Pós-doutorandos negros defendem continuidade de programa de bolsas na USP

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Buscar mais oportunidades para pesquisadores negros e garantir a continuidade das pesquisas no programa de bolsas de pós-doutorado para esse segmento são alguns dos objetivos do "Encontro Sueli Carneiro e Kabengele Munanga de Pós-doutorandos Negros e Negras da USP", na segunda-feira, 27, na Cidade Universitária, em São Paulo.

O encontro é fruto de uma mobilização dos pesquisadores pela permanência do programa de bolsas oferecido pela Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) em 2023. Esse programa selecionou 50 cientistas negros de diversas áreas do conhecimento, como genética, educação, astrobiologia, neurologia, ciências sociais, história, farmácia, entre outras. Os pesquisadores argumentam que precisam de mais tempo para avançar nas pesquisas.

"Queremos expor as nossas pesquisas e o próprio programa como uma maneira de mobilizar a comunidade universitária, coletivos negros e outros movimentos para eles apoiarem e cobrarem da USP a renovação e a institucionalização desse programa", explica o pesquisador Alexandre Bortolini, de 43 anos, da área de Ciências Sociais.

A Universidade de São Paulo (USP) informou que está avaliando a continuidade da iniciativa. "No momento, estamos recebendo os relatórios do edital de 2023. Depois da fase de avaliação, iremos estudar as perspectivas futuras para o programa", afirmou o professor Rogério Monteiro de Siqueira, coordenador da Diretoria Mulheres, Relações Étnico-Raciais e Diversidades da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento ao Estadão.

A reitoria afirma ter investido cerca de R$ 5,5 milhões no programa, que recebeu 1.017 inscritos de vários lugares do País de 2023. "Há um grande contingente de negros e negras com boa formação, em condições de continuar suas carreiras como professores universitários e pesquisadores", avalia Siqueira.

Para incentivar a institucionalização do programa, o encontro vai reunir importantes nomes da luta por mais ações afirmativas, como a filósofa, escritora e ativista Sueli Carneiro, e Márcia Lima, secretária Nacional de Políticas de Ações Afirmativas, Combate e Superação do Racismo do Ministério da Igualdade Racial.

Mais do que uma bolsa de pós-doutorado

O número reduzido de ações afirmativas na área da pesquisa também foi estímulo para a mobilização. De acordo com estudo do Observatório de Ações Afirmativas na Pós-graduação (Obaap), realizado a partir da análise dos editais de seleção dos cursos de mestrado e doutorado de universidades públicas até 2021, 1.531 programas já adotavam algum tipo de ação afirmativa em seus processos de admissão.

O cenário apresentou uma melhora em 2023, quando a Lei de Cotas Raciais incluiu ações afirmativas para os programas de pós-graduação. Para Bortolini, a aplicação de políticas dessa natureza se assemelha aos degraus de uma escada. "É uma atuação muito recente. Primeiro, a gente conseguiu cotas na graduação. Com a pressão dos movimentos, vieram as cotas na pós-graduação. Depois da pós-graduação, vem a pesquisa, o pós-doc. E a última etapa é a docência".

Comunicólogo e pedagogo, o bolsista estuda a construção de políticas de gênero na educação brasileira, com foco em ações para meninos negros. Segundo Bortolini, esse grupo possui os piores indicadores educacionais desde a década de 1990. "Até hoje não existe nenhuma política pública de educação direcionada para garantir o direito à educação desses meninos. A minha pesquisa busca entender as razões desse cenário", explica.

O programa de bolsas para doutorandos negros deve inspirar outras instituições de ensino, afirma o pesquisador. "Consolidar um tipo de política afirmativa na pesquisa na USP é muito simbólico pela sua dimensão, mas também porque reverbera em outras instituições".

O professor da USP adota argumentação semelhante. "O programa teve duas edições, de caráter indutor de políticas de diversidade nas ciências. Felizmente, as agências de fomento estão percebendo essa demanda e começaram a desenhar linhas similares". O professor cita, como exemplo, o programa Beatriz Nascimento de Mulheres na Ciência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).

Bortolini destaca os benefícios dessas ações para o próprio avanço da ciência. Em sua visão, a produção de conhecimento inovador parte também da diversidade social de pessoas, vivências e particularidades.

"As mulheres negras foram capazes de pensar o conceito de interseccionalidade. As pessoas trans desenvolveram o conceito de cisgeneridade. Foram pesquisadores do sul global, que trouxeram o conceito de decolonialidade. O lugar social contribuiu muito para a produção de pesquisa", opina.

O grupo de pesquisadores é composto por 29 mulheres (58%), o que significa uma contribuição importante na temática étnico-racial. Dados do Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa (Gemaa) indicam que as mulheres pretas, pardas e indígenas são 2,5% da população de cientistas brasileiros.

* Este conteúdo por produzido em parceria com o coletivo de Bolsistas do Programa de Pós-Doutorado para Pesquisadoras e Pesquisadores Negros da USP

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Serviço

Evento: Encontro Sueli Carneiro e Kabengele Munanga de Pós-doutorandos Negros e Negras da USP

Data: 27 de maio (segunda-feira)

Horário: 12h às 17h

Local: Instituto de Estudos Avançados

Endereço: Rua Praça do Relógio, 109 - Cidade Universitária - Butantã

Transmissão online: https://www.instagram.com/pdocsnegros.usp/

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Lady Gaga publicou uma texto emocionante agradecendo seus fãs pelo show gratuito que realizou na noite deste sábado, 3, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Na publicação, ela compartilhou fotos com uma das roupas usadas na apresentação e um vídeo da multidão que a assistia.

Gaga disse que nada poderia prepará-la para o sentimento de "orgulho e alegria absolutos" ao cantar para o público brasileiro, afirmando que ficou sem fôlego ao ver a multidão durante as primeiras músicas do show.

