X e Meta aprovaram discurso de ódio contra judeus e muçulmanos antes das eleições na Alemanha

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A Meta e o X aprovaram anúncios direcionados a usuários na Alemanha com discurso de ódio contra muçulmanos e judeus antes das eleições federais no país, segundo uma nova pesquisa da Eko, uma organização sem fins lucrativos voltada à responsabilidade corporativa. As empresas não comentaram o assunto.

Em uma corrida eleitoral já marcada pela discussão sobre a imigração, os pesquisadores testaram se o sistema de revisão de postagens das redes aprovaria ou não submissões de propagandas que continham mensagens de ódio ou violência contra minorias.

A maior parte dos anúncios testados foi aprovada poucas horas depois que foram submetidos para revisão, em fevereiro. As eleições na Alemanha aconteceram neste domingo, dia 23.

No teste, anúncios anti-muçulmanos, palavras de ordem para que imigrantes sejam presos em campos de concentração ou em câmaras de gás e até imagens geradas por inteligência artificial (IA) de mesquitas e sinagogas queimadas foram veiculadas.

Friedrich Merz, da União Democrática Cristã (CDU) partido conservador tradicional, venceu com 28,5% dos votos, seguido pelo partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), com 20,8%, e o Partido Social-Democrata (SPD), do atual chanceler Olaf Scholz, que ficou em terceiro com 26,4%. Este foi o melhor resultado da AfD desde a 2ª Guerra Mundial.

Os pesquisadores criaram perfis anônimos para veicular as publicações. Em novas contas no Facebook e um perfil verificado no X, eles submeteram os anúncios. Isso garantiu que o teste de moderação de conteúdo e de detecção de discurso de ódio fosse realizado de maneira neutra e sem identificação dos responsáveis.

Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou em janeiro que as redes da gigante flexibilizaram as políticas de moderação e checagem de notícias falsas. O sistema adotado pela dona do Facebook é similar ao do X, onde a ferramenta Notas da Comunidade deixa que os usuários adicionem avisos de conteúdo potencialmente ofensivo.

Discurso de ódio agendado

O X aprovou todos os 10 anúncios que continham discurso de ódio submetidos pelos pesquisadores poucos dias antes das eleições, segundo a organização, enquanto a Meta autorizou metade (cinco) deles para veiculação no Facebook - e potencialmente no Instagram -, mas rejeitou os outros cinco.

A justificativa da Meta por recusar o conteúdo foi que a plataforma acreditava haver riscos de sensibilidade política ou social que poderiam influenciar a votação.

No entanto, os cinco anúncios aprovados pela Meta incluíam evidente discurso de ódio, no qual comparava refugiados muçulmanos, por exemplo, a "vírus", "vermes" ou "roedores". Outro método usado na pesquisa foi o de classificar muçulmanos de "estupradores" e pedir que eles fossem esterilizados, queimados ou presos em câmaras de gás. Um anúncio que pedia que sinagogas fossem incendiadas a fim de "para a agenda judaica globalista dos ratos" também foi liberado pela Meta.

Todos os anúncios submetidos como parte da investigação acompanhavam imagens geradas por IA. Os pesquisadores usaram ferramentas de IA, como DALL-E e Stable Diffusion, para criar imagens que incluíssem cenas de imigrantes em câmaras de gás e sinagogas em chamas.

A Eko afirmou que nenhuma das imagens geradas por IA usadas nas postagens foi rotulada como artificialmente gerada - embora a Mera tenha uma política que exige essa divulgação em anúncios sobre questões sociais, eleições ou política.

Por sua vez, a rede de Elon Musk aprovou mensagens que chamavam imigrantes de "ratos" os quais estariam "inundando" o país "para roubar nossa democracia" e um insulto antissemita onde sugeriam que judeus mentiam sobre mudanças climáticas para destruir a indústria europeia e acumular riqueza.

Outro anúncio que o X permitiu atacava o SPD, partido de centro-esquerda que lidera a coalizão governante da Alemanha, com uma alegação falsa de que o partido queria acolher 60 milhões de refugiados muçulmanos do Oriente Médio. O X também aprovou uma postagem que sugeria que "esquerdistas" desejam "fronteiras abertas" e pediam o extermínio de "estupradores" muçulmanos.

Elon Musk usou a rede social - onde tem mais de 220 milhões de seguidores - para intervir nas eleições alemãs. Em dezembro, o bilionário pediu aos eleitores alemães que apoiassem o partido de extrema-direita AfD para "salvar a Alemanha". Ele também participou de uma transmissão ao vivo com a líder do AfD, Alice Weidel, no X.

