Lula: 'Trabalhamos com afinco, mesmo cientes que só arranhamos superfície dos desafios'

Internacional
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O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez no início da tarde desta terça-feira, 19, um balanço dos trabalhos do grupo das 20 maiores economias do globo (G20) sob a liderança brasileira, durante cerimônia de encerramento da cúpula de líderes que ocorre no Rio. "Neste ano, realizamos mais de 140 reuniões em 50 cidades. Voltamos a adotar declarações consensuais em quase todo o grupo de trabalho. Deixamos a lição do quê? Quanto maior por a interação entre as trilhas de sherpas e de finanças, maior ou mais significativos serão recrutados do novo trabalho", disse. "Trabalhamos com afinco, mesmo ciente de que apenas arranhamos a superfície do profundo desafio que o mundo tem que enfrentar", concluiu.

O chefe do Executivo ressaltou que, após a presidência sul-africana, todos os países do G20 terão exercido pelo menos uma vez a liderança do grupo. "Será um momento propício para avaliar o papel que desempenhamos até agora e como devemos atuar daqui em diante. Temos várias responsabilidades por fazer melhor", disse, acrescentando que passava naquele momento o martelo da presidência do G20 para o presidente da África do Sul, Ciryl Ramaphosa.

Ao contrário do antecessor, Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, Lula não fez gestos durante esse momento. O indiano contava com um martelo em mãos há um ano e o bateu várias vezes ao transmitir a presidência rotativa de seu país para o Brasil. "Esta não é uma transmissão da presidência comum. É a expressão concreta dos filhos históricos e comuns sociais e culturais que unem a América Latina e África. Agradeço a todos os que contribuíram com a presidência brasileira e, em especial, às pessoas que trabalharam e que atuaram para os resultados que alcançamos", enfatizou.

Lula desejou também ao "companheiro Ramaphosa", todo sucesso na liderança da G20. Começando a mostrar emoção e com os olhos embargados, o presidente afirmou que a África do Sul poderá contar com o Brasil para comandar o grupo.

Palavras de Mandela

O chefe do Executivo citou as palavras de outro grande sul-africano, Nelson Mandela: "É fácil demolir e destruir. Os heróis são aqueles que constroem". Ao final, Lula encerrou dizendo que o grupo vai seguir "construindo um mundo justo e um planeta sustentável".

O Brasil se tornou presidente rotativo do G20 em 1º de dezembro do ano passado.

A cerimônia é simbólica para a "troca de bastão" da presidência do Brasil para a África do Sul.

Oficialmente, o país africano se torna o presidente no primeiro dia do próximo mês, desenvolvendo reuniões ao longo de 2025. Desta forma, a Troyka também é alterada. Sai a Índia, anfitriã do evento em 2023, e passa a integrar o trio, com Brasil e África do Sul, os Estados Unidos, que vão coordenar o evento em 2026.

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O Supremo Tribunal Federal (STF) vai realizar uma sessão extraordinária de julgamentos presenciais na próxima sexta-feira, 1º de agosto, às 10h, após um mês de recesso. Na pauta, estão um recurso e duas ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs). O recurso trata da existência de limite para a aplicação de multas tributárias. O Tribunal já reconheceu a repercussão geral da questão.

O segundo item na pauta é a validade da destinação de 10% da contribuição sindical para as centrais sindicais. A ação foi movida pelo DEM (hoje União Brasil), que alegou que a contribuição sindical configura "espécie de contribuição parafiscal, a constituir típica contribuição de interesse de categorias profissionais, sendo vedada sua utilização para o custeio de atividades que extrapolem os limites da respectiva categoria profissional".

Por fim, a segunda ADI em pauta faz referência a uma lei de Santa Catarina sobre as licenças-maternidade, paternidade e adotante no âmbito do serviço público e militar estadual. As discussões giram em torno da diferenciação na concessão da licença-adotante em razão da idade da criança adotada, à equiparação dos prazos da licença-paternidade com o padrão federal e à possibilidade de compartilhamento do período da licença entre os cônjuges.

