Luigi Mangione se declara inocente da acusação de assassinato de CEO da UnitedHealthcare

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O homem acusado de assassinar o CEO da UnitedHealthcare se declarou inocente nesta segunda-feira, 23, das acusações de assassinato e terrorismo, enquanto sua advogada reclamava que os comentários do prefeito de Nova York (EUA) dificultariam um julgamento justo.

Luigi Mangione, 26, estava algemado e sentado em um tribunal de Manhattan, em Nova York, quando se inclinou em direção a um microfone para fazer sua declaração. O promotor público de Manhattan o acusou na semana passada de várias acusações de assassinato, incluindo assassinato como um ato de terrorismo.

A apresentação inicial de Mangione no tribunal estadual de Nova York foi antecipada por promotores federais que apresentaram suas próprias acusações sobre o tiroteio. As acusações federais podem acarretar a possibilidade de pena de morte, enquanto a sentença máxima para as acusações estaduais é de prisão perpétua sem liberdade condicional.

Os promotores disseram que os dois casos seguirão caminhos paralelos, sendo que as acusações estaduais deverão ser julgadas primeiro.

'Bola de pingue-pongue humana'

Uma das advogadas de Mangione disse a um juiz que as "jurisdições em conflito" transformaram Mangione em uma "bola de pingue-pongue humana" e que o prefeito da cidade de Nova York, Eric Adams, e outros funcionários do governo fizeram dele um peão político, roubando-lhe seus direitos como réu e manchando o júri.

"Estou muito preocupada com o direito de meu cliente a um julgamento justo", disse a advogada Karen Friedman Agnifilo.

Adams e a Comissária de Polícia Jessica Tisch estavam em meio a uma multidão de policiais fortemente armados na quinta-feira passada, quando Mangione foi levado de avião para um heliporto em Manhattan e escoltado até um píer após ser extraditado da Pensilvânia.

Friedman Agnifilo disse que a polícia transformou o retorno de Mangione a Nova York em um espetáculo coreografado. Ela destacou o comentário de Adams a uma emissora de TV local de que ele queria estar lá para olhá-lo "nos olhos e dizer: 'você realizou esse ato terrorista em minha cidade'".

"Ele estava exposto para que todos pudessem ver, na maior caminhada de um criminoso no palco que já vi em minha carreira. Foi absolutamente desnecessário", disse ela.

Ela também acusou os promotores federais e estaduais de apresentarem teorias jurídicas conflitantes, chamando sua abordagem de confusa e altamente incomum.

'Assassinato glorificado de forma doentia'

Kayla Mamelak Altus, porta-voz do prefeito Eric Adams, declarou: "os críticos podem dizer tudo o que quiserem, mas comparecer para apoiar as autoridades policiais e enviar a mensagem aos nova-iorquinos de que a violência e o ódio não têm lugar em nossa cidade é o que o prefeito Eric Adams é em sua essência".

"O assassinato a sangue frio de Brian Thompson - um pai de dois filhos - e o terror que ele infundiu nas ruas da cidade de Nova York durante dias foi, desde então, glorificado de forma doentia, iluminando os cantos mais sombrios da internet", disse Mamelak Altus.

O juiz do tribunal estadual Gregory Carro disse que tem pouco controle sobre o que acontece fora do tribunal, mas que pode garantir que Mangione terá um julgamento justo.

As autoridades dizem que Mangione matou Thompson a tiros enquanto ele caminhava para uma conferência de investidores no centro de Manhattan na manhã de 4 de dezembro.

Mangione foi preso em um McDonald's da Pensilvânia após uma busca de cinco dias, portando uma arma que combinava com a usada no tiroteio e uma identidade falsa, segundo a polícia. Ele também carregava um caderno que expressava hostilidade contra o setor de planos de saúde e, principalmente, contra os executivos ricos, de acordo com os promotores federais.

'Choque, atenção e intimidação'

Em uma entrevista coletiva na semana passada, o promotor público de Manhattan Alvin Bragg disse que a aplicação da lei de terrorismo refletia a gravidade de um "assassinato assustador, bem planejado e direcionado que tinha a intenção de causar choque, atenção e intimidação".

"Em seus termos mais básicos, esse foi um assassinato que tinha a intenção de provocar terror", acrescentou.

Mangione está detido em uma prisão federal do Brooklyn ao lado de vários outros réus de alto nível, incluindo Sean "Diddy" Combs e Sam Bankman-Fried.

'Libertem Luigi' ao som de trompete

Durante seu comparecimento ao tribunal na segunda-feira, Luigi Mangione sorriu algumas vezes ao conversar com seus advogados e esticou a mão direita depois que um policial retirou suas algemas.

Do lado de fora do tribunal, algumas dezenas de apoiadores gritavam "Free Luigi" ("libertem Luigi") ao som de um trompete.

Natalie Monarrez, 55 anos, moradora de Staten Island, disse que se juntou à manifestação porque perdeu a mãe e as economias de uma vida inteira devido à negação de pedidos de seguro.

"Por mais extremo que tenha sido, o tiro fez com que a conversa se iniciasse e que precisássemos lidar com essa questão", disse ela. "Já chega, as pessoas estão fartas."

Pertencente a uma família proeminente de Maryland, Mangione parecia ter se afastado da família e dos amigos nos últimos meses. Ele postava com frequência em fóruns online sobre suas dificuldades com dores nas costas. Ele nunca foi cliente da UnitedHealthcare, de acordo com a seguradora.

Thompson era casado e pai de dois alunos do ensino médio. Ele trabalhou na gigante UnitedHealth Group por 20 anos e tornou-se CEO de seu braço de seguros em 2021.

A morte levou algumas pessoas a expressarem seu ressentimento em relação às seguradoras de saúde dos EUA, com Mangione servindo como um porta-voz para as frustrações em relação a recusas de cobertura e contas médicas pesadas. O fato também causou abalos no mundo corporativo, abalando executivos que dizem ter recebido um crescimento de ameaças.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

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O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil