Cessar-fogo em Gaza começa após Hamas atrasar entrega de lista de reféns a Israel

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Previsto para começar na madrugada deste domingo, na Faixa de Gaza, o cessar-fogo firmado entre o governo de Israel e o grupo terrorista Hamas começou quase três horas depois do previsto. Originalmente a trégua começaria às 3h30 (horário de Brasília, 8h30 no horário local), mas acabou começando às 6h15 após o governo do premiê Binyamin Netanyahu ter recebido com atraso a lista de reféns a serem libertados hoje pelo Hamas.

O Hamas justificou que o atraso se deveu a "motivos técnicos", garantiu permanecer comprometido com o acordo e encaminhou a lista horas depois. A libertação está prevista para as 11h.

O conflito se arrasta há 15 meses, desde 7 de outubro de 2023, quando um ataque do Hamas matou cerca de 1,2 mil pessoas e rendeu 251 reféns. Desde o início da ofensiva israelense contra os terroristas, mais de 46 mil palestinos foram mortos, segundo dados do Hamas, que não podem ser verificados.

O governo de Netanyahu aprovou o acordo na madrugada do sábado, 18, horário local, após reunião que durou horas, ultrapassando o início do Sabbat (sábado judaico), em que o governo geralmente interrompe todas as atividades, exceto em casos de emergência.

Mediado por Estados Unidos, Catar e Egito, o cessar-fogo é a segunda trégua no conflito e teve a aprovação de 24 ministros israelenses e oito votos contrários. Pelo acordo, haverá três fases, e a troca de reféns sequestrados pelo Hamas por prisioneiros palestinos estava prevista para começar ainda nesta manhã. Veja a seguir o que foi estabelecido na proposta de cessar-fogo se tudo der certo.

Primeira fase

A primeira etapa do cessar-fogo tem previsão de 42 dias. Durante esse período, o Hamas se comprometeu a liberar 33 reféns israelenses. Entre eles estariam pelo menos cinco soldados, além de mulheres, crianças, idosos e doentes.

O gabinete de Netanyahu deve anunciar os nomes dos sequestrados libertados em cada dia do cessar-fogo. O Fórum de famílias de reféns de Israel anunciou a identidade dos 33 reféns que devem ser libertados na primeira fase. Embora não tenha confirmação do estado de saúde dos reféns, o governo israelense acredita que a maioria dos sequestrados eseja viva.

Informações iniciais dão conta de que Israel se comprometeu a libertar 30 prisioneiros para cada refém civil e 50 para cada refém militar. A lista de prisioneiros inclui terroristas condenados que estão cumprindo prisão perpétua. Em comunicado, o Ministério da Justiça de Israel afirmou que o previsto é liberar cerca de 737 prisioneiros.

No entanto, segundo números divulgados pelo Egito, a liberação de prisioneiros palestinos deve ser de 1,8 mil pessoas, que podem incluir prisioneiros que não estão sob o sistema de justiça israelense, como palestinos detidos pelas Forças de Defesa de Israel.

Ao final da primeira fase, a expectativa é de que todos os reféns civis - vivos ou mortos - terão sido libertados. Todas as mulheres e menores de 19 anos detidos por Israel serão libertados nesta fase, segundo o acordo.

O acordo também prevê que todos os prisioneiros palestinos condenados por ataques letais sejam exilados em Gaza ou no exterior, sendo proibidos de retornar a Israel ou à Cisjordânia. O documento indica que alguns terão que se exilar por três anos, enquanto outros de forma permanente.

Durante esse período também é esperado ainda que as forças israelenses se afastem de áreas mais densamente povoadas da Faixa de Gaza, permitindo o retorno de civis deslocados e aumento da ajuda humanitária.

A previsão é que aproximadamente 600 caminhões por dia entrem no território, dando alívio para a crise humanitária que devasta a região.

Segundo informações da mídia local, centenas de caminhões de ajuda carregando materiais de socorro estão estacionados na passagem de fronteira de Rafah.

Segundo o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdelrahmane Al-Thani, os detalhes das fases seguintes do acordo serão divulgados após a conclusão da primeira etapa.

Segunda fase

Os detalhes da segunda fase serão negociados ao longo da primeira. As previsões apontam que, a partir do 16º dia de cessar-fogo, as partes comecem as negociações para uma declaração de "cessação permanente das hostilidades".

Nessa etapa, o Hamas deve liberar o restante dos reféns em troca de mais prisioneiros palestinos. Os números ainda não estão definidos. Das 251 pessoas sequestradas pelo Hamas, 94 ainda estão como reféns em Gaza, das quais 34 morreram, de acordo com o exército de Israel.

Essa etapa prevê ainda a retirada das forças israelenses da Faixa de Gaza. Durante meses, o Hamas exigiu que Israel se comprometesse a encerrar a guerra, mas o país resiste.

Do outro lado, a preocupação do Hamas é que Israel volte a atacar o enclave palestino depois da entrega dos reféns, já que o acordo não inclui garantias por escrito de que o cessar-fogo continuará até o fim, sinalizando que as forças israelenses poderiam retomar sua ofensiva militar depois da primeira fase.

Terceira fase

Na última etapa do acordo, o Hamas entregaria os corpos dos reféns israelenses mortos na Faixa de Gaza.

Nessa fase, está prevista a implementação de um plano, supervisionado pela comunidade internacional, para reconstruir a Faixa de Gaza dentro de três a cinco anos. No entanto, de acordo com estimativas da ONU, a reconstrução total pode levar mais de 350 anos se o bloqueio permanecer.

Os bombardeios israelenses e as operações terrestres transformaram bairros inteiros de várias cidades em terrenos baldios cobertos de entulho, com cascas enegrecidas de edifícios e montes de detritos se estendendo em todas as direções.

As principais estradas foram danificadas. A infraestrutura crítica de água e eletricidade está em ruínas. A maioria dos hospitais do enclave não funciona mais.

A ONU ainda estima que a guerra tenha espalhado em Gaza mais de 50 milhões de toneladas de entulho -aproximadamente 12 vezes o tamanho da Grande Pirâmide de Giza.

Com mais de 100 caminhões trabalhando em tempo integral, levaria mais de 15 anos para remover os escombros, e há pouco espaço aberto no estreito território costeiro que abriga cerca de 2,3 milhões de palestinos.

Nessa fase, seriam reabertas passagens na fronteira para entrada e saída do enclave palestino. O acordo também não indica quem governará Gaza após a guerra, ou se Israel e Egito suspenderão o bloqueio que limita o movimento de pessoas e bens. Esse boicote foi imposto quando o Hamas tomou o poder em 2007.

Netanyahu considera cessar-fogo como "temporário"

No sábado, Netanyahu afirmou que Israel está tratando o cessar-fogo como "temporário" e mantém o direito de continuar lutando, se necessário. Em pronunciamento, ele informou que tinha o apoio do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem disse ter conversado na quarta-feira.

Os ataques aéreos israelenses no território palestino continuaram neste sábado; Segundo informações do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, cerca de 23 pessoas foram mortas nos últimos ataques.

Pressão interna

O ministro da Segurança Pública de Israel, Itamar Ben-Gvir, afirmou que sairá do governo após a aprovação do acordo.

Ben-Gvir chamou o acordo de "imprudente" e disse que a maior parte do seu partido, de extrema-direita, se retirará do governo.

Sua renúncia não interrompe o cessar-fogo, mas a medida desestabiliza o governo Netanyahu, em um momento delicado e pode eventualmente levar ao seu colapso se Ben-Gvir for acompanhado por outros aliados importantes.

Corredor de Netzarim fica fechado na primeira semana de cessar-fogo

Segundo informações da Associated Press (AP), o corredor Netzarim - que atravessa o centro de Gaza - permanecerá fechado durante os primeiros sete dias do cessar-fogo, conforme anunciado por uma fonte do alto escalão militar de Israel.

Israel atualmente ocupa o corredor Netzarim, do mar até a fronteira com Israel, e deve começar a se retirar após uma semana de cessar-fogo, mas o oficial não deu detalhes sobre o que acontecerá depois disso.

