Los Angeles busca sobreviventes dos incêndios; órgão alerta para condições climáticas perigosas

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Caminhões-tanque adicionais e dezenas de bombeiros chegaram à área de Los Angeles antes de ventos fortes que foram previstos para retornar e ameaçar o progresso feito até agora no combate a dois enormes incêndios florestais que destruíram milhares de casas e mataram pelo menos 24 pessoas.

Na segunda-feira, 13, aviões lançaram produtos químicos retardantes de chamas de cor rosa brilhante em casas e encostas, enquanto equipes e caminhões de bombeiros foram posicionados em pontos particularmente vulneráveis com vegetação seca. Dezenas de caminhões-pipa chegaram para reabastecer os suprimentos depois que os hidrantes secaram na semana passada, quando os dois maiores incêndios começaram.

Tabitha Trosen e seu namorado disseram que se sentem "na corda bamba" com o medo constante de que seu bairro seja o próximo a ser ameaçado. "Nossos gatos estão prontos para partir, temos suas caixas de transporte ao lado da porta, preparadas com seus bichinhos de pelúcia e coisas assim", disse Trosen, acrescentando que já arrumou as malas pensando no que poderia perder. "É como eu cuido de mim mesma, e quais são as coisas que vão me manter com os pés no chão como ser humano e me lembrar do meu passado, minha vida e minha família."

A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, e outros funcionários do governo - que enfrentaram críticas sobre a resposta inicial aos incêndios que começaram na semana passada - expressaram confiança nesta segunda-feira de que a região estava pronta para enfrentar a nova ameaça, com bombeiros adicionais trazidos de várias partes dos EUA, bem como do Canadá e do México.

"Estamos absolutamente mais preparados", disse o chefe do Corpo de Bombeiros do Condado de LA, Anthony Marrone, ao ser questionado sobre o que será diferente em relação à semana passada, quando ventos com força de furacão impulsionaram múltiplos incêndios por uma região seca e cheia de vegetação que não vê chuva há mais de oito meses.

Desde 1º de janeiro, mais de uma dúzia de incêndios florestais ocorreram no sul da Califórnia, principalmente na grande área de Los Angeles. O mais recente começou tarde na segunda-feira em um leito de rio seco em Oxnard, cerca de 89 km ao noroeste de Los Angeles, e estava queimando em uma área agrícola.

Condições climáticas "particularmente perigosas"

Os ventos devem se intensificar a partir de terça-feira e continuar até o meio-dia de quarta-feira, de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia. Eles não devem atingir a força de furacão como na semana passada, mas podem impedir que aeronaves de combate a incêndios decolem, disse Marrone, alertando que, se os ventos chegarem a 112 km/h, "será muito difícil conter o fogo".

Os oficiais de combate a incêndios recomendaram aos moradores de áreas de alto risco que deixem suas casas - e não esperem por ordens formais de desocupação - caso sintam perigo. Foi exatamente isso que Tim Kang, de La Crescenta, fez na última quarta-feira. Sentindo-se mal com o ar cheio de fumaça e temendo que incêndios próximos se espalhassem, Kang e seus irmãos fizeram as malas e se afastaram de seu bairro.

"Tudo parecia como se, 'Ah, cara, o mundo está acabando'", disse Kang, que está hospedado com sua namorada em Pasadena.

Em menos de uma semana, quatro incêndios na segunda maior cidade dos EUA queimaram mais de 160 km², aproximadamente três vezes o tamanho de Manhattan ou maior que a zona oeste de São Paulo. O Serviço Nacional de Meteorologia alertou que as condições climáticas serão "particularmente perigosas" na terça-feira, com rajadas de vento podendo atingir 105 km/h.

Uma grande parte do sul da Califórnia, em torno de Los Angeles, está sob alerta extremo de perigo de incêndio até quarta-feira, incluindo áreas densamente povoadas como Thousand Oaks, Northridge e Simi Valley. O Incêndio Eaton, perto de Pasadena, está cerca de um terço contido, enquanto o maior incêndio, em Pacific Palisades, na costa, está muito menos controlado.

