O climatologista Carlos Nobre alertou para a necessidade de países e empresas acelerarem as ações de descarbonização, antecipando as metas estabelecidas. Segundo ele, só uma atuação conjunta poderá conter o avanço do aquecimento global, com a elevação das temperaturas já superando as previsões."Devemos acelerar a redução de emissões muito antes de 2050, caso contrário a temperatura global poderá ultrapassar 2ºC, com consequências devastadoras", disse Nobre, durante a roda de conversa "Desafios e Caminhos para a Descarbonização no Setor Sucrroenergético", promovido nesta segunda-feira, em São Paulo, pela Tereos.
O climatologista reforçou a necessidade de ações imediatas para mitigar os efeitos do aquecimento global. "Na COP, todos os 196 países concordaram que, para limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC, as emissões precisam cair 43% até 2030 em relação aos níveis de 2019. O planeta já atingiu esse 1,5ºC em vários momentos desde o ano passado, e a tendência não parece melhor", alertou.
Nobre também citou dificuldade de envolver parte do agronegócio no debate a respeito do aquecimento global. "Quando olhamos o setor econômico global, o setor mais resistente às mudanças climáticas é o agronegócio", afirmou.
O climatologista citou a importância da agricultura regenerativa como alternativa para a proteção da biodiversidade. "A agricultura regenerativa reduz o risco de eventos extremos, como inundações e deslizamentos de terra, que podem devastar as culturas e destruir o solo, como vimos recentemente no Rio Grande do Sul", disse.
Nobre também mencionou a agricultura regenerativa como meio de melhorar a produtividade, sendo vantajosa financeiramente para o agronegócio. "Estudos indicam que a agricultura regenerativa pode ser até mais produtiva e lucrativa do que os métodos convencionais, além de usar áreas menores e ser mais resiliente. A pecuária regenerativa, por exemplo, pode ser de duas a quatro vezes mais lucrativa por hectare do que a pecuária convencional", afirmou.
'Devemos acelerar a redução de emissões muito antes de 2050', alerta Carlos Nobre
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