Hamas matou irmãos Bibas, diz Israel; família acusa Netanyahu de abandono

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O Exército de Israel afirmou nesta sexta-feira, 21, que terroristas do Hamas mataram "com as próprias mãos" os irmãos Kfir e Ariel Bibas, em novembro de 2023, contrariando a versão do grupo de que as crianças, então com 9 meses e com 4 anos, respectivamente, teriam morrido durante um bombardeio israelense em Gaza.

Em pronunciamento em vídeo, o porta-voz militar Daniel Hagari afirmou que eles não foram alvo de disparos. As conclusões são baseadas em dados forenses coletados no processo de identificação dos corpos e em informações de inteligência. Ele não deu detalhes de como os legistas chegaram a essa conclusão e prometeu apenas compartilhar as informações com países "parceiros" para que haja uma verificação independente.

O Hamas afirma que os integrantes da família Bibas - a exceção do pai, Yarden, que foi devolvido com vida há duas semanas - morreram durante um bombardeio israelense na Faixa de Gaza, em novembro de 2023 (mesmo período apontado pela perícia israelense), um mês após o sequestro. O grupo não detalhou onde teria ocorrido o bombardeio.

Erro

Na quinta-feira, 20, como parte do acordo de cessar-fogo, o Hamas entregou quatro corpos que deveriam ser da mãe, Shiri Bibas, que tinha 33 anos quando foi sequestrada, e de seus filhos, além de Oded Lifshitz, de 83 anos. Imediatamente, Israel realizou testes de DNA e descobriu que o corpo que deveria ser de Shiri era de uma palestina. O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, considerou a situação uma "violação cruel e maliciosa" do acordo de cessar-fogo.

Ontem, Mousa Abu Marzouq, do alto escalão do Hamas, admitiu o erro e disse que a troca ocorreu em razão da quantidade de corpos espalhados no local em que teria ocorrido o bombardeio israelense.

Marzouq afirmou que um grupo de combatentes faria uma nova varredura nos escombros do local. No início da noite, outro corpo foi entregue à Cruz Vermelha, com a garantia de que era o de Shiri Bibas. O grupo terrorista não detalhou onde teria ocorrido o bombardeio israelense.

Abandono

Integrantes da família Bibas se juntaram ontem a outros parentes de reféns que acusam Netanyahu de não ter protegido Israel durante o ataque do Hamas, em 2023, e de não ter trazido os sequestrados para casa com vida.

"Não há perdão por tê-los abandonado, em 7 de outubro, e não há perdão por tê-los abandonado no cativeiro", disse Ofri Bibas, cunhada de Shiri. "Netanyahu, não recebemos um pedido de desculpas de sua parte nesse momento doloroso."

O caso dos Bibas causou consternação por ter envolvido uma família inteira, incluindo uma criança e um bebê. O casal Yarden e Shiri foi sequestrado pelo Hamas durante a invasão do kibutz Nir Oz, uma das comunidades do sul de Israel atacadas durante o atentado terrorista de 7 de outubro de 2023. As imagens de Shiri com os dois filhos, sendo tirada de casa com um deles no colo, rodaram o mundo.

Apesar da tensa troca de acusações dos últimos dias, a próxima etapa do acordo de cessar-fogo foi mantida. Ela envolve a libertação hoje de seis reféns israelenses. Em troca, Israel soltará 602 prisioneiros palestinos.

Negociação

Em razão da volatilidade da situação, é difícil dizer se o acordo sobreviverá. Mesmo que a troca de hoje seja concretizada, ainda há muitos obstáculos para que Israel e Hamas avancem mais uma etapa na trégua. A primeira fase do cessar-fogo expira em menos de duas semanas, e os dois lados ainda divergem sobre os termos para estender a trégua para uma segunda fase. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A Faculdade de Direito da USP realizou na manhã desta sexta-feira, 25, um ato em defesa da soberania nacional. A mobilização foi motivada pela decisão do governo de Donald Trump de suspender os vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos.

Segundo a organização, mais de 250 entidades da sociedade civil aderiram à manifestação, entre elas a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Instituto Vladimir Herzog. Cerca de mil pessoas participaram do evento no Salão Nobre da faculdade, que estava lotado e decorado com bandeiras do Brasil, faixas verde e amarelas e banners com os dizeres "Soberania" e "Democracia".