Busca por vítimas continua

O número de mortos provavelmente aumentará, disse o xerife do Condado de Los Angeles, Robert Luna, nesta segunda-feira. Pelo menos duas dezenas de pessoas estão desaparecidas.

Luna disse compreender que as pessoas estão ansiosas para voltar às suas casas e bairros para avaliar os danos, mas pediu paciência. "Temos equipes literalmente procurando pelos restos mortais dos seus vizinhos", afirmou.

Em uma reunião comunitária na noite de segunda-feira, 13, sobre o Incêndio Palisades, um oficial da Polícia de Los Angeles disse que muitas das pessoas relatadas como desaparecidas foram encontradas. Não estava claro se havia sobreposição nos números apresentados pelo xerife.

Avisos para evitar zonas de desastre

A chefe do Corpo de Bombeiros da cidade de Los Angeles, Kristin Crowley, pediu que as pessoas evitem bairros queimados, cheios de linhas de gás quebradas e edifícios instáveis.

Quase 100.000 pessoas no Condado de Los Angeles ainda estavam sob ordens de desocupação, metade do número da semana passada.

Combate às chamas em várias frentes

No fim de semana, os bombeiros combateram chamas em Mandeville Canyon - lar de Arnold Schwarzenegger e outras celebridades - após o Incêndio Palisades se espalhar, emitindo novas ordens de desocupação. As equipes continuaram lutando ali nesta segunda-feira antes que ventos potencialmente fortes pudessem empurrar as chamas em direção ao famoso Museu J. Paul Getty e à Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

Beyoncé, Disney e outras celebridades e organizações de entretenimento prometeram milhões de dólares para ajudar aqueles que foram deslocados ou perderam suas casas. Outras estrelas - e pessoas comuns - fizeram grandes doações de roupas e outros itens pelas ruas da cidade.

Investigando saques e fraudes de arrecadação

Dezenas de pessoas foram presas por saques após os incêndios. Oficiais agora começam a perceber preços abusivos e fraudes, incluindo em hotéis, aluguéis de curto prazo e suprimentos médicos, disse o procurador do Condado de Los Angeles, Nathan Hochman.

Contando os danos e investigando a destruição

Os incêndios que começaram na terça-feira ao norte do centro de Los Angeles queimaram mais de 12.000 casas, carros e outras estruturas.

Autoridades ainda não determinaram uma causa oficial para nenhum dos incêndios.

A Southern California Edison reconheceu que agências estão investigando se seus equipamentos podem ter iniciado um incêndio menor. Uma ação judicial movida na segunda-feira alega que o equipamento da concessionária provocou o Incêndio Eaton, muito maior.

A Edison não respondeu a um pedido de comentário e, na semana passada, disse que não havia recebido sugestões de que seu equipamento tivesse causado esse incêndio.

Estimativas iniciais da AccuWeather sugerem que os incêndios podem ser os mais caros do país, superando US$ 250 bilhões em danos, incluindo os esperados nos próximos dias. O custo de reconstrução de propriedades comerciais e residenciais dentro de áreas com incêndios ativos pode chegar a US$ 14,8 bilhões, de acordo com a empresa de dados imobiliários CoreLogic. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

Em outra categoria

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que completa 79 anos neste domingo, 16, afirmou ter sido convocado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser candidato a deputado federal na disputa eleitoral de 2026.

A declaração de Dirceu ocorreu neste sábado, 15, durante coletiva no galpão cultural Elza Soares (Armazém do Campo do MST), nos Campos Elíseos, região central de São Paulo, onde comemora seu aniversário com apoiadores e militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

"E também que eu estudasse a possibilidade de voltar a ser deputado federal, coisa que vou fazer no final do ano. Processo eleitoral do ano que vem vai ser para governar o Brasil, apoiar o presidente, buscar saídas para os problemas que enfrentamos no País, situação internacional é muito grave", afirmou o petista. "Dentro do País, começa uma quinta coluna, bolsonarista, que se alia ao trumpismo, contra os interesses nacionais, sabemos que eles ameaçam a democracia."

