Gestão Trump toma medidas que miram o Irã, mas pressionam o Iraque

Internacional
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O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revogou uma isenção de sanções que permitia ao Iraque comprar gás e energia elétrica do Irã, informaram autoridades norte-americanas neste final de semana, intensificando uma campanha de pressão sobre Teerã e complicando os laços com um importante parceiro dos EUA na região.

A isenção foi renovada pelo próprio Trump em seu primeiro mandato e pelo ex-presidente Joe Biden a cada quatro meses durante anos e permitiu que o Iraque atendesse às suas necessidades imediatas comprando eletricidade e gás usado para gerá-la de seu vizinho.

A decisão ilustra como o novo governo Trump está dispensando convenções de política externa que ele próprio havia seguido em anos anteriores, às vezes gerando ansiedade em aliados enquanto busca seus objetivos geopolíticos.

Em fevereiro, Trump restaurou o que ele chama de política de pressão máxima sobre o Irã, aplicando sanções econômicas severas em um esforço para impedir o país de desenvolver uma arma nuclear, restringir seu programa de mísseis balísticos e reduzir ainda mais sua influência na região.

"O presidente Trump deixou claro que o regime iraniano deve cessar suas ambições por uma arma nuclear ou enfrentar Pressão Máxima", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, James Hewitt, quando questionado sobre a decisão. "Esperamos que o regime coloque os interesses de seu povo e da região à frente de suas políticas desestabilizadoras."

O Irã diz que seu programa nuclear é pacífico e que não será forçado a negociar. Para o Iraque, a decisão chega num momento precário, quando o governo em Bagdá está lidando com a agitação no Oriente Médio.

O Iraque, rico em petróleo, melhorou sua infraestrutura elétrica nos últimos anos, diminuindo a dependência da eletricidade iraniana. Em 2023, as importações do Irã responderam por apenas 4% do consumo de eletricidade no Iraque, de acordo com a Embaixada dos EUA em Bagdá.

O presidente do Comitê Parlamentar de Finanças do Iraque, Atwan Al-Atwani, disse neste domingo que o Iraque pretende atingir a autossuficiência energética, mas que completar essa tarefa levará alguns anos.

Após uma reunião com o embaixador dos EUA em Bagdá, ele pediu a Washington que reconsiderasse suas políticas de pressão sobre o Irã, de acordo com a agência de notícias estatal iraquiana.

Uma porta-voz da Embaixada dos EUA em Bagdá disse que a decisão de rescindir a isenção de eletricidade estava alinhada à campanha de pressão sobre o Irã.

"Isso garante que não permitiremos ao Irã nenhum grau de alívio econômico ou financeiro", disse a porta-voz sobre a decisão. "Pedimos ao governo iraquiano que elimine sua dependência de fontes iranianas de energia o mais rápido possível", disse ela. Fonte: Dow Jones Newswires

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu nesta segunda-feira, 10, em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a condenação dos deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-MA), além do suplente de deputado Bosco Costa (PL-SE), por corrupção com emendas parlamentares.

Segundo a PGR, os deputados condicionaram a destinação de R$ 6,67 milhões em emendas ao município de São José de Ribamar, na região metropolitana de São Luís, ao pagamento de R$ 1,67 milhão em propinas. Os parlamentares negam irregularidades.

A Procuradoria afirma que as provas são "irrefutáveis" e que a autoria e a materialidade dos crimes estão comprovadas por diálogos e documentos obtidos na investigação.

"Embora os deputados Josimar e Bosco Costa tenham negado a autoria das emendas, aproveitando-se da baixa transparência dos dados públicos sobre a procedência desses recursos, as provas confirmam serem eles os responsáveis pelas destinações", diz a PGR.

O vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand, enviou ao STF os últimos argumentos da acusação no processo. As defesas ainda vão apresentar suas alegações finais, última etapa antes do julgamento. O relator do processo é o ministro Cristiano Zanin.

Além da condenação, a PGR pede a perda dos mandatos e o pagamento de uma indenização por danos morais coletivos.