Grande parte da população de Gaza foi deslocada pela guerra para o Sul e outras regiões, e muitos palestinos estão ansiosos para retornar ao que restou de suas casas.

Obstáculos para ajuda humanitária

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a distribuição de ajuda humanitária em Gaza enfrentará muitos obstáculos.

Segundo Guterres, os desafios da distribuição de ajuda incluem gangues que estão "saqueando sistematicamente os comboios", bem como a degradação total de Gaza e sua infraestrutura.

Entre os desafios, estão também o número limitado de caminhões atualmente em Gaza. "Então muitas ações são necessárias para tornar a distribuição totalmente eficaz".

Guterres disse que a distribuição será realizada pela ONU e seus parceiros, bem como pelo setor privado e outras iniciativas. "Está claro que há uma obrigação de Israel de não criar nenhum obstáculo", disse o secretário.

Muhannad Hadi, coordenador humanitário da agência para o território, afirmou ainda que as Nações Unidas e seus parceiros estão prontos para aproveitar a oportunidade.

Hadi fez referência em uma declaração aos acordos alcançados na implementação de componentes humanitários na primeira fase do cessar-fogo, incluindo o fornecimento de suprimentos, "como água, alimentos, saúde e abrigo para pessoas em Gaza e a tão esperada libertação de reféns".

Reação internacional

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saudou em suas redes sociais o acordo de cessar-fogo, afirmando que a negociação "traz esperança". O acordo também foi celebrado pelo Ministério das Relações Exteriores, que aconselhou as duas partes a respeitarem os termos da negociação.

"Após tanto tempo de sofrimento e destruição, a notícia de que um cessar-fogo em Gaza foi finalmente negociado traz esperança", escreveu Lula no X, antigo Twitter. "Que a interrupção dos conflitos e a libertação dos reféns ajudem a construir uma solução duradoura que traga paz e estabilidade a todo Oriente Médio."

O premiê britânico, Keir Starmer, afirmou que o acordo era a "notícia que o povo israelense e palestino esperava desesperadamente". "Para os palestinos inocentes cujas casas se transformaram em uma zona de guerra da noite para o dia e os muitos que perderam suas vidas, este cessar-fogo deve permitir um grande aumento na ajuda humanitária, que é tão desesperadamente necessária para acabar com o sofrimento em Gaza", continuou Starmer.

O presidente francês Emmanuel Macron pediu em uma mensagem na sua conta do X que uma solução política seja encontrada e que "o acordo deve ser respeitado"

"Após quinze meses de sofrimento injustificável, há imenso alívio para o povo de Gaza e esperança para os reféns e suas famílias", afirmou Mácron.

O presidente Joe Biden e o presidente eleito Donald Trump celebraram o cessar-fogo firmado e disputaram o crédito pelo acordo histórico a partir da participação de representantes dos dois governos nas negociações.

Biden disse estar "empolgado" com a libertação dos reféns, como parte do acordo, e atribuiu o sucesso das conversas à "diplomacia persistente e meticulosa" dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que reivindicou certa parcela de crédito no momento decisivo da guerra de 15 meses.

Já o republicano disse que sua vitória nas eleições americanas de novembro foi decisiva. "Esse acordo de cessar-fogo ÉPICO só poderia ter acontecido como resultado de nossa vitória histórica em novembro", escreveu Trump em sua rede Truth Social.

(Com Associated Press)

Em outra categoria

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou neste sábado, 26, que vive como "exilada política" na Itália e agradeceu ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) por ter pedido às autoridades do país europeu que a recebessem. Condenada por invadir o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ela deixou o País antes que a sentença pudesse ser cumprida.

"Eu queria dizer que hoje acordei com uma notícia muito boa, que é um vídeo do Flávio Bolsonaro falando por mim, pedindo por mim para a Giorgia Meloni [primeira-ministra da Itália], para o Matteo Salvini, que é o vice-primeiro-ministro daqui, pedindo para que me recebessem porque sou uma exilada política, sou uma perseguida política no Brasil", declarou Zambelli em vídeo publicado em seu perfil reserva no Instagram.

