Trump propõe expulsar palestinos da Faixa de Gaza de forma permanente

Internacional
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Em reunião nesta terça, 4, com o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, na Casa Branca, o presidente dos EUA, Donald Trump, propôs a retirada permanente dos palestinos da Faixa de Gaza, em razão da devastação causada pela guerra de Israel contra o Hamas, após o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023. Ele sugeriu que eles criassem um Estado em outro lugar.

A declaração de ontem marcou a primeira vez que Trump - ou qualquer presidente americano - fala publicamente sobre a realocação permanente dos palestinos da Faixa de Gaza. Ao lado de Netanyahu, ele disse que o território "não é um lugar para as pessoas viverem", e afirmou que os moradores "não deveriam voltar para lá".

"Gaza não é um lugar para as pessoas viverem", disse o presidente americano. "Espero que possamos fazer algo para que eles não queiram voltar, porque eles não experimentaram nada além de morte e destruição. Precisamos de outro local. Acho que deveria ser um local que deixasse as pessoas felizes."

Trump sugeriu ainda que há interessados em participar da reconstrução de Gaza, sem citar nomes. O republicano disse que "consegue imaginar uma bela área para reassentar pessoas de forma permanente, em boas casas e onde elas possam ser felizes e não ser baleadas, mortas ou esfaqueadas até a morte".

Críticas

A ideia de Trump é que, enquanto não for encontrada uma nova pátria para os palestinos, Egito e Jordânia fiquem com os refugiados. Embora ele tenha apresentado a solução como um imperativo humanitário, a sugestão não tem apoio entre os países árabes do Oriente Médio.

Egito e Jordânia rejeitam receber um grande número de refugiados, devido ao fardo socioeconômico e aos temores de instabilidade. Os habitantes de Gaza também não mostram interesse em sair do enclave, que passaram anos defendendo, apesar da destruição.

Juristas e diplomatas dizem que forçar a retirada dos 2,2 milhões de moradores do enclave configura crime de limpeza étnica, de acordo com as Convenções de Genebra. Em novembro, a Human Rights Watch afirmou que os deslocamentos forçados internos de palestinos, ordenados por Israel, dentro da Faixa de Gaza eram um crime de guerra.

O Hamas, que governou Gaza nas últimas duas décadas, também rejeitou a ideia. Sami Abu Zuhri, uma autoridade de alto escalão do grupo, afirmou que a sugestão de Trump era "uma receita para criar caos e tensão na região".

Os chanceleres de Jordânia, Emirados Árabes, Arábia Saudita, Catar e Egito, além de um representante da Autoridade Palestina, enviaram uma carta ao secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, rejeitando a ideia de reassentar os palestinos em qualquer outro lugar.

Netanyahu

O premiê de Israel não comentou a sugestão de Trump, embora integrantes de sua coalizão, especialmente os aliados de extrema direita, como Bezalel Smotrich e Itamar Ben-Gvir, desejem aproveitar o apoio da Casa Branca para anexar o enclave.

Outro objetivo de Netanyahu ontem na Casa Branca era discutir a segunda fase do acordo de cessar-fogo com o Hamas. "Vamos tentar", respondeu o premiê, sobre a perspectiva de manter a trégua.

O primeiro-ministro é pressionado pelas famílias dos reféns do Hamas a manter o acordo, enquanto parte da coalizão de extrema direita exige que Israel retome a guerra o mais breve possível, o que poderia derrubar o governo de Israel. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira, 5, o pleito de investigados pelos atos golpistas de 8 de janeiro por anistia. Com ironia, disse que as pessoas pedem o perdão da pena, muitas vezes sem a condenação em si.

"As pessoas são muito interessantes. Nem terminou o processo e já querem anistia. Eles não acreditam que são inocentes? Eles deveriam acreditar que são inocentes e não ficar pedindo anistia antes de o juiz determinar a punição", disse.

Lula deu entrevista às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM BH, de Minas Gerais, na manhã desta quarta.

"Quando as pessoas nem foram condenadas e pedem anistia, eles estão se condenando, eles acham que fizeram aquilo que a Justiça está dizendo que eles fizeram", afirmou.

Sobre uma possível disputa com o ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula disse que, se a Justiça entender que ele pode ser candidato em 2026, que assim seja, mas disse que, se ele, Lula, for candidato, Bolsonaro "vai perder outra vez".