A PGR afirma que Josimar Maranhãozinho "ostentava a posição de liderança" do suposto esquema e, nessa condição, "coordenava a destinação dos recursos patrocinados pelos demais congressistas" e depois distribuía as propinas.

"Não há dúvida de que os réus, sob a chefia do deputado Josimar, constituíram e integraram organização criminosa", diz a Procuradoria nas alegações finais.

Os repasses teriam ocorrido entre dezembro de 2019 e abril de 2020, de acordo com a denúncia. Na época, o prefeito de São José de Ribamar era José Eudes Sampaio Nunes. A PGR afirma que ele foi "insistentemente abordado para ceder à solicitação de propina".

As defesas vêm pedindo o arquivamento da ação por falta de provas.

O novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (Psol-SP), criticou a escolha do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), ex-secretário de Segurança do governo paulista, como relator do projeto de lei antifacção.

"Colocar o Derrite como relator de um projeto do governo para o combate das facções criminosas me soa como uma provocação", disse Boulos, em entrevista depois de um painel sobre resíduos sólidos e crédito de carbono na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

Boulos criticou a escolha argumentando que o deputado está partidária, direta e eleitoralmente comprometido com quem tem se colocado como adversário do governo Lula. "Ele está, inclusive, comprometido com quem foi contra a PEC da Segurança Pública, que é o que permite que o governo federal atue de forma mais eficaz no combate ao crime organizado", disse o ministro.

O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), disse, nesta segunda-feira, 10, que a comissão parlamentar blinda investigados que receberam R$ 10 milhões em propinas, segundo ele mesmo.

Gaspar mencionou as tentativas de impedir a convocação e quebras de sigilo de Paulo Boudens, ex-chefe de gabinete do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP); a publicitária Daniela Fonteles, que recebeu R$ 5 milhões de Antônio Carlos Camilo Antunes, o "Careca do INSS"; a empresária Roberta Luchsinger, que atuou com o 'Careca"; e Gustavo Gaspar, ex-assessor do senador Weverton Rocha (PDT-MA).

"O STF não é o principal blindador dessa comissão", disse Alfredo Gaspar. Para ele, falta altivez do próprio Congresso. "A blindagem pela própria comissão é uma vergonha."

O relator ainda mencionou que o Senado ainda tem outra "vergonha" ao impor sigilo de 100 anos sobre informações acerca de visitar do "Careca do INSS" a gabinetes de senadores. "Esse sigilo de 100 anos é outra vergonha da República", afirmou.

Gaspar ainda fez um desafio ao STF. Há, na Corte, um mandado de segurança pedindo a divulgação dessa informação. "Abra essa caixa preta dessas visitas", apelou o relator.

Weverton Rocha já afirmou publicamente ter recebido o "Careca do INSS" em seu gabinete por três vezes, mas para tratar de assuntos legislativos.

Essa foi a fala inaugural de Gaspar na sessão da CPMI do INSS desta segunda-feira, 10, que ouve Igor Dias Delecrode, dirigente da Associação de Amparo Social do Aposentado e Pensionista (AASAP).

Causou nova indignação entre os membros da comissão um habeas corpus concedido pelo ministro André Mendonça, do STF, a Delecrode, para que ele possa permanecer em silêncio em perguntas que possam o incriminar.

Com o benefício, Delecrode permaneceu em silêncio às perguntas do relator. Diante disso, Gaspar fez uma introdução do depoente citando reportagem do Estadão.

A reportagem em questão fala do cancelamento, por parte dos Correios, de leilão de R$ 280 milhões após receber cheque sem fundo de ONG de pai de santo.

"Esse pai de santo é um coitado. Esses aqui tiveram sucesso", citando uma lista de outras quatro entidades que, juntas, faturaram cerca de R$ 714 milhões com descontos associativos de aposentadorias entre 2022 e 2025. A AASAP, de Delecrode, recebeu R$ 63,2 milhões.

"Esse que está aqui, teve mais sucesso ainda. Ele conseguiu colocar suas empresas juntando outras entidades num desvio de R$ 1,4 bilhões", disse Gaspar.

O relator define Delecrode como "o coração tecnólogico da safadeza", operacionalizando um sistema de coleta de dados e verificação de autenticidade.