Os perfis oficiais da deputada, de sua mãe - Rita Zambelli -, e de seu filho foram retirados do ar após decisão judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A nova conta já acumula mais de 11 mil seguidores e 40 publicações; a primeira postagem foi feita em 13 de junho.

Carla Zambelli está na Itália há quase dois meses, na tentativa de evitar o cumprimento de sua pena no Brasil. A parlamentar foi condenada a 10 anos de prisão e perda do mandato, acusada de ser mentora intelectual da invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

"Em tempos sombrios como este, em que sou alvo de uma perseguição política implacável, cada gesto de solidariedade tem um valor imenso", escreveu a parlamentar.

Na quinta-feira, 24, em entrevista ao portal Metrópoles, o filho "01" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu que o governo italiano "abra as portas" para Zambelli.

Senadores brasileiros tiveram uma primeira reunião de trabalho na noite desde sábado, em Washington, nos Estados Unidos, no âmbito da missão oficial à capital americana para debater as tarifas de 50% aos produtos brasileiros, a partir do dia 1º de agosto. Participaram das conversas Teresa Cristina (PP-MS), Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), o astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Fernando Farias (MDB-AL).

O encontro foi preparatório e teve como foco atualizar os parlamentares sobre os temas prioritários e alinhar os pontos que deverão ser discutidos nas reuniões com congressistas norte-americanos e representantes do setor produtivo dos EUA.

"O objetivo foi promover uma atualização da temática e alinhar os pontos que deveremos abordar ao longo da missão. Essa preparação é fundamental para garantir uma atuação coesa, institucional e estratégica em nome do Brasil", afirmou o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores e coordenador da missão, em nota.

Os senadores Carlos Viana (Podemos-MG), Jacques Wagner (PT-BA) e Rogério Carvalho (PT-SE) devem chegar a Washington neste domingo.

A missão oficial do Senado brasileiro à capital americana ocorre em meio ao início do recesso parlamentar nos EUA. A Câmara dos Deputados entrou em recesso na semana passada, enquanto o Senado americano deve ter sessão até o dia 31 de julho.

Com a agenda parlamentar esvaziada, o foco da missão brasileira deve ser o setor corporativo. As tentativas de negociações do Brasil com os EUA ganharam corpo nos últimos dias, mas nenhum avanço de fato ocorreu, em meio ao temor de que os americanos adotem novas sanções contra o País.

Há a expectativa de que o presidente dos EUA, Donald Trump, assine uma ordem executiva nos próximos dias com as justificativas legais para taxar os produtos importados do Brasil em 50%, a partir de agosto, conforme relatos na imprensa. Isso porque a investigação do Escritório de Representação de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) para apurar práticas comerciais injustas no Brasil, e que também teria o mesmo objetivo, poderia consumir mais tempo.

Na semana passada, senadores americanos enviaram uma carta ao presidente Trump, criticando a taxação ao Brasil. No documento, acusam o chefe da Casa Branca de "claro abuso de poder" e que interferir no sistema jurídico de uma nação soberana cria um "precedente perigoso" e provoca uma "guerra comercial desnecessária ".

A defesa do general Mario Fernandes pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a revogação de sua prisão preventiva ou a aplicação das mesmas medidas cautelares impostas a Jair Bolsonaro (PL). O argumento dos advogados é de que o ex-presidente da República foi denunciado como líder da organização criminosa envolvendo a tentativa de golpe, posição superior à do general dentro da acusação.

A manifestação foi protocolada no STF na noite do sábado, 26, após se encerrarem os interrogatórios do núcleo dois da ação penal da tentativa de golpe.

A defesa também afirmou que o general "não confessou plano de matar ninguém" e argumentou que os interrogatórios comprovaram que o documento "Punhal Verde Amarelo" não foi recebido por nenhum outro acusado.

Na quinta-feira, 24, Fernandes confirmou, em depoimento ao STF, ser o autor do documento "Punhal Verde Amarelo", que descrevia a possibilidade de "envenenamento" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e "neutralização" do seu vice, Geraldo Alckmin (PSB).

