Confronto na Síria entre islamistas no poder e apoiadores de Assad deixa pelo menos 6 mortos

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Confrontos entre islamistas que assumiram o controle da Síria e sírios da minoria alauíta, apoiadores do governo do deposto ditador Bashar Assad, deixaram pelo menos seis pessoas mortas nesta quarta-feira, 25, e feriram outros, segundo um observatório de guerra com sede no Reino Unido.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos informou que os mortos eram membros do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), o grupo que liderou a ofensiva que derrubou Assad no início deste mês. Eles foram mortos ao tentar prender um ex-funcionário do regime de Assad, acusado de emitir ordens de execução e julgamentos arbitrários contra milhares de prisioneiros.

Os insurgentes que derrubaram Assad seguem uma ideologia islâmica fundamentalista e, embora tenham prometido criar um sistema pluralista, ainda não está claro como ou se planejam compartilhar o poder.

Desde a queda de Assad, dezenas de sírios foram mortos em atos de vingança, de acordo com ativistas e monitores, sendo a grande maioria deles da comunidade minoritária alauíta, uma ramificação do islamismo xiita à qual Assad pertence.

Na capital, Damasco, manifestantes alauítas entraram em confronto com manifestantes sunitas, e tiros foram ouvidos. A Associated Press não conseguiu confirmar os detalhes do tiroteio. Protestos alauítas também ocorreram ao longo da costa da Síria, na cidade de Homs e no campo de Hama. Alguns manifestantes pediram a libertação de soldados do antigo exército sírio, agora presos pelo HTS.

Os protestos alauítas parecem ter sido motivados, em parte, por um vídeo online que mostrava a queima de um santuário alauíta. As autoridades interinas alegaram que o vídeo era antigo e não representava um incidente recente. Em resposta aos protestos, o HTS impôs um toque de recolher das 18h às 8h.

A violência sectária tem ocorrido esporadicamente desde a destituição de Assad, mas nada próximo ao nível temido após quase 14 anos de guerra civil, que deixou cerca de meio milhão de mortos. A guerra fragmentou a Síria, criando milhões de refugiados e deslocando dezenas de milhares de pessoas por todo o país.

Nesta semana, alguns sírios que foram deslocados à força começaram a retornar para casa, tentando reconstruir suas vidas. Surpresos pela devastação, muitos encontraram o pouco que restava de suas casas.

Na região noroeste de Idlib, os moradores estavam consertando lojas e janelas danificadas na terça-feira, tentando recuperar um senso de normalidade. A cidade de Idlib e grande parte da província ao redor estão há anos sob controle do HTS, liderado por Ahmad al-Sharaa, anteriormente conhecido como Abu Mohammed al-Golani. Alinhado anteriormente à Al-Qaeda, o HTS tem enfrentado ataques implacáveis das forças do governo.

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O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), decidiu entrar na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) após uma série de vitórias do governo Lula.

Sóstenes chega como suplente no bloco do qual seu partido faz parte, junto de União Brasil, PP, MDB, PSD, Republicanos, Podemos e a federação PSDB-Cidadania

"Entrei para contribuir e colaborar com o belo trabalho do líder Rogério Marinho (PL-RN) no Senado, para a gente voltar a ganhar os requerimentos nas próximas semanas", afirmou o deputado ao Estadão.

Reforçado na CPI do INSS, o governo Lula conseguiu reverter o cenário que deu a presidência e a relatoria da comissão para a oposição e garantir a maioria em todas as últimas votações mais controversas.

A articulação da base governista garantiu que José Ferreira da Silva - irmão de Lula conhecido como Frei Chico - não fosse convocado e impediu a prisão do presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo. O Sindnapi é o sindicato ao qual Frei Chico é ligado.

Na perspectiva da oposição bolsonarista, o trabalho do governo junto a aliados de centro configura uma "blindagem" a figuras que seriam importantes para contribuir com as investigações que apuram o esquema fraudulento de desconto não autorizado em associativas. Para eles, as sucessivas vitórias do Centrão se devem ao "fisiologismo" do grupo.

Nesta sexta-feira, após visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua casa em Brasília, onde cumpre prisão domiciliar por ter descumprido medidas cautelares do Supremo Tribunal Federal (STF), Sóstenes disse à imprensa que "confia muito no trabalho do Rogério Marinho para reorganizar a base novamente", e que a oposição vai voltar a apresentar um novo requerimento pra convocar o Frente Chico.

Cobrança por mais articulação

Na conversa com Sóstenes, Bolsonaro cobrou maior articulação entre presidentes de partidos de direita contra Lula, de olho nas eleições de 2026.

