Trump escolhe nomes para áreas de Saúde, Trabalho e Orçamento

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Em uma enxurrada de anúncios de última hora na sexta-feira, 22, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma série de escolhas. Trump fez as seguintes escolhas: Russell T. Vought, uma figura chave no plano de governo conservador conhecido como Projeto 2025, para liderar o Escritório de Gerenciamento e Orçamento; a deputada Lori Chavez-DeRemer, do Oregon, para a Secretaria do Trabalho; Martin A. Makary para liderar a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês); e Dave Weldon, um ex-congressista da Flórida, para ser diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês).

Conservador do Projeto 2025 vai liderar Orçamento

Trump escolheu uma figura chave do Projeto 2025 para liderar o Escritório de Gerenciamento e Orçamento, promovendo um aliado de longa data que passou os últimos quatro anos fazendo planos para reformular o governo norte-americano para aumentar o poder presidencial.

O indicado, Russell T. Vought, supervisionará o orçamento da Casa Branca e ajudará a determinar se as agências federais estão em conformidade com as políticas do presidente.

O cargo requer confirmação do Senado, a menos que Trump consiga fazer nomeações durante o recesso.

A escolha de Vought traria uma figura fortemente ideológica, que desempenhou um papel crucial no primeiro mandato de Trump, período no qual também serviu como chefe de orçamento.

Entre outras coisas, Vought ajudou a idealizar a ideia de Trump usar poderes de emergência para contornar a decisão do Congresso sobre quanto gastar em um muro na fronteira com o México.

Vought foi uma figura líder no Projeto 2025, um esforço de organizações conservadoras para construir um plano de governo para Trump, caso ele assumisse o cargo novamente. Trump tentou se distanciar do esforço durante sua campanha, mas indicou pessoas com ligações ao projeto para seu governo desde a eleição.

Deputada moderada assume Secretaria do Trabalho

Lori Chavez-DeRemer, deputada republicana em primeiro mandato do Oregon que perdeu por pouco sua vaga na Câmara neste mês, foi escolhida para servir como secretária do Trabalho. "Lori trabalhou incansavelmente com os setores empresarial e trabalhista para construir a força de trabalho da América, e apoiar os homens e mulheres trabalhadores da América", disse Trump em um comunicado.

Moderada de um distrito que inclui partes de Portland, Chavez-DeRemer, 56, não é uma figura importante na política trabalhista americana. Mas ela foi uma das poucas republicanas da Câmara a apoiar uma grande legislação pró-sindical.

Ela dividiu os apoios do sindicato de seu distrito com sua oponente democrata, Janelle Bynum, recebendo endosso de trabalhadores siderúrgicos e bombeiros.

Ex-deputado antivacina vai comandar CDC

Trump escolheu David Weldon, ex-congressista, para servir como diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Weldon, 71, é natural de Long Island e obteve um diploma de medicina em Nova York antes de se mudar para a Flórida para abrir seu consultório. A partir de 1995, ele serviu sete mandatos no Congresso, representando o 15º Distrito da Flórida, antes de renunciar à reeleição e voltar à prática médica.

Como membro do Congresso, Weldon promoveu a noção falsa de que o timerosal, um composto conservante em algumas vacinas, causou uma explosão de autismo - uma hipótese que especialistas dizem não ter evidência.

Ele também apresentou um "projeto de lei de segurança de vacinas" que visava relocar a maioria das pesquisas de segurança de vacinas do CDC - que ele disse terem um "conflito de interesse inerente" - para uma agência separada dentro do Departamento de Saúde e Serviços Humanos.

A escolha de Trump sinaliza mais uma vez seu compromisso em reformar o papel das agências federais de saúde de maneiras radicais. Embora Weldon seja médico, seu ceticismo em relação à segurança das vacinas e preocupação com o papel do CDC ecoam os posicionamentos de outros nomeados, incluindo Robert F. Kennedy Jr.

FDA será liderado por crítico do establishment médico

Trump anunciou que nomearia o Martin A. Makary, cirurgião da Universidade Johns Hopkins, para ser comissário da Food and Drug Administration (Administração de Alimentos e Medicamentos). Em uma publicação nas redes sociais, Trump disse: "A FDA perdeu a confiança dos americanos e perdeu de vista seu objetivo primário como regulador."

Ele disse que Makary trabalharia sob Robert F. Kennedy Jr., a escolha para secretário de Saúde, para "avaliar adequadamente os químicos prejudiciais que envenenam o fornecimento de alimentos e medicamentos da nossa nação."