Os pesquisadores da Eko restringiram o alcance dos anúncios de teste antes que fossem programados. Segundo eles, essa abordagem garantia que o conteúdo em si das postagens não fosse visto por ninguém e apenas testasse a eficácia do sistema de moderação das plataformas.

Os testes destacam falhas na forma com que as plataformas afirmam moderar o conteúdo. No caso do X, não é claro se a gigante realiza qualquer moderação, afinal todos os dez posts foram aprovados.

Os resultados também sugerem que as redes poderiam gerar receita ao distribuir discurso de ódio, segundo a Eko.

"Nossos resultados indicam que os sistemas de moderação de anúncios da Meta, baseados em IA, continuam fundamentalmente falhos, apesar do Ato de Serviço Digitais (DSA, na sigla em inglês) estar em pleno vigor", afirmou um porta-voz da Eko ao Tech Crunch.

DSA é uma legislação da União Europeia (UE) para regular as plataformas digitais, em especial as grandes empresas de tecnologia. A lei entrou em vigor em 2023 e responsabiliza as redes como Facebook, Instagram e X pela disseminação de conteúdo odioso. "Ao invés de fortalecer seu processo de revisão de postagens ou políticas de discurso de ódio, a Meta parece estar regredindo de forma geral", diz o porta-voz que cita o recente passo atrás da empresa quanto às políticas de moderação de checagem de informações falsas como um sinal de "regressão ativa".

A Eko apresentou o estudo à Comissão Europeia, que supervisiona a aplicação de aspectos-chave do DSA para as duas redes sociais. A instituição também compartilhou os resultados com as empresas, mas elas não se posicionaram.

X e Meta são investigados pela UE. Os processos são motivados pela insegurança eleitoral e conteúdo ilegal disponível nas plataformas.

Sanções confirmadas pelo DSA podem resultar em multas de até 6% de faturamento global anual das gigantes, enquanto a não conformidade sistêmica pode bloquear de forma temporária o acesso regional às redes.

Por enquanto, a UE ainda avalia as investigações sobre a Meta e o X, de modo que, enquanto não houver decisões confirmadas, qualquer sanção motivada pelo DSA permanece incerta.

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), participou neste domingo, 23, do Olinda Beer, um dos principais eventos pré-carnavalescos de Olinda, Pernambuco. Motta esteve acompanhado pelo prefeito do Recife, João Campos (PSB), e pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que é cotado para assumir a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) no governo federal.

A presença de Motta no evento ocorre em meio a discussões sobre a reforma ministerial do presidente Lula. Fontes indicam que Lula pretende transferir Alexandre Padilha do comando da SRI para o Ministério da Saúde, substituindo Nísia Trindade. Com isso, a liderança da SRI ficaria vaga, e Silvio Costa Filho é um dos principais candidatos ao cargo, especialmente por pertencer ao mesmo partido de Motta.

Como mostrou o Estadão, interlocutores do Palácio do Planalto aguardam indicações dos novos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para definir onde o Centrão será acomodado na Esplanada.

Apesar de Lula ainda não ter recebido sugestões do presidente da Câmara, Silvio Costa Filho tem preferência já que pertence ao mesmo partido de Motta. Na última semana, o petista teceu elogios ao ministro. "Ele tem, sinceramente, dado um show no trabalho dele. É um menino que não tem preconceito, é um menino que não persegue absolutamente ninguém, é um menino que não tem discórdia com ninguém, e é um companheiro que só trabalha para fazer as coisas acontecerem", disse.

João Campos compartilhou a visita de Hugo Motta nas redes sociais. "Recebendo o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que veio conferir um pouco da animação pernambucana nas prévias de Carnaval", escreveu o prefeito. O deputado respondeu nos comentários agradecendo pela recepção. "Muito obrigado pela recepção, meu amigo, festa linda demais, energia incrível!", respondeu Motta nos comentários. O ministro também publicou fotos ao lado do presidente da Câmara.

Os deputados federais Gabriel Porto (Republicanos-PE), Felipe Carraras (PSB-PE) e o Defensor Stélio Dener (Republicanos-RR) e Tabata Amaral (PSB-SP) também estavam presentes no evento, além do deputado estadual Álvaro Porto (PSDB-PE) e do secretário de educação da cidade do Rio, Renan Ferreirinha (PSD-RJ).

O senador Humberto Costa (PT-PE) disse que a base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Senado vai "trabalhar fortemente" para impedir a aprovação de projetos de anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro. A afirmação foi feita ao veículo Poder 360 nesta segunda-feira, 24.

