EUA investigam vazamento de documentos sigilosos sobre plano de ataque israelense ao Irã

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O governo dos Estados Unidos anunciou que está investigando o vazamento de documentos confidenciais que avaliam os planos de Israel para atacar o Irã, disseram três autoridades americanas à Associated Press. Uma quarta autoridade afirmou que os documentos parecem ser legítimos.

Os documentos, que são marcados como ultrassecretos, foram compartilhados pelo Telegram e foram inicialmente reportados pela CNN e pelo portal Axios. As autoridades falaram sob condição de anonimato porque não estavam autorizadas a discutir o assunto publicamente.

A investigação também está analisando como os documentos foram obtidos: se foi um vazamento intencional por parte de alguém da comunidade de inteligência dos EUA ou se foram obtidos de outra maneira, como por meio de um hacker, além de tentar entender se outras informações de inteligência foram comprometidas, segundo uma das fontes. Como parte da investigação, as autoridades estão tentando determinar quem teve acesso aos documentos antes de serem divulgados.

Os documentos surgiram no momento em que os EUA instaram Israel a aproveitar a morte do líder do grupo terrorista Hamas, Yahya Sinwar, e pressionar por um cessar-fogo em Gaza, além de advertir os israelenses para não expandir ainda mais as operações militares no norte do Líbano e arriscar uma guerra regional mais ampla. No entanto, a liderança de Israel tem enfatizado repetidamente que não deixará o ataque com mísseis do Irã sem resposta.

Em comunicado, o Pentágono disse estar ciente dos relatos sobre os documentos, mas não fez mais comentários.

Documentos

Os dois documentos teriam sido elaborados nos últimos dias pela Agência Nacional de Inteligência Geoespacial, responsável pela análise de imagens e informações coletadas por satélites espiões americanos. Eles começaram a circular na sexta-feira, 18, no aplicativo Telegram e estavam sendo discutidos por contas em grande parte pró-Irã.

Os documentos, que oferecem interpretações de imagens de satélite, fornecem informações sobre um potencial ataque de Israel a Teerã nos próximos dias. Tal ataque foi previsto em retaliação a um ataque iraniano no início deste mês, que foi em si uma resposta a morte do chefe do gabinete político do grupo terrorista Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã.

Um dos documentos intitula-se "Israel: Força Aérea continua preparativos para ataque ao Irã" e descreve exercícios recentes que pareciam ensaiar elementos de tal ataque. O segundo documento detalha como Israel está mudando a localização dos seus mísseis e armas caso o Irã responda aos ataques.

Autoridades de Washington que foram consultadas pelo The New York Times ficaram divididas quanto à gravidade do vazamento, que não pareceu revelar novas capacidades americanas. Os documentos descrevem, mas não mostram imagens de satélite. Se outros documentos não forem publicados, os danos serão limitados, dizem alguns dos responsáveis - além de revelarem, mais uma vez, até que ponto os Estados Unidos espionam um dos seus aliados mais próximos. Outras autoridades afirmam que qualquer exposição dos planos de guerra de um aliado é um problema sério.

As autoridades reconheceram no privado ao The New York Times que os documentos eram autênticos, embora a Agência Nacional de Inteligência Geoespacial e o Gabinete do Director de Inteligência Nacional se tenham recusado a comentar.

Os documentos descrevem fotos de satélite de um exercício militar israelense no dia 15 de outubro, em preparação para um potencial ataque retaliatório ao Irã. Parte do objetivo do exercício era praticar reabastecimento ar-ar e operações de busca e salvamento, de acordo com o relatório de inteligência.

Os documentos também discutem os preparativos israelenses de mísseis balísticos de longo alcance lançados do ar; mísseis ar-terra; aviões de reabastecimento aéreo; e outras aeronaves de apoio. Os documentos também dizem que Israel estava realizando uma vigilância secreta no Irã com o auxílio de drones.

Guerra no Oriente Médio

Enquanto o ataque não ocorre, a guerra continua no Oriente Médio. Na manhã deste domingo, 20, as Forças de Defesa de Israel (FDI) informaram que atingiram cerca de 175 alvos em Gaza e no Líbano no dia anterior.

Um ataque aéreo israelense matou 73 pessoas na cidade fronteiriça de Beit Lahia, no norte de Gaza segundo a Defesa Civil do enclave palestino. Operações de resgate continuaram durante a noite, com muitas pessoas ainda presas sob os escombros, de acordo com Mahmoud Bassal, porta-voz da Defesa Civil. Em uma publicação na rede social X o Exército de Israel afirmou que os números publicados pelas autoridades de Saúde de Gaza eram exagerados, mas não apontou uma estimativa própria.

