Explosões em Brasília na véspera do G20 vão afetar cúpula e exigir mais medidas de segurança

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As explosões em Brasília na noite da quarta-feira, 13, devem elevar ainda mais a preocupação e exigir medidas adicionais de segurança durante a Cúpula de Líderes do G20 no Rio de Janeiro. Tratado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva como um ataque com potencial motivação política, o episódio preocupou integrantes do Itamaraty diretamente envolvidos na preparação da Cúpula.

A cidade do Rio de Janeiro se prepara pra receber na próxima segunda, 18, e terça-feira, 19 de novembro, 55 delegações estrangeiras, a maior parte em representada por chefes de Estado e de governo das 20 maiores economias do mundo, países convidados e lideranças de organismos internacionais.

Entre eles, os presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, da China, Xi Jinping, da França, Emmanuel Macron, e o premiê do Reino Unido, Keir Starmer, e o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, as cinco potencias do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

As explosões ocorreram ainda dias antes da chegada de Xi Jinping a Brasília. Ele fará visita de Estado e passa a quarta-feira, 20, na capital. Será recebido por Lula no Palácio da Alvorada, residência oficial, a quatro quilômetros do local da explosão, no Supremo Tribunal Federal.

A recepção no Alvorada é incomum e já sinalizava, segundo secretários do Itamaraty, restrições de segurança e deferência ao líder chinês.

Entre as medidas de segunda exigidas pelas delegações estavam justamente varreduras pelo esquadrão antibombas da PF, em hotéis na orla do Rio e nos ambientes onde os líderes estarão, notadamente, o Museu de Arte Moderna (MAM), onde ficarão por dois dias.

Informado das explosões pela reportagem do Estadão ao sair de uma reunião noturna com embaixadores, um embaixador com papel central no G20 afirmou que certamente o nível de segurança será elevado para a cúpula a partir de agora.

A cinco dias da reunião global, os preparativos ainda estão sendo finalizados no Rio e foram inspecionados nesta quarta pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. Houve colocação de grades no Aterro do Flamengo, que ficará fechado ao público geral nos próximos e batedores das forças de circulavam em motocicletas.

No entanto, não havia policiamento tão ostensivo - já que somente os negociadores diplomáticos se encontram na cidade em discussões precursoras.

O presidente Lula deve chegar no sábado, 16, para as agendas paralelas como U-20, com prefeitos, e o G20 Social.

Uma carreta da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi instalada ao lado do Aeroporto Santos Dumont, que por exigência de segurança das comitivas estrangeiras será fechado para voos comerciais entre o dia 17 e 20.

O espaço aéreo será controlado e o trânsito de veículos também ficará bloqueado.

O presidente decretou o emprego das Forças Armadas no período de 14 a 21 de novembro, em Garantia da Lei e da Ordem, a GLO.

O controle de espaços pelos militares já começaria nesta quinta, mas agora deverá ser elevado, segundo um embaixador.

O efetivo previsto era de 9 mil militares da Marinha, Exército e Aeronáutica, segundo o Ministério da Defesa. Eles atuarão na Marina da Glória, no MAM, Monumento a Estácio de Sá, hotéis da Orla do Leme à Barra da Tijuca, aeroportos Santos Dumont e Galeão (usado pelas comitivas com voos oficiais) e nos respectivos deslocamentos das autoridades.

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O presidente do diretório do PSDB no Ceará, Ozires Pontes, anunciou a filiação do ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes no partido. O comunicado ocorreu em por meio de um vídeo publicado em sua rede no Instagram, na noite da sexta-feira, 17.

"Hoje é um motivo de grande alegria para o PSDB. O PSDB está em festa, porque eu estou aqui anunciando oficialmente a filiação do ex-prefeito de Fortaleza, do ex-governador do Estado do Ceará, do ex-ministro Ciro Ferreira Gomes ao PSDB", declarou Pontes.

O tucano, que também é prefeito do município de Massapê, enalteceu a trajetória política de Ciro. "Foi o primeiro governador do PSDB do Brasil. Quero agradecer aqui imensamente ao senador Tasso Jereissati, que foi o principal responsável por toda essa articulação, por convencer o Ciro a fazer essa escolha que o PSDB era o partido certo".

Segundo Pontes, na próxima quarta-feira, 22, às 9h30, haverá um encontro dos tucanos com Ciro. "Vamos receber com uma salva de palmas, um abraço bem caloroso, o nosso ex-governador e futuro governador do Ceará, Ciro Ferreira Gomes", disse. "É um motivo de muita emoção para mim ver Tasso e Ciro juntos", acrescentou.

O presidente do PSDB cearense também cravou a candidatura de Ciro para a eleição do ano que vem no Estado. "Em poucos meses, o próprio Ciro Gomes vai estar anunciando a candidatura dele ao governo do Estado do Ceará", afirmou.

Antes de ingressar no PSDB, Ciro estava no PDT. Na sexta-feira, 17, o ex-governador do Ceará informou a sua saída da legenda, num momento em que a direção estadual da sigla se aproxima do PT, que governa o Estado com Elmano de Freitas. Caso Ciro se candidate para governador em 2026, ele deve enfrentar a campanha de reeleição de Elmano.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou neste sábado, 18, reação popular contra um sistema econômico de concentração de riqueza que obstrui a ascensão social durante discurso emotivo a estudantes de cursinhos populares. Em sua fala, o chefe do Executivo criticou a reação do mercado à política fiscal do governo.

"Ninguém é pobre porque quer, ninguém gosta de se vestir mal, de comer mal. Mas tem um sistema econômico que não permite, que é a concentração de riqueza ... E nós temos que nos rebelar para mudar essa situação", afirmou Lula.

