A vacina Sputnik V da Rússia mostrou altos níveis de eficácia e segurança em um estudo revisado por pares divulgado nesta terça-feira, 2. Segundo a pesquisa publicada na revista médica Lancet, a aplicação de duas doses do imunizante se provou 91,6% eficaz na prevenção do coronavírus. Não houve efeitos colaterais graves.O produto, aprovado pelas autoridades russas em agosto antes de passar por testes clínicos em grande escala, gerou dúvidas devido ao seu desenvolvimento acelerado e à falta de dados de testes publicados. Até agora, a Sputnik V foi aplicada em mais de dois milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo na Argentina, Sérvia e Argélia, de acordo com autoridades russas.
"O desenvolvimento da vacina Sputnik V foi criticado pela pressa inadequada, pelo corte de etapas e pela ausência de transparência", escreveram os professores de virologia Ian Jones da University de Reading e Polly Roy da London School of Hygiene & Tropical Medicine na Lancet. "Mas o resultado relatado aqui é claro e o princípio científico da vacinação foi demonstrado, o que significa que outra vacina pode agora se juntar à luta para reduzir a incidência de covid-19."
Os resultados foram baseados em uma análise provisória de um ensaio de Fase 3 com quase 20 mil participantes, três quartos dos quais receberam a vacina, enquanto o restante recebeu um placebo. A análise foi baseada em um total de 78 casos confirmados de covid-19, 62 dos quais foram identificados no grupo do placebo e 16 no grupo da vacina. O ensaio clínico, totalizando 40 mil voluntários, está em andamento.
Entre os idosos, a vacina foi bem tolerada e demonstrou eficácia de 91,8%, com base em um grupo de 2.144 voluntários com mais de 60 anos, disse a Lancet. O estudo não abordou a questão das novas variantes do Sars-Cov-2.
Como outras vacinas, incluindo as desenvolvidas pela Johnson & Johnson e AstraZeneca com a Universidade de Oxford, a Sputnik V usa uma chamada abordagem de vetor viral. Ele introduz uma forma geneticamente alterada de um vírus inofensivo, conhecido como adenovírus, para servir como um veículo - ou vetor - para um fragmento de material genético do coronavírus.
Cerca de 15 países fora da Rússia já autorizaram o uso da Sputnik V, e Moscou recebeu pedidos ou manifestações de interesse por 2,4 bilhões de doses, incluindo do Brasil, México e Índia. Em uma tentativa de acelerar o lançamento global, a Rússia também oferecerá uma vacina de dose única, batizada de Sputnik Light, que as autoridades russas dizem ter uma eficácia entre 73% e 85%.
Sputnik V se mostrou 91,6% eficaz contra covid-19, diz estudo em revista médica
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