Trump afirma que Irã pode sofrer 'bombardeios nunca vistos antes' se não aceitar acordo nuclear

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Donald Trump disse neste domingo, 30, que o Irã poderia sofrer bombardeios dos Estados Unidos, caso não concordasse com um acordo nuclear. "Se eles não fizerem um acordo, haverá bombardeios, e serão bombardeios como eles nunca viram antes", disse Trump em um comentário transmitido pela NBC News.

Na entrevista, segundo apresentadora da NBC News, o presidente dos EUA também teria sugerido que pode implementar mais tarifas contra o Irã, se não houver avanço nas negociações.

Trump enviou uma carta ao líder supremo do Irã propondo negociações diretas sobre o programa nuclear do país, que está em rápida expansão. O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, disse no domingo que a República Islâmica rejeitou as negociações.

Pezeshkian afirmou que a resposta do Irã, entregue através do sultanato de Omã, deixou aberta a possibilidade de negociações indiretas com Washington. No entanto, tais conversas não avançaram desde que Trump, em seu primeiro mandato, retirou unilateralmente os EUA do acordo nuclear com Teerã em 2018.

Nos anos seguintes, as tensões regionais aumentaram, resultando em ataques no mar e em terra. Depois, houve a guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, na qual Israel atacou líderes de grupos militantes em todo o autodenominado "Eixo de Resistência" do Irã. Agora, enquanto os EUA realizam ataques aéreos intensos contra os rebeldes houthis apoiados pelo Irã no Iêmen, o risco de ação militar contra o programa nuclear do Irã continua sendo uma possibilidade.

Pezeshkian afirmou em declarações televisivas durante uma reunião do gabinete: "Nós não evitamos conversas; é a quebra de promessas que causou problemas para nós até agora. Eles devem provar que podem construir confiança."

O Departamento de Estado dos EUA, respondendo a Pezeshkian, afirmou que "o presidente Trump foi claro: os Estados Unidos não podem permitir que o Irã adquira uma arma nuclear." "O presidente expressou sua disposição de discutir um acordo com o Irã", acrescentou. "Se o regime iraniano não quiser um acordo, o presidente está claro, ele buscará outras opções, o que será muito ruim para o Irã."

A posição do Irã se endureceu após a carta de Trump. A decisão de Pezeshkian de anunciar isso mostra o quanto as coisas mudaram no Irã, desde sua eleição há meio ano, quando fez campanha com a promessa de reengajar com o Ocidente.

Desde a eleição de Trump e a retomada de sua campanha de "pressão máxima" sobre Teerã, a moeda iraniana, o rial, entrou em queda livre. Pezeshkian havia deixado abertas as discussões até que o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, criticou duramente Trump em fevereiro, dizendo que as conversas "não são inteligentes, sábias ou honrosas" com sua administração. O presidente iraniano então endureceu imediatamente suas próprias declarações sobre os EUA.

Enquanto isso, mensagens contraditórias têm vindo do Irã há semanas. Vídeos das manifestações do Dia de Quds, ou Jerusalém, na sexta-feira, mostraram pessoas nas multidões instruindo os participantes a gritar apenas: "Morte a Israel!" Normalmente, também se ouvia "Morte à América".

Um vídeo de uma base subterrânea de mísseis revelada pela Guarda Revolucionária paramilitar do Irã também mostrava suas tropas pisando em uma bandeira israelense pintada no chão, embora não houvesse a bandeira americana, como é comum em vídeos de propaganda desse tipo.

A carta de Trump chegou a Teerã em 12 de março. Embora tenha anunciado que a escreveu em uma entrevista televisiva, Trump deu poucos detalhes sobre o que exatamente disse ao líder supremo. "Eu lhes escrevi uma carta dizendo, 'Espero que vocês vão negociar, porque se tivermos que ir militarmente, será algo terrível'", disse Trump na entrevista.