A convocação foi assinada pelo diretor da Faculdade de Direito, Celso Campilongo, e pela vice-diretora Ana Elisa Bechara. Ana participou da leitura da Carta em Defesa da Soberania Nacional, ao lado da psicóloga Cida Bento, autora do livro O Pacto da Branquitude.

Um dos trechos do documento afirma: "Neste grave momento, em que a soberania nacional é atacada de maneira vil e indecorosa, a sociedade civil se mobiliza, mais uma vez, na defesa da cidadania, da integridade das instituições e dos interesses sociais e econômicos de todos os brasileiros".

Antes da leitura da carta, Campilongo alertou para o risco de violação de princípios básicos do Direito Internacional. "A soberania nacional, o respeito aos direitos básicos do Direito Internacional estão sendo solapados por esta situação de constrangimento, de ameaça, de abuso de poder - de um lado político, mas, juntamente com este poder político, também de um poder econômico."

Estiveram presentes no evento diversas figuras da política brasileira, como Aloizio Mercadante, presidente do BNDES; Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; Edinho Silva, presidente eleito do PT; e José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

O deputado Hélio Lopes (PL-RJ) montou uma barraca na Praça dos Três Poderes em protesto contra as medidas judiciais impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Lopes ainda colocou um esparadrapo na boca sustentando que a liberdade de expressão está ameaçada no País.

O deputado publicou nas redes sociais uma carta aberta em que diz que o Brasil "não é mais uma democracia". "Não estou aqui para provocar. Estou aqui para demonstrar a minha indignação com essas covardias. Não estou incentivando ninguém a fazer o mesmo", disse.

Questionado pela reportagem por que ele resolveu se acampar, ele se manteve calado.

Diante de novas perguntas, o deputado reagiu gesticulando negativamente, manifestando o desejo de permanecer sem falar, com a mordaça na boca, enquanto lia o capítulo de Provérbios, do Velho Testamento da Bíblia.

Apesar de declarar-se em silêncio, a conta do parlamentar nas redes sociais continuaram ativas e, por lá, ele se manifestava: "Muito obrigado pelas mensagens de carinho. Mesmo em silêncio, tenho sentido cada palavra, cada oração e cada apoio que chega de todos os cantos do Brasil", escreveu em sua conta o X.

A manifestação chamou a atenção de poucos transeuntes, em sua maioria bolsonaristas. O primeiro político a chegar foi o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO), que deu um abraço no deputado e disse que irá acampar ao lado de Lopes.

"Estamos procurando uma forma de mostrar ao Brasil o que está acontecendo", disse. Segundo ele, ainda que Lopes tenha dito que não está "incentivando ninguém a fazer o mesmo", num futuro breve poderiam ter outras dezenas de acampamentos na Praça dos Três Poderes.

A Polícia Militar do Distrito Federal acionou a Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal, conhecida como DF Legal, dizendo que acampamentos não podem ficar na área da Praça, a mesma que foi invadida nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

O deputado se recusou a sair e policiais discutem qual a melhor estratégia a ser adotada neste momento.

Bolsonaro disse que passaria perto da manifestação de Lopes, mas não iria parar "senão politiza".

Na avaliação do ministro dos Transportes, Renan Filho, a família Bolsonaro tem caminhado cada vez mais para a extrema direita e, por isso, o governo do presidente Lula deve ocupar mais o centro, visando as eleições presidenciais do ano que vem.

Em conversa com a imprensa após participar de um painel na XP Expert, em São Paulo, Renan Filho destacou que "há muita possibilidade" de isolar o bolsonarismo na extrema-direita, principalmente após o deputado Eduardo Bolsonaro ter se licenciado de seu mandato e mudado para os Estados Unidos.

"É um ataque que está sendo feito à própria democracia", disse Renan Filho, em relação às negociações de Eduardo Bolsonaro nos EUA que culminaram na imposição de tarifas de 50% a produtos brasileiros.

Para Renan Filho, é possível "reconstituir uma frente ampla", apresentando um projeto para o País que agregue, além da centro-esquerda, uma parte maior do próprio centro.