Hamas adia soltura de reféns e Israel ameaça retomar guerra em Gaza

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O Hamas adiou indefinidamente nesta segunda-feira, 10, a libertação de reféns israelenses que deveriam deixar a Faixa de Gaza no próximo fim de semana. Segundo uma declaração do porta-voz do grupo terrorista, Abu Obeida, a medida foi tomada em razão de supostas violações do acordo de cessar-fogo com Israel.

Segundo o Hamas, Israel falhou em permitir o regresso dos civis palestinos ao norte da Faixa de Gaza e realizou bombardeios em todo o enclave durante o acordo de trégua. O grupo terrorista também acusa Israel de dificultar a entrada dos caminhões com ajuda humanitária.

O governo israelense afirma que apenas bombardeou carros que estavam em uma zona não permitida, mas permitiu a volta de palestinos ao norte do enclave. Um porta-voz do ministro da Defesa israelense, Israel Katz, classificou o anúncio do Hamas como "uma violação completa do acordo de cessar-fogo e do acordo de libertação de reféns". Katz afirmou que instruiu as Forças Armadas de Israel "a se prepararem em alerta máximo para todos os cenários possíveis em Gaza".

Logo em seguida, o Exército anunciou que começou a reforçar as áreas ao redor da Faixa de Gaza após o anúncio do Hamas. "A área será significativamente reforçada com forças adicionais para missões defensivas", afirmaram os militares, em comunicado.

A medida ameaça inviabilizar o acordo de trégua de seis semanas alcançado no mês passado, antes do início do governo de Donald Trump, nos EUA. Nas últimas semanas, diversas acusações das duas partes quase acabaram com a trégua, mas os mediadores conseguiram aparar as arestas.

Nesta fase do acordo, o Hamas se comprometeu a libertar 33 reféns capturados nos ataques terroristas de 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, em troca de 2 mil prisioneiros palestinos. Cinco trocas foram realizadas até agora, com a libertação de 21 reféns e 730 prisioneiros palestinos. A próxima leva de libertações estava marcada para sábado, 8.

Segunda fase

As duas partes concordaram em iniciar as negociações para uma segunda parte da trégua, mas a situação ficou incerta. Caso um acordo seja alcançado para a próxima etapa, o Hamas libertaria o restante dos sequestrados vivos, principalmente soldados homens, em troca de mais prisioneiros e da "retirada completa" das forças israelenses de Gaza.

O grupo terrorista ressaltou que não libertaria os reféns restantes sem o fim da guerra e uma retirada israelense completa do território, enquanto o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, prometeu só encerrar a guerra após destruir as capacidades militares do Hamas.

As negociações sobre os detalhes deveriam ter começado na semana passada, mas Israel enviou autoridades ao Catar sem um mandato para negociar essa fase, de acordo com quatro autoridades israelenses, uma autoridade de um país mediador e um diplomata informado sobre as negociações, que falaram ao New York Times sob condição de anonimato para discutir o delicado cessar-fogo.

Reféns

Em uma eventual terceira fase, os corpos dos reféns restantes seriam devolvidos em troca de um plano de reconstrução de três a cinco anos que seria executado em Gaza sob supervisão internacional.

A última libertação de reféns, no sábado, aumentou ainda mais a pressão para Netanyahu, em razão da condição física dos sequestrados. Os israelenses Eli Sharabi, Ohad Ben Ami e Or Levy estavam claramente subnutridos e perderam muito peso.

Em comunicado, o fórum das famílias dos reféns israelenses apelou aos países mediadores para restaurarem o acordo existente. "As evidências recentes dos libertados, bem como as condições chocantes dos reféns soltos no sábado passado, não deixam margem para dúvidas - o tempo é essencial e todos os reféns devem ser resgatados com urgência desta situação horrível", afirmou o fórum, em comunicado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retoma nesta terça-feira, 11, o julgamento que pode cassar o mandato do governador de Roraima, Antônio Denarium (PP), acusado de abuso de poder político e econômico.