"Estou confiante de que o Dr. Makary, tendo dedicado sua carreira ao atendimento de alta qualidade e menor custo, restaurará a FDA ao padrão ouro de pesquisa científica e cortará a burocracia na agência para garantir que os americanos recebam as curas e tratamentos médicos que merecem," disse Trump em um comunicado.

Makary, 54, ganhou destaque há mais de uma década como crítico do establishment médico, falando sobre segurança de pacientes e trabalhando com hospitais para melhorar as práticas.

Ele também ganhou atenção durante a pandemia, opinando sobre imunidade de rebanho, vacinas e máscaras em 2021, irritando médicos que ainda estavam lidando com UTIs lotadas e centenas de mortes por semana.

Colaboradora da Fox News será cirurgiã-geral

Trump selecionou Janette Nesheiwat, uma diretora médica de Nova York com laços familiares com sua primeira administração e colaboradora da Fox News, para ser a próxima cirurgiã-geral dos Estados Unidos.

"Ela está comprometida em garantir que os americanos tenham acesso a uma assistência médica acessível e de qualidade, e acredita em empoderar os indivíduos para assumirem controle de sua saúde para viverem vidas mais longas e saudáveis", disse Trump em uma postagem nas redes sociais.

Nesheiwat é uma das cinco diretoras médicas da cidade de Nova York para a CityMD, uma rede de centros de cuidados urgentes pela região, de acordo com uma porta-voz. Ela contribui para a Fox News desde os primeiros dias da pandemia do coronavírus, falando sobre covid-19, mpox e a importância dos exames de rastreamento de câncer, entre outros tópicos.

Sua irmã, Julia Nesheiwat, ex-oficial do Exército, foi conselheira de segurança interna na primeira administração Trump e é casada com o deputado Mike Waltz da Flórida, indicado para ser conselheiro de Segurança Nacional.

Ex-jogador de futebol vai comandar área de Habitação

Trump escolheu Scott Turner, ex-jogador de futebol americano profissional pouco conhecido e palestrante motivacional, para liderar o Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano, agência que desempenha um papel central no enfrentamento da crescente crise de acessibilidade habitacional nacional.

Turner, 52, atuou como funcionário de nível intermediário no primeiro governo Trump, quando liderou um conselho que supervisionava as zonas de oportunidade federais, um programa que aproveita incentivos fiscais e outros incentivos econômicos para construir habitações acessíveis e promover o crescimento econômico em áreas empobrecidas.

Nessa capacidade, Turner ajudou a "liderar um Esforço Sem Precedentes que Transformou as comunidades mais carentes do nosso país", disse Trump em um comunicado anunciando a escolha.

Gorka volta à Casa Branca como conselheiro

Sebastian Gorka, polêmico comentarista conservador que trabalhou brevemente na Casa Branca no primeiro mandato de Trump, foi nomeado para uma posição sênior de assessoria. Trump nomeou Gorka como assistente adjunto do presidente e diretor sênior para contraterrorismo.

Ele descreveu Gorka como "um defensor incansável da Agenda America First e do Movimento MAGA" desde 2015.

Trump não mencionou que Gorka foi forçado a sair de uma função similar em 2017, apenas que ele serviu "anteriormente como estrategista para o presidente." Gorka foi uma figura divisiva na Casa Branca de Trump e um defensor combativo do presidente. Ele foi um dos proponentes mais proeminentes de uma proibição contra refugiados e pessoas de países predominantemente muçulmanos.

Após ser expulso da Casa Branca, Gorka trabalhou como comentarista político na Fox News, Newsmax e em seu próprio programa de rádio sindicalizado.

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes se reúne com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os procuradores-gerais de Justiça dos Estados, às 16h desta segunda-feira, 10, na sede da Corte. A pauta é a ADPF das Favelas, ação no Supremo que estabeleceu uma série de diretrizes para reduzir a letalidade policial.

Moraes é relator temporário da ação até a nomeação do ministro que vai suceder Luís Roberto Barroso na Corte.

Em seguida, às 17h, Moraes recebe o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A pauta é o projeto de lei (PL) 5582/2025, conhecido como "PL Antifacção", enviado pelo governo ao Congresso após a Operação Contenção, que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha em outubro.

O relator do PL Antifacção, indicado por Motta na semana passada, é o ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo Guilherme Derrite (PP-SP). Ele se licenciou do cargo para assumir a relatoria do projeto.

Mais cedo, Moraes determinou que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), preserve todas as imagens das câmeras corporais dos policiais civis e militares envolvidos na operação.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse nesta segunda-feira, 10, acreditar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já tomou a decisão de indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF), apesar de não anunciar essa escolha.

