O que dizem especialistas sobre relatório do acidente da Voepass? Confira

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O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) apresentou nesta sexta-feira, 6, o reporte preliminar do acidente do avião Voepass, que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, no dia 9 de agosto, provocando a morte das 62 pessoas que estavam a bordo. A aeronave, um ATR-72, fazia o trajeto de Cascavel, no Paraná, até o Aeroporto Internacional de Guarulhos, mas perdeu a sustentação e sofreu a queda fatal minutos antes de chegar ao destino.

Em nota, a Voepass Linhas Aéreas diz que relatório preliminar divulgado pelo Cenipa (leia o relatório completo aqui) confirma que "a aeronave estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido", "com todos os sistemas requeridos em funcionamento" e que "ambos os pilotos estavam aptos para realizar o voo".

O documento indica que a tripulação da aeronave apontou falhas no sistema de degelo da aeronave (o airframe de-icing), tanto após a decolagem, como minutos antes da queda, quando o copiloto chegou a dizer "muito gelo", conforme gravado pela caixa-preta do avião.

As investigações do Cenipa apontam também que este mesmo sistema foi ligado três vezes, mas que sofreu desligamentos na sequência pouco antes da aeronave perder a sustentação. Os peritos do Cenipa afirmaram que não é possível dizer se esse acionamento/desligamento foi provocado de forma automática ou mecânica.

O relatório informou também que o avião emitiu dois alertas: uma para de queda de velocidade (Cruise Speed Low, velocidade de cruzeiro baixa); e outro, de nível ainda maior, para Degraded Performance (desempenho degradado). Segundo o Cenipa, tais avisos podem ser exibidos "caso o arrasto da aeronave aumentasse devido ao acúmulo de gelo e o desempenho fosse degradado".

Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que o relatório apresentado nesta sexta está longe de ser uma conclusão definitiva sobre a causa do acidente, e que muitos fatores ainda precisam ser analisados no decorrer das investigações.

"Algumas hipóteses que antes era só especulação vêm ganhando força como o caso do acúmulo do gelo, que pode ter levado a uma perda de velocidade e de aerodinâmica, e uma perda total de sustentação", diz Romildo Moreira, diretor Técnico da Associação Brasileira de Segurança de Aviação (Abravoo).

Para ele, a novidade trazida pelo relatório foram as falhas no sistema de degelo relatadas pela tripulação. "Um dos sistemas estava com algum problema. O próprio piloto menciona isso, como apresenta o relatório", diz o diretor da Abravoo. "Será que houve o travamento de alguma parte de superfície da área de comando, o profundor, o leme de direção? Tudo isso o gelo pode atingir. Não estou afirmando que foi o que aconteceu, mas pode ter ocorrido", diz.

Moreira diz que as investigações devem explicar por que alguns procedimentos não foram adotados quando necessários. "Foi informado também que o avião vinha tendo uma perda de velocidade. Por que não foi dado potência se estava havendo perda de velocidade? Por que que a aeronave não desceu pro nível mais baixo, imediatamente. Isso é a investigação que vai responder".

O especialista lembra que, antes da queda, o ATR-72 estava perto de aterrissar em Guarulhos. É neste momento que avião fica com uma navegação mais engessada porque, ao entrar na fila de pouso, precisa adequar a velocidade e altitude de acordo com a necessidade do controle de voo. Conforme apresentado, a aeronave começou a demonstrar perda de sustentação e a entrar em estol após fazer uma curva à direita.

"Nestes casos, o piloto tem a liberdade de tomar uma medida necessária. Se ele estiver uma situação crítica, deve declarar emergência e fazer o comando que achar melhor. Pode declarar emergência, informando ao controle de voo que está descendo e o controle tirar as outras aeronaves de baixo", diz Romildo Moreira.

"Pode ter tido acúmulo de gelo em alguma superfície de comando? Pode. Por que que ele reagiu daquela maneira? São detalhes que só a investigação mais profunda vai conseguir responder", acrescenta.

'A gente não pode conectar o acidente ao gelo'

O aviador Fernando de Borthole, divulgador de conteúdo sobre aviação, é mais cauteloso. Ele diz que as informações ainda são muito preliminares para se fixar em hipóteses. "A gente não pode conectar o acidente ao gelo. O gelo pode ser um fator contribuinte, mas não podemos afirmar que foi o gelo que derrubou o avião", diz.

Fernando Borthole entende que o gelo pode ter um fator contribuinte para a perda de sustentação do avião, mas que existem outros fatores também levaram ao acidente. "Até porque naquela região estavam passando outras aeronaves e essa foi a única que se acidentou. O gelo não foi uma particularidade desse avião naquele momento", acrescenta.

Sobre os avisos de perda de velocidade, Borthole segue na mesma linha: não descarta a contribuição do acúmulo de gelo, mas que outros fatores também podem ter levado a esta situação.

"Você pode ter mais vento em sentido contrário, mais gelo acumulando no avião. Vários fatores que podem chegar a essa perda de velocidade. E, como disse o relatório, tiveram alertas de diminuição de velocidade de cruzeiro. A gente tem que entender por que que as ações não foram tomadas para tirar o alerta e sair daquela situação", explica.

Para Fernando Borthole, o relatório também foi importantes para acabar com a especulação de que o controle de voo teria sido negligente com a situação do ATR-72. "A gente pode desmentir falas de que o controle de tráfego aéreo negou alguma solicitação de emergência por parte dos pilotos. Nada disso aconteceu. O voo foi conduzido normalmente".

