Suécia e Finlândia divulgam 'manuais de sobrevivência' para população em caso de guerra

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A Suécia e a Finlândia, que recentemente abandonaram a neutralidade e se juntaram à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) após a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia , enviaram guias de preparação civil atualizados para seus cidadãos na última segunda-feira, 18, com instruções sobre como sobreviver à guerra.

Os guias são semelhantes aos da Dinamarca e da Noruega, embora nenhum mencione a Rússia pelo nome.

"Os suecos devem se preparar mentalmente para a possibilidade de guerra", afirmou, em janeiro, o ex-comandante-chefe militar da Suécia, general Micael Bydén.

A Suécia se juntou formalmente à Otan em março como o 32º membro da aliança militar transatlântica, quase um ano depois da Finlândia.

O guia sueco atualizado explica como responder a um ataque com armas nucleares, químicas ou biológicas. Em um dos trechos, ele diz o seguinte: "proteja-se da mesma forma que em um ataque aéreo. Abrigos fornecem a melhor proteção. Depois de alguns dias, a radiação diminui drasticamente."

"Não é segredo que a situação de segurança se deteriorou desde que o folheto anterior foi emitido em 2018", disse Carl-Oskar Bohlin, ministro da defesa civil, em uma entrevista a jornalistas no mês passado. A ilha sueca de Gotland, no Mar Báltico, fica a pouco mais de 300 quilômetros do enclave russo de Kaliningrado.

Na Finlândia, que compartilha uma fronteira terrestre de 1.340 quilômetros com a Rússia, o guia é compilado pelo governo, que enfatizou que "a preparação é uma habilidade cívica na atual situação global".

Os países nórdicos todos pedem que as pessoas armazenem água potável, comida enlatada, remédios, aquecimento, papel higiênico, dinheiro, lanternas e velas. E, se possível, mantenha o carro totalmente abastecido. A lista de verificação também inclui comprimidos de iodo, para o caso de um evento nuclear. / AP

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

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A Operação Contragolpe, que prendeu quatro militares e um policial federal na manhã desta terça-feira, revelou os codinomes que eram dados aos alvos no plano golpista, intitulado "Punhal Verde e Amarelo".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) eram tratados como "Jeca" e "Joca". Em algum momento, um "Juca" também foi usado pelos criminosos. O codinome ainda não foi identificado, mas, para os investigadores, ele se refere ao atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que na época era senador eleito pelo Maranhão e futuro ministro da Justiça. "Juca" era referido pelo grupo como "eminência parda do 01 e das lideranças do futuro gov".

Já o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes recebeu dos golpistas o codinome "Professora".

Os investigados também possuíam codinomes para não serem identificados, baseados nos países que participaram na Copa do Mundo daquele ano. Em um grupo criado no aplicativo Signal, eles se referiam uns aos outros como Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana, para discutir e detalhar os planos do golpe e assassinato dos alvos.

Em alguns casos, eles usavam mais de um codinome para a mesma pessoa. Rafael Martins de Oliveira, um dos 'kids pretos', usou o codinome "Diogo Bast" e "Japão".

O plano previa o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes no dia 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação do petista no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Operação Contragolpe

Na manhã desta terça-feira,19, a Polícia Federal prendeu cinco pessoas na Operação Contragolpe, por planejarem um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e "restringir o livre exercício do Poder Judiciário".

Cinco ordens de prisão foram emitidas, acompanhadas por três autorizações para busca e apreensão, além de 15 medidas restritivas alternativas à prisão. Entre as medidas, estão o veto à comunicação com outros envolvidos, a proibição de deixar o País (com a necessidade de entregar os passaportes em até 24 horas) e o afastamento de funções públicas. As ações são realizadas com o apoio do Exército Brasileiro, abrangendo Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.

Os detalhes do plano constam da representação da Polícia Federal pela prisão do general reformado do Exército Mário Fernandes; dos 'kids pretos Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo - militares com especialização em Forças Especiais; e do policial federal Wladimir Matos Soares. Todos foram capturados nesta manhã por ordem do ministro Alexandre de Moraes.

Os "kids pretos" são militares do Exército Brasileiro treinados em Operações Especiais, conhecidos por usar gorros pretos durante missões. Formados em instituições como o Centro de Instrução de Operações Especiais, em Niterói, e o Comando de Operações Especiais, em Goiânia, esses profissionais são especializados em guerra não convencional, contraterrorismo e ações em ambientes de alta complexidade. A atuação do grupo é sigilosa, exigindo aprovação direta do Comando do Exército.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que há indícios de participação de militares de alta patente no plano de golpe com o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes em 2022. A operação foi relevada pela Polícia Federal (PF). "Tudo indica que tinha pessoas de mais elevada patente participando desse complô, dessa iniciativa que é extremamente danosa para a democracia", disse o ministro em entrevista à Globo News na tarde desta terça-feira, 19.

"O fato de hoje, que está nas manchetes, é extremamente grave porque envolve participantes das Forças Armadas. Esse é um dado cuja visão a gente não deve perder", declarou.