"Tenho de trabalhar com o dado que tenho. E o dado que tenho é que há uma escolha feita pelo presidente, apesar de não anunciada formalmente", afirmou Wagner, referindo-se à indicação de Messias.

Ele disse ser natural que a "torcida" do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga fique triste, mas não vislumbra dificuldades de Messias de ser aprovado no Senado. Segundo ele, a demora para o anúncio formal se justifica pela necessidade de Lula ter de promover conversas em Brasília, como com o próprio Pacheco, por exemplo.

A maioria dos integrantes do Congresso Nacional aponta o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como o nome mais capaz de liderar a direita no Brasil e unificar o campo nas eleições de 2026 na ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Levantamento exclusivo do Ranking dos Políticos para o Estadão divulgado nesta segunda-feira, 10, mostra que, apesar de reconhecerem a liderança de Tarcísio, a maioria dos parlamentares consultados acredita que o grupo deve chegar dividido às urnas, com várias candidaturas e polos concorrentes.

A pesquisa ouviu 107 deputados de 20 partidos e 27 senadores de 12 partidos entre os dias 21 e 31 de outubro, por meio de entrevistas presenciais e telefônicas. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.

Na Câmara dos Deputados, 48,6% dos deputados entrevistados apontaram Tarcísio como o principal nome capaz de liderar a direita brasileira. Ele é seguido por Eduardo Bolsonaro (PL), com 15%; Michelle Bolsonaro (PL), com 13,1%; Ratinho Júnior (PSD), com 9,3%; Romeu Zema (Novo), com 3,7%; Ronaldo Caiado (União), com 0,9%; e a opção Outro (1,9%). 7,5% não souberam responder.

No Senado, o governador paulista também é o mais mencionado (44,5%), à frente de Eduardo e Michelle Bolsonaro, empatados com 14,8%, e de Ratinho Júnior, com 7,4%. O índice de indecisos entre senadores é de 18,5%.

Em comparação com a pesquisa anterior, feita em julho de 2023, Tarcísio manteve vantagem expressiva, enquanto Michelle Bolsonaro teve leve alta e Romeu Zema perdeu espaço. Já nomes como Eduardo Leite (PSD) e Flávio Bolsonaro (PL), que figuravam entre as opções no ano passado, deixaram de ser citados.

Questionados sobre quem teria mais condições de unir a direita em torno de uma candidatura única competitiva em 2026, 56,1% dos deputados e 55,6% dos senadores apontaram Tarcísio. Ratinho Júnior aparece em segundo lugar, com 15% das menções na Câmara e 11,1% no Senado. Michelle Bolsonaro tem 11,2% e 7,4%, respectivamente, enquanto Caiado, Zema e Eduardo Bolsonaro registraram índices menores.

Apesar dessa percepção de liderança, 67,3% dos deputados e 63% dos senadores acreditam que o campo conservador deve permanecer fragmentado em 2026. Apenas 29,9% e 22,2%, respectivamente, veem chance de união, ainda que com candidatos de partidos diferentes, por meio de alianças e blocos partidários.

Para o diretor de operações do Ranking dos Políticos, Luan Sperandio, os resultados mostram que o governador paulista consolidou seu papel de liderança, mas enfrenta um ambiente de dispersão política e uma avaliação predominante de que a direita não marchará unida, o que pode interromper negociações por alianças e definição antecipada de cabeça de chapa.

"Ainda tem o fato de ele não contar com declarações públicas de seu padrinho político, Jair Bolsonaro, o que acaba facilitando a criação de várias candidaturas da direita em 2026 que buscam se viabilizar", explica.

A pulverização das candidaturas tem sido apontada como benéfica por figuras como Caiado, que já afirmou que uma variedade de nomes oposicionistas pode reduzir as chances de vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para o diretor do Ranking dos Políticos, a estratégia contém riscos. "Uma coisa é ter vários candidatos que contribuam na discussão, outra é se eventualmente enveredar a ataques entre eles, o que pode prejudicar e fazer com que o representante (da direita) chegue fragilizado a um segundo turno".

Não mencionado na edição de 2023, Ratinho Júnior foi mais lembrado que Zema e Caiado na última pesquisa. Segundo Sperandio, apesar de suas ambições presidenciais e movimentação no sentido de nacionalizar sua imagem, os frutos devem ser colhidos em pleitos futuros.

"Não só o Ratinho, mas temos outros nomes jovens que vão estar no jogo nas próximas eleições e não necessariamente precisam se visibilizar no próximo ano. Certamente essa safra de governadores é uma nova geração na política que vamos ver nas próximas duas décadas", analisa.