Ainda no sábado, forças israelenses cercaram e atacaram dois hospitais no norte de Gaza, segundo autoridades de saúde locais. Israel afirmou que suas tropas receberam instruções para tentar limitar os danos aos civis enquanto identificam e atacam combatentes do grupo terrorista Hamas.

Os combates também prosseguiram no Líbano, com fumaça saindo dos subúrbios de Beirute enquanto caças israelenses atingiam alvos da milícia xiita radical libanesa Hezbollah, incluindo o que as FDI disseram ser depósitos de munições escondidos em edifícios civis. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo terrorista Hamas, pelo menos 42.519 pessoas foram mortas na região durante a guerra. No Líbano, o Ministério da Saúde do país informou que pelo menos 2.448 pessoas morreram. Nenhum dos relatórios faz distinção entre civis e combatentes.

A guerra começou no dia 7 de outubro do ano passado, quando terroristas do Hamas invadiram o sul de Israel, mataram 1,2 mil pessoas e sequestraram 250. Este foi o maior ataque terrorista da história de Israel e o maior contra judeus desde o Holocausto.

(Com agências internacionais)

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O líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho (PB), sofreu um acidente de carro nesta quarta-feira, 30, no interior da Paraíba. O senador e a equipe dele estavam em um veículo atingido por uma carreta na contramão. Segundo a assessoria de Efraim, não houve feridos e todos estão "fora de perigo".

Segundo nota da assessoria de Efraim, o acidente ocorreu na BR-230, próximo ao município de São Mamede, localizado a 280 quilômetros de distância da capital paraibana João Pessoa.

Efraim não foi levado ao hospital. Segundo a equipe dele, após o acidente, o líder do União foi para São Mamede cumprir agendas políticas.

A equipe de Efraim disse que o motorista de uma carreta foi imprudente ao realizar uma ultrapassagem indevida e invadiu a pista contrária, onde atingiu o carro onde o senador estava com os assessores.

"O senador Efraim agradece a preocupação de todos diante do ocorrido, as orações e mensagens de carinho recebidas. O apoio de todos tem sido motivo de grande conforto para o senador e toda a sua equipe", disse a nota da equipe de Efraim.

Filho do ex-senador Efraim Morais, Efraim Filho é senador desde 2023, quando venceu a eleição com 617.477 votos (30,8% dos votos válidos). Entre 2007 e 2022, ele foi deputado federal. Desde que chegou no Senado, ele é líder do União Brasil na Casa.

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Em resposta, Zanin informou que determinou a lacração dos celulares com base no poder de polícia do presidente da Primeira Turma, "após consenso entre os integrantes do colegiado, diante de questões específicas daquele julgamento".

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O Estadão apurou que dirigentes da OAB ficaram insatisfeitos com a resposta e esperavam uma posição mais incisiva do ministro se comprometendo a não repetir a medida.

Logo após a sessão em que os celulares foram confiscados, o tribunal foi procurado pelo Estadão e informou que a restrição havia sido pontual e que não havia previsão de a regra ser mantida em outros julgamentos.

O STF proíbe que as sessões das turmas e do plenário sejam fotografadas e filmadas pela plateia. Segundo o tribunal, a regra foi burlada no julgamento do recebimento da primeira denúncia do plano de golpe, que colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados no banco dos réus. Por isso, o uso de celulares por advogados e jornalistas foi proibido na sessão seguinte, que também tinha relação com o inquérito do golpe.

Além disso, o ex-assessor da Presidência Filipe Garcia Martins, um dos denunciados, estava proibido de captar e divulgar imagens do julgamento e de aparecer nas filmagens.

Cinegrafistas e fotógrafos dos veículos de imprensa não terão acesso ao plenário da Primeira Turma na próxima segunda. Todos os julgamentos são transmitidos em tempo real pelos canais institucionais, como a TV Justiça e o canal do STF no YouTube.

LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DA OAB

Em atenção à resposta do ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ao ofício encaminhado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Conselho Federal e o Colégios de Presidentes da OAB reafirmam que a decisão, ainda que pontual, viola frontalmente o livre exercício da advocacia e os direitos da defesa.

A OAB orienta, de forma expressa, que advogadas e advogados não aceitem a exigência de lacração de celulares como condição para participar de atos judiciais. A medida não encontra respaldo legal e fere prerrogativas profissionais asseguradas pelo Estatuto da Advocacia. Caso a imposição persista, a orientação é clara: não participar do ato e comunicar imediatamente a ocorrência à Ordem.