Gilmar também avaliou que "não se trata de mera cogitação, estamos já em um plano de preparação e execução (do crime)". Ele disse que a legislação é severa no que diz respeito a crimes contra a segurança nacional e que "não se pode banalizar" o plano golpista dos militares.

'É incogitável se falar em anistia'

O ministro afirmou que "é incogitável" defender a anistia de envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro na atual situação do País. "É incogitável se falar em anistia nesse quadro, acho que seria até irresponsável. Tenho vários interlocutores no meio político e não me parece que faça qualquer sentido, antes mesmo de termos uma denúncia, se falar em anistia".

O decano do Supremo também disse ver "intenções mais amplas" na defesa que bolsonaristas fazem pela anistia aos condenados pelo 8/1. "Todos sabem o que fizeram no sábado passado, e a partir daí, fazem um tipo de avaliação. Inicialmente usam o argumento de que há sobrepena para as pessoas. Mas na verdade acho que tem intenções mais amplas", avaliou. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um dos investigados por suposta incitação à depredação das sedes dos Três Poderes.

'Temos encontro marcado com revisão da Lei Antiterrorismo'

Mendes disse que a Corte tem um "encontro marcado com eventual revisão" da Lei Antiterrorismo. Ele foi questionado na mesma ocasião sobre a necessidade de adequar a lei para abarcar crimes por motivação política, como o atentado do homem-bomba na semana passada.

A Lei Antiterrorismo, sancionada em março de 2016, define como "terroristas" os atos cometidos com o objetivo de "provocar terror social ou generalizado". Estão tipificadas as ações motivadas por "xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião". O rol de motivações não contempla fatores "políticos".

Gilmar também voltou a defender a desmilitarização da vida civil, como a proibição de militares em cargos políticos. "Essas propostas, de alguma forma, morreram", afirmou. "Temos que discutir tanto a modernização da legislação, fazendo aportes mais gravosos, como também temos que prosseguir nesse trabalho de fortalecermos a democracia e de diminuirmos a participação de militares na política de forma geral".

A atuação da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, dentro e fora do governo, tem se tornado destaque dentro e fora do País. Desde o início do governo de seu marido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a socióloga acumula gafes, polêmicas e controvérsias por suas falas e atitudes.

Como mostrou o Estadão, aliados de Lula têm reclamado do excesso de influência da primeira-dama em assuntos do governo. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, Janja tem interferido em temas importantes da gestão desde que se instalou em um gabinete ao lado da sala presidencial.

Entre as queixas de parlamentares e até de ministros do governo em relação à primeira-dama estão a de que ela teria barrado propostas na área da comunicação social e imposto medidas nas áreas econômica, social e política, além de dar palpites na relação do presidente com militares e afastá-lo de deputados e senadores.

Ela chegou a afirmar em entrevista à CNN Brasil na última quarta-feira, 13, que as pessoas 'precisam entender' que ela é a voz de 'milhares de mulheres' no governo e que suas ações vão além de interesses pessoais, representando demandas sociais ao interagir com ministros.

No último sábado, 16, durante uma mesa de debates com o influenciador Felipe Neto, em um evento paralelo ao G20, a primeira-dama xingou o bilionário Elon Musk. Ao fim do painel, ela pediu a palavra para destacar a dificuldade de aprovação de leis para regulamentar plataformas de mídias sociais e reforçou seu impacto em tragédias climáticas por causa da disseminação de informações falsas.

Então, abaixou-se por causa do que parecia ser um ruído no ambiente onde estava. Ela interrompeu o discurso e disparou: "Acho que é o Elon Musk. Eu não tenho medo de você. Inclusive, fuck you, Elon Musk".

O bilionário reagiu em seu perfil no X momentos depois, indicando por meio da sigla "lol" que estava dando risadas do ocorrido. Ao comentar outro post na plataforma, Musk afirmou que "eles", em indicação ao governo atual, vão perder as próximas eleições.

No mesmo evento, Janja fez referência em tom de deboche sobre a morte de Tiü França na explosão em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última quarta-feira, 13, afirmando que o "bestão acabou se matando com fogo de artifício".

As duas declarações no evento do fim de semana entram na lista de outras que envolvem o nome da primeira-dama.

'Vários não merecem estar aqui', disse sobre ex-presidentes

A primeira-dama visitou, no começo do mês, a galeria do ex-presidentes no Palácio do Planalto, reaberta após restauração. O local havia sido destruído nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Durante a visita, Janja afirmou que vários ex-chefes do Executivo federal não mereciam ter fotografia no espaço, localizado no piso térreo da sede do governo federal.

"(No poder) do dia 2 ao dia 15. Gente, ele não merece estar aqui. Ah, bom, tem vários que não merecem. Pascoal Ranieri Mazilli, vocês tinham ouvido falar desse presidente?", questionou.

Ranieri Mazilli era presidente da Câmara e assumiu o poder em 2 de abril de 1964, depois de João Goulart ser deposto, abrindo caminho para a ditadura militar. Ele ficou no cargo até 15 de abril daquele ano, como consta nas informações abaixo da foto do ex-presidente no mural.

