Uma cidade da província de Salta, na Argentina, lançou na segunda-feira, 28, uma licitação para instalar uma cerca de 200 metros em sua fronteira com a Bolívia, com o objetivo de conter cruzamentos ilegais de pessoas e o contrabando, o que gerou preocupação no país vizinho.
"Foi-nos solicitada a construção de uma cerca linear (...) para evitar que as pessoas cheguem à cidade sem passar pela imigração", disse Adrián Zigarán, interventor da cidade de Aguas Blancas, em uma entrevista à Radio Mitre.
Zigarán substitui o prefeito enquanto ele enfrenta uma acusação por obstrução de uma investigação criminal. O interventor confirmou um anúncio que tinha feito na sexta-feira passada (24) em conversa com o jornal local Nuevo Diario de Salta, e que gerou alvoroço na diplomacia boliviana.
No domingo, 26, o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia emitiu um comunicado mencionando a sua "preocupação" com o anúncio e apontou que os temas de fronteira devem ser tratados através de mecanismos de diálogo bilaterais, já que "qualquer medida unilateral pode afetar a boa vizinhança e a convivência pacífica entre povos irmãos".
A construção da cerca faz parte do "Plano Güemes", que o governo do presidente argentino, Javier Milei, lançou em dezembro do ano passado para "combater crimes federais" como o narcotráfico na fronteira de Salta, com foco nas duas cidades fronteiriças mais importantes, Aguas Blancas e Orán, localizadas a cerca de 1.600 quilômetros de Buenos Aires.
Como será a cerca
Com dois metros e meio de altura, a cerca percorrerá o trajeto entre um escritório de migração e uma estação de ônibus, que fica em frente à praia do rio Bermejo, que divide a Argentina da Bolívia e por onde, segundo Zigarán, cruzam pessoas ilegalmente para a cidade de cerca de 3 mil habitantes.
O rio Bermejo está dentro da chamada "rota da droga", segundo o Ministério da Segurança argentino. O rio é usado por argentinos que compram mercadorias mais baratas na cidade boliviana de Bermejo, vizinha a Aguas Blancas. "Passam ar-condicionados, geladeiras de duas portas, eletrodomésticos", disse Zigarán.
Segundo ele, algumas pessoas chegam a realizar dez viagens por dia e os produtos acabam sendo acumulados na cidade de Orán. "A verdade é que estão rompendo o tecido comercial de Orán e do norte argentino por este descontrole na importação de mercadorias ilegais", disse o interventor.
Repercussão
Após a entrevista à emissora, Zigarán comentou as críticas do governo do presidente boliviano Luis Arce à medida, afirmando que não entendia a reação do país vizinho.
"Dentro do perímetro urbano de Aguas Blancas, nos foi solicitada a construção de uma cerca linear, ou seja, em linha reta, até a imigração da alfândega. É só isso. Não sei por que tanto alvoroço. Para mim, estão mal informados Que bom que agora se preocupam", ironizou Zigarán.
Ele disse ainda que o governo boliviano deveria colocar mais funcionários nos postos de fronteira para controlar a entrada e saída de pessoas e evitar gargalos.
Cidade na Argentina planeja construir cerca 200 metros na fronteira com a Bolívia
Tipografia
- Pequenina Pequena Media Grande Gigante
- Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
- Modo de leitura