Uruguai tem eleições gerais neste domingo (27); Yamandú Orsi está na frente nas pesquisas

Internacional
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O Uruguai vai realizar eleições gerais neste domingo, 27, em que eleitores escolherão entre a permanência da coalizão liderada pelo Partido Nacional, do atual presidente Luis Lacalle Pou, ou o retorno ao poder da esquerda, que perdeu a hegemonia em 2019 após quinze anos consecutivos no poder. Ao contrário das campanhas anteriores, a corrida eleitoral foi marcada pela apatia dos eleitores e por níveis mínimos de participação dos cidadãos nas primárias para os candidatos de cada partido.

Onze forças políticas aspiram à disputa eleitoral, onde além de elegerem o presidente e o vice-presidente que governarão o país pelos próximos cinco anos, os uruguaios também decidirão como será formado o Congresso. As sondagens indicam que, mais uma vez, a disputa manterá a habitual polarização entre a esquerdista Frente Ampla, encabeçada por Yamandú Orsi, e o governante Partido Nacional, representado por Álvaro Delgado, deputado do atual presidente Lacalle Pou.

Caso ninguém obtenha metade mais um dos votos, haverá um segundo turno, que será realizado no dia 24 de novembro e no qual triunfará a candidatura que obtiver a maioria simples.

Perante os sinais de indiferença do eleitorado, ambos os candidatos procuram preencher as lacunas deixadas pelos grandes líderes que marcaram a política do país nas últimas décadas.

Orsi, de 57 anos, pretende devolver o poder à Frente Ampla e ser a renovação de uma coalizão historicamente liderada por Tabaré Vázquez, falecido em 2020, e José "Pepe" Mujica, atualmente aposentado do cenário político e que enfrenta sérios problemas de saúde. O esquerdista lidera todas as sondagens com mais de 40% das intenções de voto e uma vantagem de mais de 15 pontos sobre o seu rival oficial imediato.

Delgado, por sua vez, aparece em segundo lugar com entre 20% e 24% dos apoios, depois de uma campanha tímida que não foi suficiente para monopolizar o apoio do presidente Lacalle Pou, que tem uma aceitação superior aos 50%, mas não consegue concorrer a um novo mandato, uma vez que a reeleição é proibida.

Em terceiro lugar aparece o integrante do conservador Partido Colorado, Andrés Ojeda, com cerca de 14% das intenções de voto. O advogado da mídia, que se apresenta como o rosto da "nova política" com uma estratégia pouco convencional, estabeleceu como meta chegar ao segundo lugar e assim entrar no segundo turno.

Cerca de 2,7 milhões de eleitores devem ir às urnas em todo o país, onde o voto é secreto e obrigatório.

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O Supremo Tribunal Federal (STF) vai realizar uma sessão extraordinária de julgamentos presenciais na próxima sexta-feira, 1º de agosto, às 10h, após um mês de recesso. Na pauta, estão um recurso e duas ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs). O recurso trata da existência de limite para a aplicação de multas tributárias. O Tribunal já reconheceu a repercussão geral da questão.

O segundo item na pauta é a validade da destinação de 10% da contribuição sindical para as centrais sindicais. A ação foi movida pelo DEM (hoje União Brasil), que alegou que a contribuição sindical configura "espécie de contribuição parafiscal, a constituir típica contribuição de interesse de categorias profissionais, sendo vedada sua utilização para o custeio de atividades que extrapolem os limites da respectiva categoria profissional".

Por fim, a segunda ADI em pauta faz referência a uma lei de Santa Catarina sobre as licenças-maternidade, paternidade e adotante no âmbito do serviço público e militar estadual. As discussões giram em torno da diferenciação na concessão da licença-adotante em razão da idade da criança adotada, à equiparação dos prazos da licença-paternidade com o padrão federal e à possibilidade de compartilhamento do período da licença entre os cônjuges.