Voepass

Em nota, a Voepass diz que o relatório preliminar divulgado pelo Cenipa "confirma que a aeronave do voo 2283 estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido e com todos os sistemas requeridos em funcionamento", além de que "ambos os pilotos estavam aptos para realizar o voo, com todas as certificações de pilotagem válidas e treinamentos atualizados."

"Cabe lembrar que a investigação de um acidente aéreo é um processo complexo, que envolve múltiplos fatores e requer tempo para ser conduzida de forma adequada. Somente o relatório final do Cenipa poderá apontar, de forma conclusiva, as causas do ocorrido", disse a companhia no comunicado.

A Voepass afirma que segue com rigor "todos os protocolos que atestam a conformidade de toda sua frota", e que segue à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. Diz ainda que tem apoiado as famílias das vítimas e que a segurança dos passageiro e tripulação é "prioridade máxima" da empresa.

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O cantor Roberto Carlos foi o convidado pela TV Globo para abrir o Show 60 anos, que comemorou o aniversário da emissora na noite de segunda-feira, 28, em uma arena de shows na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Roberto cantou Emoções e Eu Quero Apenas, ao vivo, com sua inconfundível afinação.

O que pouca gente percebeu é que, após a transmissão do evento, a Globo passou uma chamada no estilo 'o que vem por aí' e, entre as atrações anunciadas, estava 'Roberto Carlos em Gramado'.

O Estadão questionou a assessoria do cantor se o anúncio indica a renovação de contrato de Roberto com a Globo - o vínculo venceu em 31 de março deste ano. De acordo com a assessoria de Roberto, a renovação está em "95% acertada, faltando apenas alguns detalhes" para o martelo final. A reportagem também perguntou à TV Globo sobre o assunto, mas não obteve resposta.

Sobre o especial de fim de ano ser gravado em Gramado, cidade da serra gaúcha, a equipe do cantor afirma que as conversas são muito preliminares ainda. "Foi apenas uma ideia que alguém deu", diz a assessoria. A decisão se dará mais para frente, no segundo semestre, quando o cantor e a emissora vão discutir o formato e o local de gravação do especial.

No Show 60 anos, Roberto se sentiu à vontade. Além de ser muito aplaudido, foi paparicado pelos artistas nos bastidores. Recebeu e tirou fotos com vários deles, como Cauã Reymond, Fafá de Belém e Fábio Jr. O cantor deixou o local por volta de duas horas da manhã, quase uma hora após o final do show.

Roberto Carlos fez seu primeiro especial na TV Globo em 1974 e, nesses mais de 50 anos, só deixou de apresentá-lo por duas ocasiões, quando sua mulher, Maria Rita, morreu, e durante a pandemia. Aos 84 anos, Roberto segue em plena atividade. Em maio, fará uma longa turnê pelo México. Na volta, se apresenta em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, entre outras cidades.

Cauã Reymond publicou nas redes sociais uma foto ao lado de Fábio Porchat e Tatá Werneck durante o show comemorativo dos 60 anos da TV Globo.

"Que noite incrível e especial pra @tvglobo, pra mim e pro Brasil! Um show de emoção, humor, esporte, afeto. Feliz demais pelos 60 anos dessa emissora que está no imaginário e na história de todo mundo", escreveu o ator na legenda. Confira aqui.

O registro foi publicado horas depois de uma esquete protagonizada por Tatá, Porchat e Paulo Vieira no palco do evento.

Durante a apresentação, os humoristas fizeram piadas sobre as polêmicas dos bastidores do remake de Vale Tudo.

No número cômico, Tatá menciona rapidamente os "bastidores de Vale Tudo", e Paulo emenda: "Não fala tocando, não fala tocando. Abaixa o braço, tá com um cecê de seis braços". Fábio rebate: "Pelo amor de Deus, é a minha masculinidade". Tatá completa: "Que masculinidade, Fábio?".

Nas redes sociais, internautas rapidamente interpretaram a brincadeira como uma referência aos rumores de tensão entre Cauã Reymond e Bella Campos durante as gravações da novela.

Segundo relatos, Bella teria reclamado do comportamento do ator nos bastidores. A Globo não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas o tema ganhou destaque nos comentários online após a exibição do especial.

Bruno Gagliasso comentou publicamente pela primeira vez sobre a invasão de sua casa, registrada no início de abril.

Em conversa com a imprensa durante o evento de 60 anos da TV Globo, o ator afirmou, segundo a colunista Fábia Oliveira: "Rapaz, invadiram, mas deu tudo certo".

O caso ganhou repercussão nas redes sociais após o relato de Giovanna Ewbank. A apresentadora, que estava em casa com os filhos, contou que uma desconhecida entrou na residência da família, sentou-se no sofá da sala e chegou a pedir um abraço.

Segundo Giovanna, a mulher conseguiu acessar o imóvel depois que uma funcionária a confundiu com uma conhecida da família.

Próximos projetos

Além de comentar o ocorrido, Bruno Gagliasso falou sobre seus 20 anos de carreira e destacou o personagem Edu, da série Dupla Identidade, como um dos papéis mais marcantes de sua trajetória.

"Fiz personagens que guardo pro resto da minha vida, que me fizeram crescer como ser humano. Ficar 20 anos fazendo personagens que dialogam com a sociedade só me enriquece como ser humano e como ator", afirmou.

Sobre os próximos passos na carreira, o ator brincou: "Quem sabe fazer o remake de A Viagem, aproveitar que estou com esse cabelo e fazer o Alexandre (Guilherme Fontes)".