A medida lembrou as cartas de Trump ao líder norte-coreano Kim Jong Un em seu primeiro mandato, que levaram a reuniões presenciais, mas não resultaram em acordos para limitar os foguetes atômicos e o programa de mísseis de Pyongyang.

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O Superior Tribunal Militar (STM) decidiu, na última quarta-feira, 5, acatar recurso do Ministério Público Militar e condenar dois civis e cinco militares envolvidos em um esquema de fraude e corrupção no 12.º Regimento de Cavalaria Mecanizado, unidade do Exército Brasileiro em Jaguarão (RS). O esquema causou um prejuízo superior a R$ 120 mil aos cofres públicos.

Segundo as investigações, o grupo operava um esquema conhecido como "Química", que consistia na manipulação de requisições de materiais e na confirmação de recebimento de produtos que não eram efetivamente entregues. Militares da própria unidade teriam recebido valores indevidos para viabilizar as irregularidades.

O ministro relator Artur Vidigal de Oliveira destacou, em seu voto, que coube aos sargentos maridos das civis envolvidas cooptar militares em posições estratégicas dentro da unidade para que emitissem requisições e atestassem notas fiscais falsas.

"A análise dos autos comprova a oferta e o recebimento de vantagens indevidas, bem como o nexo entre tais pagamentos e a prática de atos funcionais em benefício da empresa envolvida", afirmou Vidigal.

Conforme a denúncia, entre dezembro de 2014 e julho de 2016, as duas civis, sócias de empresas contratadas e esposas de sargentos do quartel, obtiveram vantagem ilícita por meio da emissão de notas fiscais ideologicamente falsas e da entrega de mercadorias em quantidade inferior à contratada.

O prejuízo total apurado foi de R$ 122 mil, sendo R$ 33 mil referentes a notas fiscais totalmente falsas e R$ 89 mil a notas com entregas parciais.

A apuração também revelou que os militares cooptaram outros colegas da corporação, em funções estratégicas, para validar documentos e autorizar o pagamento das notas fraudulentas. Teriam recebido vantagens indevidas um cabo, um subtenente e um sargento, com valores que variaram de R$ 1 mil a R$ 16 mil, conforme a quebra de sigilo bancário.

"As operações demonstram a atuação direta e consciente dos sargentos em corromper colegas militares para facilitar as fraudes", ressaltou o relator.

Ainda segundo o STM, houve transferências de valores provenientes da conta conjunta dos investigados, destinadas a militares responsáveis pelos atestes de recebimento das mercadorias das empresas envolvidas.

Em 2020, a 1.ª Auditoria da Justiça Militar da União, em Bagé (RS), absolveu todos os réus por falta de provas.

O Ministério Público recorreu ao STM, em Brasília, pedindo a condenação pelos crimes de estelionato, corrupção ativa e passiva majoradas e associação criminosa. Com a decisão do tribunal, as condenações foram restabelecidas.

As duas civis envolvidas no esquema foram condenadas por estelionato e associação criminosa a quatro anos e quatro meses de reclusão, em regime semiaberto, sem a suspensão condicional da pena.

Um sargento foi condenado por corrupção ativa e associação criminosa a dois anos, nove meses e dez dias de reclusão, em regime aberto, com exclusão das Forças Armadas. Outro sargento recebeu pena de dois anos e oito meses de reclusão, também em regime aberto e com exclusão da corporação.

Um cabo foi condenado por corrupção passiva a três anos, um mês e dez dias de reclusão, em regime aberto. Já um subtenente recebeu a mesma pena pelo mesmo crime, também em regime aberto e com exclusão das Forças Armadas.

Outro sargento foi condenado por corrupção passiva a três anos, seis meses e 20 dias de reclusão, igualmente em regime aberto e com exclusão da carreira militar. Apesar disso, o tribunal manteve o benefício do direito à pensão militar, desde que sejam cumpridas as condições legais.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou neste sábado, 8, ao falar sobre combate ao crime, que governadores bolsonaristas fazem "demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido".

