Um palestino morre e 7 se ferem após impasse de cessar-fogo entre Israel e Hamas

Internacional
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Um palestino morreu e sete pessoas ficaram feridas na Faixa de Gaza neste domingo, 26, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas. Os palestinos estavam tentando chegar ao norte do enclave, mas foram impedidos pelas tropas israelenses por conta de um impasse no acordo de cessar-fogo. Não houve comentários imediatos do Exército israelense.

Segundo o acordo, o grupo terrorista Hamas deveria ter libertado a israelense Arbel Yehud no sábado, 25, porque os civis deveriam ser libertados antes de militares. O grupo terrorista afirmou que a refém está viva e será libertada na semana que vem. Com o impasse, Israel disse que não iria permitir a passagem de civis palestinos para o norte de Gaza, outra medida que estava no documento.

Milhares de pessoas viajaram a pé e deixaram a estrada principal lotada em Gaza. "Estamos em agonia há um ano e meio", disse Nadia Qasem, uma mulher deslocada do norte, enquanto esperava. "Desde a 1h da manhã estamos esperando para retornar."

Fadi al-Sinwar, que também foi deslocado da Cidade de Gaza, disse: "o destino de mais de um milhão de pessoas está ligado a uma pessoa", referindo-se à sequestrada israelense. "Veja o quão valiosos somos? Não temos valor algum", disse ele.

Feridos

O ministério da Saúde de Gaza também relatou que um homem foi baleado e outros dois ficaram feridos no sábado à noite, de acordo com o Hospital Awda, que recebeu as vítimas. Mais cinco palestinos, incluindo uma criança, ficaram feridos neste domingo de manhã em um tiroteio separado, disse o hospital.

Israel se retirou de várias áreas de Gaza como parte do cessar-fogo, que entrou em vigor no domingo passado, mas o Exército alertou as pessoas para ficarem longe de suas forças, que ainda estão operando em uma zona tampão dentro de Gaza ao longo da fronteira e no corredor Netzarim.

O grupo terrorista Hamas libertou quatro jovens soldados israelenses no sábado, e Israel libertou cerca de 200 prisioneiros palestinos, a maioria dos quais cumpria pena perpétua após serem condenados por ataques mortais.

Mas Israel disse que outra refém, a civil Arbel Yehoud, deveria ter sido libertada antes dos soldados, e que não abriria o corredor Netzarim até que ela fosse libertada. Tel-Aviv também acusou o grupo terrorista Hamas de não fornecer detalhes sobre as condições dos reféns que serão libertados nas próximas semanas.

O grupo terrorista Hamas acusou Israel de usar a questão como pretexto para atrasar o retorno dos palestinos para suas casas. Os Estados Unidos, Egito e Catar, que mediaram o cessar-fogo, estavam trabalhando para resolver a disputa.

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A Faculdade de Direito da USP realizou na manhã desta sexta-feira, 25, um ato em defesa da soberania nacional. A mobilização foi motivada pela decisão do governo de Donald Trump de suspender os vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos.

Segundo a organização, mais de 250 entidades da sociedade civil aderiram à manifestação, entre elas a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Instituto Vladimir Herzog. Cerca de mil pessoas participaram do evento no Salão Nobre da faculdade, que estava lotado e decorado com bandeiras do Brasil, faixas verde e amarelas e banners com os dizeres "Soberania" e "Democracia".

A convocação foi assinada pelo diretor da Faculdade de Direito, Celso Campilongo, e pela vice-diretora Ana Elisa Bechara. Ana participou da leitura da Carta em Defesa da Soberania Nacional, ao lado da psicóloga Cida Bento, autora do livro O Pacto da Branquitude.

Um dos trechos do documento afirma: "Neste grave momento, em que a soberania nacional é atacada de maneira vil e indecorosa, a sociedade civil se mobiliza, mais uma vez, na defesa da cidadania, da integridade das instituições e dos interesses sociais e econômicos de todos os brasileiros".

Antes da leitura da carta, Campilongo alertou para o risco de violação de princípios básicos do Direito Internacional. "A soberania nacional, o respeito aos direitos básicos do Direito Internacional estão sendo solapados por esta situação de constrangimento, de ameaça, de abuso de poder - de um lado político, mas, juntamente com este poder político, também de um poder econômico."

Estiveram presentes no evento diversas figuras da política brasileira, como Aloizio Mercadante, presidente do BNDES; Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; Edinho Silva, presidente eleito do PT; e José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

O deputado Hélio Lopes (PL-RJ) montou uma barraca na Praça dos Três Poderes em protesto contra as medidas judiciais impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Lopes ainda colocou um esparadrapo na boca sustentando que a liberdade de expressão está ameaçada no País.

O deputado publicou nas redes sociais uma carta aberta em que diz que o Brasil "não é mais uma democracia". "Não estou aqui para provocar. Estou aqui para demonstrar a minha indignação com essas covardias. Não estou incentivando ninguém a fazer o mesmo", disse.

Questionado pela reportagem por que ele resolveu se acampar, ele se manteve calado.

Diante de novas perguntas, o deputado reagiu gesticulando negativamente, manifestando o desejo de permanecer sem falar, com a mordaça na boca, enquanto lia o capítulo de Provérbios, do Velho Testamento da Bíblia.

Apesar de declarar-se em silêncio, a conta do parlamentar nas redes sociais continuaram ativas e, por lá, ele se manifestava: "Muito obrigado pelas mensagens de carinho. Mesmo em silêncio, tenho sentido cada palavra, cada oração e cada apoio que chega de todos os cantos do Brasil", escreveu em sua conta o X.

A manifestação chamou a atenção de poucos transeuntes, em sua maioria bolsonaristas. O primeiro político a chegar foi o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO), que deu um abraço no deputado e disse que irá acampar ao lado de Lopes.

"Estamos procurando uma forma de mostrar ao Brasil o que está acontecendo", disse. Segundo ele, ainda que Lopes tenha dito que não está "incentivando ninguém a fazer o mesmo", num futuro breve poderiam ter outras dezenas de acampamentos na Praça dos Três Poderes.

A Polícia Militar do Distrito Federal acionou a Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal, conhecida como DF Legal, dizendo que acampamentos não podem ficar na área da Praça, a mesma que foi invadida nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

O deputado se recusou a sair e policiais discutem qual a melhor estratégia a ser adotada neste momento.

Bolsonaro disse que passaria perto da manifestação de Lopes, mas não iria parar "senão politiza".

Na avaliação do ministro dos Transportes, Renan Filho, a família Bolsonaro tem caminhado cada vez mais para a extrema direita e, por isso, o governo do presidente Lula deve ocupar mais o centro, visando as eleições presidenciais do ano que vem.

Em conversa com a imprensa após participar de um painel na XP Expert, em São Paulo, Renan Filho destacou que "há muita possibilidade" de isolar o bolsonarismo na extrema-direita, principalmente após o deputado Eduardo Bolsonaro ter se licenciado de seu mandato e mudado para os Estados Unidos.

"É um ataque que está sendo feito à própria democracia", disse Renan Filho, em relação às negociações de Eduardo Bolsonaro nos EUA que culminaram na imposição de tarifas de 50% a produtos brasileiros.

Para Renan Filho, é possível "reconstituir uma frente ampla", apresentando um projeto para o País que agregue, além da centro-esquerda, uma parte maior do próprio centro.