Na shortlist para o Oscar, '76 Days' expõe como um alerta os dramas da pandemia

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Nascido na China e radicado nos Estados Unidos há muitos anos, o cineasta Hao Wu em princípio achava que ia fazer um documentário sobre o começo da pandemia em Wuhan. Ele estava lá, sem marido e filhos, visitando a família em Xangai quando Wuhan foi isolada.

"Havia muita confusão, raiva e mau gerenciamento", disse ele em entrevista ao Estadão. Os hospitais estavam lotados, os médicos e enfermeiros não tinham equipamento de proteção suficiente, muitas pessoas estavam morrendo. Mas documentário não tem começo, meio e fim definidos num roteiro em geral fechado. E as coisas foram mudando, como se pode ver em 76 Days, que está na shortlist para o Oscar da categoria e é menos uma denúncia dos erros do que uma celebração do espírito humano.

De volta aos Estados Unidos antes das restrições de viagem, o diretor coordenou a distância o trabalho de dois cinegrafistas: Weixi Chen, videorrepórter da revista Esquire chinesa, e um repórter que prefere ficar anônimo. "Um documentarista sempre precisa equilibrar o que quer da história com o tipo de material que consegue", disse Hao Wu. Como tantos outros, ele queria entender por que aquilo estava acontecendo. Mas, no fim, rendeu-se ao que tinha em mãos: imagens raras dos dramas humanos no interior dos hospitais durante a pandemia.

Ele não nega que existiram restrições à entrada de cinegrafistas - como há nos Estados Unidos, por motivos diferentes. Weixi Chen tinha um contato com uma equipe médica enviada por outra região chinesa para ajudar Wuhan, o que facilitou seu acesso. Mas a verdade é que há muitas imagens das salas de emergência e UTIs.

A abertura traz cenas de dar nó no estômago em que uma filha, vestida com traje hazmat, tenta se despedir do pai morto, e pessoas desesperadas quase invadem o hospital à procura de tratamento. No entanto, a maior parte das imagens é respeitosa com a situação dos pacientes e com o drama dos familiares impedidos de visitá-los. Os profissionais de saúde acabam tratando os doentes como se fossem parentes, chamando-os de "vovô" e "vovó".

Aceitar o material que tinha não foi a única razão pela qual Hao Wu decidiu mudar o foco de seu documentário. Nos Estados Unidos, ele foi testemunha de como a pandemia tomou Nova York de uma forma muito parecida com o que tinha acontecido em Wuhan. "Eu vi como o governo também falhou na resposta", contou. "Era como um replay, com falta de equipamento de proteção, hospitais lotados, políticos mentindo, tentando controlar a narrativa. Mas, acima de tudo, profissionais da saúde fazendo enormes sacrifícios, e histórias demonstrando como a doença representa solidão. No fim, a experiência humana era muito parecida, lá e aqui."

Por isso, ele espera contribuir para derrubar os preconceitos que foram associados aos chineses em particular e aos asiáticos em geral. Médicos e enfermeiros da China tiveram de lidar com uma pandemia grave sem conhecimento algum sobre uma doença que poderia ter surgido em qualquer lugar. "Nós sempre tentamos achar bodes expiatórios", disse Hao Wu. "Mas a pandemia poderia ter começado na Amazônia ou na Indonésia. Ela aconteceu por causa da proximidade cada vez maior dos humanos com o meio ambiente."

Ao expor o drama humano que pode se perder em meio aos números da pandemia, o diretor quer que 76 Days seja um documento histórico e um alerta. Muita gente ainda não leva a pandemia a sério. Mais cenas do sofrimento de pessoas reais, quem sabe, sensibilizarão os descrentes. "Nossa última grande pandemia foi mais de um século atrás. Temos poucas fotos mostrando como a Gripe Espanhola foi horrível." Sem imagens, o risco de esquecimento é maior.

"Pessoalmente, fazer 76 Days serviu como terapia. Me concentrar nas histórias humanas em vez do noticiário me centrou", lembrou ele. "No ano passado, aqui nos Estados Unidos houve muita coisa: pandemia, protestos contra racismo sistêmico. Foi deprimente." O cineasta perdeu seu avô em março, em decorrência de um câncer diagnosticado um mês antes e não pôde viajar à China para se despedir. "O filme me ajudou a lidar com meus sentimentos pessoais também e acho que me levou a focar mais na emoção do que nos fatos. Eu não quero me esquecer do luto e espero que o documentário ajude outras pessoas a não se esquecer também."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O cantor Roberto Carlos foi o convidado pela TV Globo para abrir o Show 60 anos, que comemorou o aniversário da emissora na noite de segunda-feira, 28, em uma arena de shows na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Roberto cantou Emoções e Eu Quero Apenas, ao vivo, com sua inconfundível afinação.