A entidade continuará adotando todas as providências necessárias para garantir o respeito à legalidade e às garantias constitucionais da profissão. A defesa das prerrogativas não comporta relativizações. Trata-se de dever institucional inegociável da OAB.

Beto Simonetti, presidente nacional da OAB

Diretoria nacional da OAB e conselheiros federais

Colégio de Presidentes da OAB

COM A PALAVRA, BETO SIMONETTI

"A OAB não está propondo nenhum levante ou boicote institucional contra o STF. Seguimos optando pelo diálogo como forma de lutar pelas prerrogativas da advocacia. Assim como respeitamos e defendemos as prerrogativas dos ministros do STF, também queremos nossas prerrogativas respeitadas. Os advogados não podem ter seus celulares lacrados em envelopes, pleiteamos a reversão dessa medida. Contamos com a sensibilidade e atenção do presidente da primeira turma do Supremo, ministro Cristiani Zanin, para sermos atendidos."

O Tribunal de Contas do Estado anulou o edital de pregão para compra internacional de helicóptero da Polícia Civil de São Paulo. Na sessão da manhã desta quarta, 30, por unanimidade, os conselheiros deram procedência parcial a uma representação que aponta 'direcionamento para uma única empresa devido a voltagem de bateria'. A Corte fiscal derrubou o processamento do Pregão Presencial Internacional n.º 01/2023, do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (DOPE).

A reportagem do Estadão pediu manifestação da Polícia, o que não havia ocorrido até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

"Não há como endossar a forma como ocorreu a condução do certame", adverte a conselheira Cristiana de Castro Moraes, relatora do edital no TCE. "De fato, chamam a atenção as idas e vindas no torneio, fomentadas por manifestações de licitantes e da própria Administração, em decorrência da redação de duas cláusulas do termo referencial."

Cristiana seguiu. "Sem a necessidade de adentrar em aspectos técnicos das minúcias da aeronave pretendida pela representada (Polícia Civil), é patente que não havia clareza no que diz respeito à voltagem esperada da bateria que deveria garantir, sem fonte externa, a partida do motor e o funcionamento da aeronave tendo em vista a estipulação editalícia de que o sistema elétrico do helicóptero deve ser de 28VDC9'.

O voto da relatora foi seguido pelos outros conselheiros, à unanimidade. "O fato de o mercado do setor ser restrito a poucos atores pressupõe ainda mais cautelas do órgão promotor do pregão, de maneira a ser essencial a promoção de disputa sem intercorrências dessa natureza, que frustram expectativas de respeito à isonomia no tratamento dos participantes", acentuou Cristiana.

Ainda a relatora. "Como essa irregularidade constitui reflexo de falha na redação do edital, necessário se faz que a representada (Polícia Civil) proceda à anulação de todos os atos praticados no andamento do procedimento em relação ao item 1, a fim de divulgar ato convocatório devidamente redigido, oportunidade em que, inclusive, poderá reavaliar as demais especificações do termo referencial em relação às suas necessidades e aos equipamentos disponibilizados no mercado, a fim de promover certame dotado de efetivo potencial de competitividade."

Ela observa que 'ante o conteúdo dos recursos ofertados pelos licitantes e da mudança drástica de posição do setor técnico da representada quanto à especificação esperada da bateria da aeronave, é manifesta a ambiguidade emergente do texto do edital a esse respeito, de sorte a ser adequado o relançamento da pretensão de contratação do item 1 da presente licitação com base em ato convocatório de redação mais clara, cenário que tem a potencial vantagem de propiciar novas ofertas e o ingresso de eventuais outros interessados'.

Cristiana transmitiu uma orientação à cúpula da Polícia de São Paulo na questão relacionada a preços. "Impende apenas orientar que a Administração, por ocasião da deflagração do novo certame, envide esforços no sentido de melhor aparelhar a pesquisa de preços, a qual servirá de parâmetro para verificação da conformidade do valor que vier a ser ofertado pela vencedora da disputa."

"Nessa conformidade, nos estritos limites dos aspectos abordados, meu voto considera parcialmente procedente a representação, para determinar que o Departamento de Operações Policiais Estratégicas - DOPE proceda à anulação dos atos praticados em relação ao processamento do item 1 Pregão Presencial Internacional n.º 01/2023, devendo, ainda, realizar a retificação do correspondente edital, de modo a deixar clara a especificação da bateria desejada para a aeronave, sem prejuízo de observar as demais orientações", concluiu a relatora.