Ato contra negociação entre centro e ultradireita reúne 160 mil em Berlim

Internacional
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Carregando faixas com a frase "somos a barreira de proteção", dezenas de milhares de manifestantes se reuniram em Berlim em um protesto para rejeitar a aproximação, na semana passada, entre centro e ultradireita, a três semanas das eleições parlamentares. Segundo a polícia, o ato reuniu cerca de 160 mil na cidade.

No fim de semana, em toda a Alemanha, dezenas de milhares foram às ruas pelo mesmo motivo. Manifestantes criticaram principalmente o líder de centro-direita e favorito na eleição do dia 25, Friedrich Merz, por enviar ao Parlamento propostas para novas regras rigorosas de migração que receberam o apoio da ultradireita.

Os participantes dos protestos em Berlim, Hamburgo, Munique, Colônia e Leipzig disseram que Merz e seu União Democrata-Cristã (CDU) quebraram a promessa pós-nazista segundo a qual nenhum dos partidos democráticos deveria passar qualquer resolução no Parlamento com o apoio da ultradireita e nacionalistas, como a Alternativa para a Alemanha (AfD).

Os manifestantes criticaram a decisão de membros do CDU de negociar com a AfD por votos para uma tentativa de aprovar em conjunto um projeto de lei para limitar a imigração. O Parlamento acabou rejeitando por pouco o projeto de lei que poderia se tornar a primeira legislação a passar graças a um partido de ultradireita. Mas a aproximação entre os partidos, de fato, rompeu o tabu político em vigor desde a 2ª Guerra, uma estratégia chamada de "cordão sanitário". Muitos manifestantes acusaram Merz de fazer um "pacto com o diabo".

ELEIÇÕES

O chefe do governo alemão, o social-democrata Olaf Scholz, que havia alertado sobre o risco de uma aliança entre AfD e CDU para governar, comemorou em sua conta no X a grande concentração de ontem: "Centenas de milhares de cidadãs e cidadãos de todo o país: Nunca com a extrema direita", escreveu. A ex-chanceler Angela Merkel, do mesmo partido de Merz, quebrou o silêncio na quinta-feira para classificar sua estratégia como "um erro".

Pesquisas mostram a CDU liderando com cerca de 30% as intenções de voto, com a AfD em segundo, com cerca de 20%. A AfD, criada há 12 anos, entrou pela primeira vez no Parlamento nacional em 2017, beneficiando-se da decisão de Merkel, dois anos antes, de permitir a entrada de um grande número de migrantes no país.

Há um ano, centenas de milhares também protestaram em manifestações que duraram semanas por toda a Alemanha contra a ascensão da extrema direita e supostos planos de deportar milhões de imigrantes. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A Polícia Federal divulgou nota nesta segunda-feira, 10, manifestando preocupação a proposta de alteração no projeto antifacção apresentada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP). Em nota divulgada no site da corporação, a PF diz que o texto retira atribuições do órgão de investigação criminal.

"A proposta original, encaminhada pelo Governo do Brasil, tem como objetivo endurecer o combate ao crime e fortalecer as instituições responsáveis pelo enfrentamento às organizações criminosas. Entretanto, o texto em discussão no Parlamento ameaça esse propósito ao introduzir modificações estruturais que comprometem o interesse público", diz a nota.

Segundo a PF, o relatório do deputado Derrite, cujo nome não é citado na nota, "o papel institucional histórico da Polícia Federal no combate ao crime - especialmente contra criminosos poderosos e organizações de grande alcance - poderá sofrer restrições significativas".

A proposta do deputado, aponta a PF, obrigaria a instituição só poderia entrar em investigações a pedido de governos estaduais, "o que constitui um risco real de enfraquecimento no combate ao crime organizado".

"Essa alteração, somada à supressão de competências da Polícia Federal, compromete o alcance e os resultados das investigações, representando um verdadeiro retrocesso no enfrentamento aos crimes praticados por organizações criminosas, como corrupção, tráfico de drogas, desvios de recursos públicos, tráfico de pessoas, entre outros", diz a nota.

