Saúde será prioridade das discussões do Brics no Brasil, afirma Mauro Vieira

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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta terça-feira, 25, que, além da reforma da governança global, a presidência brasileira do Brics se concentrará em duas áreas principais: a Cooperação Global do Sul e a parceria do bloco para o desenvolvimento social, econômico e ambiental. A Saúde estará no centro dos debates durante a presidência rotativa brasileira, como já tinha antecipado o embaixador Mauricio Lyrio, sherpa do País no grupo.

Vieira fez a declaração durante pronunciamento em inglês a sherpas dos 11 membros do Brics, que se reúnem hoje e amanhã em Brasília, conforme áudio obtido pelo Estadão/Broadcast. Os sherpas são os negociadores dos membros do bloco. "Organizaremos nosso trabalho em torno de seis prioridades: Cooperação Global em Saúde, Comércio, Investimento e Finanças, Combate às Mudanças Climáticas, Governança de Inteligência Artificial, Reforma do Sistema Multilateral de Paz e Segurança e Desenvolvimento Institucional do Brics".

O embaixador salientou que a pandemia de covid-19 expôs graves desigualdades no acesso a vacinas, tratamentos e suprimentos médicos essenciais e ressaltou a necessidade urgente de uma arquitetura de saúde global mais coordenada, resiliente e inclusiva, que atenda a todas as nações, e não apenas a um campo privilegiado. "O status econômico não deve ditar o acesso à assistência médica. Não podemos aceitar uma hierarquia internacional de doenças e tratamentos. O Brics deve liderar esforços para enfrentar doenças tropicais socialmente determinadas e negligenciadas e outros desafios de saúde que afetam desproporcionalmente o Sul Global", argumentou.

Por isso, de acordo com o chanceler, o bloco precisa defender uma agenda de saúde global que priorize as necessidades das nações em desenvolvimento e fortaleça o Sistema Nacional de Saúde. "À medida que navegamos pelas transformações do século 21, a inteligência artificial apresenta imensas oportunidades e riscos profundos. A IA tem o potencial de transformar drasticamente setores, da saúde à educação", pontuou.

No entanto, segundo ele, sem uma governança adequada, essa modernidade também apresenta desafios éticos, econômicos e de segurança. "A governança global da IA deve ser inclusiva e democrática e contribuir para o desenvolvimento econômico. Ela não pode ser ditada por um punhado de atores enquanto o resto do mundo é forçado a se adaptar a regras as quais não tiveram papel em sua formação."

O Brics, continuou Vieira, deve defender uma abordagem multilateral que garanta que o desenvolvimento da inteligência artificial seja ético, transparente e alinhado com o interesse coletivo da humanidade. "Nossa colaboração deve se concentrar em promover a pesquisa em inteligência artificial, abordar o viés do algoritmo, proteger a privacidade dos dados, mitigar os riscos de segurança cibernética e gerenciar os impactos socioeconômicos da automação", citou.

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Bastante aplaudida, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, discursou por mais de 30 minutos em evento nesta terça-feira, 25, no Palácio do Planalto, em que fez questão de cumprimentar diversos integrantes da equipe do ministério, Fiocruz e órgãos relacionados à pasta. A cada citação, Nísia recebia aplausos da plateia. Ao final da fala, a ministra assinou parcerias para fortalecimento da produção e inovação de vacinas e biofármacos e pediu para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava sentado, se levantasse para participar de fotos com os documentos assinados.

"Presidente, venha você também, presidente", disse a ministra. O evento ocorreu nesta terça-feira, 25, no Palácio do Planalto e acontece diante da expectativa de que a ministra seja demitida da pasta. O presidente não discursou.

"Agradeço ao presidente e a todos que participaram dessa iniciativa, por chegarmos a esse resultado", disse a ministra, ao final da fala. "Muito obrigada e viva o SUS", concluiu o discurso. Nísia, então, foi aplaudida de pé.

Em um determinado momento do discurso, o embaixador Fernando Igreja, chefe do cerimonial da Presidência, foi até o chefe do Executivo e o entregou uma pasta. Na conversa, que durou alguns instantes, Lula apontou para o relógio. Em diversas cerimônias, Lula já contou que combinou com os ministros do governo de não falarem por mais de cinco minutos em eventos. A fala de Nísia, porém, ultrapassou 30 minutos.

A chefe da Saúde também foi ovacionada ao chegar à cerimônia. Ao ser anunciada, as pessoas da plateia gritaram e bateram fortes palmas, em um sinal de apoio ao seu nome no governo.

A expectativa é de que Lula converse nesta terça-feira com a ministra para falar sobre sua demissão do cargo. O favorito para ocupar a chefia da Saúde é o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Pesquisa CNT divulgada nesta terça-feira, 25, mostrou que 69,4% dos brasileiros não tiveram conhecimento sobre a eleição realizada para a escolha dos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, em fevereiro deste ano. De acordo com a sondagem, somente 28,8% dos brasileiros tiveram conhecimento da realização das eleições para esses cargos, e um total de 1,8% não soube ou não respondeu.

O levantamento indicou ainda que, para 68,6% dos brasileiros, a escolha dos presidentes do Senado e da Câmara afetam diretamente a vida da população. Na opinião de 21,5% dos entrevistados, essas eleições não afetam diretamente a população, e 9,5% não souberam ou não responderam.

Pesquisa CNT divulgada nesta terça-feira, 25, mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera as pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República em 2026, mas com dificuldades no segundo turno contra seus adversários. O petista tem 30,3% das intenções de voto no cenário contra Jair Bolsonaro (PL), que tem 30,1%.

O ex-presidente, no entanto, está inelegível - o que o impede de ser candidato no ano que vem. Por isso, a Pesquisa CNT testou outros cenários com candidatos que podem vir a ser apoiados por Bolsonaro: o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Tanto Eduardo quanto Tarcísio têm de 13% a 14% de intenções de voto, bem abaixo de Jair Bolsonaro. A distância até as eleições e o impasse na direita bolsonarista sobre quem será o candidato, no entanto, ajudam a explicar o afastamento entre o porcentual de intenções de votos do ex-presidente e de seus aliados.

Como o próprio Lula não tem confirmado que será candidato, a Pesquisa CNT também testou um cenário em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, seja o candidato do PT à Presidência da República em 2026. Haddad teve 16,2% das intenções de voto, atrás apenas de Ciro Gomes (PDT), que teve 19,7% das intenções de voto. Neste cenário, o candidato bolsonarista é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que teve 14,4% das intenções de voto.

No segundo turno, porém, o cenário é desfavorável para os petistas. De acordo com os dados da pesquisa, Lula está numericamente atrás de Bolsonaro nas intenções de voto (43,4% para o ex-presidente contra 41,6% para o petista) e pouco à frente de Tarcísio (41,2% para o presidente contra 40,7% para o governador). Haddad, por sua vez, está atrás de Bolsonaro (43,1% para o ex-presidente contra 39,4% para o ministro) e de Tarcísio (38,3% para o governador contra 37,3% para o ministro). Essas diferenças, no entanto, estão dentro da margem de erro da pesquisa, de 2,2 pontos porcentuais para mais ou para menos.

Na pesquisa espontânea, Lula está na liderança, com 23,5% dos entrevistados dizendo que votariam nele sem que nenhum nome de candidato fosse apresentado. Bolsonaro vem logo atrás, com 19,6% das intenções de voto nesse cenário. Os demais políticos têm porcentuais ínfimos: Tarcísio de Freitas tem 1,8%, Pablo Marçal, 0,9%, Nikolas Ferreira, 0,9%, e Ciro Gomes, 0,8%.