Em reunião com os EUA, Rússia diz que há 'desejo mútuo' de iniciar negociações na Ucrânia

Internacional
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O governo Donald Trump iniciou conversas com a Rússia nesta terça-feira, 18, para melhorar as relações entre os dois países e iniciar uma discussão sobre o fim da guerra na Ucrânia. A reunião em Riad, na Arábia Saudita, ressalta uma mudança de postura dos Estados Unidos desde o início do conflito no Leste Europeu e sinaliza uma vontade de marginalizar aliados europeus e a Ucrânia na tentativa de impor uma paz rápida.

Do lado americano, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, chefiou a delegação ao lado do conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, e o enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff. Do lado russo, o ministro das Relações Exteriores do país, Sergei Lavrov, chefiou a comitiva com Yuri Ushakov, conselheiro de política externa de Vladimir Putin e Kirill Dmitriev, chefe do fundo soberano da Rússia.

Este foi o primeiro encontro de alto nível entre diplomatas dos dois países desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. A iniciativa ressalta uma diferença com a política do governo de Joe Biden, que disse ao longo de todo o conflito que Kiev deveria liderar qualquer negociação de paz.

As conversas em Riad perturbaram a Ucrânia. Existe um receio de que o país não seja chamado para a mesa de negociação. Kiev e países europeus também temem que o republicano faça um acordo que seja favorável a Moscou.

Ucrânia

As autoridades americanas minimizaram a importância da exclusão de Kiev, descrevendo a reunião como preliminar para explorar as perspectivas de negociações posteriores que incluiriam a Ucrânia. O encontro também serviu para avaliar a possibilidade de uma reunião entre Vladimir Putin e Donald Trump.

O presidente ucraniano, Volodimr Zelenski, deve visitar a capital saudita na quarta-feira, 19, mas não planeja se reunir com autoridades dos EUA no país saudita, de acordo com uma autoridade ucraniana, que falou sob condição de anonimato com o jornal americano The Washington Post para discutir a situação com franqueza.

As discussões ocorrem poucos dias depois de os principais assessores de Trump chocarem os líderes europeus ao descartarem a possibilidade de a Ucrânia entrar na Otan. O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou que não era "realista" dizer que a Ucrânia irá recuperar todos os territórios perdidos na guerra.

Quase três anos após a invasão em grande escala de Moscou, a Rússia controla cerca de um quinto da Ucrânia. Embora o ritmo dos ganhos russos tenha aumentado nas últimas semanas, Kiev também ocupa territórios russos no sudoeste.

Acordo de paz

As autoridades ucranianas alertaram que, a menos que um acordo de paz inclua fortes garantias ocidentais, a Rússia irá se reagrupar e lançar um novo ataque. Um acordo de paz de 2014, mediado pela Alemanha e pela França, que visava reintegrar áreas do leste da Ucrânia lideradas por forças separatistas controladas pela Rússia, nunca foi totalmente implementado.

Vários líderes europeus se encontraram na segunda-feira, 17, em Paris com o intuito de discutir um plano de resposta para a Europa. As nações europeias cogitam o envio de tropas para a Ucrânia, caso um acordo seja atingido, mas nenhum compromisso foi assumido.

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta terça-feira que falou por telefone com Trump e Zelenski após a reunião que convocou em Paris.

"Procuramos uma paz forte e duradoura na Ucrânia", escreveu Macron na plataforma de redes sociais X. "Para conseguir isto, a Rússia deve pôr fim à sua agressão, e isto deve ser acompanhado por garantias de segurança fortes e credíveis para os ucranianos", disse ele e prometeu "trabalhar nisto juntamente com todos os europeus, americanos e ucranianos".

Negócios com os russos

Embora a administração Trump tenha descrito a reunião desta terça-feira como um primeiro passo para conversas de paz mais amplas, as autoridades russas caracterizaram a reunião como uma oportunidade para pôr fim a um período de isolamento econômico e político de Moscou e reverter um congelamento diplomático com Washington.

"O principal é iniciar uma verdadeira normalização das relações entre nós e Washington", disse o assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, ao chegar a Riad como parte da delegação russa. Vários cidadãos americanos foram libertados de prisões russas nas últimas semanas após negociações entre os EUA e a Rússia.

Em meio aos receios europeus de uma retirada das forças dos EUA do continente, o Kremlin reafirmou as suas exigências de renegociar a arquitetura de segurança da Otan na Europa como um requisito para um acordo para parar os combates na Ucrânia.

"No que diz respeito à arquitetura de segurança na Europa, é claro que um acordo abrangente, um acordo a longo prazo, um acordo viável não é possível sem uma consideração abrangente das questões de segurança no continente", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Kirill Dmitriev, chefe do fundo soberano da Rússia, disse que Moscou apresentou propostas a Washington para novos negócios e cooperação energética, expressando otimismo de que os acordos poderão ser concluídos dentro de meses.

Uma colaboração empresarial renovada seria um grande afastamento da era Biden, quando os Estados Unidos lideraram as nações ocidentais na imposição de sanções abrangentes à Rússia. (Com agências internacionais).

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai destinar R$ 100 milhões para um plano nacional para enfrentamento aos desastres naturais que será desenvolvido juntamente com a Marinha e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A parceria foi oficializada em Belém, nesta sexta-feira, 7, durante cerimônia que homenageou Pedro Teixeira, militar português do período colonial que liderou a primeira expedição fluvial subindo o rio Amazonas.

Estiveram presentes o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; o Comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen; a diretora do Cemaden, Regina Célia Alvalá; e a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos. A cerimônia ocorreu no espaço interno do navio Atlântico, ancorado no porto de Belém e que funcionará como base de operações e apoio logístico das Forças Armadas durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30).

A ideia da parceria é unir esforços técnicos, científicos e institucionais para fortalecer a capacidade nacional de prevenção, monitoramento e resposta aos eventos climáticos extremos, cada vez mais recorrentes.

"Estamos tendo desastres extremos cada vez mais frequentes e intensos. Estamos desenvolvendo esforços de prevenção, com programa de descarbonização e outras iniciativas. Mas nós também temos que nos preparar para a resposta.

Salvar vidas em primeiro lugar e recuperar as estruturas, as comunicações, a economia", afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. De acordo com Mercadante, a expectativa é de que, com base nas estudos que serão realizados, o plano nacional esteja concluído em outubro do próximo ano.