Oposição denuncia intimidação a líderes antes de posse de Maduro

Internacional
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Militantes da oposição e do governo mediram forças nesta quinta, 9, nas ruas de Caracas, na véspera da posse do ditador Nicolás Maduro para um terceiro mandato de seis anos. Enquanto os chavistas puderam circular pela capital, os opositores foram alvo de bloqueios.

No principal ato, a líder opositora, María Corina Machado, reapareceu em público após 5 meses para discursar sobre um caminhão em Chacao, região nobre de Caracas. Ao deixar o comício, opositores afirmam que ela foi interceptada "violentamente" e cercada por cerca de 15 motocicletas. Após alguns disparos, cuja direção foi esclarecida, ela teria sido derrubada da moto e levada à força.

Não ficou claro quem teria detido María Corina, embora o lugar estivesse lotado de policiais. Ainda conforme os opositores, durante a breve detenção, ela foi forçada a gravar vídeos. Fotos divulgadas pela oposição mostram ela de capacete na garupa de uma moto, sendo filmada por um agente com um colete onde se lê "divisão motorizada".

A própria María Corina tentou esclarecer o episódio em um vídeo em que aparece encapuzada, com a mesma roupa que usava sobre a moto. Ela fala baixo e garante estar bem : "Estou segura. Hoje, saímos para uma manifestação maravilhosa, me perseguiram. Deixei cair minha carteira, a carteirinha azul onde tinha meus pertences. Caiu na rua e estou viva e salva. A Venezuela será livre", afirmou.

Precedente

O ex-candidato González Urrutia também protestou contra a detenção de María Corina - ela foi impedida de disputar a eleição contra Maduro em julho de 2024. "Como presidente eleito, exijo a liberação imediata de María Corina. Às forças de segurança que a sequestraram, digo: não brinquem com fogo", disse o ex-diplomata, considerado pelos EUA como presidente eleito, que prometeu voltar a Caracas para assumir o cargo.

Durante a semana, dezenas de detenções foram denunciadas na Venezuela. Na quarta-feira, a ditadura anunciou a captura de dois americanos. No mesmo dia, uma coalizão de oposição relatou a detenção de Enrique Márquez, candidato nanico nas eleições de julho.

O regime negou relato de detenção da opositora. "Uma invenção, uma mentira", disse o ministro do Interior e Justiça da Venezuela, Diosdado Cabello, o número 2 do chavismo. As ruas de Caracas amanheceram ontem tomadas por forças de segurança fortemente armadas. Dezenas de policiais e de agentes de inteligência foram mobilizados em pontos de concentração da oposição, onde o chavismo também instalou palcos com música alta.

A posse de Maduro reúne hoje uma camarilha de aliados internacionais, em uma festa para cerca de 2 mil convidados. Alguns presidentes não irão, mas devem enviar diplomatas, como Brasil, Colômbia e México.

Outros países sequer enviaram representantes, como o Chile. Ontem, o presidente chileno, Gabriel Boric, pediu a volta da democracia no país. "Sou de esquerda, mas digo: o governo de Maduro é uma ditadura. Temos de fazer todos os esforços para restaurar a lei e a democracia na Venezuela." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O vice-presidente do PT e prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá (RJ), saiu em defesa dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, acusados pela morte da vereadora do Rio Marielle Franco, em 2018. No Instagram, o petista postou foto ao lado de familiares dos Brazão e declarou que não há provas de envolvimento dos dois com o crime.

Irmã de Marielle, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, reagiu e prometeu recorrer ao comitê de ética do partido.

Na legenda da postagem, Quaquá disse que está defendendo os Brazão por "não ser um rato que se esconde no esgoto para fugir da luz".

O vice-presidente do PT ainda tentou associar, sem provas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso da execução da vereadora, o que foi descartado pela investigação da Polícia Federal (PF).

"A realidade é que usaram a família Brazão de bucha de canhão para ocultar, inclusive, o fato de que o assassino brutal esteve um dia depois no condomínio onde moram Bolsonaro e seu filho. Isso foi deixado de lado pela investigação", afirmou Quaquá em postagem feita pelo Instagram na quinta-feira, 9.

Domingos e Chiquinho Brazão estão presos desde março do ano passado após serem apontados pela PF como os mandantes da execução da ex-vereadora.

De acordo com o inquérito, finalizado seis anos após o crime, o assassinato foi motivado por grilagem de terras que eram de interesse de milicianos ligados aos Brazão. Marielle e o motorista dela, Anderson Gomes, foram mortos a tiros no bairro carioca do Estácio em 14 de março de 2018.

Também pelo Instagram, Anielle disse, sem citar o nome de Quaquá, que dirigente do partido está usando o nome da irmã "sem qualquer responsabilidade".

A ministra prometeu entrar com uma ação em desfavor do vice-presidente no partido e chamou a atitude dele de "repugnante".

