Brasil diz apoiar esforços da China por reunificação nacional pacífica; Taiwan reage

Internacional
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O governo Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que apoia "os esforços da China por uma reunificação nacional pacífica" com a ilha de Taiwan. A declaração consta em documento assinado nesta quarta-feira, dia 20, por ocasião da visita de Estado do presidente chinês, Xi Jinping, a Brasília. A representação de Taiwan no Brasil reagiu negativamente.

O comunicado conjunto de 20 parágrafos registra a série de acordos e compromissos firmados durante o encontro bilateral entre Lula e Xi Jinping. Houve uma aproximação estratégica ainda maior, com a elevação da parceria em "comunidade de futuro compartilhado".

"A parte brasileira reiterou que adere firmemente ao princípio de Uma Só China, reconheceu que só existe uma China no mundo e que Taiwan é uma parte inseparável do território chinês, enquanto o Governo da República Popular da China é o único governo legal que representa toda a China. A parte brasileira apoia os esforços da China para realizar a reunificação nacional pacífica. A parte chinesa manifestou grande apreço a esse respeito", afirmam os países, no documento.

Houve uma mudança de tom, em prol dos interesses de Xi Jinping, em comparação com a visita de Estado de Lula a Pequim, em abril de 2023. Naquela ocasião, o Brasil dizia apoiar que Pequim e Taipei mantivessem relações pacíficas - sem falar em apoio à "reunificação nacional pacífica".

O texto registrava que o Brasil reafirmou o princípio da integridade territorial dos Estados e "apoiou o desenvolvimento pacífico das relações entre os dois lados do Estreito de Taiwan".

Reação

Em mensagem ao Estadão, o chefe do Escritório Econômico e Cultural de Taipei reagiu à manifestação do governo Lula. O embaixador Benito Liao disse que afirma que o princípio da existência de uma só China é equivocado, por razões históricas.

"Afirmar que Taiwan é parte inalienável da China não reflete a realidade histórica e jurídica. A República da China (Taiwan) foi estabelecida em 1911, muito antes da fundação da República Popular da China em 1949. Desde então, o governo da República Popular da China nunca exerceu um dia sequer de soberania sobre Taiwan. Essa é uma verdade incontestável", afirmou Liao. "Taiwan é um país de fato, com todos os atributos de soberania."

Ele disse que os governos são distintos e que, embora respeite as relações diplomáticas entre Brasília e Pequim, pede mais praticidade e flexibilidade por parte do governo federal nas relações com Taiwan: "Taiwan está comprometido em manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan, mas não podemos aceitar que nossa existência seja negada ou distorcida por narrativas políticas alheias à realidade".

Precedentes

Em janeiro deste ano, o ministro Mauro Vieira recebeu o chanceler chinês Wang Yi, no Itamaraty, dias depois de Taiwan eleger seu novo presidente, Ching-te Lai, que tomou posse em maio. Os governos do Partido Democrático Progressista, que ele comanda, têm buscado ampliar a autonomia da ilha, mesmo sob ameaça de "punição dura" por parte de Pequim.

Na ocasião, Vieira disse que reiterou "o apoio histórico, consistente e inequívoco do Brasil ao princípio de uma só China". "Todas as instituições do Brasil têm uma posição voltada a uma só China. A parte chinesa tem apreço por isso", agradeceu Wang Yi.

Desde que estabeleceu relações diplomáticas com a China em 1974, portanto 50 anos atrás, o Brasil reconheceu o princípio da existência de uma única China - uma demanda de Pequim.

O governo do Partido Comunista Chinês considera a ilha um território rebelde e busca a reunificação completa. Essa é uma das prioridades de Xi Jinping, para quem a reunificação completa é uma tendência irreversível que ninguém poderá deter. Para Pequim, o assunto é um problema de política doméstica.

No entanto, Taiwan tem governo próprio, Forças Armadas e vive em regime democrático. É a maior fabricante de semicondutores do mundo e domina o segmento de chips mais avançados, razão pela qual especialistas entendem que uma guerra poderia por em risco a cadeia de suprimentos global.

A população é majoritariamente contra mudar o status atual de independência. A ilha conta com apoio ocidental para resistir às ameaças. Sua retaguarda reside em um acordo de defesa com os Estados Unidos, que tem o compromisso de prestar defesa no cenário de uma invasão militar e fornece recursos, treinamento e equipamentos.

