Ofensiva relâmpago de rebeldes islamistas toma Damasco, derruba Assad e ditador foge da Síria

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
Uma ofensiva relâmpago de pouco mais de uma semana colocou fim a uma das ditaduras mais sangrentas e longevas do Oriente Médio. O ditador da Síria, Bashar Assad, fugiu do país após renunciar ao cargo, poucas horas antes do grupo rebelde Hayat Tharir al-Sham (HTS) ter tomado as cidades de Homs e Damasco, os principais centros de poder do país em mãos do regime.

A televisão estatal síria transmitiu uma declaração onde o grupo afirma que Assad foi deposto. Ele conseguiu fugir do país através do Aeroporto Internacional de Damasco para um local não divulgado, antes dos insurgentes entrarem na capital e das forças de segurança nacional abandonarem o terminal aéreo.

Segundo a chancelaria da Rússia, o ditador orientou seus colaboradores a dar início a uma transição pacífica com os grupos da oposição síria, liderados pelos rebeldes do Hayat Tharir al-Sham. O destino de Assad é desconhecido.

O Ministério de Relações Exteriores da Síria divulgou um comunicado no qual afirma que um novo capítulo da história do país está sendo escrito. "Vamos consagrar um novo acordo nacional de união que reúna todos os sírios, diz o texto.

O primeiro-ministro da Síria, Mohammad Ghazi al-Jalali, afirmou a um canal de notícias de propriedade saudita que falou pela última vez com o presidente Bashar Assad no sábado, 07, e que não conseguiu contatá-lo desde então. As forças rebeldes que entraram em Damasco disseram que trabalharão com al-Jalali.

Na TV estatal síria, os rebeldes anunciaram a libertação da cidade de Damasco e a queda do tirano Bashar Assad e a libertação de todos os prisioneiros detidos injustamente. Também foi pedido aos combatentes e aos cidadãos para salvaguardarem as propriedades do Estado sírio livre.

Dezenas de pessoas manifestaram-se no centro de Damasco para celebrar a queda do regime e foram vistas imagens de pessoas pisoteando uma estátua de Hafez, pai de Bashar. Na Praça Umayyad, o barulho de tiros em sinal de comemoração se misturou aos gritos de "Allahu Akbar" ("Deus é o maior").

As comemorações também eclodiram em partes do Líbano, que abriga mais refugiados sírios per capita do que qualquer outro país do mundo. As estações de notícias locais transmitiram imagens mostrando multidões cantando nas passagens de fronteira do país com a Síria, juntamente com procissões jubilosas na capital, Beirute, e na cidade de Trípoli, ao norte.

Ofensiva relâmpago

Em pouco mais de uma semana, os homens do HTS, que unificaram os grupos rebeldes anti-Assad no norte do país, lançaram uma ofensiva relâmpago que tomou uma a uma as principais cidades do país. Caíram, na sequência, Aleppo, Hama, Homs e finalmente, Damasco.

Grupos rebeldes curdos tomaram a cidade de Deir Al-Zour, no leste, um ponto estratégico de passagem entre o Iraque e a Síria, e outros dissidentes avançaram a Damasco pelo sul após tomar a cidade de Deraa.

Ao longo da semana, russos e iranianos e o Hezbollah libanês, os principais aliados de Assad, abandonaram suas posições na Síria e não se comprometeram a ajudá-lo.

Enfraquecido politicamente e do ponto de vista militar, Assad tinha duas opções: a fuga ou a morte. Optou pela fuga.

Reação americana

O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou estar monitorando de perto os "acontecimentos extraordinários" que ocorrem na Síria, informou a Casa Branca depois que um monitor de guerra afirmou que o presidente Bashar al Assad fugiu do país e os rebeldes declararam que haviam tomado a capital.

O anúncio foi feito pelo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Sean Savett, através de uma publicação no X.

O enviado especial das Nações Unidas para a Síria, Geir Pedersen, disse em um comunicado no domingo que estava aguardando com "esperança cautelosa" a abertura de um novo capítulo para a Síria. Ele pediu a "todos os sírios que priorizem o diálogo, a unidade e o respeito à lei humanitária internacional e aos direitos humanos enquanto buscam reconstruir sua sociedade".

(Com agências internacionais)

Em outra categoria

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para manter a prisão preventiva do coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro, por suspeitas de tentativa de interferência no acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.

Gonet se manifestou contra um recurso da defesa de Câmara solicitando sua liberdade. O ex-assessor foi preso no mês passado depois que o seu próprio advogado, Eduardo Kuntz, apresentou ao STF uma petição na qual relatou ter mantido conversas com Mauro Cid para tentar obter informações da delação premiada.

Procurado na manhã deste domingo (27), Kuntz não respondeu aos contatos. O espaço está aberto para manifestação.

Nos diálogos apresentados por Kuntz, mantidos com um perfil de Instagram que o advogado atribuiu a Mauro Cid, ele pediu ao tenente-coronel que deixasse Marcelo Câmara de fora dos seus depoimentos e também sugeriu a ele que trocasse de advogado e lhe contratasse.