Vídeo sobre B.O. da esposa de Nunes nas eleições de São Paulo

Janja e outras mulheres apoiadoras do então candidato à prefeitura paulistana, Guilherme Boulos (PSOL), divulgaram um vídeo nas véspera do segundo turno resgatando o boletim de ocorrência por suposta violência doméstica registrado pela mulher do prefeito Ricardo Nunes (MDB) em 2011. O emedebista, que classificou o vídeo como "jogo baixo", venceu Boulos no segundo turno com 3.393.110 votos, o que representa 59,35% dos votos válidos.

Gafe e quebra de protocolo na posse de juízes

Em agosto, a esposa de Lula participou da posse de novos juízes federais no Tribunal Federal da 3ª Região (TRF-3), em São Paulo. Durante seu discurso, Janja disse que o ministro Hernan Benjamin, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), integrava o Supremo Tribunal Federal (STF) e chamou o STJ de "Supremo Tribunal de Justiça".

"Meu querido ministro Herman Benjamin, do STF. Infelizmente, não pude estar na sua posse (como presidente do STJ), mas desejo uma excelente condução do Supremo Tribunal de Justiça", disse Janja.

Na cerimônia, Janja também quebrou o protocolo e deu à juíza Gabriela Shizue Soares de Araújo o diploma e o colar que, usualmente, são entregues aos novos empossados pelo presidente do Tribunal. Gabriela é madrinha de casamento de Janja e Lula e esposa do deputado estadual e ex-prefeito de Osasco, Emídio de Souza (PT-SP), amigo de longa data do presidente.

Polêmicas com humoristas

Em maio, durante as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, Janja se envolveu em uma polêmica com o humorista e influenciador Whindersson Nunes por conta do resgate de um cavalo que estava ilhado no telhado de uma casa em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre.

Janja mobilizou esforços para o resgate do animal e compartilhou um vídeo nas redes sociais comemorando o sucesso da operação. O humorista, então, publicou como resposta uma imagem da atriz Jade Picon lavando roupas à mão, cena da novela "Travessia", interpretada por muitos como uma crítica à comoção gerada em torno do resgate.

Em resposta, a primeira-dama comentou que "ele não sabe que já inventaram máquina de lavar roupa faz tempo, que libera o tempo das mulheres fazerem e estarem onde elas quiserem", sugerindo que a postagem de Whindersson era machista.

Já em julho, a socióloga publicou uma indireta nas redes sociais horas depois de o humorista Dilson Alves, o "Nego Di", ser alvo de uma operação do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro.

Em maio, Nego Di fez uma postagem nas redes sociais ofendendo Janja com uma palavra de baixo calão. "P... de carteira assinada", escreveu. Após repercussão negativa, o humorista apagou a publicação. O ex-BBB está preso preventivamente desde 14 de julho, acusado de envolvimento em um suposto esquema de produtos não entregues por uma loja que seria sócio.

Polêmica com os móveis do Alvorada

No começo de 2023, Lula e Janja alegaram o desaparecimento de itens do Palácio da Alvorada após a saída de Bolsonaro e Michelle. Dez meses depois, os 261 itens foram encontrados dentro da própria residência oficial. Antes da descoberta, o casal presidencial comprou peças de luxo, justificando a aquisição pela ausência dos objetos.

Na época, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) informou que os itens foram encontrados em "dependências diversas" dentro do Palácio da Alvorada, mas não especificou os locais exatos.

Segundo o órgão, foram necessárias três vistorias para localizar todos os itens. A primeira, em novembro de 2022, atestou o desaparecimento de 261 itens; a segunda, no começo do ano passado, localizou 173 peças e a última, feita em setembro, confirmou que nenhum item havia sido extraviado pelo casal Bolsonaro. Apesar da descoberta dos itens, a Secom disse que os móveis sofreram um "descaso" por parte de Bolsonaro e Michelle.

Durante a transição de governo, no final de 2022, Lula e Janja reclamaram das condições da residência oficial e apontaram que os bens estavam faltando após Bolsonaro e a ex-primeira-dama deixarem o Alvorada. Além de móveis, utensílios domésticos, livros e obras de arte foram citados como "desaparecidos".

O casal presidencial passou o primeiro mês de mandato de Lula morando em um hotel no centro de Brasília, afirmando que a residência oficial e a Granja do Torto, residência de veraneio da Presidência, estavam deteriorados. Durante um café da manhã com jornalistas em janeiro do ano passado, o presidente afirmou que Bolsonaro e Michelle "levaram tudo" do palácio residencial.

Depois que os itens foram encontrados, o casal Bolsonaro acionou a Justiça, pedindo uma indenização de R$ 20 mil por danos morais como "medida pedagógica", além de retratação por parte de Lula "na mesma proporção do dano que realizou", o que incluía uma entrevista à imprensa no Palácio da Alvorada e uma retratação "perante o veículo de comunicação GloboNews e nos canais oficiais de comunicação do governo federal".