Presidente do México elogia Lula e destaca fortalecimento de laços com o Brasil

Internacional
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A presidente do México, Claudia Sheinbaum, elogiou nesta sexta-feira (24) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chamando-o de "um homem extraordinário" e "um símbolo não apenas do Brasil e da luta progressista, mas de toda a América Latina".

Durante a "Mañanera" - coletiva de imprensa diária com jornalistas -, Sheinbaum destacou sua gratidão pelo apoio de Lula à comunidade mexicana nos Estados Unidos e revelou que ambos discutiram o fortalecimento de organizações regionais, como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), durante uma chamada de voz, nesta quinta-feira (23).

"Falamos sobre como fortalecer essas organizações, além de expressar nossa solidariedade a países como Panamá. Conversamos também sobre temas bilaterais, incluindo educação, cultura e a relação com o Brasil", disse a mandatária mexicana. A presidente ainda afirmou que Lula a convidou para uma visita oficial ao Brasil, ao que ela agradeceu e respondeu que o convite será considerado.

Também na quinta-feira, Lula publicou no X (antigo Twitter) que conversou com Sheinbaum para tratar de temas da agenda bilateral e regional. Ele ressaltou o objetivo de "cultivar relações produtivas com todos os países das Américas" e reforçou o compromisso de promover paz, democracia e desenvolvimento. No tweet, Lula também mencionou a importância de fortalecer a Celac e destacou que o encontro deve impulsionar o excelente momento do relacionamento entre Brasil e México.

Em outros momentos, ambos os presidentes das maiores economias latino-americanas expressaram preocupação com as ações e declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobretudo no que tange a tarifas comerciais e deportações em massa.

Sheinbaum reafirmou a importância de defender a soberania mexicana e criticou as medidas que impactam os produtores de seu país. No entanto, ela enfatizou a necessidade de buscar diálogo com a administração americana para equilibrar interesses. Lula também reforçou a busca por cooperação com os EUA, destacando a importância de um comércio justo e de iniciativas que promovam estabilidade e desenvolvimento na região.

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Chamado para dar dicas a parlamentares e dirigentes do PT sobre como defender a gestão Lula, o novo ministro da Comunicação Social, Sidônio Palmeira, pediu nesta quinta-feira, 23, que os petistas formem uma "corrente positiva" nas redes sociais, não passem adiante fake news e só compartilhem boas notícias sobre o governo. Um time de influenciadores, batizado por Sidônio de comunicadores digitais, também entrará em cena em cidades estratégicas para repassar conteúdos favoráveis ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"É hora de ganhar 2025", disse o ministro durante plenária virtual sobre o tema Estratégia de Comunicação e Enfrentamento a Fake News. "Vamos mudar o formato de como nos comunicar nas redes", anunciou.

Sidônio discorreu sobre as dificuldades enfrentadas por Lula para que as informações cheguem à população, citou a crise provocada por fake news sobre o Pix e prometeu que, em três meses, a comunicação do governo estará diferente. No seu diagnóstico, o terceiro mandato do presidente ainda necessita de uma marca.

Lula atuará, de agora em diante, como "motor de conteúdo" dos programas do governo, como mostrou o Estadão, e também viajará mais pelo Brasil. A comunicação será "regionalizada" e "segmentada", com formatos e peças produzidos para cada região do País.

"Quando tem uma medida que o governo vai tomar, primeiro a gente tem de divulgar porque senão a versão já ocupou aquele espaço", constatou Sidônio. "Quando a fake news sai na frente, a possibilidade (de a mentira) ganhar a narrativa é maior. Parece o lateral esquerda de um time pequeno correndo contra o artilheiro atrás da bola."

O governo revogou, no último dia 15, a medida da Receita Federal que ampliava a fiscalização de transações financeiras com Pix. O recuo foi decidido pelo próprio Lula diante da constatação de que a equipe econômica havia perdido a batalha da comunicação para seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) lançará, nos próximos dias, uma campanha publicitária para mostrar que o Pix é "seguro", "sigiloso" e não tem taxa. Sidônio pediu para que os petistas ajudem o governo a "sair na frente" com esta informação.