"As capturas de tela anexadas por Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz incluem mensagens enviadas pelo procurador ao suposto perfil de Mauro César Barbosa Cid, como: 'Poxa...pede para ele falar sobre o Câmara…vc sabe que ele não fez nada de errado' e 'Aquela história da Professora… o Câmara falou que se você disser que Professora é a Madre Tereza, ele passou a informação errada (…)'", escreveu Gonet.

Para o procurador-geral, "os trechos insinuam que Marcelo Costa Câmara não apenas conhecia a conversa conduzida por seu advogado, mas dela se beneficiou ao utilizá-la como argumento defensivo".

Gonet argumenta que esses elementos de prova indicam a existência de riscos concretos ao andamento do processo e à aplicação da lei penal, o que justifica a manutenção da prisão de Marcelo Câmara. A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar esses fatos.

"A pretensão do agravante de adquirir dados afetos a acordo de colaboração premiada então protegidos por sigilo evidenciam o concreto risco à conveniência da instrução criminal e à aplicação da lei penal", afirmou o procurador-geral da República.

O coronel já havia ficado preso entre janeiro e maio do ano passado depois que a Polícia Federal detectou que ele realizou ações de monitoramento dos passos do ministro Alexandre de Moraes. Câmara foi solto com a imposição de medidas cautelares, mas o ministro decretou a nova prisão após os fatos revelados por sua própria defesa.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou neste sábado, 26, que vive como "exilada política" na Itália e agradeceu ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) por ter pedido às autoridades do país europeu que a recebessem. Condenada por invadir o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ela deixou o País antes que a sentença pudesse ser cumprida.

"Eu queria dizer que hoje acordei com uma notícia muito boa, que é um vídeo do Flávio Bolsonaro falando por mim, pedindo por mim para a Giorgia Meloni [primeira-ministra da Itália], para o Matteo Salvini, que é o vice-primeiro-ministro daqui, pedindo para que me recebessem porque sou uma exilada política, sou uma perseguida política no Brasil", declarou Zambelli em vídeo publicado em seu perfil reserva no Instagram.

Os perfis oficiais da deputada, de sua mãe - Rita Zambelli -, e de seu filho foram retirados do ar após decisão judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A nova conta já acumula mais de 11 mil seguidores e 40 publicações; a primeira postagem foi feita em 13 de junho.

Carla Zambelli está na Itália há quase dois meses, na tentativa de evitar o cumprimento de sua pena no Brasil. A parlamentar foi condenada a 10 anos de prisão e perda do mandato, acusada de ser mentora intelectual da invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

"Em tempos sombrios como este, em que sou alvo de uma perseguição política implacável, cada gesto de solidariedade tem um valor imenso", escreveu a parlamentar.

Na quinta-feira, 24, em entrevista ao portal Metrópoles, o filho "01" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu que o governo italiano "abra as portas" para Zambelli.

Senadores brasileiros tiveram uma primeira reunião de trabalho na noite desde sábado, em Washington, nos Estados Unidos, no âmbito da missão oficial à capital americana para debater as tarifas de 50% aos produtos brasileiros, a partir do dia 1º de agosto. Participaram das conversas Teresa Cristina (PP-MS), Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), o astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Fernando Farias (MDB-AL).

O encontro foi preparatório e teve como foco atualizar os parlamentares sobre os temas prioritários e alinhar os pontos que deverão ser discutidos nas reuniões com congressistas norte-americanos e representantes do setor produtivo dos EUA.

"O objetivo foi promover uma atualização da temática e alinhar os pontos que deveremos abordar ao longo da missão. Essa preparação é fundamental para garantir uma atuação coesa, institucional e estratégica em nome do Brasil", afirmou o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores e coordenador da missão, em nota.

Os senadores Carlos Viana (Podemos-MG), Jacques Wagner (PT-BA) e Rogério Carvalho (PT-SE) devem chegar a Washington neste domingo.

A missão oficial do Senado brasileiro à capital americana ocorre em meio ao início do recesso parlamentar nos EUA. A Câmara dos Deputados entrou em recesso na semana passada, enquanto o Senado americano deve ter sessão até o dia 31 de julho.

Com a agenda parlamentar esvaziada, o foco da missão brasileira deve ser o setor corporativo. As tentativas de negociações do Brasil com os EUA ganharam corpo nos últimos dias, mas nenhum avanço de fato ocorreu, em meio ao temor de que os americanos adotem novas sanções contra o País.

Há a expectativa de que o presidente dos EUA, Donald Trump, assine uma ordem executiva nos próximos dias com as justificativas legais para taxar os produtos importados do Brasil em 50%, a partir de agosto, conforme relatos na imprensa. Isso porque a investigação do Escritório de Representação de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) para apurar práticas comerciais injustas no Brasil, e que também teria o mesmo objetivo, poderia consumir mais tempo.

Na semana passada, senadores americanos enviaram uma carta ao presidente Trump, criticando a taxação ao Brasil. No documento, acusam o chefe da Casa Branca de "claro abuso de poder" e que interferir no sistema jurídico de uma nação soberana cria um "precedente perigoso" e provoca uma "guerra comercial desnecessária ".