O cenário de uma invasão ou bloqueio desperta temor na ilha, que busca se preparar para resistir. A China realiza com frequência diária manobras militares com aviões e embarcações no entorno de Taiwan. Além disso, dá sequência à uma ofensiva diplomática que retirou apoios internacionais da ilha - atualmente somente 12 países cultivam laços diplomáticos com Taipei.

Os Estados Unidos adotam há anos uma ambivalência estratégica. Ao mesmo tempo em que se compromete com a proteção de Taiwan e rejeita a anexação forçada, Washington diz reconhecer o princípio de uma só China e não apoia a independência.

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se manifestou na noite desta quinta-feira, 21, sobre o indiciamento de seu aliado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela Polícia Federal. Tarcísio evitou fazer ataques à PF e ao Supremo Tribunal Federal (STF) como outros bolsonaristas, mas saiu em defesa do ex-presidente, argumentando que ele teria respeitado o resultado das urnas. Tarcísio ainda defendeu que a investigação mostre "a verdade dos fatos". As declarações foram feitas por meio da rede social X.

"Há uma narrativa disseminada contra o presidente Jair Bolsonaro e que carece de provas. É preciso ser muito responsável sobre acusações graves como essa. O presidente respeitou o resultado da eleição e a posse aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia. Que a investigação em andamento seja realizada de modo a trazer à tona a verdade dos fatos", afirmou o governador de São Paulo.

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O criminalista Leonardo Sica, candidato de situação, venceu as eleições para presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP). Ele é o atual vice-presidente da OAB de São Paulo.

A chapa recebeu 116.858 votos, o equivalente a 52,48% dos votos válidos, a maior votação registrada nas eleições internas. Pela primeira vez, a eleição foi totalmente virtual. A apuração foi concluída em minutos.

Ele assume o comando da OAB de São Paulo, a maior seccional do País, pelo próximo triênio (2025-2027). A posse ocorre tradicionalmente em janeiro, mas ainda não tem data marcada.

A criminalista Patrícia Vanzolini, atual presidente da seccional, foi eleita para uma vaga no Conselho Federal.

Após o anúncio da vitória, Sica fez um discurso de agradecimento e prometeu fortalecer a advocacia e modernizar a OAB.

"Agradeço profundamente a confiança da avassaladora maioria dos advogados paulistas, que acreditaram em nosso projeto para uma Ordem mais justa, moderna e inclusiva", declarou.

O programa da gestão prevê a ampliação de iniciativas em curso, implementadas com a participação dele, como a extensão de créditos para cursos oferecidos pela Escola Superior de Advocacia.

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É a segunda vez que Leonardo Sica se lança ao comando da OAB de São Paulo como cabeça de chapa. Em 2018, ele perdeu para Caio Augusto Silva dos Santos.

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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou até o dia 28 de fevereiro a comissão que busca um acordo sobre a Lei do Marco Temporal. O ministro considerou que a "complexidade" das questões em debate "impõe a prorrogação do prazo inicial de duração dos trabalhos".

A última audiência estava marcada para o final de dezembro, mas o calendário ainda não previa sessões para a votação da proposta final. A previsão para as duas últimas audiências deste ano, em 16 e 18 de dezembro, é de sessões temáticas para exposições de antropólogos e representantes de comunidades indígenas.

No despacho, Gilmar diz que após 10 audiências ele constata que "os trabalhos têm evoluído a contento, com debates aprofundados acerca da controvérsia e aportes relevantes de experts sobre o tema". Ele também disse que a designação das sessões temáticas "evidencia a qualidade das reflexões e o cuidado no tratamento do tema".

O objetivo da comissão é propor um anteprojeto de lei em substituição à Lei do Marco Temporal, promulgada no ano passado. A lei recriou o marco temporal para a demarcação de terras indígenas após o Supremo concluir que a tese é inconstitucional. O caso foi parar no STF novamente e, diante do impasse, Gilmar levou o caso para a conciliação.

De acordo com a tese do marco temporal, os povos indígenas apenas teriam direito à demarcação das terras que ocupavam na data de promulgação da Constituição de 1988.