"Bolsonaro entende que precisa mais - e ele vai conversar com Valdemar na próxima semana (sobre isso) - que os presidentes de partido estejam se reunindo com mais frequência para que a gente possa ter ainda mais resultados positivos, para enfrentar o atual governo, visando em especial a eleição de 2026", afirmou o líder do PL na Câmara à imprensa na saída da visita ao ex-presidente.

Em setembro, o União Brasil e o Progressistas (PP) anunciaram o desembarque oficial do governo Lula, antecipando a articulação de uma candidatura competitiva na direita para derrotar o PT em 2026. Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), são cotados para liderar esse movimento, mas a escolha do nome ainda não foi decidida.

Sóstenes diz que Bolsonaro lhe perguntou como está a articulação pela anistia do 8 de Janeiro. O tema interessa ao ex-presidente, que pode ser beneficiado pelo texto que os bolsonaristas tentam, ainda sem sucesso, aprovar na Câmara, de modo a perdoar todos aqueles investigados por atos antidemocráticos desde 2019.

Sóstenes detalhou o seguinte panorama: o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do projeto, aguarda o texto ser devolvido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), na terça-feira, com o compromisso do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautá-lo para votação. Caso a proposta devolvida pelos articuladores preveja a redução de penas - e não a anistia "ampla, geral e irrestrita", como cobram os bolsonaristas -, a bancada do PL vai apresentar um destaque para ampliar o perdão.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a "universalização" do programa Pé-de-Meia e disse que vai discutir a questão com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Camilo Santana (Educação).

As declarações ocorreram neste sábado, 18, durante um encontro com os alunos da Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), em São Bernardo do Campo (SP). Lula também estava acompanhado dos ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).

"Um governo que deixa o menino ou a menina desistir da escola por falta de incentivo financeiro não é governo. É uma tranqueira. E por isso, nós aprovamos o Pé-de-Meia, que já atende quatro milhões", disse.

Ele continuou: "Eu estava falando para o Haddad. Nós temos seis milhões de alunos no ensino médio. E a gente vai ter que discutir com muito carinho, com Haddad e com o companheiro Camilo, porque, dentro da mesma sala de aula, tem um aluno que recebe o Pé-de-Meia e outro que não recebe. E às vezes a diferença de salário é de 50 centavos".

Conflito com mercado financeiro

O petista, então, disse que a proposta vai gerar conflito com o mercado financeiro. "Então, nós precisamos aprovar a universalização do Pé-de-Meia, para que todas as pessoas possam ter o direito de estudar. É difícil. A Faria Lima vai brigar com a gente", afirmou. Na ocasião, Lula disse que "aposta" na educação como forma de desenvolver o País.

Lula acrescentou: "Os banqueiros vão reclamar. Nossa, esse governo está gastando R$ 13 bilhões com o Pé-de-Meia. Poderia estar aqui na Faria Lima para a gente ganhar mais dinheiro. E nós não estamos gastando. Gastando a gente estaria se o dinheiro fosse para eles. Nós estamos investindo".

A CPOP foi criada pelo Ministério da Educação para fornecer apoio financeiro a cursos pré-vestibulares populares e comunitários, com foco no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O evento foi realizado para o anúncio de um investimento de R$ 108 milhões do governo em um edital de apoio a até 500 cursinhos em 2026.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a reserva de 50% das vagas nas universidades públicas corresponde a uma "reforma agrária". As declarações ocorreram neste sábado, 18, durante um encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os alunos da Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), no Ginásio Adib Moysés Dib, em São Bernardo do Campo (SP).

Na ocasião, Haddad lembrou o programa de expansão das universidades públicas durante os primeiros governos de Lula e enalteceu a política das cotas sociais e raciais. "Se a gente só dobrasse o número de vagas, ainda ia ficar muita gente para fora. E aí nós fizemos algumas coisas que estão sendo celebradas aqui entre 2007 e 2010", afirmou.

Haddad continuou: "A primeira coisa foi reservar 50% das vagas para alunos de escola pública. Isso foi um passo, isso equivale a fazer uma reforma agrária inteira no ensino superior brasileiro. É você dividir com justiça. O aluno da escola particular não podia reclamar que ele ia ficar com menos, porque a gente já tinha dobrado o número de vagas".

Ao contar as políticas sociais daquela década, quando foi ministro da Educação, ele disse que "o povo que não conhece a história corre o risco de tomar o atalho errado". O petista reconheceu que o Brasil tem muito o que avançar, mas defendeu a valorização do que chamou de "conquistas" e mencionou, como exemplos, o Programa Universidade para Todos (Prouni) e as políticas voltadas para universidades públicas.

Também estavam presentes os ministros Camilo Santana (Educação), Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).

A CPOP foi criada pelo Ministério da Educação para fornecer apoio financeiro a cursos pré-vestibulares populares e comunitários, com foco no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O evento foi realizado para o anúncio de um investimento de R$ 108 milhões do governo em um edital de apoio a até 500 cursinhos em 2026.