"Esperem o julgamento, se defendam, vai ter condenação ou não, haverá o direito de defesa que nunca houve para mim, se a Justiça entender que ele (Jair Bolsonaro) pode concorrer, ele pode concorrer. E se for comigo, vai perder outra vez", disse.

Lula não respondeu, porém, sobre a discussão no Congresso sobre uma alteração no prazo de inelegibilidade pela Lei da Ficha Limpa. Bolsonaro está atualmente inelegível e não pode ser candidato em 2026. Caso o prazo seja reduzido, o ex-presidente poderia ser candidato.

O petista criticou Bolsonaro e insinuou que o ex-presidente viajou aos Estados Unidos no fim de 2022 porque teria medo de ser preso. Também afirmou que "quem tentou dar um golpe, articulou inclusive a morte do presidente, vice-presidente e presidente do TSE, não merece absolvição, eu acho" e disse que, "por menos do que eles fizeram, muita gente do Partido Comunista foi morta".

"A verdade só o Bolsonaro sabe, se ele sabe que quis dar golpe, ele sabe que quis dar, por isso fugiu para Miami. Se ele fosse um homem que não tivesse preparado toda aquela podridão de comportamentos, ele teria ficado, dado posse, como qualquer ser humano civilizado faria", afirmou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 5, que o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) "será mantido ministro". Lula elogiou Silveira e disse que ele é um "ministro excepcional".

"Silveira é um ministro excepcional. Poucas vezes o Ministério de Minas e Energia teve um ministro com a competência, a vontade de brigar, como o Silveira. Ele será mantido ministro. Não há porque mexer em uma coisa que está fazendo uma revolução no setor energético e de minas do País. Ainda vou discutir muito com o PSD e os partidos, porque não tenho pressa a fazer reforma", declarou em entrevista às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM BH, de Minas Gerais, na manhã desta quarta.

Lula disse, ainda, que vai depender do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) decidir se quer ser ministro do governo federal e se quer ser candidato ao governo de Minas Gerais.

"Se eu falar para você que eles vão ficar, você vai dizer que Lula não faz mudança no governo. Mas posso te dizer que meu sonho com o Pacheco é mostrar a ele que ele é a figura pública mais importante de Minas Gerais e que se ele quiser ser o candidato a governador ele poderá ser o futuro governador. É só ele querer para a gente trabalhar para ele ser eleito. Ele vai ter que decidir", afirmou.

Lula disse que pretende se reunir com Pacheco e com integrantes do PSD depois das férias que o senador pretende tirar. Afirmou que não há pressa para esse encontro, mas que o PSD terá de "demonstrar o que tem". Ao citar as pastas ocupadas pela legenda, se confundiu e disse que o partido tem o Ministério do Turismo (na verdade, a sigla ocupa o Ministério da Pesca).

"Pacheco tem o direito de tirar férias e descansar. Temos todo o tempo do mundo. Quando ele voltar, quero ter uma reunião com o PSD, com os ministros e direção do PSD, e dizer o que a gente vai fazer. O PSD vai demonstrar o que tem. Mas não há pressa, Pacheco pode tirar boas férias e descansar", afirmou.

Lula completou dizendo que se o ex-presidente do Senado declinar do convite para ser candidato ao governo, o Palácio do Planalto terá de pensar em alternativas para a disputa em 2026.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 5, que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), deveria "respeitar" o programa de renegociação das dívidas dos Estados com a União e que Zema e o governo anterior "não conseguiram fazer" um acordo para o pagamento desses débitos.

"É muito estranho que a gente faça esse acordo, Minas Gerais deixa de pagar os juros, e que 60% do que não pagar deverá ser investido na educação, saneamento, habitação. E fico sabendo que o governador de Minas Gerais tem feito críticas e disse que vai recorrer para derrubar o veto que fiz em tudo o que a AGU disse que era inconstitucional. Fiz o veto consciente de que o Congresso pode derrubar o veto, tem a soberania", disse o presidente em entrevista às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM BH, de Minas Gerais, na manhã desta quarta.

Lula elogiou o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) pela negociação sobre o projeto de lei e disse que o Propag (programa criado para renegociação das dívidas dos Estados) não beneficia o governo federal, mas, sim, os Estados endividados.

"Sou muito agradecido ao Pacheco, porque o acordo pela dívida de MG só aconteceu por causa do Pacheco, porque ele se dedicou para que a gente pudesse concluir esse acordo", declarou.