O arquivo havia sido encontrado em um HD apreendido com o general, em fevereiro de 2024. O militar disse que o documento não foi apresentado a ninguém.

"Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado, um compilar de dados, um estudo de situação meu, de pensamento, uma análise de riscos que eu fiz e por um costume próprio decidi digitalizá-lo. Não foi apresentado a ninguém ou compartilhado com ninguém", afirmou no interrogatório.

Com base no depoimento, a Procuradoria-Geral da República opinou que o general deveria ser mantido preso e disse que as provas colhidas "tornam inverossímil presumir que o requerente, após confeccionar o material, não o divulgou a seus pares".

O argumento foi rebatido pela defesa do general. Os advogados citaram que o tenente-coronel Mauro Cid, delator na ação, foi questionado sobre o Punhal Verde e Amarelo e confirmou não ter recebido cópia do documento.

Cid também disse que o general nunca conversou com ele sobre ações de monitoramento do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que foram realizadas por militares das Forças Especiais. De acordo com a defesa, essas informações demonstrariam que o general não participou de nenhuma ação concreta envolvendo o plano de golpe.

"A defesa nunca presumiu nada, apenas demonstrou, e não caberia a ela este ônus, que o arquivo eletrônico não foi apresentado a ninguém, tal como declarou Mauro Cid. Agora, quem não pode presumir no devido processo legal é a acusação, que por imposição legal e sem presunções, tem o dever efetivo de comprovar e provar o fato narrado na denúncia", escreveram os advogados Marcus Vinicius Figueiredo, Igor Monteiro e Diogo Borges.

A defesa argumenta que, no interrogatório, o general somente confirmou um fato já comprovado nos autos, mas que não realizou nenhuma ação para colocar em prática o Punhal Verde Amarelo. Por isso, a defesa afirma que ele "não confessou plano de matar ninguém".

"A minuta punhal verde amarelo já era vinculada ao requerente, razão pela qual a confirmação daquele arquivo pelo requerente em seu interrogatório não exprime qualquer confissão de crime, pois como já incontroversamente constatado não foi objeto de compartilhamento ou debate com quaisquer dos acusados", afirmou a defesa.

Por isso, afirmam que a prisão preventiva e uma eventual condenação só poderiam se basear em "elementos concretos" e na certeza das provas. Eles argumentam que o fato de que outros investigados estavam no Palácio do Planalto no mesmo horário em que o documento foi impresso não comprova a acusação descrita na denúncia: "Condenação se legitima apenas pela certeza, nunca pela coincidência".

Decreto golpista de Bolsonaro

O general também havia confirmado, em seu interrogatório, ter tomado conhecimento de que o ex-presidente Jair Bolsonaro discutia um decreto com teor golpista, mas disse não ter participado da construção do documento.

A Polícia Federal citou, no relatório final, a existência de mensagens enviadas por ele a Mauro Cid nas quais pede ao tenente-coronel que convencesse Bolsonaro a assinar o decreto.

A defesa afirmou que esses elementos indicam que ele não participou da elaboração do documento. "O requerente tomou conhecimento da suposta minuta do Golpe por conversas de corredor, tanto é que jamais participou de qualquer reunião ou qualquer outra situação envolvendo a construção daquela minuta - fato incontroverso", diz a manifestação da defesa.

Por último, os advogados solicitaram que a prisão preventiva do general seja revogada ou que deveriam ser aplicadas a ele as mesmas medidas cautelares impostas a Bolsonaro, já que o ex-presidente foi denunciado como líder da organização criminosa, posição superior à ocupada por Mario Fernandes na estrutura da acusação.

"Insubsistente a manifestação da d. Procuradoria que não reflete a realidade dos fatos, causando estranheza a contradição entre a denúncia e o conteúdo da sua manifestação, objeto da presente petição, impondo-se a revogação da prisão preventiva ou a aplicação das mesmas medidas recentemente destinadas ao acusado Jair Messias Bolsonaro - indicado na denúncia como líder da organização criminosa", solicitou a defesa.