"Vou protocolar um pedido na comissão de ética do partido sobre o dirigente que se utiliza desse caso de maneira repugante e que é contra a postura do próprio governo e do partido", disse Anielle.

Essa não é a primeira vez que Quaquá toma uma posição contrária ao PT e defende publicamente os irmãos Brazão. Na época em que eles foram presos, o prefeito de Maricá disse ao Estadão que não estava "plenamente convencido" da participação de Domingos no crime.

"Não vou nem dizer nem que é inocente nem culpado. Não vi ainda provas cabais. Eu conheço ele há 20 anos. Será uma surpresa negativa [se ele estiver envolvido], porque é um negócio brutal", afirmou Quaquá à Coluna do Estadão. "Eu acho que não é hora de apontar nenhum inocente, sem que a gente tenha clareza de todas as circunstâncias", completou.

A declaração causou atritos no partido, porém, Quaquá acabou sendo blindado. Em uma reunião da cúpula petista onde foi discutido um possível afastamento dele da vice-presidência, o placar foi de 26 votos contrários a 17 favoráveis.

A oposição ao governo acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de usar o ato em memória aos dois anos do 8 de Janeiro como "palanque político". Nas palavras do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por exemplo, o evento foi "uma ode ao crime impossível de tentativa de golpe". Já o deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE) descreveu a solenidade como "teatro" e afirmou que Lula tenta se "vitimizar".

Para o senador Eduardo Girão (Novo-CE), que pediu maior "equilíbrio" entre os três Poderes, o que ocorreu foi um evento "midiático".

Nessa mesma linha, outros parlamentares de oposição condenaram o que consideram ser um excesso de interferência do Supremo Tribunal Federal em prerrogativas do Legislativo, em especial nos temas relacionados ao 8 de Janeiro.

Argumentaram, ainda, que atos semelhantes ao vandalismo daquele dia foram minimizados em outros momentos históricos. Para o deputado Sargento Gonçalves (PL-RN), Lula fez "proselitismo político sobre um cadáver", ao citar a morte de um dos presos no 8 de Janeiro.

Durante a cerimônia, o presidente destacou a importância de defender a democracia, punir os responsáveis pelos ataques e mencionou as investigações sobre a tentativa de golpe em 2022. O petista aproveitou o evento para elogiar o potencial das Forças Armadas na defesa da soberania nacional e também o ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator dos processos sobre a tentativa de golpe e o 8 de Janeiro na Corte.

A promessa do governo de investir R$ 40 milhões na criação do Museu da Democracia também foi alvo de críticas. O senador Carlos Portinho (PL-RJ) disse que o projeto "eterniza narrativas" e questionou a utilização da palavra golpe para descrever os acontecimentos de 2023.

O museu foi anunciado no início do ano passado, como forma de lembrar os ataques golpistas e preservar a memória da democracia. Como mostrou o Estadão, porém, o projeto não saiu do papel. O governo cortou os recursos para a construção em 2024 e não fez nova previsão para este ano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em um período de "reflexão" e ainda não decidiu sobre as mudanças que pode fazer no governo.

"O presidente está avaliando, não decidiu sobre mudanças no governo, está numa fase de reflexão", afirmou em entrevista à GloboNews nesta quinta-feira, 9. De acordo com ele, a saída do ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, se deu pelo fato de que o governo está entrando em um "novo momento da gestão".

"É como se tivesse terminado o primeiro tempo, estamos entrando no segundo tempo, dado inclusive às mudanças rápidas na forma de acessar comunicação pela população", comentou. O publicitário Sidônio Palmeira irá assumir o cargo de Pimenta. Segundo Costa, o novo ministro tomará posse na próxima terça-feira, 14, mas já está trabalhando e despachou hoje com Lula.

Lula pode fazer mudanças nos ministérios até dia 21

Rui Costa também disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá fazer a aguardada reforma ministerial até o dia 21 deste mês. Segundo ele, o presidente ainda está avaliando o cenário.

"O presidente está focando em aperfeiçoar a gestão. E, portanto, há um indicativo do presidente que as mudanças que ocorrerem ele quer fazer eventuais mudanças ainda neste mês", disse Rui Costa. Ele afirmou que haverá uma reunião ministerial no dia 21, e que as mudanças podem ser antes.

Antes das declarações do ministro da Casa Civil, a expectativa do mundo político era que as mudanças ficassem para depois das eleições para presidente da Câmara e do Senado, marcadas para o começo de fevereiro.

Rui Costa disse que Lula orientou seus ministros a não interferir nas eleições das duas Casas do Legislativo. Também afirmou que a expectativa é que haja diálogo entre o governo e os próximos presidentes da Câmara e do Senado.

Ele também afirmou que, se todos os Poderes cumprirem os acordos sobre emendas parlamentares, a crise em torno desse tema "será superada rapidamente".