Dirceu foi deputado federal entre 1999 e 2005 (venceu as eleições de 1998 e 2002), mas foi cassado em 2005 no escândalo do Mensalão, quando se descobriu que repasses de fundos de empresas eram feitos por meio de doações ao PT para conquistar apoio político. O ex-ministro foi apontado como um dos líderes do movimento criminoso.

Ele foi preso em 2013, após ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 7 anos e 11 meses de prisão (cumpriu 354 dias na cadeia e recebeu direito de cumprir o resto da pena em domiciliar).

Anos depois, foi detido três vezes durante a Operação Lava Jato, quando foi condenado pelo então juiz Sérgio Moro a 23 anos de prisão. Mais tarde, o ex-ministro viu as ações contra ele serem anuladas pelo STF na esteira do movimento que levou à revisão de outras condenações, como as de Lula.

Dirceu pagou ao MST R$ 10 por prato de feijoada servido em festa

O ex-ministro bancou o almoço servido na festa com a contribuição de R$ 10 ao MST para cada prato. Eram aguardadas ao menos mil pessoas no evento, o que renderia R$ 10 mil desembolsados pelo petista.

De acordo com a descrição do convite para o evento, a "Feijoada Zé Dirceu" é realizada para celebrar "não apenas mais um ano de vida de nosso companheiro Zé Dirceu, mas também toda sua trajetória como um verdadeiro lutador pela democracia e pelos direitos sociais no Brasil". Como mostrou o Estadão, grupo de aliados articula a candidatura de Dirceu para Câmara dos Deputados no ano que vem.

Ainda segundo a descrição do evento organizado pelo MST, "sua dedicação e coragem durante os momentos mais difíceis da nossa história são inspirações para muitos". Chegaram ao evento, até por volta das 14h, deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), o ex-deputado estadual Adriano Diogo, o deputado estadual Eduardo Suplicy, Clara Charf, viúva de Carlos Marighella, e Gilmar Mauro, do MST.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado, 15, em seu perfil na rede social X, que ainda é preciso defender a democracia contra a volta do autoritarismo. A publicação foi feita em celebração ao 15 de março, data que em 1985 marcou a posse do primeiro presidente da República civil, após os anos da ditadura militar instaurada em 1964.

"Mais que a posse de um presidente da República, 15 de março de 1985 será lembrado como o dia em que o Brasil marcou o reencontro com a democracia. O presidente José Sarney governou sob a constante ameaça dos saudosos da ditadura, mas com extraordinária habilidade e compromisso político criou as condições para que escrevêssemos a Constituição Cidadã de 1988, e mudássemos a história do Brasil", escreveu Lula.

O presidente disse que, em 40 anos de democracia, o Brasil passou por "momentos muito difíceis", mas com "passos importantes para a construção do país que sonhamos".

"O Brasil é hoje o país que cresce com inclusão social. Que combate a fome e as desigualdades. Que gera empregos, aumenta a renda e melhora a qualidade de vida das famílias. Que cuida de todos, com um olhar especial para quem mais precisa. Sem a democracia, nada disso seria possível. Por isso, é preciso defendê-la todos os dias daqueles que, ainda hoje, planejam a volta do autoritarismo", afirmou Lula.

O Brasil assinou na quarta-feira, 12, um memorando de entendimento para cooperação técnica em agricultura com o governo da Venezuela. O anúncio abre um novo capítulo da relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ditador do país vizinho, Nicolás Maduro, que é marcada por episódios de aproximação e outros de afastamento.

Como mostrou o Estadão, um dia depois da assinatura do acordo, Maduro anunciou a entrega de cerca de 180 mil hectares de terra para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O Ministério das Relações Exteriores (MRE) afirma que a iniciativa do chavista não tem relação com o memorando de entendimento.