"O Pix é meu, é seu, é do Brasil, é patrimônio do Brasil", afirmou ele, dando o tom de como será a propaganda.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, concordou com Sidônio. "Não tenho dúvida de que temos tudo para ganhar essa batalha e a eleição de 2026", observou a deputada, que conduziu a plenária virtual, com a participação de 3,2 mil petistas.

Gleisi afirmou que pedirá para líderes do partido uma relação com nomes de "youtubers digitais" do campo da esquerda. A ideia é que esse time de influenciadores entre nas redes sociais para fazer comentários elogiosos sobre obras e programas levados adiante pelo governo.

A bancada federal do PT também vai organizar uma reunião com deputados estaduais e vereadores do partido nas capitais para acertar a estratégia de divulgação de tudo o que saiu do papel no terceiro mandato de Lula. "Além de defender o governo, vamos fazer o embate e a disputa política", destacou Gleisi.

O novo ministro disse não gostar do termo "influenciadores" e argumentou que a tarefa de divulgar as ações de Lula e dos ministros é de todos. "No PT deve estar cheio de comunicadores digitais", avaliou. Sidônio alertou, porém, que "rede social não existe sem emoção" e cobrou foco e unidade na propaganda do governo.

Nesta quarta-feira, 22, o presidente postou um vídeo ao lado do ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciando a duplicação da BR-381, em Minas Gerais. "Duplicou", diz Lula, fazendo o número dois com os dedos. Ali já é possível observar o novo estilo nas redes, mais informal e com mais movimento.

"Vamos falar uma coisa de cada vez", recomendou Sidônio aos petistas. "O presidente Lula falou que (do jeito que é hoje a comunicação), fica parecendo que a gente está num restaurante self-service cheio de coisas e depois a gente nem sabe o que comeu. Muitas vezes é preferível ter um PF", comparou o publicitário, numa referência a "prato feito".

Coube ao secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, ler para Sidônio as perguntas que chegavam à plenária. Um petista quis saber, por exemplo, se a esquerda - acostumada a ir para as ruas no passado - tinha condições de enfrentar a extrema-direita nas redes sociais.

"Claro que sim", respondeu o ministro. "Dá para a gente disputar e disputar muito. Ninguém é contra a liberdade de expressão, mas a gente é contra a liberdade de agressão. O que tem de diferente que a direita faz que a esquerda não pode fazer?", indagou ele.

Ao fim do encontro virtual, a cúpula do PT se comprometeu a mandar as perguntas enviadas pelo chat ao chefe da Secom. "Sidônio, você é um craque. Você é nosso Pelé no governo", resumiu Tatto.

A certidão de óbito do ex-deputado federal Rubens Paiva foi oficialmente corrigida nesta quinta-feira, 23, no Cartório da Sé, em São Paulo. No novo documento, consta que a morte dele foi "violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964". Essa alteração atende a uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), aprovada em 13 de dezembro do ano passado.

Rubens Paiva desapareceu em 1971, durante a ditadura militar, e a morte dele foi resultado da repressão violenta praticada pelo Estado contra opositores políticos. A nova certidão também reconhece a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos como atestante da morte. Antes disso, o documento de 1996, emitido após uma batalha judicial liderada por Eunice Paiva, mulher do ex-deputado, indicava apenas o desaparecimento do ex-deputado.

A retificação faz parte de um esforço mais amplo para corrigir as certidões de óbito de 202 pessoas mortas durante a ditadura militar, conforme reconhecido pela Comissão Nacional da Verdade. Além disso, 232 desaparecidos no mesmo período terão seus registros finalmente emitidos, reconhecendo oficialmente que essas pessoas foram vítimas da violência do Estado. No total, o relatório da comissão apontou 434 mortes e desaparecimentos durante o regime.

