippers e capangas. Como a maioria dos filmes de Baker, fala sobre os limites do sonho americano, sobre as muitas paredes invisíveis que se interpõem no caminho das fantasias de igualdade e oportunidade, sobre como se erguer pelas próprias pernas", finalizou.

Polêmicas

A principal polêmica de Anora decorreu da falta de um coordenador de intimidade no set de filmagem de Sean Baker. O cargo, que vem ganhando cada vez mais importância em Hollywood, é responsável por supervisionar cenas íntimas que envolvam sexo simulado e nudez.

Em uma era pós-Me Too, o trabalho do supervisor garante que todos os envolvidos se sintam seguros e possam se manifestar caso algo os deixe desconfortável. Em Anora, cenas de sexo e nudez compõem uma boa parte do filme. Baker e a equipe, no entanto, optaram por não utilizar um coordenador de intimidade durante as gravações do longa.

"Foi uma escolha que fiz. A produção me ofereceu, se eu quisesse, um coordenador de intimidade", afirmou Mikey Madison no quadro Actors on Actors, da Variety. A atriz explicou que a decisão foi tomada por ela e por Mark Eydelshteyn e que, apesar da polêmica, a experiência foi extremamente positiva para ela.

Onde assistir

Em cartaz, Anora estreou nos cinemas brasileiros em 23 de janeiro. Não há previsão, no momento, para exibição em plataformas de streaming.

Os indicados ao Oscar de Melhor Filme em 2025

Anora

O Brutalista

Um Completo Desconhecido

Conclave

Duna: Parte 2

Emilia Pérez

Ainda Estou Aqui

Nickel Boys

A Substância

Wicked

'O Brutalista' vence Oscar de melhor trilha sonora. O filme disputou categoria com Conclave, O Robô Selvagem, Wicked e Emilia Pérez. O longa venceu prêmio de melhor fotografia também.

Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional na noite deste domingo, 3. É o primeiro longa brasileiro a conquistar o feito. O diretor Walter Salles dedicou prêmio a Eunice Paiva. Ele também dedicou estatueta a Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. "É uma coisa extraordinária", disse sobre vitória.

A produção superou os concorrentes Emília Pérez (França), A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha), A Garota da Agulha (Dinamarca) e Flow (Letônia). O francês, que venceu o Prêmio do Júri em Cannes 2024 e foi indicado a 13 categorias do Oscar, incluindo a de melhor filme, foi considerado como o favorito nos primeiros momentos da disputa, mas acabou se envolvendo em diversas polêmicas.