A proximidade entre Lula e o regime venezuelano foi criticada por adversários políticos do petista ao longo dos últimos anos. A ligação passou a ser politicamente mais custosa neste terceiro mandato, com pesquisas de opinião indicando a impopularidade de Maduro e um rechaço do apoio do petista à ditadura chavista.

Em maio de 2023, no início do mandato de Lula, Maduro foi recebido no Palácio do Planalto. O presidente defendeu a reabilitação do chavista e disse que ele era alvo de "narrativas" emplacadas por opositores.

Um mês depois, em junho, Lula causou polêmica ao afirmar que a Venezuela "tem mais eleições do que o Brasil" e que o conceito de democracia é "relativo".

O relacionamento entre os dois, no entanto, estremeceu no ano passado, quando Maduro venceu a eleição presidencial sob suspeitas de fraudes e perseguição a opositores. Parte da comunidade internacional reconheceu a vitória de Edmundo González, mediante atas eleitorais que nunca foram divulgadas pelo regime venezuelano.

Ao contrário do PT e do MST, Lula chegou a afirmar que o processo eleitoral no país vizinho não foi correto e não reconheceu os resultados do pleito. Porém, descartou romper relações com Maduro e criticou as sanções econômicas contra o regime bolivariano lideradas pelos Estados Unidos.

O auge da tensão foi quando Maduro afirmou, sem provas, que não há auditoria nas eleições brasileiras. A declaração do chavista fez o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) emitir uma nota declarando que o boletim de urna brasileira é "totalmente auditável".

Apesar do embate, em janeiro deste ano houve uma nova aproximação. Mesmo com as críticas ao sistema eleitoral venezuelano, Lula decidiu enviar a embaixadora do Brasil na Venezuela, Glivânia Maria de Oliveira, para a posse do ditador.

Como mostrou o Estadão, após a posse de Maduro, o governo Lula começou a manter alguns contatos com o regime, enquanto observa com atenção as medidas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à Venezuela

Veja o que diz o memorando de entendimento assinado entre Brasil e Venezuela

No Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, 12, foi publicado um memorando de entendimento - instrumento jurídico que registra acordos internacionais - instituindo cooperação técnica entre o Itamaraty e três ministérios venezuelanos que atuam na agricultura produtiva, alimentação e com as comunidades e movimentos sociais.

De acordo com o memorando de entendimento, a cooperação entre Brasil e a Venezuela contempla as seguintes iniciativas feitas pelos dois países:

- desenvolvimento da produção familiar, urbana, periurbana e comunal;

- monitoramento com fins agrícolas;

- vigilância, prevenção, contenção, controle e erradicação de pragas agrícolas e enfermidades animais (mosca da carambola, febre aftosa, entre outras);

- criação de um programa binacional para o desenvolvimento sustentável da

- fronteira comum amazônica;

- produção primária em setores estratégicos (milho, mandioca, café, cana de açúcar, cítricos, bananas e outros);

- melhoramento genético de búfalos, bovinos, ovinos e caprinos;

- produção de soja;

- produção de sementes de alto valor estratégico;

- sistema de reservas alimentares

As terras foram expropriadas durante o governo de Hugo Chávez, seu antecessor, na década de 2000. Maduro afirmou que elas serão utilizadas para cultivar alimentos destinados ao consumo na Venezuela, no norte do Brasil e para exportação.

Em nota enviada neste sábado, 15, o Ministério das Relações Exteriores negou a relação entre a entrega de terras feitas por Maduro e o memorando de entendimento. O Itamaraty disse ainda que o memorando não embasa juridicamente a implementação de projetos de cooperação bilaterais e que estes ainda não estão em andamento.

"O memorando de entendimento entre Brasil e Venezuela, publicado no Diário Oficial da União em 12/03/2025, representa intenção dos dois governos de explorar intercâmbios nas áreas da agricultura, da pecuária, da soberania e segurança alimentar e nutricional. O referido memorando não embasa juridicamente a implementação de projetos de cooperação bilaterais", afirmou o MRE.