Ele é o relator do projeto de lei 1.068/2024 na Comissão de Defesa da Democracia (CDD) da Casa. A proposta, de autoria do senador Márcio Bittar (União-AC), prevê o perdão para "todos os crimes e contravenções penais" de "todos os envolvidos nos atos, manifestações e protestos ocorridos em Brasília" em 8 de janeiro de 2023.

"Nós vamos trabalhar fortemente para impedir que esse projeto seja colocado em pauta e, se for colocado em pauta, vamos trabalhar fortemente para que seja rejeitado", disse.

No início do mês, o senador também se manifestou contra a aprovação da anistia em sessão do Senado. "A maioria esmagadora da população deseja a apuração rigorosa dos fatos e condenação, após processo criminal com direito à defesa, daqueles que foram responsáveis pela realização daquele ataque à democracia", defendeu o relator.

Segundo Costa, a eleição dos presidentes do Senado e da Câmara mostrou que o tema não está no radar da agenda legislativa de 2025. Ele ressaltou que pesquisas apontam que a maioria da população é contrária ao perdão, e que muitos dos processos dos envolvidos nos atos ainda não foram concluídos. "Como pedir a anistia para alguém que não foi definitivamente julgado?", indagou.

O projeto do senador Márcio Bittar não é o único que trata do tema. A proposta de emenda à constituição (PEC) 70/2023 propõe anistiar os envolvidos nos atos de 8 de Janeiro e restaurar os direitos políticos de cidadãos declarados inelegíveis por atos relacionados às Eleições de 2022. Ela aguarda a designação de relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

O projeto de lei 5.064/2023, do senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), e os projetos 2.987/2024 e 2.706/2024 versam sobre a mesma matéria. Segundo a Agência Senado, a tendência é que eles tramitem de forma conjunta na Comissão de Defesa da Democracia.

O ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida disse que Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, "se perdeu no personagem" ao denunciá-lo por assédio sexual. A ministra reagiu, chamando a declaração de Silvio de "desprezível" e "inaceitável". Investigado pela Polícia Federal, Silvio negou as acusações em entrevista ao UOL, publicada nesta segunda-feira, 24.

"A ministra Anielle Franco caiu numa armadilha pela falta de compreensão de como funciona a política […] Eu acho que ela se perdeu no personagem. Quando você se torna ministro de Estado, a intriga se torna uma arma política", afirmou Silvio.

O ex-ministro classificou a denúncia de Anielle como um "espalhamento de fofocas e intrigas". Esta é a primeira vez que Silvio Almeida fala sobre as acusações após a demissão.

"O objetivo talvez fosse minar minha credibilidade, tirar meu espaço em certos círculos da elite carioca, da academia, com pessoas ligadas ao sistema de justiça", disse o ex-ministro.

A Polícia Federal intimou Silvio Almeida para depor na próxima terça-feira, 25. Anielle criticou as falas de Silvio, publicadas um dia antes do depoimento.

"Na véspera de prestar depoimento à Polícia Federal como investigado, o acusado escolheu utilizar um espaço público para atacar e desqualificar as denúncias, adotando uma postura que perpetua o ciclo de violência e intimida outras vítimas", escreveu a ministra.

Anielle afirmou que as falas de Silvio são uma tentativa de "descredibilizar vítimas de assédio sexual, minimizar suas dores e transformar relatos graves em 'fofocas' e 'brigas políticas'".

"O direito à defesa é assegurado, mas não pode ser usado como instrumento de desinformação e revitimização. Insinuar retaliações descabidas contra quem denuncia é uma estratégia repulsiva que reforça estruturas de silenciamento e impunidade", afirmou.

Durante a entrevista, o ex-ministro dos Direitos Humanos negou as acusações de Anielle. Questionado se teria tocado a ministra durante uma reunião em Brasília, Silvio descreveu o espaço e afirmou: "Eu passaria a mão nas pernas de uma ministra numa reunião na frente do diretor geral da PF? Isso é um descalabro".

Silvio também falou sobre as acusações de outras vítimas, como a professora Isabel Rodrigues, que publicou um vídeo em seu Instagram no qual ela afirma ter sido vítima de assédio sexual pelo ex-ministro. O episódio teria ocorrido em agosto de 2019, segundo ela, anos antes de ele assumir o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.

"Fiquei surpreso, porque fomos amigos durante anos [...] Achei esquisito. E incongruente em relação às atitudes que teve comigo há pouquíssimo tempo", disse.

O ex-ministro foi demitido do governo Lula em setembro do último ano, após as denúncias de assédio sexual serem reveladas pelo portal Metrópoles e confirmadas pela ONG Me Too.