Líderes europeus aumentam críticas a Musk por alegadas intervenções na política local

Internacional
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A pressão de líderes europeus contra a postura de Elon Musk vem crescendo nos últimos dias, na medida em que o bilionário, que fará parte do governo do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sinaliza maiores intervenções na política da região. A recente polêmica teve como estopim a programação de uma live na rede social X com a líder do partido alemão AfD, Alice Weidel, nesta quinta-feira, 9.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que as "pessoas normais, as pessoas sensatas, as pessoas decentes são a maioria neste país", segundo um porta-voz, uma semana depois de o governo ter acusado o magnata de usar o seu o X para tentar promover os interesses de países distantes. "Agimos como se as declarações do senhor Musk... pudessem influenciar um país de 84 milhões de pessoas com inverdades, meias-verdades ou expressões de opinião. Este simplesmente não é o caso", acrescentou. Além de seu apoio à AfD, Musk chamou o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier de "tirano".

Ontem, o presidente francês Emmanuel Macron fez críticas a Musk por promover o que descreveu como um "novo movimento reacionário internacional" do X. Sem nomear Musk diretamente, Macron referiu ao seu apoio ao AfD da Alemanha e à sua crescente interferência nas eleições europeias."Quem poderia imaginar, há 10 anos, que o dono de uma das maiores redes sociais do mundo interviria diretamente nas eleições, inclusive na Alemanha?" disse. O francês alertou para os riscos colocados pelo poder desenfreado nas mãos de bilionários da tecnologia e para o impacto desestabilizador que podem ter nas instituições democráticas. Macron enquadrou a influência de Musk como um desafio aos valores democráticos da Europa, reforçando a necessidade de unidade europeia e resiliência contra perturbações externas.

O ex-comissário para temas digitais da UE, Thierry Breton, com quem Musk já teve divergências públicas, escreveu no sábado que Weidel receberá uma "vantagem significativa e valiosa" sobre seus concorrentes com a live, e lembrou o americano de cumprir suas obrigações legais de mídia social da UE.

O primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Stoere, afirmou que acha "preocupante que um homem com enorme acesso às redes sociais e enormes recursos econômicos se envolva tão diretamente nos assuntos internos de outros países", disse Stoere à emissora pública norueguesa NRK. "Não é assim que as coisas deveriam ser entre democracias e aliados", acrescentou. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, condenou ontem "mentiras e desinformação" que, segundo ele, estão minando a democracia do Reino Unido, em resposta a uma enxurrada de ataques de Musk ao seu governo. (COM INFORMAÇÕES ASSOCIATED PRESS)

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O presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), defendeu nesta quarta-feira, 30, uma "solução equilibrada" para o tarifaço a produtos brasileiros promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O parlamentar saiu em defesa do Poder Judiciário, "elemento essencial para a preservação da soberania nacional, que é inegociável".

"O Parlamento acompanha de perto cada desdobramento dessa questão, em conjunto com o Executivo e o Judiciário, para assegurar a proteção da nossa economia e a defesa intransigente das instituições democráticas", diz o posicionamento assinado por Davi Alcolumbre. "O caminho da cooperação internacional deve prevalecer, com o objetivo de restabelecer a confiança mútua e manter a histórica parceria entre as duas nações."

Mais cedo na quarta, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), rechaçou a aplicação de sanções contra autoridades do País. Sem fazer referência ao tarifaço de Trump, Motta frisou que a democracia é sustentada pelo Executivo, pelo Legislativo e pelo Judiciário e que estes devem atuar com "independência e harmonia".

O governo Trump incluiu Alexandre de Moraes na lista de sancionados pela Lei Magnitsky nesta quarta-feira. É a primeira autoridade de um país democrático a ser punida com a medida, criada para restringir direitos de violadores graves de direitos humanos, como condenados por tortura, tráfico humano e assassinatos em série.

Horas depois de sancionar Moraes, o governo americano ratificou a imposição de tarifas de 50% às importações do Brasil. Quase 700 produtos foram incluídos como exceção e serão isentos da taxa. Entre as principais mercadores prejudicadas, estão o café e as carnes. Um cálculo preliminar da consultoria Leme Consultores aponta que as 694 exceções da gestão Trump atenuam os efeitos do tarifaço em 41%.

Uma comitiva de senadores desembarcou nos Estados Unidos no início da semana para tentar reverter a imposição das tarifas. Em nota, a comitiva diz que "todas as agendas da delegação foram voltadas à reconstrução do diálogo político" entre os parlamentares dos dois países. Se confirmadas, as taxas passam a valer a partir de 6 de agosto.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, participa nesta quinta-feira, 31, do programa da Ana Maria Braga, na TV Globo. A entrevista ocorre um dia após a oficialização da tarifa de 50% a produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Alckmin afirmou que o governo Lula continua com as negociações com os Estados Unidos e a intenção é aumentar o comércio com o país. "Negociações começam hoje", disse.

"Nós não criamos o problema, mas queremos resolver", afirmou o vice-presidente, destacando que um contato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente dos EUA precisa de uma preparação.

"Vamos trabalhar para preservar empregos, produções e para avançar em mercados", afirmou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a soberania brasileira "aparece em primeiro lugar em nossa Constituição, entre os demais princípios fundamentais" e que ela é que "nos trouxe liberdade e independência". Em publicação no X (antigo Twitter) na manhã desta quinta-feira, 31, Lula disse que é graças à soberania que o País pode "decidir seus rumos, proteger seus recursos, cuidar de seu território e defender seus interesses diante do mundo".

"Sem soberania, o Brasil não existiria. Foi ela que nos trouxe liberdade e independência. E é ela que aparece em primeiro lugar em nossa Constituição, entre os demais princípios fundamentais. Soberania é a autoridade que um povo tem sobre seu próprio destino", disse o presidente. Lula ainda afirmou que a "soberania é, para nós, o direito de construir uma sociedade livre, justa e solidária".

O presidente tem insistido no discurso de defesa da soberania brasileira após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmar a tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil (com uma série de exceções, entre elas o suco de laranja e aeronaves civis) e sancionar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Lula disse que seu governo vem trabalhando "com esse espírito" e apresentando "ações concretas que devolvem dignidade, fortalecem nossa economia e colocam o Brasil, novamente, no caminho da inclusão e do desenvolvimento". O presidente citou em sua publicação, por exemplo, um vídeo em que fala da queda do desemprego e do aumento da renda do trabalhador brasileiro. Também compartilhou um post sobre a saída do Brasil do Mapa da Fome da Organizações das Nações Unidas (ONU).

"Assumimos a atual gestão com muitos desafios: recolocar o Brasil no cenário internacional, reconstruir políticas públicas que haviam sido desmontadas e tirar o País do mapa da fome. Com senso de compromisso e muito trabalho sério, estamos prosperando", disse.

Segundo o presidente, a soberania de um país não significa ele estar distante das demais nações em termos de cooperação. "A soberania deve ser acompanhada pela cooperação internacional. O mundo enfrenta desafios que nenhuma nação vencerá sozinha, como a fome e a mudança do clima. Desafios comuns exigem ações compartilhadas. Por isso, atuamos para fortalecer o multilateralismo", finalizou.