Equador: presidente afirma querer exércitos do Brasil, EUA e Europa para combater narcotráfico

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O presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou que vai solicitar a ajuda do Exército brasileiro, dos Estados Unidos e de países europeus para combater o crime organizado no país, considerado o mais violento da América Latina em 2024. A declaração foi dada em entrevista ao jornal britânico BBC nesta terça-feira, 18.

São Paulo, 19/03/2025 - Os exércitos fariam parte de uma força militar estrangeira, que Noboa propõe para ajudar no combate ao narcotráfico do país. Ele já havia falado sobre o plano antes, mas esta foi a primeira vez que o presidente nomeou países, incluindo o Brasil. "Setenta por cento da cocaína do mundo sai pelo Equador. Precisamos da ajuda de forças internacionais", disse à BBC.

Fontes do Exército brasileiro ouvidas pelo Estadão disseram que é improvável que tropas sejam enviadas. A atuação de forças estrangeiras costuma ser utilizado como recurso extremo em países com crises e tende a ser abordado no âmbito da ONU, que aprovam, por exemplo, as missões de paz. O Brasil liderou uma dessas missões no passado, no Haiti, mas esse não é o caso do Equador.

Noboa, que disputa o segundo turno das eleições presidenciais contra a candidata Luisa González no dia 13, afirmou que também quer que o presidente dos EUA, Donald Trump, passe a considerar as organizações criminosas do país como terroristas, a exemplo do que fez contra os cartéis de drogas do México.

Desde que assumiu o cargo em novembro de 2023, o governo Noboa enfrenta uma crise de segurança que o levou a declarar conflito armado interno em janeiro do ano passado e a alterar a legislação para endurecer as leis. O decreto autorizou o Exército equatoriano a atuar nas ruas do país.

Apesar disso, a violência no Equador continua em alta. Em janeiro, a polícia do Equador registrou o janeiro mais violento da história. Foram 600 homicídios, contra 479 no ano passado. Nos primeiros 50 dias deste ano, 1,3 mil homicídios foram registrados - uma média de um assassinato a cada hora.

Os homicídios estão relacionados, em sua maioria, ao narcotráfico. O Equador se tornou um dos principais exportadores de cocaína para os Estados Unidos nos últimos anos. O fluxo fortaleceu diferentes facções criminosas, que disputam territórios entre si e atuam em diversos negócios ilícitos além do narcotráfico, como mineração ilegal e tráfico de armas.

Segundo um relatório da Iniciativa Global Contra o Crime Transnacional Organizado de 2024, uma das facções presentes no Equador é o Primeiro Comando da Capital (PCC). Facções da Albânia, México e Itália também atuam no país, além de grupos locais como Los Choneros e Los Lobos.

Segundo a BBC, Noboa ordenou que o Ministério das Relações Exteriores busque acordos de cooperação com "nações aliadas" para apoiar a polícia e o exército do Equador e quer mudar a Constituição para permitir a instalação de bases militares estrangeiras no país.

Críticos do presidente afirmam que o plano, no entanto, tem um caráter eleitoral. Com a permanência da violência, esse é o tema de maior preocupação entre os equatorianos, de acordo com as pesquisas eleitorais. No primeiro turno, Noboa, que era o favorito, ficou à frente da adversária Luisa González, do Movimento pela Revolução Cidadã, por 0,5%.

Analistas de segurança afirmam que a estratégia adotada pelo presidente com relação a segurança é insuficiente, porque não englobam o fortalecimento de instituições. "São necessárias estratégias mais abrangentes para enfraquecer as estruturas e redes do crime organizado", disse Robert Muggah, diretor do Instituto Igarapé.

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou nesta sexta-feira, 27, que o major da Polícia Militar do Distrito Federal Flávio Silvestre de Alencar, denunciado por suposta omissão durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, compareça à festa junina de seu filho, que será realizada neste sábado, 28.

"A situação é excepcional", afirma o documento emitido por Moraes. A saída foi permitida pelo magistrado apenas "durante o período estritamente necessário para o deslocamento para a festa, a ser realizada entre 10h e 16h".

Flávio é obrigado a cumprir medidas cautelares, dentre elas, a obrigação de usar tornozeleira eletrônica e a necessidade de permanecer em casa durante o período noturno e os finais de semana. Como a festa junina de seu filho foi realizada em um sábado, a defesa entrou com pedido de autorização para o comparecimento do réu.

"Ressalte-se o caráter provisório da presente decisão, que não dispensa o requerente do cumprimento das demais medidas cautelares a ele impostas", afirmou Moraes em sua decisão.

Flávio foi preso em fevereiro de 2023 pela Polícia Federal (PF). Na denúncia que a Procuradoria Geral da República (PGR) conduziu contra o militar e outros seis réus, o órgão afirmou que "havia profunda contaminação ideológica de parte dos oficiais da Polícia Militar do DF que se mostrou adepta de teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e de teorias golpistas".