A PF diz que, pelas regras propostas pelo deputado, as operações recentes contra o crime organizado não teriam ocorrido se as regras do texto de Derrite já estivessem valendo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes solicitou à Receita Federal a regularização do Cadastro de Pessoa Física (CPF) do ex-deputado federal Daniel Silveira, que pretende obter a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).

Atualmente, Silveira cumpre pena em regime semiaberto, já podendo progredir para aberto, pois já cumpriu metade dos oito anos de condenação impostos pela Suprema Corte em 2022. Ele foi condenado por ameaças ao Estado Democrático de Direito e tentativa de interferência em processo judicial.

A liberação do CPF ocorreu após a defesa de Silveira alegar a necessidade de regularização do documento para obter a carteira de trabalho e poder, eventualmente, trabalhar.

Em despacho, Moraes destacou que "considerando que a alegação da defesa é contraditória com a informação obtida junto à Receita Federal, que aponta a situação de regularidade do CPF do apenado, esclareça-se o pedido formulado", dando prazo de cinco dias para resposta.

Além disso, a defesa solicitou a liberação do CPF para inscrição no portal Gov.br e a abertura de conta salário em banco.

Mesmo no regime semiaberto, Silveira segue sujeito a restrições como proibição de uso de redes sociais, monitoramento por tornozeleira eletrônica, passaporte cancelado, comparecimento semanal à Justiça e permanência obrigatória no Estado do Rio de Janeiro.

O ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, apontado como integrante do "núcleo 2" da trama golpista, lançou uma campanha virtual de arrecadação de recursos para custear advogados nos Estados Unidos. A iniciativa foi anunciada no último domingo, 9, em publicação no X (antigo Twitter), feita pelo advogado Jeffrey Chiquini.

Segundo Chiquini, a vaquinha foi criada por um grupo de apoiadores e amigos de Filipe Martins para arrecadar recursos destinados a custear os honorários de advogados criminalistas nos Estados Unidos. Segundo ele, a iniciativa também pretende ajudar nas despesas decorrentes das restrições que o ex-assessor enfrenta "há quase três anos".

Chiquini disse ainda que todo o valor arrecadado será destinado exclusivamente ao ex-assessor de Jair Bolsonaro e defendeu o engajamento dos apoiadores. Ele afirmou que o objetivo é "levar todos os responsáveis pela fraude no sistema migratório americano à Justiça dos EUA" e pediu que as pessoas "acessem o site, ajudem a divulgar e apoiem com o que puderem".

Preso preventivamente desde fevereiro de 2024, Filipe Martins passou seis meses detido no Paraná antes de ser autorizado a cumprir prisão domiciliar, decisão tomada diante do risco de fuga ao exterior. A ordem de prisão foi fundamentada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no fato de o nome do ex-assessor constar na lista de passageiros da comitiva do então presidente Jair Bolsonaro, que deixou o Brasil rumo a Orlando em 30 de dezembro de 2022.

Desde então, a defesa de Martins argumenta que, embora seu nome apareça na relação oficial do voo, ele não embarcou e permaneceu no País durante aquele período.

A vaquinha foi anunciada após as recentes decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF. O magistrado havia determinado o afastamento da defesa de Martins por perda de prazo processual, mas recuou da decisão dias depois. O episódio gerou reação de perfis da extrema-direita nas redes sociais, que acusaram o STF de "cerceamento de defesa".

Apesar das manifestações, a Procuradoria-Geral da República (PGR) reuniu documentos e depoimentos que, segundo a denúncia, implicam diretamente Martins na tentativa de golpe de Estado.

Uma das principais provas citadas é a reunião de 7 de dezembro de 2022, na qual o então presidente Jair Bolsonaro teria apresentado aos comandantes das Forças Armadas uma minuta de decreto com medidas de exceção, considerada pela Polícia Federal como base jurídica para a execução do golpe.

Martins é réu no STF e será julgado em dezembro, nos dias 9, 10, 16 e 17, junto com outros integrantes do chamado "núcleo 2" da trama golpista, grupo composto por ex-assessores e aliados diretos de Bolsonaro que teriam sido responsáveis por ações de articulação e apoio logístico ao plano.