Israel envia tropas através da fronteira e faz ataques aéreos contra a Síria, dizem sírios

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Em meio ao vácuo deixado pela queda do regime de Bashar Assad no domingo, 8, Israel enviou nesta terça-feira, 10, tropas através da fronteira com a Síria além de uma zona-tampão monitorada pela ONU, pela primeira vez desde o fim oficial da guerra do Yom Kippur em 1974. O país também conduziu pesados ataques aéreos contra supostas instalações militares dentro da Síria. A mobilização ocorre enquanto as forças rebeldes que depuseram o regime tentam formar um governo de transição.

Segundo Tel-Aviv, o objetivo ao deslocar suas tropas é obter "controle total sobre a zona-tampão" que separa as Colinas do Golan ocupadas por Israel e a Síria e apreender armas e "infraestrutura terrorista" para que não possam ser usadas para atingir Israel, disse o gabinete do Ministro da Defesa Israel Katz.

Havia indicações de que as tropas israelenses estavam aprofundando a incursão no país, de acordo com um monitor de guerra dos rebeldes sírios. Israel, porém, nega que suas forças estejam avançando rumo à capital Damasco. O Hayat Tahrir al-Sham (HTS), o grupo rebelde islâmico que liderou a ofensiva contra Assad, ainda não comentou publicamente sobre a situação.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, que acompanha de perto o conflito desde o início da guerra civil em 2011, e a Mayadeen TV, sediada em Beirute, que tem repórteres na Síria, disseram que as tropas israelenses avançaram pelo lado sírio da fronteira com o Líbano e chegaram a 25 quilômetros de Damasco, o que o Exército israelense negou.

Avichay Adraee, um porta-voz militar israelense, disse nas redes sociais nesta terça, que as forças israelenses "estão presentes dentro da zona-tampão e em pontos defensivos perto da fronteira para proteger a fronteira israelense". Ele acrescentou que os relatos de que os militares estavam "avançando ou se aproximando de Damasco são completamente falsos".

Egito, Jordânia e Arábia Saudita condenaram a incursão de Israel, acusando-o de explorar a desordem na Síria e violar o direito internacional. "Condenamos veementemente a violação por Israel do Acordo de Separação de Forças de 1974, sua entrada na zona de separação entre Israel e a Síria e seu avanço em território sírio", disse o Ministério das Relações Exteriores da Turquia em um comunicado.

O ministério acusou Israel de "exibir uma mentalidade de ocupante" em um momento em que a possibilidade de paz e estabilidade havia surgido na Síria. A declaração também reiterou o apoio da Turquia à "soberania, unidade política e integridade territorial" da Síria.

A região entre Israel e Síria tem sido disputada por décadas. Israel capturou as Colinas do Golan durante uma guerra em 1967 e anexou a maior parte delas em 1981. Grande parte do mundo vê essa área como território sírio ocupado por Israel. Além das Colinas do Golan, em território sírio, há uma zona de amortecimento desmilitarizada que tem sido patrulhada por tropas da ONU desde a guerra árabe-israelense de 1973, também conhecida como guerra do Yom Kippur.

Forças terrestres israelenses avançaram para aquela zona no sábado, sua primeira entrada aberta desde 1973. Eles tomaram o controle do cume do Monte Hermon na Síria, um ponto estratégico para supervisionar a região, bem como outros locais importantes para dar a eles o controle da área, disseram autoridades israelenses. O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu disse na segunda-feira que havia ordenado a incursão para proteger o território israelense.

Bombardeios

Ao mesmo tempo, Israel realizou uma onda de ataques aéreos pesados na Síria entre a noite de segunda-feira (9) e esta terça. Houve relatos de bombardeios ouvidos na capital e nos subúrbios. Segundo o observatório sírio, Israel realizou mais de 300 ataques aéreos em todo o país desde que os rebeldes derrubaram Assad.

Fotos tiradas nesta terça-feira de manhã mostraram as consequências de um ataque a um navio da Marinha síria na cidade portuária de Latakia, que era um reduto de Assad. A fonte do ataque não ficou imediatamente clara, mas aviões de guerra israelenses realizaram centenas de ataques na Síria desde a queda do regime.

Geir Pedersen, o enviado especial das Nações Unidas para a Síria, pediu a Israel que interrompesse suas operações militares "muito preocupantes" lá, e disse que a desescalada era necessária para permitir a transição para um novo governo e evitar a ignição de novos conflitos. "Continuamos a ver movimentos e bombardeios israelenses em território sírio. Isso precisa parar", disse Pedersen a repórteres em Genebra.

Os ataques israelenses tiveram como alvo instalações militares sírias, incluindo vários aeroportos e uma possível instalação de armas químicas, de acordo com autoridades ocidentais que falaram sob condição de anonimato. As Forças de Defesa de Israel se recusaram a comentar.

Vídeos capturados por pessoas no solo pareciam mostrar um grande número de explosões perto do Aeroporto Internacional de Qamishli, no nordeste da Síria, perto da fronteira com a Turquia.