Denarium foi condenado quatro vezes pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR) em 2023, por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2022. Ele permanece no cargo enquanto os recursos são analisados, situação que se mantém devido à suspensão temporária do processo.

O caso já havia sido pautado em agosto, mas a análise foi suspensa logo após o voto da relatora, ministra Isabel Gallotti, em razão de um pedido de vista do ministro André Mendonça.

Em nota, a assessoria do governador afirmou que continua "confiando na Justiça, nas instituições e em todos que, assim como nós, acreditam em um Estado melhor para viver, trabalhar e empreender".

Denarium destacou ainda os avanços do estado: "Um Estado que se destaca no Brasil com o maior crescimento do PIB, a maior redução do número de homicídios, com aumento da área plantada e do rebanho bovino", disse em publicação nas redes sociais.

Na sessão, também será julgado o vice-governador Edson Damião (Republicanos), acusado pelos mesmos crimes. A ministra Isabel Gallotti, apontou que o número de beneficiários do programa "Cesta da Família" aumentou 400% em 2022, passando de 10 mil para 50 mil pessoas atendidas.

Em seu voto, Gallotti destacou ainda o programa "Morar Melhor", voltado à reforma de moradias de famílias de baixa renda, afirmando que ele foi "um engenhoso expediente que culminou na criação de novos programas em ano eleitoral, com dividendos eleitorais em favor do candidato à reeleição ao governo do Estado".

A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu nesta segunda-feira, 10, em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a condenação dos deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-MA), além do suplente de deputado Bosco Costa (PL-SE), por corrupção com emendas parlamentares.

Segundo a PGR, os deputados condicionaram a destinação de R$ 6,67 milhões em emendas ao município de São José de Ribamar, na região metropolitana de São Luís, ao pagamento de R$ 1,67 milhão em propinas. Os parlamentares negam irregularidades.

A Procuradoria afirma que as provas são "irrefutáveis" e que a autoria e a materialidade dos crimes estão comprovadas por diálogos e documentos obtidos na investigação.

"Embora os deputados Josimar e Bosco Costa tenham negado a autoria das emendas, aproveitando-se da baixa transparência dos dados públicos sobre a procedência desses recursos, as provas confirmam serem eles os responsáveis pelas destinações", diz a PGR.

O vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand, enviou ao STF os últimos argumentos da acusação no processo. As defesas ainda vão apresentar suas alegações finais, última etapa antes do julgamento. O relator do processo é o ministro Cristiano Zanin.

Além da condenação, a PGR pede a perda dos mandatos e o pagamento de uma indenização por danos morais coletivos.

A PGR afirma que Josimar Maranhãozinho "ostentava a posição de liderança" do suposto esquema e, nessa condição, "coordenava a destinação dos recursos patrocinados pelos demais congressistas" e depois distribuía as propinas.

"Não há dúvida de que os réus, sob a chefia do deputado Josimar, constituíram e integraram organização criminosa", diz a Procuradoria nas alegações finais.

Os repasses teriam ocorrido entre dezembro de 2019 e abril de 2020, de acordo com a denúncia. Na época, o prefeito de São José de Ribamar era José Eudes Sampaio Nunes. A PGR afirma que ele foi "insistentemente abordado para ceder à solicitação de propina".

As defesas vêm pedindo o arquivamento da ação por falta de provas.

O novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (Psol-SP), criticou a escolha do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), ex-secretário de Segurança do governo paulista, como relator do projeto de lei antifacção.

"Colocar o Derrite como relator de um projeto do governo para o combate das facções criminosas me soa como uma provocação", disse Boulos, em entrevista depois de um painel sobre resíduos sólidos e crédito de carbono na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

Boulos criticou a escolha argumentando que o deputado está partidária, direta e eleitoralmente comprometido com quem tem se colocado como adversário do governo Lula. "Ele está, inclusive, comprometido com quem foi contra a PEC da Segurança Pública, que é o que permite que o governo federal atue de forma mais eficaz no combate ao crime organizado", disse o ministro.