Segundo a organização, os agentes que comandavam a corporação "receberam, antes de 8 de janeiro de 2023, diversas informações de inteligência que indicavam as intenções golpistas do movimento e o risco iminente da efetiva invasão às sedes dos Três Poderes". Flávio é réu pelos crimes de Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado, Dano qualificado, Associação criminosa e Incitação ao crime.

Em decisão recente emita em 23 de junho, Alexandre de Moraes autorizou a retirada da tornozeleira eletrônica de Rieny Munhoz Marçula, que também é investigada na ação penal que investiga os atos anti democráticos de 8 de janeiro. A ré está em uma gravidez de risco e, de acordo com o ministro, os "cuidados intensivos e repouso absoluto, incompatíveis com o uso da tornozeleira eletrônica".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira, 27, o ex-presidente Jair Bolsonaro e alguns programas do antecessor, como a Casa Verde e Amarela e a Carteira de Trabalho Verde e Amarela. Também disse que o ex-presidente recebe doações de apoiadores pelo Pix para fazer "vagabundagem".

Lula participa da entrega de títulos de regularização fundiária no Tocantins nesta sexta-feira, 27. Como se tornou praxe nos últimos eventos, Lula iniciou seu discurso reclamando do tempo de duração do ato no Tocantins. Em um gesto aos participantes, disse não ser "o presidente dos pobres" ou "o presidente das mulheres". "Não, eu sou vocês na Presidência da República", declarou.

O presidente disse que não vê "sentido na União ficar com prédios e terrenos quando é fácil que ela fique com o povo". Também disse que o evento de regularização fundiária era um "gesto de civilidade".

"Estamos fazendo hoje um gesto de civilidade, nesse país que nos últimos anos perdeu a civilidade, porque a gente teve um presidente que mentiu por quatro anos para o País. Em todo lugar que vou, desafio alguém, mesmo os que votaram nele, mostrarem uma casa feita por ele, uma estrada feita por ele ou uma escola", declarou.

Lula disse que Bolsonaro, "para tentar ganhar as eleições", gastou "R$ 300 bilhões nesse País, para ver se ganhava". O presidente repetiu o discurso a favor de pessoas que preferem trabalhar sem carteira assinada, algo que ele passou a fazer nos últimos meses para tentar se comunicar melhor com esse setor da sociedade.

"Cadê a Casa Verde e Amarela? A Carteira de Trabalho Verde e Amarela? O trabalhador não quer saber da cor, quer trabalho. Muitos trabalhadores não querem trabalhar com carteira assinada, querem trabalhar por conta própria. Querem ser empreendedores. O que o governo quer fazer? Apoiar. Quem quer carteira assinada, vai ter carteira assinada. Quem quer trabalhar por conta própria vai ter crédito", declarou.

Lula também fez gestos aos agricultores, outro setor em que enfrenta muitas dificuldades. Disse que o governo vai garantir crédito ao agro, independente do apoio de produtores rurais a Jair Bolsonaro. Afirmou, ainda, que fará "o terceiro maior Plano Safra da História", dizendo que primeiro bateu recorde em 2023, depois em 2025 e indicando que novamente baterá o recorde em 2025.

"Não vou perguntar para quem o fazendeiro votou. Não me interessa. Não quero saber se ele é um fazendeiro que faz Pix para ajudar o Bolsonaro na vagabundagem dele. O que quero saber é se ele está produzindo para o País. Se ele estiver ajudando o País, vai ter crédito. Nós devemos muito à agricultura brasileira", declarou.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou na última terça, 25, a prisão preventiva dos três condenados pela tentativa de explosão de um caminhão-tanque na região do Aeroporto de Brasília.

A detenção de George Washington de Oliveira e Alan Diego dos Santos Rodrigues foi convertida de semiaberta para fechada, enquanto Wellington Macedo de Souza deve continuar na prisão. A ordem se deu por meio de uma petição sigilosa, segundo o jornal Metrópoles. No documento, Moraes argumenta que os crimes são graves e a risco de nova ocorrência.

A tentativa de atentado que os três condenados conduziram se deu em 24 de dezembro de 2022. Os militantes bolsonaristas tentaram explodir o veículo que carregava 60 mil litros de querosene de aviação na região do aeroporto da capital brasileira.

Durante o ensaio de atentado, George Washington foi o responsável por a bomba enquanto Alan Diego dos Santos acoplou o explosivo ao caminhão-tanque. O veículo deveria adentrar o aeroporto e lá ser detonado. A bomba não explodiu por causa de um erro técnico.

Em 15 de fevereiro, o Poder Judiciário do Distrito Federal permitiu que George Washington de Oliveira Sousa cumprisse sua pena em regime semiaberto. Na ocasião, o juiz Bruno Aielo Macacari considerou que o réu cumpriu os requisitos para a mudança de regime por não ter cometido falhas disciplinares no período em que esteve preso. A decisão foi agora revertida por Moraes.