O que pouca gente percebeu é que, após a transmissão do evento, a Globo passou uma chamada no estilo 'o que vem por aí' e, entre as atrações anunciadas, estava 'Roberto Carlos em Gramado'.

O Estadão questionou a assessoria do cantor se o anúncio indica a renovação de contrato de Roberto com a Globo - o vínculo venceu em 31 de março deste ano. De acordo com a assessoria de Roberto, a renovação está em "95% acertada, faltando apenas alguns detalhes" para o martelo final. A reportagem também perguntou à TV Globo sobre o assunto, mas não obteve resposta.

Sobre o especial de fim de ano ser gravado em Gramado, cidade da serra gaúcha, a equipe do cantor afirma que as conversas são muito preliminares ainda. "Foi apenas uma ideia que alguém deu", diz a assessoria. A decisão se dará mais para frente, no segundo semestre, quando o cantor e a emissora vão discutir o formato e o local de gravação do especial.

No Show 60 anos, Roberto se sentiu à vontade. Além de ser muito aplaudido, foi paparicado pelos artistas nos bastidores. Recebeu e tirou fotos com vários deles, como Cauã Reymond, Fafá de Belém e Fábio Jr. O cantor deixou o local por volta de duas horas da manhã, quase uma hora após o final do show.

Roberto Carlos fez seu primeiro especial na TV Globo em 1974 e, nesses mais de 50 anos, só deixou de apresentá-lo por duas ocasiões, quando sua mulher, Maria Rita, morreu, e durante a pandemia. Aos 84 anos, Roberto segue em plena atividade. Em maio, fará uma longa turnê pelo México. Na volta, se apresenta em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, entre outras cidades.

Cauã Reymond publicou nas redes sociais uma foto ao lado de Fábio Porchat e Tatá Werneck durante o show comemorativo dos 60 anos da TV Globo.

"Que noite incrível e especial pra @tvglobo, pra mim e pro Brasil! Um show de emoção, humor, esporte, afeto. Feliz demais pelos 60 anos dessa emissora que está no imaginário e na história de todo mundo", escreveu o ator na legenda. Confira aqui.

O registro foi publicado horas depois de uma esquete protagonizada por Tatá, Porchat e Paulo Vieira no palco do evento.

Durante a apresentação, os humoristas fizeram piadas sobre as polêmicas dos bastidores do remake de Vale Tudo.

No número cômico, Tatá menciona rapidamente os "bastidores de Vale Tudo", e Paulo emenda: "Não fala tocando, não fala tocando. Abaixa o braço, tá com um cecê de seis braços". Fábio rebate: "Pelo amor de Deus, é a minha masculinidade". Tatá completa: "Que masculinidade, Fábio?".

Nas redes sociais, internautas rapidamente interpretaram a brincadeira como uma referência aos rumores de tensão entre Cauã Reymond e Bella Campos durante as gravações da novela.

Segundo relatos, Bella teria reclamado do comportamento do ator nos bastidores. A Globo não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas o tema ganhou destaque nos comentários online após a exibição do especial.

Bruno Gagliasso comentou publicamente pela primeira vez sobre a invasão de sua casa, registrada no início de abril.

Em conversa com a imprensa durante o evento de 60 anos da TV Globo, o ator afirmou, segundo a colunista Fábia Oliveira: "Rapaz, invadiram, mas deu tudo certo".

O caso ganhou repercussão nas redes sociais após o relato de Giovanna Ewbank. A apresentadora, que estava em casa com os filhos, contou que uma desconhecida entrou na residência da família, sentou-se no sofá da sala e chegou a pedir um abraço.

Segundo Giovanna, a mulher conseguiu acessar o imóvel depois que uma funcionária a confundiu com uma conhecida da família.

Próximos projetos

Além de comentar o ocorrido, Bruno Gagliasso falou sobre seus 20 anos de carreira e destacou o personagem Edu, da série Dupla Identidade, como um dos papéis mais marcantes de sua trajetória.

"Fiz personagens que guardo pro resto da minha vida, que me fizeram crescer como ser humano. Ficar 20 anos fazendo personagens que dialogam com a sociedade só me enriquece como ser humano e como ator", afirmou.

Sobre os próximos passos na carreira, o ator brincou: "Quem sabe fazer o remake de A Viagem, aproveitar que estou com esse cabelo e fazer o Alexandre (Guilherme Fontes)".