Ela também agradeceu ao público, citando que 2,5 milhões de pessoas compareceram à praia de Copacabana, "o maior público para uma mulher na história" - vale pontuar que a informação sobre o recorde feminino é correta, mas a prefeitura estimou um público de 2,1 milhões. Em 2024, Madonna reuniu 1,6 milhões de pessoas.

A artista ainda agradeceu à paciência dos fãs, que aguardaram 12 anos para um retorno da cantora ao País (em 2017, ela cancelou uma apresentação no Rock in Rio): "Obrigada, Rio, por esperar meu retorno. Obrigada aos monstrinhos [little monsters, como são chamados os fãs da cantora] de todo o mundo. Eu amo vocês. Jamais esquecerei este momento."

Leia o texto na íntegra

"Nada poderia me preparar para o sentimento que tive durante o show de ontem à noite - o orgulho e a alegria absolutos que senti ao cantar para o povo do Brasil. A visão da multidão durante minhas músicas de abertura me deixou sem fôlego.

Seu coração brilha tanto, sua cultura é tão vibrante e especial, que espero que saibam o quanto sou grata por ter compartilhado esse momento histórico com vocês. Estima-se que 2,5 milhões de pessoas vieram me ver cantar, o maior público para uma mulher na história.

Gostaria de poder compartilhar esse sentimento com o mundo inteiro - sei que não posso, mas posso dizer o seguinte: se você perder o rumo, pode encontrar o caminho de volta se acreditar em si mesmo e trabalhar duro.

Você pode se dar dignidade ensaiando sua paixão e sua arte, esforçando-se para alcançar novos patamares - você pode se elevar, mesmo que isso leve algum tempo.

Obrigada, Rio, por esperar meu retorno. Obrigada aos monstrinhos [little monsters, como são chamados os fãs da cantora] de todo o mundo. Eu amo vocês. Jamais esquecerei este momento. Patas para cima, monstrinhos. Obrigada [em português]. Com amor, Mãe Monstro."

Lady Gaga dedicou uma música para o noivo, Michael Polansky, durante seu megashow no Rio de Janeiro, na noite de sábado, 3. A cantora americana levou um público de 2,1 milhões de pessoas à praia de Copacabana, segundo a prefeitura da cidade.

"Michael, vou cantar essa canção para 2 milhões de pessoas. Isso é o quanto eu te amo", disse ela na apresentação de Blade of Grass, música do álbum Mayhem que Gaga escreveu em homenagem ao parceiro.

Polansky tem 46 anos, nasceu no estado de Minnesota, nos Estados Unidos, e trabalha com investimentos. Segundo seu perfil no Linkedin, ele se formou na universidade de Harvard e tem um diploma em matemática aplicada e ciências da computação.

Atualmente, ele tem funções em diversas empresas e fundações sem fins lucrativos. Ele ajudou a criar a Fundação Parker, em 2015, ao lado de Sean Parker, um dos fundadores do Facebook, que tem o objetivo de criar mudanças positivas na saúde pública global.

Ele também é creditado como sócio fundador da Hawktail, uma empresa de capital de risco "que investe em tecnologia de estágio inicial e transformacional em ciências da vida, tecnologia climática, tecnologia profunda e software", e da Outer Biosciences, que tem como missão "melhorar a saúde da pele humana."

Ele e Gaga foram apresentados pela mãe da cantora, Cynthia Germanotta, em 2019. Assumiram o namoro publicamente no ano seguinte e revelaram o noivado em 2024. O empresário costuma acompanhar a cantora em turnês e shows - incluindo no Rio - e já compareceu com ela em eventos da indústria da música.

O megashow de Lady Gaga na praia de Copacabana na noite deste sábado, 3, teve repercussão na mídia internacional. Veículos estrangeiros destacaram o público recorde de 2,1 milhões de pessoas, que superou o da apresentação de Madonna (1,6 milhão) no ano passado.

O britânico The Guardian acompanhou a apresentação diretamente do Rio e entrevistou fãs da cantora na praia carioca, incluindo mãe e filha que vieram do Chile para a apresentação. O jornal disse que "a atmosfera era parte frenesi, parte reverência durante a 'ópera gótica' de cinco atos".

A revista americana Variety, tradicional na área do entretenimento, chamou a atenção para o fato de que aquele foi o maior público da carreira de Lady Gaga e o maior de um show feminino em Copacabana (o recorde geral é de Rod Stewart - veja aqui o ranking).

Outro portal americano, o NPR escreveu que "alguns fãs, muitos deles jovens, chegaram à praia de madrugada para garantir um bom lugar, munidos de lanches e bebidas", e aguardaram ao longo dia sob um sol escaldante.

O site alemão Deutsche Welle (DW) também repercutiu o tamanho do público que compareceu ao show e comentou o objetivo da cidade do Rio de Janeiro de ter um megashow em Copacabana todo ano no mês de maio até 2028.

Já o britânico The Telegraph disse que a apresentação "impulsionou" a economia do Rio de Janeiro, repercutindo a informação da prefeitura de que a estimativa era que o show gerasse R$ 600 milhões para a cidade.

A rede britânica BBC também conversou com fãs no local e lembrou que Gaga não se apresentava no Rio desde 2012, já que havia cancelado uma apresentação no Rock in Rio 2017.

"Uma grande operação de segurança foi montada, com 5 mil policiais de plantão e os participantes tendo que passar por detectores de metal. As autoridades também usaram drones e câmeras de reconhecimento facial para ajudar a policiar o evento", destacou o veículo.

O show de Lady Gaga no Rio também repercutiu em veículos como o jornal Público, de Portugal, a CNN americana e as agências de notícias Reuters e Associated Press.