Antes do presidente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já tinha declarado, no mesmo evento, que o País pode avançar no combate às desigualdades e injustiças sociais com o "povo na rua lutando pelos seus direitos".

Na esteira da derrota do governo na tentativa de taxar aplicações financeiras para financiar políticas públicas dentro dos limites do arcabouço fiscal, Haddad reiterou a orientação de colocar o "pobre no orçamento e o rico no imposto de renda". Contudo, emendou o ministro, essa determinação, que foi colocada pelo presidente Lula, incomoda o "andar de cima" - isto é, os mais ricos.

Após o governo anunciar investimentos de R$ 108 milhões na rede de cursinhos que preparam estudantes de baixa renda a vestibulares, para acesso a universidades, Lula disse em seu discurso que o programa contra a evasão escolar Pé-de-Meia precisa ser universalizado. "Dentro da mesma sala de aula tem um aluno que recebe o Pé-de-Meia e outro que não recebe. E a diferença do salário é de 50 centavos. Então, nós vamos aprovar a universalização do Pé-de-Meia para que toda a pessoa possa ter o direito de estudar. É difícil. A Faria Lima vai brigar com a gente", declarou o presidente. Ele reiterou na sequência a visão de que colocar dinheiro na educação não é gasto, mas sim investimento na sobrevivência de populações periféricas.

As declarações ocorreram neste sábado, 18, durante um encontro com os alunos, professores e coordenadores da Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), no Ginásio Adib Moysés Dib, em São Bernardo do Campo (SP). Na ocasião, Lula estava acompanhado dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Camilo Santana (Educação), Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).

Aos estudantes, Lula salientou que o desafio do governo é dar visibilidade a uma grande parte da população que era ignorada pela "elite política". Ao relembrar a sua trajetória de vida, como ter comido um pedaço de pão pela primeira vez apenas aos sete anos, quando já estava em São Paulo, o presidente disse que já teve muitos sonhos que não pôde realizar por falta de oportunidades.

"Minha obsessão por educação é porque não tive educação", afirmou. Lula assinalou que, se ele não teve chance, os estudantes dos cursinhos populares que assistiram ao discurso terão a oportunidade de ingressar no ensino superior. "O destino nosso, nós que traçamos, vocês serão o que quiserem ser", exclamou o presidente.

Em tom motivacional, Lula disse aos estudantes que ninguém tem direito de desistir dos sonhos, e que o objetivo e as causas fazem a vida valer a pena. "Se foi possível para mim, é possível para vocês", declarou o presidente.

O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), decidiu entrar na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) após uma série de vitórias do governo Lula.

Sóstenes chega como suplente no bloco do qual seu partido faz parte, junto de União Brasil, PP, MDB, PSD, Republicanos, Podemos e a federação PSDB-Cidadania

"Entrei para contribuir e colaborar com o belo trabalho do líder Rogério Marinho (PL-RN) no Senado, para a gente voltar a ganhar os requerimentos nas próximas semanas", afirmou o deputado ao Estadão.

Reforçado na CPI do INSS, o governo Lula conseguiu reverter o cenário que deu a presidência e a relatoria da comissão para a oposição e garantir a maioria em todas as últimas votações mais controversas.

A articulação da base governista garantiu que José Ferreira da Silva - irmão de Lula conhecido como Frei Chico - não fosse convocado e impediu a prisão do presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo. O Sindnapi é o sindicato ao qual Frei Chico é ligado.

Na perspectiva da oposição bolsonarista, o trabalho do governo junto a aliados de centro configura uma "blindagem" a figuras que seriam importantes para contribuir com as investigações que apuram o esquema fraudulento de desconto não autorizado em associativas. Para eles, as sucessivas vitórias do Centrão se devem ao "fisiologismo" do grupo.

Nesta sexta-feira, após visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua casa em Brasília, onde cumpre prisão domiciliar por ter descumprido medidas cautelares do Supremo Tribunal Federal (STF), Sóstenes disse à imprensa que "confia muito no trabalho do Rogério Marinho para reorganizar a base novamente", e que a oposição vai voltar a apresentar um novo requerimento pra convocar o Frente Chico.

Cobrança por mais articulação

Na conversa com Sóstenes, Bolsonaro cobrou maior articulação entre presidentes de partidos de direita contra Lula, de olho nas eleições de 2026.

"Bolsonaro entende que precisa mais - e ele vai conversar com Valdemar na próxima semana (sobre isso) - que os presidentes de partido estejam se reunindo com mais frequência para que a gente possa ter ainda mais resultados positivos, para enfrentar o atual governo, visando em especial a eleição de 2026", afirmou o líder do PL na Câmara à imprensa na saída da visita ao ex-presidente.

Em setembro, o União Brasil e o Progressistas (PP) anunciaram o desembarque oficial do governo Lula, antecipando a articulação de uma candidatura competitiva na direita para derrotar o PT em 2026. Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), são cotados para liderar esse movimento, mas a escolha do nome ainda não foi decidida.

Sóstenes diz que Bolsonaro lhe perguntou como está a articulação pela anistia do 8 de Janeiro. O tema interessa ao ex-presidente, que pode ser beneficiado pelo texto que os bolsonaristas tentam, ainda sem sucesso, aprovar na Câmara, de modo a perdoar todos aqueles investigados por atos antidemocráticos desde 2019.

Sóstenes detalhou o seguinte panorama: o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do projeto, aguarda o texto ser devolvido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), na terça-feira, com o compromisso do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautá-lo para votação. Caso a proposta devolvida pelos articuladores preveja a redução de penas - e não a anistia "ampla, geral e irrestrita", como cobram os bolsonaristas -, a bancada do PL vai apresentar um destaque para ampliar o perdão.