Um ex-oficial de segurança israelense, falando sob condição de anonimato para discutir um assunto de segurança delicado, disse que os ataques têm como alvo infraestrutura que poderia ser usada para atacar Israel.

Em um briefing com jornalistas na terça-feira, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), tenente-coronel Nadav Shoshani, disse que o país "não está envolvido no que está acontecendo internamente na Síria" e não "tem nenhum interesse além de proteger nossas fronteiras e a segurança de nossos civis". Shoshani se recusou a comentar sobre os relatos de ataques israelenses na Síria, mas disse que as IDF estão "fazendo nosso trabalho para garantir que armas estratégicas não estejam nas mãos erradas".

O Exército sírio praticamente derreteu diante dos avanços rebeldes nas últimas duas semanas. Acredita-se que as forças terrestres que fugiram abandonaram munições e equipamentos em bases por todo o país. (Com agências internacionais).

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Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado, 2, mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem agora vantagem de seis pontos porcentuais sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está atualmente inelegível, no cenário eleitoral para a disputa presidencial de 2026.

Lula lidera com 39% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 33% no primeiro turno. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

Com o filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro (PL), Lula marca 39% e o deputado, 20%. Com o filho mais velho de Bolsonaro, Flávio, o petista registra 40%, enquanto o senador tem 18%.

No cenário de disputa com Michelle Bolsonaro, por sua vez, a ex-primeira-dama tem 24% de intenções de voto na primeira etapa do pleito. Já Lula tem 39%.

Em eventual disputa com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente lidera com 38% a 21%. O cenário muda um pouco quando o petista é desconsiderado na corrida pela reeleição.

Contra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), Tarcísio empata - ambos marcam 23% de intenção de voto. Já com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), Tarcísio fica na igualdade técnica, com 24% do ex-governador paulista contra 22%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

A pesquisa foi realizada nos dias 29 e 30 de julho, com 2.004 eleitores em 130 municípios.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Advocacia-Geral da União (AGU) inclua no pedido de extradição da deputada Carla Zambelli (PL-SP) ao governo da Itália a ação penal em que a parlamentar é ré por perseguição armada nas eleições de 2022.

Condenada a dez anos de prisão por participação no ataque hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2022, Zambelli deve ser condenada em mais um processo. O caso estava suspenso desde março por pedido de vista do ministro Nunes Marques, mas o Supremo já formou maioria pela condenação. Na sexta-feira, 1, Nunes Marques liberou a retomada do julgamento.

A ação ainda em curso foi aberta após a deputada ser filmada sacando uma arma e apontado para um homem no meio da rua em São Paulo. Inicialmente, ela alegou que o homem a teria agredido, o que foi desmentido pelos investigadores.

Após a condenação no caso CNJ, Zambelli decidiu fugir do País. Seu nome foi incluído na lista vermelha da Interpol e autoridades brasileiras passaram a trabalhar por sua prisão. Após quase dois meses foragida, ela foi presa na Itália na última terça-feira, 29.

A deputada terá seu caso analisado pela justiça italiana. A parlamentar passou por audiência de custódia na sexta-feira, 1º, e continuará presa enquanto aguarda a decisão sobre o pedido de extradição. Durante a audiência, ela disse ser inocente, alegou ser alvo de perseguição política e afirmou que não pretende retornar ao Brasil.

A defesa de Zambelli manifestou o desejo de ter o caso do CNJ julgado novamente na Itália, país do qual ela tem cidadania, pedindo a rejeição da extradição. A previsão é de que o processo seja finalizado dentro de pelo menos um ano.

A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue com reprovação de 40% e aprovação de 29%, segundo pesquisa Datafolha divulgada há pouco. O levantamento foi feito com 2.004 eleitores de 130 cidades do País, entre os dias 29 e 30 de julho, durante a escalada das tensões na guerra comercial com o presidente americano Donald Trump.

Havia expectativa sobre os ganhos de imagem para o petista, mas houve manutenção da avaliação de "ruim/péssimo", enquanto a de "ótimo/bom" oscilou de 28% para 29% na rodada anterior da pesquisa. A avaliação do governo como "regular" teve variação de 31% para 29% e 1% dos entrevistados não deu opinião.

A pesquisa mostra que Lula segue com maior desaprovação com o eleitorado de classe média baixa (62%), mais rico (57%), evangélico (55%), sulista (51%), mais instruído (49%) e com idade entre 35 e 44 anos (48%).

De acordo com o Datafolha, a esta altura do mandato, o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentava taxas piores. Após dois anos e oito meses de governo, Bolsonaro tinha 24% de aprovação e 51% de reprovação.

A pesquisa divulgada hoje também mostra que 50% dos eleitores desaprovam o trabalho de Lula no Executivo Federal e 46% aprovam, em estabilidade estatística em relação ao levantamento de junho, segundo o Datafolha.