Segundo o ministro, essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No mesmo dia, Castro rebateu e chamou Boulos de "paspalhão".

A declaração de Boulos ocorreu durante lançamento do programa Governo na Rua em Campo Limpo, zona sul de São Paulo. A jornalistas, ele falou sobre o combate ao crime e fez referência à megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão no Rio de Janeiro, tornando-se a mais letal da história do Estado.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que ser feito da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", afirmou.

Em resposta, durante a 56.ª Convenção da Confederação Israelita do Brasil, também em São Paulo, Castro reagiu às críticas chamando o ministro de "paspalhão". "Quem? Esse é um paspalhão. Vambora, próximo", respondeu, ao ser questionado sobre as críticas.

O governador também defendeu a atuação das forças de segurança fluminenses, classificando a ação como "o início de um movimento". "O que aconteceu no Rio não foi uma operação, foi o início de um movimento, onde os cidadãos desses Estados e do Brasil todo não aguentam mais essa criminalidade", disse.

Dias após a ação, que deixou 121 mortos, Castro anunciou ao lado de outros chefes de Executivo estaduais a criação de um consórcio de segurança pública para que Estados se apoiem no enfrentamento ao crime organizado.

A iniciativa, que recebeu o nome de "Consórcio da Paz", foi discutida em uma reunião com os representantes estaduais. "Faremos um consórcio para que nós possamos dividir experiências, soluções e ações no combate ao crime organizado e na libertação do nosso povo", disse Cláudio Castro na ocasião.

O ex-prefeito de Martins Soares (MG), Fernando Almeida (PSDB), foi baleado no último sábado, 8, enquanto participava de uma ação de adesivagem de carros no município do interior de Minas Gerais. Ele foi hospitalizado, recebeu alta e se recupera em casa.

O ex-prefeito foi atingido no braço e no peito. Ele foi socorrido e levado a um hospital de referência na região e no domingo, 9, teve alta para se recuperar em casa.

"Agradecemos a Deus por este grande livramento e por cada oração, carinho e mensagem recebida nesses dias tão difíceis. Fernando está em casa, se recuperando com fé, força e rodeado da família", diz postagem realizada em seu perfil no Instagram.

O PSDB de Minas Gerais divulgou uma nota em que condena o ataque ao ex-mandatário. "Repudiamos toda forma de violência e confiamos na pronta atuação da Polícia Militar, da Polícia Civil e da Justiça para elucidar o crime e responsabilizar exemplarmente todos os envolvidos", diz o comunicado.

"Reafirmamos nosso compromisso com a paz e a legalidade no período eleitoral em Martins Soares. Esperamos que o pleito transcorra com segurança e normalidade, com total respeito à vontade popular".

O episódio ocorreu durante campanha para a eleição suplementar marcada para 7 de dezembro. Disputam o pleito duas chapas: José Santana e Márcia, pela coligação Federação PSDB-Cidadania e PSD, e Michell Bahia e Renata, pela coligação Republicanos / PDT / MDB / Mobiliza / Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV).

A chapa adversária à apoiada pelo ex-prefeito também publicou uma nota de repúdio ao ocorrido, em que se solidariza com Fernando Almeida e pede que "as Forças Policiais e as autoridades competentes tomem as medidas cabíveis e necessárias para que o responsável por esse ato violento seja identificado e levado à Justiça o mais rápido possível". "A violência não pode ter espaço em nossa comunidade", diz a nota.

Martins Soares é o terceiro município mineiro a realizar eleição suplementar referente às eleições de 2024 e o primeiro em que ela acontece em razão da cassação do prefeito. Os dois outros, Guapé e São José da Varginha, ocorreram em razão do indeferimento do registro do candidato mais votado.

Em Martins Soares, o prefeito Paulo Sérgio Pereira (PSDB) e seu vice, Alex Sandro Franco de Andrade (PSDB), tiveram os mandatos cassados pela Justiça Eleitoral em razão de condenação por abuso de poder político e econômico na campanha de 2024.