Durante o recesso do STF, foram mantidos os interrogatórios dos réus dos três núcleos que respondem por tentativa de golpe de Estado. Na próxima segunda, 28, serão interrogados, por videoconferência, os réus do Núcleo 3.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para manter a prisão preventiva do coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro, por suspeitas de tentativa de interferência no acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.

Gonet se manifestou contra um recurso da defesa de Câmara solicitando sua liberdade. O ex-assessor foi preso no mês passado depois que o seu próprio advogado, Eduardo Kuntz, apresentou ao STF uma petição na qual relatou ter mantido conversas com Mauro Cid para tentar obter informações da delação premiada.

Procurado na manhã deste domingo (27), Kuntz não respondeu aos contatos. O espaço está aberto para manifestação.

Nos diálogos apresentados por Kuntz, mantidos com um perfil de Instagram que o advogado atribuiu a Mauro Cid, ele pediu ao tenente-coronel que deixasse Marcelo Câmara de fora dos seus depoimentos e também sugeriu a ele que trocasse de advogado e lhe contratasse.

"As capturas de tela anexadas por Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz incluem mensagens enviadas pelo procurador ao suposto perfil de Mauro César Barbosa Cid, como: 'Poxa...pede para ele falar sobre o Câmara…vc sabe que ele não fez nada de errado' e 'Aquela história da Professora… o Câmara falou que se você disser que Professora é a Madre Tereza, ele passou a informação errada (…)'", escreveu Gonet.

Para o procurador-geral, "os trechos insinuam que Marcelo Costa Câmara não apenas conhecia a conversa conduzida por seu advogado, mas dela se beneficiou ao utilizá-la como argumento defensivo".

Gonet argumenta que esses elementos de prova indicam a existência de riscos concretos ao andamento do processo e à aplicação da lei penal, o que justifica a manutenção da prisão de Marcelo Câmara. A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar esses fatos.

"A pretensão do agravante de adquirir dados afetos a acordo de colaboração premiada então protegidos por sigilo evidenciam o concreto risco à conveniência da instrução criminal e à aplicação da lei penal", afirmou o procurador-geral da República.

O coronel já havia ficado preso entre janeiro e maio do ano passado depois que a Polícia Federal detectou que ele realizou ações de monitoramento dos passos do ministro Alexandre de Moraes. Câmara foi solto com a imposição de medidas cautelares, mas o ministro decretou a nova prisão após os fatos revelados por sua própria defesa.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou neste sábado, 26, que vive como "exilada política" na Itália e agradeceu ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) por ter pedido às autoridades do país europeu que a recebessem. Condenada por invadir o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ela deixou o País antes que a sentença pudesse ser cumprida.

"Eu queria dizer que hoje acordei com uma notícia muito boa, que é um vídeo do Flávio Bolsonaro falando por mim, pedindo por mim para a Giorgia Meloni [primeira-ministra da Itália], para o Matteo Salvini, que é o vice-primeiro-ministro daqui, pedindo para que me recebessem porque sou uma exilada política, sou uma perseguida política no Brasil", declarou Zambelli em vídeo publicado em seu perfil reserva no Instagram.

Os perfis oficiais da deputada, de sua mãe - Rita Zambelli -, e de seu filho foram retirados do ar após decisão judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A nova conta já acumula mais de 11 mil seguidores e 40 publicações; a primeira postagem foi feita em 13 de junho.

Carla Zambelli está na Itália há quase dois meses, na tentativa de evitar o cumprimento de sua pena no Brasil. A parlamentar foi condenada a 10 anos de prisão e perda do mandato, acusada de ser mentora intelectual da invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

"Em tempos sombrios como este, em que sou alvo de uma perseguição política implacável, cada gesto de solidariedade tem um valor imenso", escreveu a parlamentar.

Na quinta-feira, 24, em entrevista ao portal Metrópoles, o filho "01" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu que o governo italiano "abra as portas" para Zambelli.