Durante o recesso do STF, foram mantidos os interrogatórios dos réus dos três núcleos que respondem por tentativa de golpe de Estado. Na próxima segunda, 28, serão interrogados, por videoconferência, os réus do Núcleo 3.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para manter a prisão preventiva do coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro, por suspeitas de tentativa de interferência no acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.

Gonet se manifestou contra um recurso da defesa de Câmara solicitando sua liberdade. O ex-assessor foi preso no mês passado depois que o seu próprio advogado, Eduardo Kuntz, apresentou ao STF uma petição na qual relatou ter mantido conversas com Mauro Cid para tentar obter informações da delação premiada.

Procurado na manhã deste domingo (27), Kuntz não respondeu aos contatos. O espaço está aberto para manifestação.

Nos diálogos apresentados por Kuntz, mantidos com um perfil de Instagram que o advogado atribuiu a Mauro Cid, ele pediu ao tenente-coronel que deixasse Marcelo Câmara de fora dos seus depoimentos e também sugeriu a ele que trocasse de advogado e lhe contratasse.

"As capturas de tela anexadas por Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz incluem mensagens enviadas pelo procurador ao suposto perfil de Mauro César Barbosa Cid, como: 'Poxa...pede para ele falar sobre o Câmara…vc sabe que ele não fez nada de errado' e 'Aquela história da Professora… o Câmara falou que se você disser que Professora é a Madre Tereza, ele passou a informação errada (…)'", escreveu Gonet.

Para o procurador-geral, "os trechos insinuam que Marcelo Costa Câmara não apenas conhecia a conversa conduzida por seu advogado, mas dela se beneficiou ao utilizá-la como argumento defensivo".

Gonet argumenta que esses elementos de prova indicam a existência de riscos concretos ao andamento do processo e à aplicação da lei penal, o que justifica a manutenção da prisão de Marcelo Câmara. A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar esses fatos.

"A pretensão do agravante de adquirir dados afetos a acordo de colaboração premiada então protegidos por sigilo evidenciam o concreto risco à conveniência da instrução criminal e à aplicação da lei penal", afirmou o procurador-geral da República.

O coronel já havia ficado preso entre janeiro e maio do ano passado depois que a Polícia Federal detectou que ele realizou ações de monitoramento dos passos do ministro Alexandre de Moraes. Câmara foi solto com a imposição de medidas cautelares, mas o ministro decretou a nova prisão após os fatos revelados por sua própria defesa.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou neste sábado, 26, que vive como "exilada política" na Itália e agradeceu ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) por ter pedido às autoridades do país europeu que a recebessem. Condenada por invadir o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ela deixou o País antes que a sentença pudesse ser cumprida.

"Eu queria dizer que hoje acordei com uma notícia muito boa, que é um vídeo do Flávio Bolsonaro falando por mim, pedindo por mim para a Giorgia Meloni [primeira-ministra da Itália], para o Matteo Salvini, que é o vice-primeiro-ministro daqui, pedindo para que me recebessem porque sou uma exilada política, sou uma perseguida política no Brasil", declarou Zambelli em vídeo publicado em seu perfil reserva no Instagram.

Os perfis oficiais da deputada, de sua mãe - Rita Zambelli -, e de seu filho foram retirados do ar após decisão judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A nova conta já acumula mais de 11 mil seguidores e 40 publicações; a primeira postagem foi feita em 13 de junho.

Carla Zambelli está na Itália há quase dois meses, na tentativa de evitar o cumprimento de sua pena no Brasil. A parlamentar foi condenada a 10 anos de prisão e perda do mandato, acusada de ser mentora intelectual da invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

"Em tempos sombrios como este, em que sou alvo de uma perseguição política implacável, cada gesto de solidariedade tem um valor imenso", escreveu a parlamentar.

Na quinta-feira, 24, em entrevista ao portal Metrópoles, o filho "01" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu que o governo italiano "abra as portas" para Zambelli.