Violência contra mulher: 2/3 das agressões são domésticas ou cometidas por alguém da família

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A violência doméstica e intrafamiliar representa dois terços (65,2%) de todas as notificações de violência contra mulheres no ano de 2022, totalizando 144.285 casos, segundo o Atlas da Violência, divulgado nesta terça-feira, 18. Entre os crimes mais notificados, a violência física aparece como prevalente com 36,7% dos casos.

O segundo tipo mais frequente, com 31,1% dos registros, consiste em "violências múltiplas", ou seja, casos em que mais de uma forma de violência foi informada pela vítima.

Em seguida, aparecem negligência (11,9% dos casos), violência psicológica (10,7%), violência sexual (8,9%) e outras formas de violência (0,7%). O estudo é feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Foram considerados dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.

Segundo especialistas, crimes de violência de gênero têm altos índices de subnotificação, diante do receio da vítima de denunciar o agressor. Diante disso, o mapeamento via registros de saúde tende a dar um cenário mais completo do que a compilação dos boletins de ocorrência.

Crianças e adolescentes de até 14 anos são 24,5% das vítimas. Praticamente metade (49,9%) são mulheres em idade reprodutiva, entre 15 e 39 anos. Já as idosas representaram 6,4% do total.

"Do ponto de vista de trajetórias da violência, em bebês e crianças de até 9 anos, a violência mais comum sofrida nessa etapa da vida é a negligência. E a segunda mais comum são os casos de violência sexual, cerca de 30%. É muita coisa", afirma Samira Bueno, uma das coordenadoras do Atlas.

"Para as meninas de 10 a 14 anos, a principal causa de atendimento no sistema de saúde foi violência sexual, quase metade dos casos (49,6%)", acrescenta ela, também diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. "Isso traz um pouco da magnitude do problema."

Desigualdade racial na violência

Enquanto a taxa geral de homicídios (de homens e mulheres) caiu 3,6% entre 2021 e 2022, os homicídios de mulheres não apresentaram essa melhora nos índices. Os dados indicam que não houve variação da taxa entre 2021 e o ano seguinte, permanecendo no patamar de 3,5 mortes para cada 100 mil mulheres brasileiras.

As notificações também revelam as disparidades raciais da violência. Mulheres negras corresponderam a 66,4% das vítimas, ou 2.526 assassinadas, ante 1.280 homicídios de mulheres não negras.

Isso significa que mulheres negras tiveram 1,7 vezes mais risco de serem vítimas de homicídio, se comparadas com as não negras. Em alguns Estados, a diferença é ainda maior. Mulheres negras de Alagoas têm risco 7,1 vezes maior de serem mortas violentamente em comparação com as não negras.

"O racismo estrutural e institucional, a interseccionalidade entre gênero e raça, bem como a insuficiência de políticas específicas de proteção a esse público, são chaves interpretativas que precisam ser consideradas para compreender esses altos índices, uma vez que mulheres negras são tradicionalmente mais expostas a fatores geradores de violência, em comparação com mulheres não negras", aponta o estudo.

Congresso discute PL do Aborto

A divulgação do Atlas ocorre no momento em que o Congresso discute um projeto de lei que equipara o aborto após 22 semanas de gravidez ao crime de homicídio simples. No fim de semana, milhares de manifestantes fecharam ruas - entre elas a Avenida Paulista, em São Paulo, em protesto contra a proposta.

Nesta segunda-feira, 17, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aprovou parecer contrário ao projeto. O documento afirma que a criminalização do aborto para além do que já prevê a legislação "incidirá de forma atroz sobre a população mais vulnerabilizada, pretas, pobres, de baixa escolaridade, perfil onde também incide o maior índice de adolescentes grávidas".

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O Boi Caprichoso conquistou o 26º título do Festival Folclórico de Parintins. Com o tema 'Cultura - o Triunfo do Povo', a agremiação ganhou pelo terceiro ano seguido o título nesta segunda-feira, 1º.

A última vez que o Caprichoso ganhou por três anos consecutivos foi entre 1994 e 1995. O resultado foi comemorado no Centro Cultural de Parintins, o Bumbódromo, no Amazonas.

Na sexta, 28, primeira noite do festival, o Caprichoso apresentou as influências indígenas, negras, ribeirinhas e de mestres da cultura popular da Amazônia. No sábado, 29, apresentou a criação histórica do boi-bumbá e, no domingo, 30, exaltou os conhecimentos ancestrais das florestas.

Os jurados deram a vitória para o Boi Caprichoso, das cores azul e branca, sobre o Boi Garantido, da cor vermelha. A disputa histórica acontece há 57 edições em Parintins, a cerca de 370 de Manaus, município com 115 mil habitantes.

No próximo sábado, 6, a equipe do Caprichoso viaja de barco até a capital amazonense para celebrar o título. Escolas de samba do Rio de Janeiro, como a Imperatriz Leopoldinense e Salgueiro, parabenizaram a Caprichoso nas redes sociais.

Do outro lado, a ex-BBB Isabelle Nogueira, cunhã-poranga do Garantido, lamentou o resultado. "Infelizmente, o nosso boi não ganhou. Vocês viram aí. Foi uma diferença de um décimo. O coração fica aflito, ficamos tristinhos, mas tudo vai se arrumar", publicou nas redes sociais.

Milton Nascimento, 81 anos, revelou nas redes sociais nesta segunda, 1º, como compôs Ponta de Areia, uma das mais famosas músicas do cantor e compositor, lançada em 1975.

Segundo Bituca, tudo começou quando ele e o músico Fernando Brant compunham Saudades Dos Aviões da Panair, faixa do álbum Minas, também de 75.

"Eu e Fernando ficamos o dia inteiro compondo Saudades dos Aviões da Panair… Uma hora, Fernando ficou com sono, mas eu mais ou menos [com sono]. Eu fui para o quarto, mas tinha um piano no caminho. Sentei e fiz Ponta de Areia", disse.

Morto em 2015 aos 65 anos em Belo Horizonte, Brant integrou o time de compositores do movimento Clube da Esquina.

A faixa, que versa sobre criação do estado de Minas Gerais, conta com um coral e também foi integra Minas e foi regravada por Elis Regina.

Assista

Milton anunciou a aposentadoria dos palcos em 2023, mas continua a lançar novas músicas. Em junho, anunciou Um Vento Passou (para Paul Simon), com a participação de Paul Simon, ex-Simon & Garfunkel, que canta em português.

Em abril, a escola de samba carioca Portela também anunciou uma homenagem a Milton Nascimento no desfile da escola em 2025 com o enredo Cantar Será Buscar o Caminho que Vai dar no Sol.

A disputa pela herança do cantor Tim Maia, que morreu em 1998 aos 55 anos, pode ganhar um novo capítulo. Neste domingo, Geisa Gomes da Silva, ex-mulher do artista, disse que Carmelo Maia, o único herdeiro de Tim, não é filho legítimo do cantor.

O Estadão entrou em contato com Carmelo Maia para um pronunciamento sobre a declaração, mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto.

"Com o Tim, acho que não tive nenhum [filho]", afirmou Geisa em entrevista ao Domingo Espetacular, ao ser questionada sobre quantos filhos teria tido com o artista. Veja declaração.

A ex-mulher ainda narrou que não tem uma boa relação com Carmelo. Segundo ela, Geisa chegou a pedir R$ 500 da herança de Tim Maia ao filho "para comprar remédios", o que não teria sido acatado.

Carmelo trava disputas judiciais com Leo Maia, criado por Tim e que luta por um reconhecimento de paternidade afetiva. Ele é o único responsável pelo espólio do artista.