A responsabilidade pela entrega dessas certidões não recairá sobre os cartórios. O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania informou que a comissão especial organizará cerimônias para entregar os documentos, acompanhadas de pedidos de desculpas e homenagens às famílias das vítimas.

A retificação do registro de Rubens Paiva ocorre no mesmo dia da suposta data da morte do ex-deputado e do anúncio das três indicações ao Oscar do filme Ainda Estou Aqui, que aborda sua história e da sua esposa. O longa narra o impacto de sua morte, destacando a transformação de sua mulher, Eunice Paiva, em uma das principais ativistas de direitos humanos do País. A obra concorre nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz e Melhor Filme Estrangeiro.

A resolução do CNJ foi aprovada por unanimidade e simboliza um passo importante no reconhecimento das violações de direitos humanos cometidas durante a ditadura militar. A inclusão das informações sobre violência estatal nas certidões reflete um esforço de memória e reparação histórica.

Luís Roberto Barroso, presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal, destacou que a medida representa "um acerto de contas legítimo com o passado". Ele ressaltou o impacto simbólico para as famílias que ainda carregam a dor de não terem recebido um pedido formal de desculpas do Estado.

Políticos aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), estão usando as redes sociais para sugerir o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após o Tribunal de Contas da União (TCU) bloquear verbas do programa Pé-de-Meia, destinado a custear bolsas para estudantes do ensino médio.

O assunto chegou a figurar entre os mais falados no X (antigo Twitter), rede na qual os parlamentares oposicionistas têm acusado Lula de ter cometido uma "pedalada fiscal" e crime de responsabilidade, mesmos motivos que fizeram a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), por decisão do Congresso, perder o cargo em 2016. Não há, porém, informações sobre coleta de assinatura para um requerimento nesse sentido.

Uma das entusiastas da iniciativa de pedido de impeachment, a senadora e ex-ministra de Bolsonaro Damares Alves (Republicanos-DF) disse nessa sexta-feira, 24, que "chegou a hora de colocar ordem na casa", junto a duas manchetes sobre o bloqueio das verbas e a reação dos bolsonaristas.

"Todos os indícios caminham para configurar uma pedalada fiscal. O Congresso precisa cumprir seu dever constitucional neste caso", disse ela na quarta-feira, 22, dia em que o TCU suspendeu o pagamento.

Um dos filhos de Bolsonaro, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), disse que Lula "imitou Dilma e pedalou", o que, segundo ele, faz com que "seu único destino" seja o impeachment.

Deputados aliados ao ex-presidente também têm ventilado o tema. O deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ) publicou um trecho da entrevista de Bolsonaro à CNN nesta quinta-feira, 23, em que é questionado sobre a abertura do eventual processo.

"Se pintar o clima, estamos na rua para o impeachment. Não pode um presidente ser irresponsável desse jeito, fazer um programa desses às vésperas das eleições municipais. Imagina se fosse eu?", disse Bolsonaro, que afirmou não ter se inteirado de toda a situação e que, nesse primeiro momento, não quer encabeçar a ação.

Os deputados Marcel van Hattem (Novo-RS) e Carlos Jordy (PL-RJ) afirmaram ser a hora de "voltar às ruas". Já Nikolas Ferreira (PL-MG), que está nos Estados Unidos, chegou até a sugerir uma data para os bolsonaristas se manifestarem. "16/03, a gente na rua pra tirar o Lula?", escreveu na noite desta quinta-feira. Seguidores responderam ao deputado que só irão "quando Bolsonaro chamar".

Entenda o caso

A decisão do TCU sobre o financiamento do Pé-de-Meia proibiu o uso de recursos provenientes de fundos privados para financiar o programa social, totalizando repasses de R$ 6 bilhões.

A análise indica que essas verbas estariam a margem da regra fiscal e, portanto, não podem ser usadas. O próprio Tribunal de Contas informa que a decisão não compromete, ao menos imediatamente, a execução do programa, porém, obriga que o Ministério da Educação faça a adequação do financiamento à lei orçamentária.